"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 12, 2009

VAMOS JUNTOS TRABALHAR O FINAL ?

TAÍ UMA NOTÍCIA QUE PELO MENOS, NOS DÁ ESPERANÇA DE DIAS MELHORES

PF fará ação de ‘busca e apreensão’ em empreiteiras

Munida de autorização judicial expedida há dez dias, a PF organiza operação de busca e apreensão em escritórios e casas de executivos de grandes empreiteiras.

Apuram-se malfeitos praticados em obras da Infraero em aeroportos. Entre eles os de Guarulhos (SP), Vitória (ES) e Campo Grande (MS).

O leque de crimes sob investigação é largo: fraudes em licitações, tráfico de influência, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva. Estima-se que a Viúva foi tungada em algo como R$ 500 milhões.

Entre as empresas que se encontram sob a lupa da PF estão logotipos conhecidos. Por exemplo: OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Nielsen, Queiroz Galvão e Gautama.

Foram contratadas quando o presidente da Infraero era o ex-deputado Carlos Wilson (PT-PE). Ele morreu de câncer há cinco meses.

O inquérito foi aberto há dois anos. Tem os ingredientes de praxe: denúncia anônima, grampos, quebras de sigilos bancários e fiscais e, agora, a busca e apreensão.

Houve também um lote de pedidos de prisão. Foram, porém, refugados pelo Judiciário.

Em tese, você não deveria estar lendo essa notícia. A operação da PF é –ou deveria ser— sigilosa.

Escalou a manchete da Folha graças à apuração das repórteres Mônica Bergamo e Andrea Michael.

O mais grave é que, antes de chegar à dupla de repórteres, a informação fora soprada nos ouvidos dos investigados.

A cúpula da PF, o Ministério Público Federal e a Justiça souberam do vazamento nesta semana.

Investigadores metidos no caso dizem que o dreno que despejou dados sigilosos no colo dos investigados não prejudica a operação. Tolice.

Enquanto você corre os olhos por essas linhas alguns escritórios e certas residências devem estar imersos em atmosfera barata-voa. Na sequência, vai-se inaugurar outro tipo de brincadeira: esconde-esconde.

Curiosamente, a notícia sobre a batida que a PF planeja executar chega às páginas exatos três dias depois de Lula ter recebido executivos de dez empreiteiras.

Sabe-se agora que pelo menos quatro delas –OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht e Queiroz Galvão— estão entre as que terão as instalações varejadas pela PF.

Foram a Lula para pedir ajustes na legislação que acomoda nos seus calcanhares os perdigueiros do TCU e do Ministério Público. Querem um refresco.

E Lula, veja você, concordou. Combinou-se que a grande empreita encaminhará ao presidente um lote de sugestões. São os tempos de caliúga! 



SINTO VERGONHA DE MIM

Sinto vergonha de mim
Por ter sido educador de parte deste povo
Por ter batalhado sempre pela justiça
Por compactuar com a honestidade
Por primar pela verdade
E por ver este povo já chamado de varonil
Enveredar pelo caminho da desonra
Sinto vergonha de mim
Por ter feito parte de uma era
Que lutou pela democracia
Pela liberdade de ser e ter
E entregar aos meus filhos
Simples e abominavelmente a derrota das virtudes
Pelos vícios, a ausência da sensatez
E o julgamento da verdade
A negligência com a família
Célula matre da sociedade
A demasiada preocupação com o eu
Feliz a qualquer custo
Buscando a tal felicidade nos caminhos eivados
De desrespeitos para com o seu próximo
Tenho vergonha de mim
Pela passividade de ouvir sem despejar
Meu verbo a tantas desculpas ditadas
Pelo orgulho e vaidades
Para reconhecer um erro cometido
A tantos floreios para justificar atos criminosos
A tanta relutância em esquecer
Antiga posição de sempre conquistar
Voltar atrás e mudar o futuro
Ah! Tenho vergonha de mim
Que faço parte de um povo que não reconheço
Enveredando por caminhos que não quero percorrer
Eu tenho vergonha da minha impotência
Da minha falta de garra
Das minhas ilusões
E do meu cansaço
Não tenho para onde ir
Pois amo este meu chão
Vibro ao ouvir meu hino
Jamais usei minha bandeira
Para enxugar meu suor ou enrolar meu corpo
Na pecaminosa manifestação de nacionalidade
Ao lado da vergonha de mim
Tenho pena, tanta pena de ti povo brasileiro
De tanto ver triunfar as nulidades
De tanto ver prosperar a desonra
De tanto ver crescer a injustiça
De tanto ver agigantar o poder nas mãos dos maus
O homem chega a desanimar
Da virtude
A rir-se da honra
A ter vergonha
DE SER HONESTO
(FALAS DE CLEIDE CANTON)