Moacyr Góes
Pode ter certeza, quando ouvir a ladainha de que os movimentos sociais e organizações de classe devem participar de decisões a respeito da comunicação e produção cultural visando torná-las mais democráticas, o dono dessa voz estará querendo aparelhar a democracia e extinguir o direito dos indivíduos.
Toda essa estratégia vem embalada em frases de cunho democrático.
Mas que, na verdade, não ousa dizer seu verdadeiro nome: controle político de opinião, cerceamento da liberdade e aniquilamento da oposição.
E sabemos onde isso vai dar, no controle da sociedade pelo Estado.
Uma olhada para o passado pode esclarecer aquilo que embala essa voz. Em 1917, na Rússia, a revolução soviética patrocinou, no campo das artes, um amplo desenvolvimento das linguagens.
Impulsionados pelo vento da “liberdade” e crentes na construção de um novo homem, um número considerável de artistas se engajou na tarefa de levar a experimentação artística a níveis nunca alcançados.
Desse esforço nasceram obras extraordinárias que determinaram referências absorvidas pelo teatro, dança, cinema, artes plásticas, poesia etc e tal.
Mas o que era doce durou pouco e logo as trevas passaram a dominar a vida.
Era liberdade demais e o enquadramento das forças de produção, o controle do mercado até sua extinção e seu inevitável braço político, a ditadura, mostraram seus dentes.
Resultado:
censura, assassinatos, suicídios e estagnação.
Em nome de quê?
Do povo, do novo homem, da igualdade. Esse é um exemplo histórico das ideias totalitárias travestidas de participação popular. Agora, basta uma olhada para a Venezuela e outros países latinos.
É bom não subestimarmos a serpente enquanto ela está no ovo, pois depois que ela nasce só a tragédia nos aguarda.
(”O Dia” - 31/01/2010)
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