"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 30, 2011

BRASIL MARAVILHA/SEM MISÉRIA/PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA/"OITAVA/SÉTIMA/SEXTA/QUINTA ECONOMIA" BLÁBLÁBLÁ... ENTÃO QUE PAÍS É ESSE? : Pobreza atinge mais de um terço dos adolescentes do país.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apresentou nesta quarta-feira um relatório no qual mostra que aumentou o número de adolescentes em situação de pobreza no Brasil.

Enquanto a situação atingia 11,9% da população nacional geral em 2009, entre os jovens de 12 a 17 anos, 17,6% estão inseridos em famílias cuja renda por pessoa não ultrapassa um quarto de um salário mínimo por mês.

Em 2004, eles eram 16,3%.

Os dados fazem parte do relatório "A situação da Adolescência brasileira 2011", que analisou esta parcela da população entre 2004 e 2009.

O Unicef revela também que a pobreza atinge mais os adolescentes (38%) do que a população nacional geral (29%).

Além do problema da pobreza, os adolescente brasileiros estão mais expostos à violência do que o restante da população. A taxa de homicídios nesta faixa etária é de 43,2 para cada 100 mil, enquanto que no resto da população a taxa é de 20 para cada 100 mil habitantes.

Os jovens também têm menos acesso à educação que as crianças.
Na infância, apenas 3% dos brasileiros estão fora da escola.
Na adolescência, 20% não estudam.

A representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, reconheceu os esforços que o governo vem fazendo para diminuir as desigualdades, como a inclusão dos jovens no programa Bolsa Família, mas diz que o país precisa focar as políticas públicas para defender quatro grupos de adolescentes mais vulneráveis:
os que se encontram em situação de exploração sexual,
mães,
meninos chefes de família e meninos e meninas de rua.

Segundo ela, no Brasil a proporção de jovens explorados sexualmente é maior do que no resto do mundo.

- O que sabemos é que a pobreza atinge mais os adolescentes. Essa situação nos preocupa. Temos que ver como construir respostas. O primeiro desafio é quebrar o ciclo infernal de pobreza - disse, apontando que jovens pobres têm menos chance de sair desta situação na idade adulta.

O Globo

PETROBRAS : Após fracassar em 2010 e adiar o objetivo para este ano, não deverá atingir pelo segundo ano consecutivo a meta interna de produzir 2,1 milhões de barris de petróleo por dia em território nacional.


A empresa deixará de produzir neste ano o equivalente a pelo menos 2,5% da oferta nacional de petróleo. Apesar de ter investido mais de R$ 50 bilhões entre janeiro e setembro, a Petrobrás tem quase o mesmo volume de produção de 2010.

Até o piso da meta da Petrobrás, de 2,050 milhões de barris diários, não deverá ser alcançado, projeção que ganhou força após a divulgação dos dados de outubro.


A maior dificuldade é a demora na entrega de equipamentos de exploração e produção, principalmente sondas. Segundo o diretor financeiro, Almir Barbassa, a estatal deverá receber 15 unidades de perfuração de águas profundas em 2012, o que ampliaria o número de sondas para 38.

"Isso permitirá não só um ramp up (aumento de produção) mais rápido das plataformas como um crescimento mais acelerado da produção do pré-sal", afirmou, em apresentação recente a analistas e investidores.


Com a chegada de novas sondas, a Petrobrás planeja acelerar o ritmo das atividades e eliminar o gargalo nos investimentos. Em 2011, segundo Barbassa, a estatal não conseguirá atingir a meta de investir R$ 84,7 bilhões.

"Esperamos que fique mais ou menos no mesmo nível do ano passado", ressaltou, comparando com os R$ 76,4 bilhões de 2010.


Outra barreira para que a produção não volte a ter crescimento discreto em 2012 são as paradas não programadas na produção. Elas ocorrem, muitas vezes, por inspeções inesperadas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para contornar a situação, a Petrobrás obteve um acordo que deverá garantir maior previsibilidade às operações.


A possibilidade cada vez maior de que a Petrobrás não consiga atingir nem mesmo o piso da meta é vista com conformismo por analistas.

"Não é novidade que a companhia divulgue uma meta e não a alcance", diz o analista da SLW Corretora, Erick Scott.
"A situação passou a ser recorrente", diz o analista do Banco Geração Futuro, Lucas Brendler.


O desempenho abaixo do esperado nos últimos anos também sustenta a projeção pessimista do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, para quem a meta da Petrobrás, de produzir quase 5 milhões de barris por dia em 2020, não será alcançada.

"Do jeito que está, acredito que a companhia produzirá entre 30% e 40% a menos do que essa meta."


O potencial de crescimento de produção deverá ser mais bem dimensionado no ano que vem, quando cinco novos sistemas entrarão em operação.

Juntos, devem adicionar 414 mil barris diários de petróleo à capacidade de produção da estatal, o que equivale a cerca de um quinto da atual produção brasileira de petróleo.
André Magnabosco O Globo

novembro 29, 2011

A inadimplência das empresas continua em alta : Crescimento foi de 28% em outubro.

O Indicador Serasa Experian mostra crescimento de 28% em outubro, na comparação com mesmo período de 2010. No acumulado do ano, até outubro, a evolução é de 17,2%. Já na comparação com setembro, a alta é de 0,4%.

Dívidas

O valor médio das dívidas com cartões de crédito, lojas em geral e outras despesas não bancárias de janeiro a outubro foi de R$ 741,78, o que representa alta de 1,2% na comparação com igual período do ano anterior.

Já as dívidas com bancos tiveram no período valor médio de R$ 5.183,11 - aumento de 9,9%.

Os títulos protestados apresentaram valor médio de R$ 1.771,19 até outubro - elevação de 7,3% ante o mesmo período de 2010 - e os cheques sem fundos apresentaram valor médio de R$ 2.083,27 - aumento de 1,6%.

Agência Estado

NEXO DE TORPES! POBRE BRASIL : A Face (OBSCURA) do poder.

(Nosferatu da Rep/Dama testa de ferro mamulenga/O filho...do brasil parlapatão)

José Ribamar Ferreira de Araújo Costa é a mais perfeita tradução do oligarca brasileiro. Começou jovem na política, conduzido pelo pai.

Aos 35 anos resolveu mudar de nome.


Tinha acabado de ser eleito governador do seu estado.

Foi rebatizado por desejo próprio.

Alterou tudo: até o sobrenome.


Virou, da noite para o dia, José Sarnei Costa.
O Costa logo foi esquecido e o Sarnei, já nos anos 80, ganhou um "y" no lugar do "i". Dava um ar de certa nobreza.

Na história republicana, não há personagem que se aproxime do seu perfil.
Muitos tiveram poder. Pinheiro Machado, na I República, durante uma década, foi considerado o fazedor de presidentes.
Contudo, tinha restrita influência na política do seu estado, o Rio Grande do Sul.

E não teve na administração federal ministros da sua cota pessoal.
Durante o populismo, as grandes lideranças lutavam para deter o Poder Executivo.

Os mais conhecidos (Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Leonel Brizola, entre outros), mesmo quando eleitos para o Congresso Nacional, pouco se interessavam pela rotina legislativa.

Assim como não exigiram ministérios, nem a nomeação de parentes e apaniguados.
Mas com José Ribamar Costa, hoje conhecido como José Sarney, tudo foi - e é - muito diferente.
Usou o poder central para apresar o "seu" Maranhão.

E o fez desde os anos 1960.
Apoiou o golpe de 1964, mesmo tendo apoiado até a última hora o presidente deposto.
Em 1965, foi eleito governador e, em 1970, escolhido senador.

