"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 06, 2010

DENTRO DA "MARGEM DE ERRO" PRODUÇÃO DE PETRÓLEO DA PETROBRÁS FICARÁ ABAIXO DA META DE 2010.


A produção média de petróleo da Petrobras em 2010, no Brasil, deverá ficar 2% ou 3% abaixo da meta de 2,1 milhões de barris/dia, afirmou nesta quarta-feira José Antônio de Figueiredo, gerente executivo de Exploração no Sul-Sudeste.

Segundo o técnico da estatal, a diferença para baixo em relação à meta estipulada para o ano é pouco significativa, considerando a quantidade de variáveis na atividade.

"Quem lida com atividade de petróleo, perfuração de poços, construção de plataformas, condições ambientais, necessidade de fazer paradas programadas... para chegar a 2,1 milhões de barris, ficar com uma margem de erro de 2% a 3%, nós consideramos uma margem de erro muito boa", afirmou a jornalistas durante evento para apresentar o navio-plataforma P-57.

"A gente poderia até falar pra vocês uma coisa (meta) menor e sempre ultrapassar, mas a gente bota uma meta maior pra ter um desafio", acrescentou Figueiredo.

Reuters

PETROBRÁS : AÇÕES CAEM MAIS DE 4%.

As ações da Petrobrás mais uma vez catalisam as ordens de vendas nesta quarta-feira, 6.

Às 16h32, os papéis PN da estatal recuavam 4,56% e os ON cediam 4,57%, liderando a lista de maiores baixas do Ibovespa.

A pressão deve-se à divulgação de novos relatórios de bancos reduzindo a recomendação para papéis da estatal.
Hoje foi a vez do Barclays.

A instituição rebaixou a recomendação para a ADR2 (PBRA) da estatal de "overweight" para "equalweight" e reduziu o preço-alvo para US$ 34,00, ante US$ 39,00 mantido anteriormente.

Para a ADR (PBRN), o banco manteve a recomendação em "equalweight" e reduziu o preço-alvo de US$ 40,00 para US$ 35,00.

O relatório, assinado pelos analistas Paul Y. Cheng, Christina Cheng e Danielle Diamond, explica que a redução dos preços reflete os efeitos da diluição da oferta de ações da estatal.

Pressionada pela queda dos papéis da Petrobrás, a Bovespa opera em queda desde o início da sessão.

A divulgação de indicadores econômicos mistos na Europa e Estados Unidos também deixa investidores mais cautelosos na jornada desta quarta-feira.

A alta de ações da Vale, empresas de varejo e telefonia ajuda a impedir uma baixa maior do principal índice da Bolsa paulista, mas não evitou a perda dos 71 mil pontos.

No mesmo horário, o Ibovespa operava com desvalorização de 1,18%, aos 70.443 pontos, após alcançar a mínima de 70.343 pontos. O giro financeiro era de R$ 7,39 bilhões, com previsão de R$ 9,77 bilhões para o fechamento.

No mesmo momento, o Dow Jones operava em leve alta de 0,04%, enquanto o S&P 500 recuava 0,35%.

Já a Vale, outro peso pesada na Bolsa, opera em alta, beneficiada mais uma vez pela alta das commodities no mercado internacional.

O papel PNA sobe 0,30% e ON avança 0,60%.

Mais cedo os contratos futuros dos metais básicos negociados na London Metal Exchange (LME) ampliaram o rali desta semana, impulsionados pela alta das bolsas e a queda do dólar em relação ao euro.


Beth Moreira, da Agência Estado

CACHAÇA/PREVISÕES/PROFECIAS RESULTAM EM RESSACAS.

Previsões e profecias são o sal da terra e o cerne do humano, do demasiadamente humano, como disse um filósofo muito citado e pouco lido. Pois se não compreendemos o que ocorre conosco neste instante, como entender o futuro?

Aliás, se não sabemos nada das origens: de onde viemos, como foi que viramos gente com consciência do certo e do errado, quem inventou o beijo na boca, o cafezinho, penico, o cometa, o pôr do sol, a música, a mendacidade e o poder como prever o futuro?

Meu tio Amâncio apaixonou-se.

