"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 05, 2013

O Nordeste merece mais

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Dilma Rousseff volta hoje ao Nordeste, pela segunda vez na semana. A cada viagem, a presidente leva um pacote de bondades debaixo do braço, mas, independentemente deles, as dificuldades da região continuam as mesmas. Já não é hora de o governo petista agir efetivamente para superar os problemas que afligem o povo nordestino?

Dilma estará hoje em Salvador para a festa de inauguração do novo estádio da Fonte Nova. Será sua nona viagem à região só neste ano e a 48ª desde o início de seu governo, conforme levantamento da Folha de S.Paulo. A cada duas viagens que fez pelo país janeiro último, uma teve o Nordeste como destino.

Mais o calendário eleitoral se aproxima, mais a presidente multiplica suas idas aos estados nordestinos. Vai à cata de votos. Na terça-feira, esteve em Fortaleza, onde anunciou mais um "pacote" de ajuda aos municípios da região castigados pela seca. Feito o anúncio, pôde-se perceber que, na realidade, ele trazia um monte de intenções recicladas e medidas velhas.
 

Os R$ 9 bilhões propagandeados juntam, num mesmo balaio, manutenção de benefícios, verbas já empenhadas e recursos carimbados que já iriam, de alguma forma, para o Nordeste. Em ritmo de campanha, o que interessa à presidente é produzir cifras portentosas; benefícios reais para a população são o de menos.

Um terço do "pacote" refere-se ao que o governo federal deixará de arrecadar com a renegociação de dívidas de agricultores. Mais 23% vêm do PAC Equipamentos, lançado ainda no ano passado, destinando retroescavadeiras e motoniveladoras às prefeituras. E outros 17% são renúncias de recursos que, de qualquer forma, seriam reservados à região por meio de fundos constitucionais, conforme cálculos d'O Estado de S.Paulo.

O governo federal diz que, desde que a seca se acentuou, já liberou R$ 7,6 bilhões para os 1.145 municípios nordestinos mais afetados.

Fernando Castilho, colunista do Jornal do Commercio, fez as contas e concluiu:
o valor representa apenas metade do que o BNDES liberou para empresas de Eike Batista e um terço do que o banco repassou à Fiat. O Nordeste merece mais que isso.


A caixinha de truques da gestão Dilma ainda previa um novo anúncio de medidas de apoio a produtores agrícolas da região para a contratação de frete para transporte de milho. Mas o próprio governo considerou que era muito pouco e suspendeu a medida, que integrava um "pacote emergencial" para enfrentar o caos logístico que se instalou no país - e agora foi definitivamente arquivado, conforme a Folha de hoje.

O mais grave é que, com o Nordeste mergulhado na mais severa estiagem que se tem notícia em cinco décadas, as ações do governo federal se limitam a paliativos. Obras emergenciais continuam consumindo o grosso dos recursos do Orçamento da União, enquanto ações estruturantes apodrecem, como é o caso da transposição das águas do rio São Francisco.
 
De acordo com a ONG Contas Abertas, de R$ 3,4 bilhões previstos no orçamento de 2012 para obras de barragens, adutoras e canais, dentro do programa federal Oferta de Água, apenas R$ 407 milhões foram efetivamente aplicados, o que dá meros 12% do total, segundo O Globo.

Do que o Ministério da Integração informa ter investido para enfrentar a seca (R$ 7,4 bilhões), 62% têm cunho emergencial. Ou seja, repete-se na abordagem ao crítico flagelo da estiagem no Nordeste o mesmo padrão que vigora para responder a desastres naturais em outros locais do país: 

o governo petista opta sempre por remediar, quase nunca por prevenir.

"O PT não foi capaz, até agora, de vencer o círculo vicioso da catástrofe social e econômica que emoldura tradicional exploração política, em que o sofrimento humano é tratado como oportunidade que se renova e não como situação extrema intolerável", opinou O Globo em editorial na sua edição de ontem.

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É bom que a presidente da República volte suas atenções ao Nordeste. A região precisa e merece. O que não é aceitável é que ela só faça isso em função de fatores eleitorais.

Dilma Rousseff tem ainda 21 meses de mandato pela frente:
neste período, deveria dedicar-se a melhorar as condições de vida dos brasileiros em geral, e dos nordestinos em especial, e não a empreender sua extemporânea e indevida campanha à reeleição.
 
Fonte: Instituto Teotônio Vilela

O Nordeste merece mais

A INFLAÇÃO É UM VALOR EM "SI". OU : DESAFINADOS.

Reza a lenda que macroeconomistas só gostam de PIB e de inflação.