Durante o regime militar priorizou seus interesses paroquiais.
Nunca se manifestou contra as graves violações aos direitos humanos, assim como sobre a implacável censura.


Foi um senador "do sim".
Obediente, servil.
Presidiu o PDS e lutou contra as diretas já.

No dia seguinte à derrota da Emenda Dante de Oliveira - basta consultar os jornais da época - enviou um telegrama de felicitações ao deputado Paulo Maluf - que articulava sua candidatura à sucessão do general Figueiredo - saudando o fracasso do restabelecimento das eleições diretas para presidente.

Meses depois, foi imposto pela Frente Liberal como o candidato a vice-presidente na chapa da Aliança Democrática.

Tancredo Neves recebeu com desagrado a indicação. Lembrava que, em 1983, em fevereiro, quando se despediu do Senado para assumir o governo de Minas Gerais, no pronunciamento que fez naquela Casa, o único senador que o criticou foi justamente Ribamar Costa.


Mas teve de engolir a imposição, pois sem os votos dos dissidentes não teria condições de vencer no Colégio Eleitoral.
Em abril de 1985, o destino pregou mais uma das suas peças: Tancredo morreu.

A Presidência caiu no colo de Ribamar Costa.

Foram cinco longos anos.


Conduziu pessimamente a transição.
Teve medo de enfrentar as mazelas do regime militar - também pudera:
era parte daquele passado. Rompeu o acordo de permanecer 4 anos na Presidência.


Coagiu - com a entrega de centenas de concessões de emissoras de rádio e televisão - os constituintes para obter mais um ano de mandato.
Implantou três planos de estabilização:
todos fracassados.

Desorganizou a economia do país.

Entregou o governo com uma inflação mensal (é mensal mesmo, leitor), em março de 1990, de 84%.

Em 1989, a inflação anual foi de 1.782%.

Isso mesmo: 1.782%!
A impopularidade do presidente tinha alcançado tal patamar que nenhum dos candidatos na eleição de 1989 - e foram 22 - quis ter o seu apoio.

O esporte nacional era atacar Ribamar Costa.
Temendo eventuais processos, buscou a imunidade parlamentar. Candidatou-se ao Senado.

Mas tinha um problema:
pelo Maranhão dificilmente seria eleito.
Acabou escolhendo um estado recém-criado: o Amapá.

Lá, eram 3 vagas em jogo - no Maranhão, era somente uma. Não tinha qualquer ligação com o novo estado. Era puro oportunismo. Rasgou a lei que determina que o representante estadual no Senado tenha residência no estado.


Todo mundo sabe que ele mora em São Luís e não em Macapá.
E dá para contar nos dedos de uma das mãos suas visitas ao estado que "representa". O endereço do registro da candidatura é fictício?
É um caso de falsidade ideológica?

Por que será que o TRE do Amapá não abre uma sindicância (um processo ou algo que o valha) sobre o "domicílio eleitoral" do senador?


Espertamente, desde 2002, estabeleceu estreita aliança com Lula.
Nunca teve tanto poder. Passou a mandar mais do que na época que foi presidente. Chegou até a anular a eleição do seu adversário (Jackson Lago) para o governo do Maranhão.


Indicou ministros, pressionou funcionários, fez o que quis. Recentemente, elegeu-se duas vezes para a presidência do Senado.
Suas gestões foram marcadas por acusações de corrupção, filhotismo e empreguismo desenfreado.


Ficaram famosos os atos secretos, repletos de imoralidade administrativa.

O mais fantástico é que em meio século de vida pública não é possível identificar uma realização, uma importante ação, nada, absolutamente nada.

O seu grande "feito" foi ter transformado o Maranhão no estado mais pobre do país.
Os indicadores sociais são péssimos.

Os municípios lideram a lista dos piores IDHs do Brasil. Esta é a verdadeira face do poder de Ribamar Costa. Como em uma ópera-bufa, agora resolveu maquiar a sua imagem. Patrocinou, com dinheiro público, uma pesquisa para saber como anda seu prestígio político.

Não, senador.

Faça outra pesquisa, muito mais barata.

Caminhe sozinho, sem os seus truculentos guarda-costas, por uma rua central do Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília.


E verá como anda sua popularidade.
Tem coragem?

A face do poder
Marco Antonio Villa O Globo

novembro 28, 2011

E NO GOVERNO DA "TESTA DE FERRO MAMULENGA" : Ministros e obras fantasmas.

Ministérios deveriam existir para bem servir a população que paga os impostos que os sustentam. Na forma petista de governar, porém, as 38 pastas existentes e seus ocupantes-mor se prestam a tudo menos produzir bem-estar para o público.

Para ficar apenas em dois exemplos, o que justifica a manutenção de gente como Carlos Lupi e Mário Negromonte na equipe ministerial?

Há um mês sob denúncias pesadas de corrupção e irregularidades, o ministro do Trabalho transformou-se num ectoplasma vagando pela Esplanada. Sua pasta está envolta em suspeita de favorecimentos, desvios de verbas públicas e irregularidades - muitas delas geradas pela disputa de facções sindicais pelo polpudo imposto sindical.

Mas Lupi não é apenas um fantasma retórico.
Soube-se pela edição da Folha de S.Paulo de sábado que também foi, por seis anos, funcionário com carteira assinada da Câmara dos Deputados sem nunca dar expediente.

E era muito bem remunerado:
nesse período, ele embolsou R$ 864 mil, em valores de hoje.

O agora ministro esteve lotado na Liderança do PDT na Câmara.
Lá, entre 2000 e 2006, recebia, como assessor técnico, o maior salário pago pela instituição:
R$ 12 mil. Mas desenvolvia apenas atividades partidárias.

Numa parte do tempo, 2004 a 2006, Lupi também acumulou a função de funcionário fantasma com a presidência do PDT.

Os funcionários do partido em Brasília, que pediram para não ser identificados, confirmaram que Lupi não aparecia no gabinete da Câmara e se dedicava exclusivamente a tarefas partidárias", informou o jornal.

Se o que estivesse em jogo fosse a lisura e o compromisso com a coisa pública, Dilma Rousseff já teria razões de sobra para tirar Lupi da sua equipe. Mas ela prefere alimentar uma guerrinha miúda com a imprensa - a quem acusa de estar tentando emparedar seu governo, que já perdeu cinco ministros por envolvimento em corrupção - a limpar a área.

A presidente também tem motivos de sobra para defenestrar outro integrante do seu time. Mário Negromonte faz tudo no Ministério das Cidades, principalmente mágicas em documentos oficiais.

Só não faz o que se espera de sua pasta, ou seja, melhorar as condições de saneamento, mobilidade urbana, habitação etc do país.

Na semana passada, O Estado de S.Paulo mostrou que uma fraude num documento elevou em R$ 700 milhões os custos de uma obra de mobilidade urbana em Cuiabá. Trocou-se um corredor de ônibus orçado em R$ 489 milhões por um veículo leve sobre trilhos de R$ 1,2 bilhão.

A mudança foi feita contrariando pareceres e a boa norma técnica.

O que aconteceu na obra mato-grossense é apenas uma amostra do que está ocorrendo em geral com os empreendimentos associados à realização da Copa de 2014.

Estádios e intervenções urbanas em outras cinco capitais já ficaram pelo menos R$ 2 bilhões mais caras, mostra hoje o Estadão.

Além de Cuiabá, houve aumento de preço nas obras de mobilidade urbana em outras cinco cidades:
Belo Horizonte,
Manaus,
Porto Alegre,
Recife e Rio de Janeiro.
Os aumentos variam de 20% a 164%.