No meio de uma discussão política, quando os votos demoravam a ser apurados, acirrando acusações e atiçando suspeitas, na qual engalfinharamse tio Marcelino e tio Mario, ele apenas repetia: eu só sei que estou apaixonado e hei de sempre ser um eterno a p a i x o n a d o . . .

Mas Amâncio diziam uns tios o Lott é um general sem experiência política...


Nada disso negavam aos brados os outros o homem é o Jânio, que, com sua vassoura, vai ganhar a eleição e varrer os ladrões! Desses berros eu só guardei um Amâncio balbuciando com a fé de um santo milagreiro que estava apaixonado e que seria sempre um eterno apaixonado.

As previsões políticas dos meus tios falharam.

Jânio ganhou a Presidência mas a ela renunciou mergulhando o Brasil numa crise arrepiadora.

Mas a profecia de tio Amâncio continua, pois sem ela o mundo não existiria. A crença numa paixão imortal é o sinal mais claro da generosidade e do orgulho que ajudam a enfrentar a certeza do sofrimento e da culpa.

Essa dupla que constitui o centro da vida humana.

Todas as previsões se destinam ao fracasso. Elas falam mais dos seus pro-fetas do que de si mesmas. A crença no profetizar é um atributo da onipotência atribuída aos deuses, cujas vidas pensando bem são uma nulidade, já que nelas nada acontece.

Onde, querido leitor, você prefere estar?

Num diabólico colóquio amoroso com sua namorada (que você não pode jamais saber se te ama do mesmo modo que você é apaixonado por ela e vice-versa, daí a dureza do combate); ou no Olimpo, onde a eternidade liquidou passado, presente e futuro, e o sangue que anima a vida é se de fato existe verde, como me ensinaram os índios Apinayé, certos de que, após a morte, não há mais excitação, embora se possa pensar em alguma beatitude na forma de uma enorme pasmaceira.

O nada, como dizia Thomas Mann, não me interessa, pois, sem origem ou fim, o vazio que o constitui não tem as dúvidas que levam às profecias, às previsões e aos desejos.

Por isso nada ocorre no nada.

O nada, como acentuou Sartre, é impossível de ser entendido por quem vive na plenitude de uma vida feita de tantas dúvidas e projetos quanto as estrelas do céu.

Não tenho como conceber o eterno, como são capazes de fazer as pessoas politizadas que, tendo respostas para todos os problemas, preveem e profetizam a todo minuto.

Por que profetizamos?

Porque somos seres entregues a nossa própria consciência num mundo para o qual não fomos chamados. Um palco onde somos forçados a tomar parte num drama que estava sendo apresentado muito antes de nossa chegada, com o agradável agravante da certeza de que, um dia, iremos dele partir.

Shakespeare, de quem eu roubo esta lição, falou desse jogo de entradas e saídas que nos coloca em contato com o sucesso e o fracasso, e com a vida e a morte.

É justamente a certeza de que só há este mundo que nos obriga a honrá-lo e a gozá-lo.

(...)

Essa incrível capacidade para ser tudo ou nada obriga a inventar âncoras e freios. E, para os radicais (que sabem tudo), engendra as certezas que eles, como profetas, adoram manipular.

E, no entanto, e apesar das incertezas que fazem parte da vida, basta uma eleição, um populistazinho raivoso com alta popularidade, um novo modismo ou a perspectiva de uma vitória, para desenterrarmos a podridão autoritária ou cairmos numa gigantesca e irrecuperável frustração.

Tudo isso para dizer que a tal vitória no mínimo insofismável de Dilma no primeiro turno, prevista pelos profetas da mídia, não deu certo. Como não daria certo, leitor, se um marqueteiro nos dissesse que amanhã pela manhã tomaríamos café às 10 horas, porque foi assim que fizemos nas últimas quatro décadas.

Basta ler a profecia para contrariá-la. Moral da história: barbas de molho, companheiros e oportunistas. Agora, que o FHC ajuda, ajuda; embora o futuro, como dizia vovó Emerentina, inveterada jogadora de pôquer, a Deus pertença. Que o diga o Reich de mil anos!

Agencia o Globo/Roberto DaMatta O Globo