"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 07, 2012

"PARA O brasil SEGUIR MUDANDO" COM A GERENTONA/FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA DE NADA E COISA NENHUMA : Brasil deve voltar a ser lanterna na América do Sul , governo Dilma fica abaixo da média.


A cada divulgação de dados oficiais fica mais nítido que a economia brasileira patina pelo segundo ano consecutivo. Neste cenário, analistas dizem que, se o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) crescer 2% em 2012, já pode ser considerado um bom resultado, isso poque aumentam as apostas entre 1,5% e 1,8%.

E o ritmo fraco do PIB começa a ser sentido na vida dos brasileiros, que estão mais receosos e temem que a crise se agrave, o que pode esfriar ainda mais a economia.

Mas o que significa para o Brasil crescer 2% ou menos este ano?

Economistas ouvidos pelo GLOBO acreditam que os problemas tendem a ser cada vez mais sentidos pelas pessoas no seu cotidiano e pelas empresas. Uma forte redução dos investimentos causados pela frustração dos empresários, que esperavam crescimento na faixa de 4%, deve dificultar ainda mais a criação de empregos.

Além disso, a renda per capita no país pode ter uma variação muito baixa e o salário mínimo deverá ter um crescimento fraco em 2014 a atual regra faz com que o salário básico da economia seja reajustado levando em conta a inflação do ano anterior e o PIB de dois anos antes.

Nossa projeção de crescimento é de 1,8% este ano e, depois dos últimos dados da produção industrial, está cada vez mais fácil que o crescimento fique perto de 1,5% do que de 2%. Apesar das medidas, como o corte de juros, não está garantido que a economia se aqueça no segundo semestre.

E, se essa perspectiva não mudar, os problemas serão cada vez mais sentidos afirma Armando Castelar, coordenador de Pesquisas Aplicadas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para o professor, a criação de empregos fica mais prejudicada.
Ele lembra que um fenômeno pouco usual fez com que, nos últimos anos, o emprego e a renda se mantivessem crescendo acima da economia:
as vagas foram abertas em setores muito específicos e intensos em mão de obra, como comércio, construção civil e bancos, além de parte dos dados representar uma formalização do mercado de trabalho:

A geração de empregos é uma preocupação crescente agora. O fraco desempenho da economia nacional é fruto do baixo investimento. E o investimento tende a continuar baixo com isso, é um círculo vicioso diz Castelar, que defende uma política agressiva para aumentar a infraestrutura, inclusive com a privatização de estradas, aeroportos e portos, para atrair mais investimentos e aumentar as expectativas.

Para o professor Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, o baixo crescimento, cerca da metade da média histórica do país como República (4,5%), chega às pessoas:
Uma das consequências será um baixo crescimento do salário mínimo e geração de empregos medíocre avalia, acrescentando que a culpa pelo atual resultado é, indiretamente, da própria presidente Dilma Rousseff. Para ele, o governo fez política eleitoreira em 2010, quando a economia cresceu 7,5% facilitando a eleição da presidente.

Apesar da redução do emprego, ele ainda deve crescer este ano em um volume maior que a expansão da População Economicamente Ativa (PEA). Para o economista Alex Agostini, da Austin Rating, o avanço da PEA é igual ao crescimento populacional, de 1,3% ao ano, enquanto o emprego formal deve crescer este ano 3,5%. Ele prevê uma alta do PIB de 1,9% este ano.

Brasil deve voltar a ser lanterna na América do Sul

Para economistas, a culpa pela anemia do PIB brasileiro não pode ser integralmente creditada à crise global. O Brasil está se saindo pior que muitos países, o que seria indicativo de problemas estruturais internos. O país deve estar em 2012, pelo segundo ano seguido, na lanterna do crescimento econômico na América do Sul excluindo o Paraguai, que vive um momento de forte turbulência política.

O Brasil deverá, novamente, perder em desempenho para a média da economia global e pode crescer menos até que os Estados Unidos.

Isso é um sinal de um problema estrutural. Porque países como Colômbia, Peru e Chile vão crescer entre 4% e 5% neste ano e nós não? indaga o professor Armando Castelar, da FGV, para quem isso demonstra que o Brasil precisa enfrentar problemas estruturais, como a baixa competitividade, fazer reformas e incentivar o investimento.

Alex Agostini, da Austin Rating, lembra que essa situação deve levar o país a um fraco crescimento de PIB per capita, uma vez que a população se expande cerca de 1,1% ao ano. Além disso, o país deve perder a posição de sexta maior economia do mundo, conquistada no ano passado. O Reino Unido deve voltar a ultrapassar o PIB brasileiro, em dólares:

Aqui o maior problema que ocorre é a cotação do real, pois na comparação internacional o PIB é medido em dólares. Mas se o país crescesse mais ficaria mais fácil defender esta posição afirmou o economista, que espera um PIB brasileiro em 2011 de US$ 2,315 trilhões, US$ 120 bilhões a menos que o britânico.

Ele, contudo, cita alguns benefícios colaterais desta crise, como a redução dos juros.

Desempenho do governo Dilma fica abaixo da média

Além disso, o PIB baixo deve fazer que o governo Dilma tenha uma das menores taxas de crescimento das últimas décadas. O professor Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, diz que a situação econômica não é confortável:
Após crescer 2,7% em 2011 e se chegar a 2% este ano, a média fica em 2,37% ao ano. Isso a coloca em 20º lugar entre os 26 presidentes do país, abaixo da média dos dois primeiros anos de Lula, FH, Itamar e Sarney.

O professor conta que, para Dilma repetir a média de 3,5% do primeiro mandato de Lula, o país precisaria crescer 4,6% ao ano em 2013 e 2014. E para chegar à média de crescimento da República, de 4,5%, o desafio é ainda maior: crescer em média 6,7% nos próximos dois anos.

O Globo