Elas têm lá também seu componente fantasmagórico:
orça-se o que viu e paga-se (muito mais) pelo que não se vê.

O tamanho do descalabro com o dinheiro público aplicado com vias à Copa pode ser aferido em reportagem que o Valor Econômico publica hoje:
"Arenas da Copa vão demorar até 198 anos para pagar custo".

As arenas esportivas que estão sendo construídas para a Copa do Mundo nas 12 cidades-sede demorarão de 11 a 198 anos para se pagar, levando em conta o nível atual de rentabilidade dos estádios nos locais onde estão sendo erguidas.

Também custarão mais que as estruturas construídas para as últimas duas edições da Copa, na Alemanha e na África do Sul.

As 12 arenas, somadas, estão orçadas em R$ 6,71 bilhões. O gasto é 32% maior do que foi dispendido pela África do Sul na última edição do torneio, e 46% maior do que o gasto pela Alemanha em 2006.

O montante, no entanto, pode aumentar.
Estimativas do próprio governo apontam que os gastos devem chegar a R$ 7 bilhões", informa o jornal.

Irregularidades, como aquelas em que Carlos Lupi está metido, ou excrescências como as que estão sendo descobertas no ministério de Mário Negromonte deveriam ser ceifadas de imediato.

Mas combater o mal não parece ser prioridade para o governo Dilma, que prefere esperar uma "reforma ministerial" que, pelo jeito, só servirá para manter tudo como está.

Ministros e obras fantasmas.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela

"RELAXEM E GOZEM" ! ANP : Agência gastou este ano R$5,03 milhões na atividade, Petrobras desembolsou R$5,5 milhões para servir café.

Restando apenas um mês para acabar o ano, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) desembolsou até agora apenas 63% do previsto no orçamento de 2011 para fiscalizar as atividades de exploração e produção de petróleo no Brasil.

Foram R$5,03 milhões gastos, de um orçamento de R$8 milhões.
Os dados estão disponíveis nas páginas do Portal da Transparência, da Presidência da República, e no Siga Brasil, site do Senado Federal.


Para efeito de comparação, esse valor é inferior ao desembolsado pela Petrobras para abastecer suas máquinas de café em todas as suas unidades do país.

Somente dois contratos assinados pela estatal com essa finalidade em 2009, com validade de dois anos, somaram, segundo informa a empresa em seu site, R$11 milhões.

Ou seja, para financiar o cafezinho, a empresa gasta por ano algo como R$5,5 milhões.


Zylbersztajn: muita plataforma e pouco dinheiro

Para especialistas, os gastos da ANP com fiscalização são insuficientes. Ainda mais se for levado em conta que, do orçamento total da agência, de R$484 milhões, somente 3% são destinados à fiscalização das atividades de exploração e produção de petróleo.

Se for levado em conta o número de blocos de petróleo - 337 blocos em fase de exploração no país e 229 concessões em produção, entre terrestres e marítimos - o valor é de irrisórios R$9 mil para fiscalizar cada um destes 566 poços.

Entre eles está o Campo do Frade, operado pela Chevron, que completou, na sexta-feira, 25 dias de vazamento.


O ex-presidente da ANP David Zylbersztajn aponta dois problemas no orçamento da agência. Primeiro, o valor previsto para a fiscalização das atividades de petróleo no país é extremamente baixo. Segundo, o fato de a ANP não usar totalmente o pouco que tem para isso.

- Se considerarmos que existem cerca de 50 plataformas em alto-mar e o custo que existe de tecnologia e logísticas para acompanhar essas plataformas, é muito pouco. O problema é que ninguém se preocupou muito em acompanhar de perto isso, até que aconteceu o acidente - avalia Zylbersztajn.

Do orçamento total da ANP para este ano, R$484,3 milhões foram autorizados pela União para gasto (esse valor exclui o que foi contingenciado). Apenas R$243,8 milhões, de fato, foram efetivamente gastos.

Além dos recursos para a fiscalização, a ANP tem mais R$14,9 milhões no orçamento para despesas com "gestão das concessões" de produção e exploração de petróleo.

O valor gasto até o fim de novembro era de R$8,9 milhões, ou seja, 60% do total. O único gasto totalmente executado do orçamento do ano foi o de publicidade:
R$3,5 milhões.


Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), lembra que a ANP não decide o tamanho do próprio orçamento.

O problema seria também de ausência de uma política pública para o setor de petróleo:

- O acidente da Chevron mostrou que a ANP não sabe lidar com acidentes em alto-mar. É preciso capacitar o órgão, o que significa melhorar o orçamento e os gastos com fiscalização.

Fora a ANP, o Ministério do Meio Ambiente trabalha com uma previsão de gastos com "prevenção e combate a danos ambientais causados pela indústria do petróleo". A estimativa para este ano é de R$633 mil. Mesmo depois do acidente da Chevron, nem um único tostão tinha saído dessa rubrica.

Em nota, a ANP garantiu que sua verba "é suficiente para desempenhar sua atribuição de fiscalizar". Para mostrar que isso é verdade, lembrou que "só foram gastos R$5 milhões" do previsto.

Sobre o possível uso do restante até o fim do ano, a agência informou:
"não é possível fazer previsão de gastos", que são realizados "de acordo com as necessidades".


Os gastos da ANP são concentrados na fiscalização de postos de combustíveis e distribuidoras, área que tem uma verba de R$49 milhões.

O Tribunal de Contas da União (TCU) instaurou, na semana passada, uma auditoria na ANP para apurar sua responsabilidade no vazamento.
A previsão é que o trabalho seja concluído entre 60 e 90 dias.

Bruno Villas O Globo

EM GOVERNO DE TORPES, O PAÍS É DE MENTIRA .

"O ministro fica porque ele quer ficar, e porque a presidente quer que ele fique".
(Deputado Miro Teixeira, PDT-RJ)

Quanto mais mentem à vontade e sem constrangimento os cínicos que nos governam ou representam, pior é a qualidade de suas mentiras. De fato, a perda de qualidade tem tudo a ver com o grau de nossa indignação diante do que Dilma chama de malfeitos.

Se nos indignamos pouco ou quase nada, para que sofisticar as mentiras e torná-las verossímeis?


A mais recente e reles mentira oferecida ao nosso exame foi publicada na última edição da "Veja". O mecânico Irmar Silva Batista, filiado ao PT há 20 anos, tentou criar o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios no estado de São Paulo.

Em 2008, ele bateu à porta do Ministério do Trabalho para tratar do assunto com o então secretário de Relações do Trabalho, o ex-deputado Luiz Antonio de Medeiros. O ministro já era Carlos Lupi, presidente do PDT.
Medeiros encaminhou Irmar a Eudes Carneiro, assessor de Lupi.


Eudes trancou-se com Irmar em uma sala. Primeiro, pediu-lhe que desligasse o telefone celular. Em seguida, cobrou R$ 1 milhão para liberar o registro do sindicato. Irmar denunciou o caso a parlamentares do PT — entre eles, o senador Eduardo Suplicy.

Sem sucesso.
Então escreveu uma carta a Lula. Sem resposta. Um mês depois da posse de Dilma, Irmar enviou-lhe uma carta por e-mail contando em detalhes tudo o que se passara. Mandou cópia para Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência.


No dia 9 de março último, o Palácio do Planalto confirmou o recebimento da carta. Na semana passada, a assessoria de imprensa da Presidência informou que nenhuma providência a respeito pode ser tomada porque o trecho da carta que narrava a patifaria acabara cortado da mensagem.