E, vá lá, de juros. Esses temas áridos, imbuídos da fria racionalidade dos dados da economia brasileira, são como uma sombra, escondem uma realidade vibrante, luminosa, dizem por aí. A realidade do processo de inclusão social, dos milhões de mulheres e de homens que entraram na classe média e ampliaram o mercado consumidor brasileiro.

Essa é uma saga que já dura há muito tempo, começou com a estabilização da economia e com as políticas sociais de Fernando Henrique Cardoso e continuou sob os esforços dos governos do PT. É, de fato, fascinante refletir sobre os contrastes entre este novo país e o de duas décadas atrás.

Mas o fascínio pela fotografia atual não deveria querer ocultar o filme que se desenrola ao fundo. Fotografias podem ser belas, como as tiradas com uma Rolleiflex. Porém, são apenas um pedaço de tempo, congelado. Dependendo da qualidade do papel, amarelam ou se esfacelam.

A renda real das classes mais baixas cresceu. E muito. Segundo os dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad de 2011 compilada pelo IBGE, entre 2003 e 2011 os rendimentos das famílias mais pobres - as que ganham somente até um salário mínimo até aquelas que recebem 5 salários mínimos - aumentaram cerca de 50%.

De acordo com a Pnad, esses domicílios representam cerca de 70% do total das residências brasileiras. Ao longo do mesmo período, o PIB per capita do Brasil aumentou uns 30% em termos reais. E, em 2012, o PIB do País se expandiu somente 0,9%, um resultado desolador.

A presidente Dilma advertiu que não é pelo PIB que se deve medir aquilo que uma nação faz por seus habitantes. De fato, o PIB é uma fotografia, digamos, tremida, da realidade. Por ser a soma de tudo o que se produz internamente, não capta os detalhes, as nuances, do que está acontecendo nos diversos segmentos da economia.

Mas, se o PIB é uma foto mal tirada, a Pnad, dependendo de como os seus dados são tratados, pode se tomar uma foto parcial, daquelas em que o rosto do sujeito aparece apenas pela metade ou em que os pés são cortados por um fotógrafo que não consegue enquadrar o seu objeto.

A renda das famílias mais pobres aumentou de forma expressiva durante os governos petistas. Entretanto, parte desse aumento proveio de uma recomposição dos rendimentos, que haviam caído substancialmente entre 1998 e 2003, quando a inflação acumulada superou a registrada nos oito anos seguintes.

Isso explica uma parte considerável da queda da renda das famílias brasileiras, sobretudo das mais pobres, no final do governo FHC.

Enfoquemos, pois, a inflação, o "Valor em si" da presidente Dilma. A inflação
no Brasil está alta, em grande parte porque os salários aumentam acima da produtividade. Só não está mais alarmante porque o governo brasileiro tem controlado a temperatura com antitérmicos -as desonerações - cujo efeito é temporário.

É preciso reinventá-las continuamente para criar a ilusão de que a inflação está caindo.

Quando as contas públicas não mais aguentarem a corrosão seqüencial das receitas, quando as desonerações atingirem o seu limite, a inflação fatalmente subirá. Esse é o filme de terror que se tem desenrolado, insidiosamente, ao fundo.

A resistência do governo em assisti-lo, a preferência pelas imagens da Rolleiflex da presidente, aquelas que mostram famílias sorridentes com seus salários mais altos, se tomarão coisa do passado caso se persista em bagunçar a economia brasileira com políticas desconjuntadas.

Afinal, são as classes mais pobres as que mais sofrem com esse imposto regressivo e ardiloso, o aumento geral de preços. Para perpetuar o processo de inclusão social e garantir a sua sustentabilidade, combater a inflação de modo eficaz é essencial.

A inflação é um "Valor em si". "Si" é uma nota musical.

Portanto, presidente, "você com a sua música esqueceu o principal": que no peito dos desajustados, no fundo do peito bate calada, no peito dos desavisados sempre bate a inflação.

Com ou sem desoneração.

MOMCA BAUMGARTEN DE BOLLE O Estado de S. Paulo

ENQUANTO ISSO II ... Construtoras têm prejuízo e estoque de imóveis sobe em 2012

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Com redução no número de lançamentos, de unidades vendidas e aumento dos estoques de imóveis ao longo de 2012, o setor de construção teve um ano difícil, segundo levantamento feito pela Austin Rating a pedido do G1, com base nos resultados divulgados por 12 construtoras listadas na Bolsa.

A redução do número de vendas e a elevação do estoque apontam que houve desaceleração do mercado, segundo o analista da Austin Rating Felipe Queiroz. “Como setor, o desempenho das construtoras foi negativo em 2012. As construtoras tiveram um nível aquém do esperado. O faturamento total recuou 30%, o resultado financeiro teve queda forte e o setor deixou de apresentar lucro para apresentar resultado negativo”, diz.

