"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 02, 2010

O QUE ESTÁ POR TRÁS


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Moacyr Góes
Pode ter certeza, quando ouvir a ladainha de que os movimentos sociais e organizações de classe devem participar de decisões a respeito da comunicação e produção cultural visando torná-las mais democráticas, o dono dessa voz estará querendo aparelhar a democracia e extinguir o direito dos indivíduos. 
Toda essa estratégia vem embalada em frases de cunho democrático.

Mas que, na verdade, não ousa dizer seu verdadeiro nome: controle político de opinião, cerceamento da liberdade e aniquilamento da oposição. 
E sabemos onde isso vai dar, no controle da sociedade pelo Estado.

Uma olhada para o passado pode esclarecer aquilo que embala essa voz. Em 1917, na Rússia, a revolução soviética patrocinou, no campo das artes, um amplo desenvolvimento das linguagens.

Impulsionados pelo vento da “liberdade” e crentes na construção de um novo homem, um número considerável de artistas se engajou na tarefa de levar a experimentação artística a níveis nunca alcançados.
Desse esforço nasceram obras extraordinárias que determinaram referências absorvidas pelo teatro, dança, cinema, artes plásticas, poesia etc e tal.

Mas o que era doce durou pouco e logo as trevas passaram a dominar a vida. 
Era liberdade demais e o enquadramento das forças de produção, o controle do mercado até sua extinção e seu inevitável braço político, a ditadura, mostraram seus dentes. 
Resultado: 
censura, assassinatos, suicídios e estagnação.

Em nome de quê? 

Do povo, do novo homem, da igualdade. Esse é um exemplo histórico das ideias totalitárias travestidas de participação popular. Agora, basta uma olhada para a Venezuela e outros países latinos. 

É bom não subestimarmos a serpente enquanto ela está no ovo, pois depois que ela nasce só a tragédia nos aguarda.
(”O Dia” - 31/01/2010)

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