Não é espantoso? Sumiu da carta justamente o trecho onde Irmar denunciava o grupo que agia no Ministério do Trabalho pedindo dinheiro para liberar registro sindical. Mas sumiu como?

Não se sabe.
Assim como ainda não se sabe se a carta para Gilberto apresentou a mesma falha.


Vai ver que o trecho mais explosivo dela chegou truncado aos seus destinatários. Vai ver que quem digitou o e-mail pulou o trecho.
Custava a quem o recebeu alertar seu autor que ficara faltando um trecho?
Assim a carta poderia ter sido reenviada.


Bons tempos aqueles em que um dossiê da Casa Civil sobre despesas sigilosas do governo Fernando Henrique foi batizado por Dilma de banco de dados.
Fazia até algum sentido — embora fosse mentira.

E o mensalão que Lula se empenhou para que fosse confundido com caixa dois?


Mensalão é crime.
Caixa dois também é.
Caixa dois soa como um crime leve, quase inocente.

O que alimentou o mensalão foi dinheiro desviado de órgãos públicos.
Se preferir, "recursos não contabilizados", como observou com deslavada hipocrisia o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.


Montagem de falso papelório político para uso contra adversários é coisa de bandido nos lugares onde as palavras correspondem ao seu verdadeiro significado. Aqui foi coisa de "aloprado" — um sujeito que age por conta própria para ajudar a se reeleger quem repele ajuda desse tipo.

Sobreviveu ao governo anterior e atravessará o atual uma das mais perigosas mentiras jamais produzida. Atende pelo nome de "controle social da mídia". Seria mais adequado referir-se a ela como "censura".

Diz-se que o controle se fará sem interferir no conteúdo. Quem acredita?


A mãe de todas as mentiras é também a mais perversa. Ela atribui a bandalheira à governabilidade. Como para governar é preciso contar com maioria de votos no Congresso ou nas assembleias, os partidos abiscoitam cargos e fazem com eles o que bem entendem. De preferência, roubam.

A bandalheira não decorre da necessidade de contar com o apoio de partidos. Decorre da falta de princípios e de coragem do governante para valer-se da força do mandato obtido mediante o voto popular.

Afinal, para que servem os milhões de votos que elegem um presidente ou governador?

Um país de mentira
Ricardo Noblat O Globo

novembro 25, 2011

O BRASIL MARAVILHA DELES CONTINUA MUDANDO : Mercado de trabalho em ponto morto

Está encerrada a temporada de criação de postos de trabalho no país neste ano.

Os levantamentos mais recentes indicam que a geração de novas vagas arrefeceu, e até antes da hora. A situação está longe de ser tão crítica quanto nos países convulsionados da Europa, mas deve inspirar atenção e cuidados.

Em outubro, a geração de empregos formais despencou no país, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. Foram criados apenas 126 mil postos com carteira assinada, o que equivale a quase 40% menos do que no mesmo período do ano passado.

Foi o pior resultado para o mês desde o fatídico ano de 2008 e tão ruim quanto no recessivo 2003.


Ontem saiu uma nova fornada de dados. O IBGE informou que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país foi a menor para meses de outubro desde o início da série histórica, em 2002.

Isto é ótimo, mas uma análise mais cuidadosa dos resultados revela aspectos desagradáveis, a começar pela queda da renda média real do trabalhador.


Houve recuo de 0,3% sobre outubro de 2010 - a primeira nesta base de comparação desde janeiro do ano passado - e estabilidade em relação a setembro, quando o indicador recuara 1,8% sobre o mês anterior.

Segundo as análises correntes, o comportamento dos rendimentos reforça
a constatação de que o mercado de trabalho já sente na pele os efeitos da desaceleração da atividade econômica.

A perda de fôlego é generalizada, mas é mais marcante na indústria:
nesta altura da temporada, o setor costumeiramente estaria em plena época de contratações. Neste ano, porém, não foi assim e as máquinas começaram a ser desaceleradas antes do previsto.

Pelos números do IBGE, houve redução de 23 mil vagas industriais em outubro - mais abrangente, o Caged mostrara saldo positivo de apenas 5,2 mil no mês.


Em comércio e serviços, que respondem às condições gerais da economia com defasagem maior que a indústria, o mercado de trabalho também já começa a dar sinais de enfraquecimento.

Tudo somado, evaporou a previsão do governo de gerar 3 milhões de novos empregos neste ano.

O Ministério do Trabalho já se dá por satisfeito se atingir 2,4 milhões - o saldo atual está em 2,241 milhões, mas o último bimestre costuma não ajudar.


Desde agosto, pelo menos, há um mergulho muito rápido, para o zero, do ritmo de aumento da ocupação, da renda média do trabalho e da massa salarial. O tombo ficou mais evidente em outubro", comenta Vinicius Torres Freire hoje na Folha de S.Paulo.

Análises mais minuciosas revelam fragilidades várias no nosso mercado de trabalho. Vão desde a predominância da geração de empregos com baixíssimos salários à rotatividade recorde, passando pela precária situação que aflige os mais jovens, que convivem com taxas espanholas de desocupação.

Na prática, o país só tem gerado vagas cujos salários pagos não ultrapassam dois salários mínimos, como mostrou o Valor Econômico na sua edição de anteontem. Acima desta faixa, o que tem ocorrido é o fechamento de postos de trabalho.

As empresas estão demitindo pessoas que ocupam cargos com salários maiores e pagando menos na hora de contratar", avalia o jornal.


Estabilidade no emprego é outro artigo raro no mercado de trabalho brasileiro.

Segundo dados oficiais, divulgados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a rotatividade de mão de obra é mais alta no Brasil do que em qualquer outro lugar do mundo:
41% da força de trabalho muda de emprego a cada ano, índice que ultrapassa 50% nas faixas salariais mais baixas.


Também é muito alto o percentual de jovens que buscam seu primeiro emprego e não encontram. Na faixa etária de 15 a 17 anos, a taxa de desocupação média está em 22,9%, ou seja, praticamente um de cada quatro brasileiros com esta idade não encontra trabalho.

Na comparação com outubro do ano passado, o desemprego entre os mais jovens cresceu em todas as capitais pesquisadas, exceto em Salvador e no Rio.
Recife e Belo Horizonte exibem as piores marcas:
24,4% de desocupação entre os que têm entre 15 e 17 anos.


Já se sabe que a economia brasileira não cresceu nada no terceiro trimestre - algo que o IBGE deve oficializar no início do próximo mês. Com os ventos frios que sopram da Europa e dos EUA, a situação tende a ficar um pouco pior daqui para a frente.

Para o Brasil, o mais importante na temporada bicuda que se prenuncia é lutar para preservar os empregos.
O bolso é sempre onde as crises mais doem.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela

TERRA DE CEGO : Mais uma agência de avaliação de risco decidiu aumentar a nota atribuída ao Brasil.Depois da Fitch e da Moody"s, foi a vez da Standard & Poor"s.

O país está agora com nota acima da mínima requerida para que seus títulos tenham grau de investimento. Quando se leva em conta que a solvência da dívida soberana de boa parte dos países europeus passou a ser posta em dúvida, a reclassificação parece perfeitamente justificável.

Mas o ímpeto comemorativo deve ser contido.
É muito mais o mundo piorando do que o Brasil melhorando.


Causa espanto que a Standard & Poor"s tenha afirmado que a administração austera das contas públicas pelo governo federal foi um ponto fundamental na decisão de reclassificar o Brasil.