O número de unidades lançadas caiu 42,3% em 2012 em relação a 2011: foram 95,5 mil. Segundo Queiroz, a forte desaceleração tem impacto direto no desempenho do setor. As vendas do conjunto de empresas também caíram mais de 20% em volume e em unidades. As vendas contratadas caíram 27,4%, para R$ 26,2 milhões. O número de unidades vendidas caiu 23,4%, para 108,6 mil.

As vendas recuaram numa proporção menor do que as unidades lançadas, mas mesmo assim as empresas não conseguiram desovar o estoque, que acabou aumentando. O estoque dobrou em unidades, de 4,4 mil para 9,3 mil unidades, uma alta de 112,9%. Em valor, o estoque aumentou 42,6%, de R$ 10 bilhões para R$ 14,3 bilhões.

O desempenho negativo, segundo Queiroz, está atrelado principalmente ao menor ritmo do crescimento do volume de crédito e ao aumento dos preços dos imóveis. Um dos indicadores de que os preços subiram é o VGV (Valor Geral de Vendas) dos lançamentos, que subiu 13,2%, de R$ 17 bilhões para R$ 30,6 bilhões. “Isso significa que ou estão criando imóveis com valor agregado maior ou há valorização do metro quadrado, alta no preço”, aponta Queiroz.

No conjunto, esse grupo de construtoras reverteu o lucro obido em 2011, de R$ 1,87 bilhão, para um prejuízo de R$ 1,42 bilhão em 2012.

Para Queiroz, os números do conjunto de empresas mostram que o boom no setor imobiliário vem desacelerando, apesar do número de unidades vendidas ainda ser considerável, acima de 108 mil.
Resultado das 12 construtoras no ano passado, em R$ bilhões
                                             2012    Variação em relação a 2011
Prejuízo do Período 1,4 - 176%
VGV Lançado 30,6 13,2%
Número de Unidades Lançadas 95,5 -42,3%
Vendas Contratadas 26,2 27,4%
Número de Unidades Vendidas 108,6 23,4%
Estoque, em valor 14,3 42,6%
Estoque, em unidades 9,3 112,9%

ENQUANTO ISSO, NO DE(s)CÊNIO DOS FARSANTES E FALSÁRIA "PALANQUEIRA" ITINERANTE... Produção industrial recua em 11 de 14 locais em fevereiro, mostra IBGE

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A produção industrial registrou queda em 11 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em fevereiro de 2013, já descontadas as influências sazonais, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (5).

No mês, a atividade fabril caiu 2,5%.

A maior queda partiu de Minas Gerais (-11,1%), que havia registrado alta de 1,5% no mês anterior. Na sequência, estão Bahia (-3,7%),
Ceará (-3,2%),
Pernambuco (-3,2%) e Pará (-2,5%).
 
Tiveram baixa, mas inferior à média nacional, Paraná (-2,2%),
Região Nordeste (-2,0%),
Espírito Santo (-1,8%),
Rio de Janeiro (-1,5%),
Amazonas (-1,2%) e São Paulo (-0,5%).

Na contramão da maioria das regiões estão Goiás, que viu a atividade fabril crescer 5%, Rio Grande do Sul (2,1%) e Santa Catarina (0,4%).

Em relação a fevereiro de 2012, a produção industrial, que caiu 3,2% em todo o país, recuou em 10 dos 14 locais pesquisados, com destaque para Espírito Santo (-13,4%),
Minas Gerais (-9,8%)
e Pará (-7,2%),
"pressionadas em grande parte pelo comportamento negativo dos setores de metalurgia básica;
veículos automotores;
metalurgia básica
e indústrias extrativas e celulose, papel e produtos de papel (celulose).

Também mostraram queda as produções de Pernambuco (-6,0%),
do Paraná (-5,5%),
da Região Nordeste (-4,1%),
de Santa Catarina (-3,3%),
do Amazonas (-3,2%),
da Bahia (-2,2%)
e de São Paulo (-0,8%).

Por outro lado, mostraram alta Goiás (9,1%),
Rio de Janeiro (3,6%),
Rio Grande do Sul (2,0%)
e Ceará (0,9%).

Nos últimos 12 meses, o total nacional registrou queda de 1,9%. Em termos regionais, 9 dos 14 locais pesquisados também caíram, mas sete mostraram avanço frente ao índice de janeiro.

Os resultados negativos mais acentuados nesse mês foram registrados por Espírito Santo (-7,6%),
Amazonas (-6,9%),
Paraná (-6,0%)
e Rio Grande do Sul (-4,4%),
enquanto Bahia (2,7%)
e Goiás (2,0%) apontaram as expansões mais elevadas.
Do G1, em São Paulo