Há que se ver as coisas como elas são.
Quando se analisa o período de 12 anos ao longo do qual se consolidou o regime de política macroeconômica que emergiu da crise de 1999, o último triênio se destaca pela fragrante deterioração do compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. Basta rememorar os fatos.


Em 2008, o governo já vinha dando todos os sinais de que estava propenso a relaxar a política fiscal. A crise financeira mundial foi o pretexto que faltava. A bandeira da política fiscal contracíclica, hasteada em 2009, continuou tremulando em 2010, quando a economia já estava em vigorosa recuperação.

Havia uma eleição presidencial a vencer, e o governo não estava disposto a brincar em serviço.

O resultado foi o que se viu.
Sucesso eleitoral retumbante às custas de uma economia sobreaquecida - quase 8% de crescimento do PIB em 2010, nos informa agora o IBGE - e inflação bem acima da meta durante a primeira metade do atual mandato presidencial.


O pior foi o meticuloso processo de desconstrução institucional que o governo promoveu para viabilizar a farra fiscal.

Montou-se no BNDES gigantesco orçamento paralelo, alimentado por transferências maciças de recursos do Tesouro provenientes da emissão de dívida pública.

Entre 2008 e 2011, foram transferidos ao banco nada menos que R$285 bilhões. Por fora do processo orçamentário e sem contabilização nas estatísticas de dívida líquida. O BNDES foi convertido no principal canal da expansão fiscal observada nos últimos anos.

Embora todos os recursos provenham do Tesouro, convivem hoje no governo federal dois mundos completamente distintos. Contam-se os centavos no Orçamento da União e vive-se um clima fausto no BNDES, onde parece haver dinheiro para tudo.


É preciso também lembrar que, em meio à euforia da farra fiscal do ano passado, o governo se permitiu todo tipo de adulteração contábil para conseguir exibir contas públicas minimamente apresentáveis.

No pior momento desses excessos, na operação de capitalização da Petrobras, deu-se ao luxo de recorrer a prodigiosa alquimia que transformava emissão de dívida pública em melhora do superávit primário.


O novo governo, com a mesma equipe, percebeu que tal descalabro teria de ser moderado. Mas não quis abrir mão do orçamento paralelo. Insistiu em transferir mais R$55 bilhões ao BNDES em 2011.

Comprometeu-se apenas com uma meta "cheia" de superávit primário, sem recurso a artifícios contábeis. E, para isso, anunciou um corte de gastos que, de fato, vai significar tão somente expansão menos extremada do dispêndio primário em 2011.


A meta de superávit primário será cumprida graças a novo e espetacular aumento da arrecadação, que deverá implicar aumento de pelo menos 1,5 ponto percentual do PIB na carga tributária em 2011.

Mas o regime fiscal que vem exigindo aumento sem-fim da carga tributária continua intocado. A agenda de reforma fiscal foi simplesmente abandonada. E é improvável que venha a ser retomada neste mandato presidencial.


Quem, no entanto, quiser achar que não foi o mundo que piorou e, sim, o quadro fiscal brasileiro que melhorou, pode comemorar a reclassificação do país e até mesmo acreditar no inabalável compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

O direito à autoilusão é sagrado.
Rogério Furquim Werneck O Globo

novembro 23, 2011

Somente US$ 65 milhões! MESMO SEM "MARQUETINGUE" O BRASIL SEGUE "MUDANDO" : Ingresso de capital externo já sente efeitos da crise


O déficit em conta corrente do balanço de pagamentos foi financiado com estreita folga em outubro.

Segundo o Banco Central, o ingresso líquido da conta de capitais foi de US$ 3,174 bilhões no mês, somente US$ 65 milhões a mais do que o Brasil precisou para cobrir suas despesas externas com comércio, serviços, transferências unilaterais e de renda (US$ 3,109 bilhões).

Esse já é um reflexo da crise europeia.

Por causa da inclusão de US$ 307 milhões a título de "erros e omissões", o resultado global do balanço de pagamentos do país, que em princípio deveria corresponder àquela diferença, foi positivo em US$ 372 bilhões.

Ainda assim, esse é o menor superávit desde fevereiro de 2009, momento em que a crise internacional afetava diretamente o ingresso de recursos no Brasil.

Com a nova piora do quadro externo, os capitais estrangeiros voltaram a escassear.
A retração foi percebida a partir de setembro, quando o resultado do balanço de pagamentos foi de US$ 808 milhões e o superávit da conta financeira e de capitais limitou-se a US$ 3,074 bilhões, quase igual a outubro.

A queda do fluxo de capitais foi substancial em relação à média dos oito primeiros meses de 2011, que alcançou US$ 11 bilhões por mês e assegurou um resultado mensal médio positivo de quase US$ 7 bilhões no balanço.

O fluxo de capitais foi fraco em outubro apesar da entrada líquida de US$ 5,55 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED), cifra que superou a projetada pelo BC e elevou para US$ 56 bilhões o valor acumulado no ano.

A autoridade monetária estimava US$ 4 bilhões para o mês. Em relação tanto a setembro (US$ 6,32 bilhões) quanto a outubro de 2010 (US$ 6,79 bilhões, no entanto, o investimento direto foi mais baixo.

Houve, também, US$ 954 milhões de investimentos brasileiros diretos no exterior (IBD), o que contribuiu para reduzir o fluxo líquido de capitais em outubro. Os brasileiros remeteram ainda US$ 4,9 bilhões para concessão de empréstimos, financiamentos e constituição de depósitos fora do país.

A saída de capitais brasileiros não foi atípica. Os valores foram próximos das médias mensais do ano. A oferta de capital estrangeiro é que caiu comparativamente ao que vinha ocorrendo. Os investimentos estrangeiros em ações, que já mostravam perda de dinamismo, limitaram-se a US$ 427 milhões.

A diferença em relação ao mesmo mês de 2010, quando foram aplicados em ações US$ 14,536 bilhões, foi brutal. No acumulado de dez meses este ano, esses investimentos somaram US$ 5,4 bilhões.

Não houve ingresso de recursos externos para investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa. Ao contrário, o BC registrou uma saída de US$ 30 milhões, movimento inverso ao de igual mês de 2010, quando entraram US$ 2,238 bilhões..

O déficit em transações correntes de outubro, de US$ 3,109 bilhão, superou o de setembro, de US$ 2,2 bilhões, mas foi menor do que o do mês equivalente em 2010 por causa do aumento do saldo comercial e da redução de 14,7% nas remessas líquidas de renda, em especial de lucros e dividendos.

O déficit da balança de serviços subiu 13,8%, apesar da queda de 6,4% nas despesas líquidas com viagens internacionais. Desde setembro de 2009, esses gastos não caíam em relação a igual mês do ano anterior, destacou Fernando Rocha, chefe adjunto do Departamento Econômico do BC. Enquanto os gastos de viajantes brasileiros se acomodaram, os de estrangeiros no país seguem aumentando.

Essa acomodação reflete a crise externa e em especial a taxa de câmbio mais cara, disse Rocha. Já o efeito da crise na balança comercial vai depender do que será mais afetado, se vendas ou compras externas. As exportações tendem a subir menos com o menor crescimento mundial. Por outro lado, o menor ritmo da atividade doméstica também freia as importações.

A LCA consultores acredita que a desaceleração das exportações será mais forte. Com isso, o déficit em transacões correntes alcançaria US$ 65,9 bilhoes em 2012, ante US$ 54 bilhões projetados pelo Banco Central para 2011, nas contas da consultoria.

O movimento de câmbio financeiro na terceira semana deste mês foi deficitário. A demanda por moeda estrangeira superou a oferta em US$ 1,327 bilhão de 14 e 18 de novembro, o que representou uma inversão de sinal em relação à semana anterior.

O sinal se inverteu também no segmento comercial, que registrou superávit de US$ 1,271 bilhão nesses mesmos cinco dias. Na semana anterior (7 a 11 de novembro), o BC tinha apurado déficit de US$ 69 milhões no câmbio comercial e superávit de US$ 1,369 bilhão no segmento financeiro, que abrange os contratos relativos a movimentação de capitais e as transações correntes de rendas e serviços.

Em ambos os casos, o comportamento foi diferente do que vinha sendo verificado nos últimos dois meses pelo menos. A tendência anterior, portanto, se restabeleceu.
Mônica Izaguirre | De Brasília Valor Econômico

POBRE BRASIL ASSENHOREADO. OPORTUNISMO! Senado aprova uso de fundo do FGTS em Copa e Olimpíada.

A despeito dos protestos da oposição e das queixas de setores da base governista, o Senado aprovou ontem em votação simbólica a Medida Provisória (MP) 540, que permitirá o uso de recursos do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) em empreendimentos ligados à Copa de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.

Segundo o texto, que agora segue para sanção presidencial, esses recursos poderão ser usados até 30 de junho de 2014 em projetos de infraestrutura aeroportuária, operações urbanas consorciadas, transporte, mobilidade urbana, empreendimentos hoteleiros e comerciais.

Por obra dos deputados, a MP que foi editada pela presidente Dilma Rousseff com 24 artigos, acabou aprovada com 52 artigos, graças à inclusão de uma série de "contrabandos" no texto, que tratam dos mais diversos assuntos.

Entre eles, o que provocou mais polêmica foi o que abre brecha para a publicidade de cigarros no país.


O projeto de conversão encaminhado pela Câmara ainda ampliou a desoneração da folha de pagamento das empresas que foi feita pelo governo dentro do programa Brasil Maior.

- A MP que estamos examinando hoje, pula de 24 artigos para 52 artigos. Ela é absolutamente inadmissível, não apenas à luz da Constituição, que determina uma hierarquia nas leis, em que as leis complementares devem ter precedência hierárquica sobre as leis ordinárias - lamentou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), reconheceu o exagero da Câmara na ampliação dos temas incluídos no texto da MP. E ainda assumiu publicamente o compromisso do governo de vetar os artigos que regulam a propaganda de cigarro, que gerou protestos inclusive de integrantes da base aliada.

A possibilidade de o FI-FGTS, que teria cerca de R$5 bilhões em caixa, aplicar recursos em obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas também provocou protestos de alguns senadores.

No caso das desonerações, o texto incluiu os setores de couro, call centers e transporte urbano coletivo. A desoneração passou de um para três anos.

Adriana Vasconcelos O Globo

E NO CAMARIM DO GOVERNO MAMBEMBE E FARSANTE : O PÓ DE ARROZ NO BALANÇO DO PAC.

O governo teve que usar muito pó de arroz para maquiar o balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) divulgado ontem.

Nem com todo o esforço, porém, deu para disfarçar o ritmo cadente de execução das obras neste ano, os atrasos expressivos em empreendimentos importantes e o impacto que a corrupção teve no andamento dos trabalhos.


Segundo o balanço divulgado pelo governo, 11,3% das obras e ações previstas para a segunda fase do PAC foram concluídas.

À primeira vista, parece até razoável.
Mas, quando se conhecem os detalhes de como o resultado oficial foi obtido, fica claro que o desempenho real está muito aquém do desejável:
apenas 3% das obras foram finalizadas até 30 de setembro.


O governo diz ter executado R$ 80,2 bilhões do chamado PAC 2.
Mas, disso, R$ 55,2 bilhões referem-se a financiamentos habitacionais para pessoas físicas.

Ou seja, praticamente 70% do total que a gestão petista diz ter "investido" nada mais é do que empréstimos dados a mutuários que, ao longo de anos, terão de pagar o que agora receberam.

Pior: parte do valor destina-se à compra de imóveis usados, com impacto nulo na expansão da economia.


Continuemos.

Outros R$ 41,4 bilhões foram aplicados pelas estatais, principalmente Petrobras, e R$ 25,6 bilhões pelo setor privado. O governo propriamente dito só comparece com uma parcela ínfima dos valores informados:
do Orçamento Geral da União saíram, segundo o Ministério do Planejamento, R$ 13,2 bilhões, ou 16% do total.


Quando se desce a detalhes, a cara do PAC fica ainda mais feia. Só 1% das obras de transporte foram concluídas, ressalta O Globo. Isso equivale a R$ 1,6 bilhão aplicados em rodovias, portos e aeroportos neste ano.

Para um país que, segundo o Ipea, precisa de R$ 183 bilhões apenas para recuperar suas estradas existentes e construir novos trechos, estamos bem...


Uma das razões para que o andamento das obras de transportes fosse ainda pior do que a média geral atende pelo nome de corrupção. O próprio ministro dos Transportes admitiu ontem que as mudanças que teve que fazer na pasta em razão dos escândalos que resultaram na saída de Alfredo Nascimento afetaram o desempenho.

O volume investido no setor caiu 20% em comparação com 2010. Das 42 licitações do Dnit que estavam em andamento na época da troca de comando na pasta dos Transportes, 14 foram revogadas e 27 suspensas. Ou seja, estava tudo carcomido pelos cupins da corrupção da gestão petista.

De maneira geral, o governo classifica 14% dos projetos do PAC como tendo andamento "fora do adequado" e outros 4% como "preocupantes". Mas a classificação está longe de ser precisa:
de acordo com a conveniência, os cronogramas vão sendo acochambrados para diluir atrasos.

Mesmo sem cumprir prazos, alguns empreendimentos receberam a indicação de andamento "adequado" - que caiu de 76% para 72% desde o balanço anterior, realizado em julho, segundo o Valor Econômico.

Tome-se, como exemplo eloquente das maquiagens, o que está acontecendo na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco: anunciada em 2005, pelo cronograma inicial ela ficaria pronta no ano passado, a um custo de US$ 2 bilhões.

Com obras iniciadas em 2007, será concluída, se for, apenas em 2016, a um custo superior a US$ 14 bilhões.


O novo balanço do PAC 2 traz duas datas para a refinaria, uma de operação, em 30 de junho de 2013, e outra de conclusão, de 30 de junho de 2016. Nos relatórios anteriores, havia apenas uma única data, de conclusão, que já teve os anos de 2010, 2011, 2012 e 2013", registra o Jornal do Commercio, de Recife.

Os números edulcorados do PAC não conseguem disfarçar a situação desfavorável que emerge da realidade das obras.

Em Minas Gerais, por exemplo, apenas um grande empreendimento foi concluído:
a duplicação de um trecho de 83 km da BR-262. Mesmo assim, as obras começaram na primeira fase do PAC e já deveriam ter terminado há tempo, registra o
Estado de Minas.

Nem o próprio governo concorda com a suposta importância do PAC para a vitalidade da economia brasileira.

Ontem, enquanto a ministra do Planejamento tecia loas ao programa, o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmava, segundo a
Folha de S.Paulo:
"A manutenção do investimento do PAC no mesmo nível do ano passado significa que o PAC neste ano não contribuiu para acelerar o crescimento".

Já é certo que, também em termos de proporção do PIB, o desempenho será declinante neste ano, caindo de 3,1% para 2,7%.

É de se perguntar:
para que tem servido, então, o PAC, senão como peça de marketing?

O governo poderia ao menos nos poupar da pantomima que protagoniza a cada seis meses a título de "balanço" do programa.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela

"PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO" : Governo reconhece estagnação econômica .

Secretário executivo do Ministério da Fazenda admite que a economia brasileira não cresceu no terceiro trimestre

Diante de todos os sinais de enfraquecimento no nível de atividade e depois de muito relutar, o governo reconheceu ontem que a economia brasileira ficou estagnada no terceiro trimestre, com crescimento igual a zero.

Mas ainda nutre esperanças numa recuperação entre outubro e dezembro, o que permitiria uma expansão de 3,8% no ano, maior que a expectativa dos analistas de mercado (3,2%). As projeções oficiais são mais otimistas para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país) em 2012, quando subiria de 4% a 5%, com a inflação mais comportada, abaixo de 5%.

Esse cenário foi descrito ontem pelo secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, no segundo balanço anual do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2).

A estimativa de desempenho acima das apostas dos especialistas se deve, segundo ele, a medidas "já contratadas" pelo governo, como o aumento real do salário mínimo e a trajetória de queda na taxa básica de juros (Selic).

Também entram na conta as isenções fiscais concedidas pelos programas Supersimples, que deverão injetar R$ 8 bilhões em pequenas empresas, e do Brasil Maior, incentivando quatro grandes setores industriais (têxtil, automotivo, calçados e moveleiro).
Em paralelo, ele aposta numa evolução sustentável da oferta de crédito para o consumo.

Os investimentos diretos, sobretudo os liderados pelo setor público, seriam outro fator favorável à retomada do PIB no próximo ano, incluindo a aceleração dos projetos voltados para a Copa do Mundo de 2014 e do programa de expansão da banda larga.

"Os gastos com infraestrutura terão naturalmente de atingir novo ritmo", afirmou. Ele explicou que, se houver revisão na previsão de crescimento do próximo ano, ela será feita logo após o primeiro decreto de previsão orçamentária em janeiro.

Sobre a viabilidade de atingir o superavit primário (economia de recursos no orçamento para pagamento de parte dos juros da dívida pública) de 3,3% do PIB em 2012, Nelson Barbosa foi enfático:
"Sim, é viável. Com o próprio desempenho da economia brasileira, que vai continuar crescendo, vamos ter receita suficiente para cumprir os compromissos do governo e cumprir a meta cheia".

Ele prometeu que o país manterá no próximo ano o superavit no nível atual, sem elevar o objetivo, como fez este ano. "Isso significa que não haverá restrições adicionais."

O comportamento fiscal deve dar suporte para a redução da
inflação. Segundo Barbosa, a disparada dos preços verificada em 2011 se repetirá no próximo ano, principalmente porque não haverá descontrole nas tabelas dos combustíveis, puxado pelo álcool, como neste ano.

Ele acredita numa acomodação das pressões externas sobre as cotações de produtos agrícolas, assim como um arrefecimento nos custos dos serviços internos. Na visão oficial, a velocidade da economia será compatível com a capacidade ociosa das indústrias sem gerar, portanto, "pressão excessiva de inflação".

Com tudo isso, a inflação convergiria para a faixa de 4,5%, centro da meta, a 5% no fim de 2012, afirmou o secretário. "Para 2011, acredito que, apesar das pressões internas e externas, a inflação oficial deverá ficar abaixo do teto da meta de 6,5%", acrescentou.

Barbosa sublinhou que a queda dos juros deve se prolongar até 2014, o que também vai estimular a economia. No panorama traçado, incertezas continuarão prejudicando o desempenho mundial, mas não a ponto de provocar uma tragédia.

"Os Estados Unidos terão crescimento ainda lento e a Europa sofrerá uma recessão, mas o mundo não assistirá a uma crise como a de 2008."

Ao avaliar que o sistema de metas de inflação "tem sido eficiente no Brasil", Barbosa defendeu o projeto do senador Lindberg Farias (PT-RJ), que inclui formalmente nos alvos do Banco Central (BC) a preocupação com crescimento e com emprego. Para o secretário, o governo já trabalha no sentido de viabilizar crescimento econômico, mas sem taxas definidas.

Aposta pesada
Instrumentos nos quais o governo confia para fazer a economia voltar a crescer num ritmo adequado :
Salário Mínimo
Aumento de mais de 14% no piso salarial a partir de janeiro do ano que vem ajudará a manter o consumo das famílias menos abastadas;
Obras da Copa 2014
Os projetos terão de avançar em 2012, ampliando as oportunidades de emprego e estimulando o aumento da renda;
Investimentos
Setor público vai ampliar gastos com projetos de infraestrutura, para reduzir o custo de produção e conter a inflação. Também se espera mais emprego e renda com as obras;

Inflação sob controle
Perspectiva de que o índice oficial fique abaixo de 5% no ano que vem, com a baixa nos preços das commodities, reajustes menores nas tarifas públicas e ociosidade na indústria, facilitando a continuidade da queda da taxa básica de juros;
Crédito farto
O Banco Central liberou as amarras do crédito, fundamental como complemento para o consumo das famílias. Empresas devem
ser beneficiadas com juros menores e menos burocracia;
Contas externas
O crescimento mais moderado, entre 4% e 5%, ajudará a conter as importações e, por tabela, o rombo nas contas externas, que deverá se estabilizar em 2,5% do PIB;
Política fiscal
Apesar dos gastos maiores com obras de infraestrutura, o governo se compromete a não criar estímulo extra de demanda.

Sílvio Ribas Correio Braziliense

Mentira & politicagem : "Tu fingiste que me enganaste, eu fingi que te acreditei; foste tu que me enganaste ou fui eu que te enganei?".

Seria a mentira uma realidade da política brasileira?

Sobretudo neste momento em que o governo de dona Dilma constitui uma Comissão da Verdade, mas um dos seus ministros - justo o do Trabalho, que é o apanágio do seu partido (o dos trabalhadores) - mente de modo claro, aberto, insofismável e - mais que isso - com uma verve e um nervo dignos de um astro de novela das oito?

Fiquei deveras assombrado por sua ousadia e desenvoltura de ator, quando - perante o Congresso - ele diz não conhecer o empresário com quem jantou, andou de avião e contemplou - com um olhar digno de um Anthony Hopkins - um pedaço de papel com o nome da questionada figura, numa simulação dramática que era maior prova de que mentia descaradamente.

Ou seja, para o governo é mais fácil resgatar o passado fabricado pelo autoritarismo do regime militar - um momento no qual opiniões conflitantes eram proibidas e que engendrou oposições à sua altura e igualmente fechadas, passando por alto pela Lei da Anistia - do que demitir um ministro mentiroso.

Continuamos a refazer o que não deveria ter sido feito e a não fazer o que o bom-senso exige que se faça.


Viver em sociedade demanda mentir. Como exige comer, confiar e beber - mas dentro de certos limites. Os americanos distinguem as "white lies" (mentiras brancas ou brandas) - falsidades sem maiores consequências - das mentiras sujeitas a sanções penais e éticas.

Pois, como todo mundo sabe, a América não mente. Ela está convencida - apesar de todas as bolhas e Bushes - que até hoje segue o exemplo de George Washington, seu primeiro presidente; um menino obviamente neurótico que nunca mentiu.

Na América há todo um sistema jurídico que dá prêmios à verdade, muito embora, num lugar chamado Estados Unidos, minta-se à americana. Ou seja, com a certeza de que se diz a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade. E que Deus me ajude!

Foi o que fez, entre outros, Bill Clinton quando negou ter tido sexo com a dragonarde Monica Lewinsky porque o que eles fizeram no Salão Oval não estava na Bíblia.

No Brasil não acreditamos ser possível existir sem mentir.
Basta pensar no modo como fomos criados para entendermos a mentira como "boa educação" ou gentileza, pois como cumprir a norma de não discutir com os mais velhos sem enganar?


Como não mentir quando a mulher amada chega do salão de beleza com o cabelo pintado de burro quando foge e pergunta:
querido, o que é que você acha do meu novo penteado?

Ou quando você confessa ao padre aquele pecado que você comete diariamente e dele se arrepende também cotidianamente só para a ele voltar com uma volúpia apenas compreendida pelo velho e bom catolicismo romano?

Como não mentir diante do seu professor, um Burro Doutor, que diz que sabe tudo mas não conhece coisa alguma? Ou do amigo que escreve um livro de merda, mas acha que obrou coisa jamais lida?
Ou para o netinho que questiona, intuindo Descartes:

se existe presente, onde está Papai Noel?

Como não mentir se o governo mente todo o tempo, seja não realizando o que prometeu nas eleições, seja "blindando" os malfeitos inocentes dos seus aliados, seja dizendo que nada sabe ou tem a ver com o que o ocorre debaixo do seu nariz de Pinóquio?

Numa sociedade que teve escravos, entende-se a malandragem de um Pedro Malasartes como um modo legítimo de burlar senhores cruéis. Mas não se pode viver democraticamente aceitando, como tem ocorrido no lulopetismo, pessoas com o direito de mentir e roubar publicamente.

Mentir para vender um tolete de merda como um passarinho raro ao coronelão que se pensa dono do mundo é coisa de "vingança social" à Pedro Malasartes.


No velho marxismo no qual eu fui formado, tratava-se de uma forma de "resistência" ao poder. Mas será que podemos chamar de "malfeitos" o terrorismo e o tráfico? Seria razoável aceitar a mentira como rotina da vida política nacional porque, afinal de contas, o "estado (e a tal governabilidade com suas alianças) tem razões que a sociedade não conhece" ou, pior que isso, que o nosso partido tem planos que tanto o Estado quanto a sociedade podem ser dispensados de conhecer?

No Brasil das éticas múltiplas (uma mentira e uma verdade para cada pessoa, situação, tempo e lugar), temos a cultura do segredo competindo ferozmente com a das inúmeras versões que, normalmente, só quem sabe a mais "verdadeira" é que conhece alguém mais próximo do poder.
Entre nós, a verdade tem gradações e lembranças.


No antigo Brasil do "você sabe com quem está falando?", dizia-se: aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei!

Hoje, nos vem à mente uma velha trova mineira:

"Tu fingiste que me enganaste, eu fingi que te acreditei; foste tu que me enganaste ou fui eu que te enganei?".

Com a palavra, os eleitos e os nomeados.

Roberto DaMatta

novembro 22, 2011

CLARIVIDÊNCIA : A FARSA DA PROMESSA DE "PRESIDENTA" FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA GERENTONA DE NADA E COISA NENHUMA E A LOROTA DO PAC.

O governo promete divulgar hoje mais um balanço sobre o andamento das obras e ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Terá que torturar muito os números para extrair deles um resultado menos desfavorável do programa.

Quase cinco anos depois de lançado, o PAC continua sendo um amontoado de boas intenções. Nada além disso.


Engana-se quem é levado a imaginar que o governo Dilma Rousseff investe a plenos pulmões, como apregoa o marketing oficial.

Os dispêndios realizados neste ano não estão conseguindo sequer repetir os do ano passado e, mesmo assim, a maior parte dos desembolsos refere-se aos chamados "restos a pagar", ou seja, são contas herdadas da gestão anterior que ora estão sendo quitadas.


Segundo O Estado de S.Paulo, dos R$ 21,7 bilhões inscritos como ações do PAC pagas neste ano, R$ 16,1 bilhões, ou praticamente 75% do total, se referem a restos a pagar. Dos R$ 40,4 bilhões previstos no Orçamento do PAC para 2011, somente R$ 5,6 bilhões foram efetivamente aplicados em obras. "Em resumo, até agora, o atual governo só conseguiu executar 13,9% do que foi programado para 2011", comentou o jornal em editorial, no domingo.

Para piorar, o Orçamento deste ano tem R$ 17,9 bilhões, ou 44% do total, parados na estaca zero. Isso significa que não cumpriram sequer a primeira etapa do gasto público, que é o empenho. São recursos que poderiam estar fazendo a diferença em termos de melhoria da qualidade de vida da população, mas estão esterilizados no caixa do Tesouro.

A observação isolada da execução de alguns programas dá melhor dimensão da paralisia. Para ficar no exemplo mais significativo, o "Minha Casa, Minha Vida" executou até agora apenas 0,05% do valor orçado para o ano. Ou seja, para começar a construir as 2 milhões de moradias prometidas na campanha eleitoral, a presidente Dilma só investiu R$ 6,5 milhões neste ano, que não dão nem para 100 casinhas...

Na realidade, os gastos com o PAC estão encolhendo em 2011, mostrou a Folha de S.Paulo na semana passada. Os desembolsos com obras do programa entre janeiro e outubro foram 14% menores do que no mesmo período do ano passado. "Este é o primeiro ano em que os gastos diminuem desde o lançamento do programa, em 2007."

"Projetos de grande visibilidade considerados prioritários pelo governo, como a ferrovia Norte-Sul, a transposição do rio São Francisco e a urbanização de favelas no Rio tiveram menos dinheiro", segundo o jornal.

Num balanço mais amplo, feito em fins de outubro, O Estado de S.Paulo também mostrara que apenas um terço das obras do PAC previstas para o período 2007-2010 foram concluídas até agora e 20% da lista de mais de R$ 600 bilhões de empreendimentos listados ainda não saiu do papel.

Algumas obras ainda nem conseguiram superar a fase de contratação de projeto básico ou de processo licitatório. Há ainda aquelas que já foram iniciadas, mas estão paralisadas por algum tipo de entrave, como contrato suspenso, questão ambiental e dificuldade de desapropriação de áreas", informou o Estadão.

Vale lembrar que, no início do mês, o Tribunal de Contas da União recomendou a paralisação de 18 obras do PAC envoltas em suspeitas de irregularidades, entre elas a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a ferrovia Norte-Sul, em Tocantins. Ambas são reincidentes.

Dentre os empreendimentos do PAC, foram avaliadas 161 obras. A maior parte delas tinha irregularidades consideradas graves, segundo a Folha de S.Paulo.


Para driblar esta feia fotografia, os resultados do PAC a serem divulgados hoje devem conter as mandracarias de sempre.

O governo costuma manipular as planilhas de acompanhamento das obras:
quando algo não vai bem, acaba sendo excluído da lista, escondido debaixo do tapete. Para confundir ainda mais, foram criados dois PAC, mas na prática o que se denomina PAC 2 inclui boa parte do PAC 1 não encerrada na gestão Lula.


A triste realidade é que o Brasil ocupa a rabeira dos rankings mundiais que medem o investimento público. Em 2009, por exemplo, segundo estudo do economista José Roberto Afonso, o país ficou em 123º lugar na lista, superando apenas Croácia, República Dominicana, Uzbequistão, Líbano e Ucrânia.

Não há perspectiva de que tal cenário mude com o PAC.
Até agora, o programa lançado com estardalhaço por Lula, e que serviu de esteio para a eleição de Dilma Rousseff, não mostrou a que veio, exceto ter funcionado como eficiente peça de marketing e propaganda do PT para enganar brasileiros incautos.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela