"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 25, 2013

Os brioches venezuelanos (DA GERENTONA DE NADA E COISA NENHUMA)


Os brasileiros que estão indo às ruas nas últimas semanas querem mais decência e menos corrupção. Querem serviços públicos de melhor qualidade. Querem que a vida no país seja diferente. Em resposta, Dilma Rousseff ofereceu-lhes ontem brioches com condimentos venezuelanos.

Mirando os protestos, a presidente da República convocou governadores e prefeitos de capitais a Brasília para servir-lhes pratos feitos. 
O mais indigesto deles a proposta de convocação de uma constituinte com a vaga intenção de promover uma reforma política.

Trata-se da mais perigosa e acintosa das ações tentadas pelo PT em seus dez anos de poder: 
se prosperar, o que é pouco provável, ninguém é capaz de prever onde pode parar. É o velho sonho juvenil do esquerdismo de implantar uma democracia direta, impondo na marra as vontades das massas, ao sabor de conveniências de momento.

Dilma tenta exorbitar os poderes do Executivo, acuar o Legislativo e, principalmente, confundir os cidadãos. 
Quem haverá de ser contra uma reforma que aproxime a representação popular de anseios da população? 
O problema é a forma: 
a Constituição brasileira já prevê maneiras de fazê-lo, sempre dentro de marcos institucionais, por meio de projetos de lei, emendas constitucionais, mas o PT, claro, prefere uma saída venezuelana.

Acuada pelas manifestações, Dilma busca transferir a pressão para o Congresso e tenta socializar o abacaxi das ruas. De concreto, os "pactos" que ontem apresentou não resolvem as dificuldades, que são prementes, da população. 
Mas criam um monstro novo: 
a possibilidade de mudar tudo o que aí está por meio de uma constituinte que tudo pode.

Felizmente, exceto pelos que estão loucos para desviar o foco dos reais objetivos dos protestos que continuam a pipocar pelo país, a proposta de Dilma foi recebida com uma saraivada de críticas -
O Globo traz uma boa síntese delas - e rechaçada até por aliados da presidente.

A mais amena das réplicas diz que a presidente busca tão-somente emparedar o Congresso e propõe algo que já sabe de antemão ser inviável. A mais enfática sublinha que o que Dilma e seu partido perseguem é, sem meias palavras, um golpe na nossa democracia, algo totalmente inconstitucional.

"A única possibilidade de haver uma constituinte seria revogar toda a Carta atual, o que só aconteceria no caso de um golpe ou uma revolução", resume a
Folha de S.Paulo. "Plebiscito para fazer Constituição, mesmo que apenas parte dela, extrapola o poder do próprio Congresso. Não pode", reforça Joaquim Falcão, professor da FGV.


"Nada impede que [a constituinte] alcance matérias relativas à liberdade de imprensa, garantias individuais e tantas outras sobre as quais a sociedade precisa constantemente se manter vigilante para que não pereçam. Acaba sendo uma carta em branco", analisa Marcus Vinícius Furtado n'O Estado de S.Paulo.

"A proposta, em resposta de bate-pronto da presidente à turbulência que irrompeu há poucos dias, redunda em turbinar essa turbulência e, portanto, em algo excessivo e arriscado", completa Fábio Wanderley Reis.

Claro está que a proposta de constituinte é uma aberração. Mas, e quanto ao que realmente interessa, ou seja, soluções para as dificuldades que os brasileiros enfrentam no seu dia a dia, o que Dilma oferece? As respostas da presidente são miragens, se tanto. Para a educação, royalties que só existirão quando os jovens que hoje estão nas ruas do país já forem mães e pais.

Para a saúde, uma controversa importação de médicos - muitos possivelmente oriundos de ilhotas defasadas - que seguramente não conhecem a realidade de um país continental, o que dirá dos rincões e das periferias onde sua atuação é mais necessária...

O pior e mais enganoso, porém, é o que Dilma apresenta para destravar o nó da mobilidade no caos urbano em que a política petista de incentivar os automóveis transformou as cidades brasileiras. Ontem, a presidente "anunciou" o que já existe desde janeiro de 2010, mas, assim como seu padrinho, ela não consegue tirar do papel.

A petista promete agora R$ 50 bilhões para o transporte público. 
É o mesmíssimo dinheiro que o PAC já prevê há tempos, mas nunca se transforma em realidade: 
nestes mais de três anos, só uma de 44 obras previstas ficou pronta, num ritmo de obras que encontrou em Dilma sua pior executora - em 2011, menos de 2% foram investidos.

Para completar seu menu oportunista, a presidente quer que governadores e prefeitos agora dividam com ela a responsabilidade pela irresponsabilidade com que o governo federal passou a tratar a inflação e as contas públicas. E propõe transformar corrupção em crime hediondo - o que, se for uma intenção verdadeira, ela poderia começar aplicando aos mensaleiros...

A esta agenda pastosa e alheia à realidade, digna de uma Maria Antonieta encastelada em palácios, apresentada ontem à nação pela presidente, os partidos de oposição - PSDB, PPS e DEM - responderam oferecendo ao país um
manifesto recheado de propostas factíveis, algumas de efeito imediato, capazes de serem as primeiras possíveis respostas concretas às justas críticas e reivindicações dos brasileiros.

Mas, entre tentar resolver os problemas do Brasil e continuar empurrando tudo com a barriga, rascunhando um golpe a la Chaves, Dilma Rousseff preferiu ficar com seus brioches venezuelanos.

Instituto Teotônio Vilela
Os brioches venezuelanos de Dilma

Um rio que passou em nossa vida


À primeira vista, essas manifestações pareciam uma provocação anárquica, sem rumo.

Muitos acharam isso, inclusive eu. 
Nós temos democracia desde 1985; mas "democracia" tem de ser aperfeiçoada, senão, decai. Entre nós tudo sempre acabou em pizza, diante da paralisia dos três poderes. 



O Brasil parecia desabitado. 
De repente, reapareceu o povo. 
Parecia um mar. 

Acordou uma juventude calada há 20 anos, uma juventude que nascia enquanto o Collor caía... Isso pode ser o início de uma "primavera brasileira". Contra ditadores? Em parte sim, uma ditadura difusa, ditada por entendimentos silenciosos que formam uma rede de interesses mutuamente atendidos. 

 Nossa rede corrupta tem uma lógica complexa, mas sólida, em que a perversão pavorosa do Congresso se soma à incompetência tradicional dos petistas e sindicalistas do Executivo e um STF querendo acordar, sob uma chuva de embargos.

Tudo atende aos interesses dos canalhas.

Nossa rede de escrotidões é muito funcional. 
Sempre que se abre uma porta, damos com uma outra fechada. 
O atraso é muito bem planejado. 
O Brasil é o país mais bem "desorganizado" do mundo. 
Subitamente, o povo reapareceu. 
Andava muito sumido, como se a sociedade não existisse mais.

Nossa opinião pública era queixosa - reclamava muito e agia pouco. Agora, mudou. Os jovens estão com a maravilhosa sensação do Poder. Agora esse movimento tem de proteger o imenso poder de influência que conquistou.

Mas, sutilmente, essa vitória pode ser apagada pouco a pouco, com a solerte esperteza do Executivo e do Legislativo. 
Vocês repararam que o governo central, na fala de Dilma na TV, está "encantado" com a democracia? 
Prefeitos, governadores, todos fascinados com a democracia. 


Todos (de nariz meio torcido) elogiam a "juventude que despertou", etecetera e tal. Mas, no fundo, ou melhor, na cara, só pensam em recuperar Ibopes e em sossegar os leões. 


Muitos políticos com culpa no cartório estão ansiosos: 
"Meu Deus, não se pode nem roubar em paz! 
Precisamos apoiar isso tudo para que tudo continue como sempre foi", pensam. Quase todos que assinaram o apoio à PEC 37 - a PEC da impunidade - têm ficha suja. 
São mais de 200. 

Todo mundo apoia a democracia - que legal!... - mas ninguém explica, por exemplo, por que a Petrobrás comprou a refinaria no Texas por mais de um bilhão de dólares, se o valor real é de apenas 100 milhões? Por quê? 

Por que a ferrovia Norte-Sul, desmoralizada há 27 anos pela Folha de S. Paulo, que anunciou o resultado da concorrência dois dias antes?
E não está pronta ainda, mesmo depois de descoberta a roubalheira da Valec. E a volta da inflação, que causa arrepios nos economistas do mundo todo, menos no trêmulo e incompetente Mantega?
E Belmonte? 

E a refinaria com os fascistas da Venezuela, que não pagam? 
E o canal do Rio S. Francisco parado? 
E as privatizações envergonhadas que não saem? 
E corruptos impunes? 
E o Estado quebrado, cheio de gastos de custeio, sem dinheiro para investir? 
E as alianças com partidos ladrões que impedem qualquer reforma? 
E a preocupação somente eleitoral? 
E o custo dos estádios? 
E a infraestrutura morta?

Ninguém explica. 
A Dilma tinha de explicar, em vez de tentar acalmar a "massa atrasada". Lula, o eterno e nefasto presidente, já disse que "Tudo bem; quem nos apoia não está se manifestando - são os miseráveis do Bolsa-Família" (que com inflação crescente vai murchar para vinténs). 


Foi o mesmo que ele disse na cena do dossiê dos "aloprados", lembram?: "Não tem "pobrema", pois o povão pensa que "dossiê" é doce de batata".

Vamos botar a bola no chão: 
O PT está no governo há dez anos e é o responsável principal por esta cag... catástrofe pública. 
Ou não é?

Mas o que pode acabar com o Movimento? 
O vandalismo, sem dúvida. 


O vandalismo se explica pela infiltração de vagabundos, punks e marginais, aproveitando que a polícia não pode matar. 
Mas também há o vandalismo proposital, programado por radicais, para desclassificar o Movimento. 


Será que alguns bolcheviques estão seguindo a lição de Lenin, quando escreveu como desqualificar movimentos de rua:
 "Infiltrem nossos homens em outros partidos e (...) dividam a população em grupos antagônicos, estimulando divergências entre eles sobre questões sociais".

E aí? 
O que pode esvaziar o Movimento?

Bem, em primeiro lugar, o vazio, a abstração, a luta pela luta, o horror da política. Se virar um movimento genérico demais, tudo acaba. 
Não podem achar que podem mudar o País num "passe livre de mágica". Não podem.

Não podem se deslumbrar com o sucesso. 
O fundamental é alguma humildade no processo todo.
É necessário lutar contra causas concretas, pontuais.
É preciso a organização de lideranças, sim, assumidas, inclusive com células nos Estados, todos conectados para agir, sempre em cima de um tema.

A sensação de poder é maravilhosa, mas não pode levar a sentimentos de onipotência, a um excesso de otimismo. Tem de ser um movimento de vigilância, um poder paralelo e discreto que se articula rapidamente para protestos pontuais.

Os partidos que existem têm de ser questionados em seus malfeitos e em seus programas oportunistas. Creio que este movimento jovem tem de ser uma periferia crítica permanente, sem ser um partido tradicional, mas uma vigilância no dia a dia de Brasília.
O Movimento tem de representar a sociedade. Uma espécie de Ministério Público sem gravata.

Outro perigo que ronda os jovens é o tempo. 

Sim, os corruptos trabalham com o tempo. 
São todos cobras criadas que contam com o cansaço dos manifestantes jovens, esperando a hora em que a mamãe chama para o jantar. 


Contam também com o tédio da população.
Eles adoram a falta de memória e os dias que passam. 
Já adiaram expressamente a votação da emenda PEC 37, para momentos "mais calmos" - esqueceram que a votação será nominal, logo, anotaremos todos os inimigos declarados.

Se essas provações forem superadas por jovens sem experiência política, eles terão nos dado uma grande lição: 
"Temos democracia; agora, temos de formar uma República". 
Se não, tudo será apenas um rio que passou em nossa vida e... sumiu.
 

Arnaldo Jabor O Estado de S. Paulo

O estopim e a pólvora

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Apenas os alienados foram colhidos de surpresa pelas manifestações que paralisaram São Paulo, se espraiaram a outras capitais, atingiram grandes cidades, até ocuparem a Praça dos Três Poderes.

Não estamos diante de ondas de vandalismo, provocadas por vadios interessados em promover badernas, destruir bens públicos e privados, bloquear o trânsito, multiplicar as dificuldades da população.

O que observamos é erupção vulcânica, que traz do subsolo social o desengano de estudantes, trabalhadores, donas de casa, aposentados, servidores públicos, incapazes de reprimir, por mais tempo, o desespero diante do fracasso do Estado.

É, sem sentido pejorativo, o estouro da boiada, magistralmente descrito por Euclides da Cunha em Os sertões.

O povo veio às ruas convencido de que não dispõe de canais de comunicação com autoridades municipais, estaduais, federais, do Executivo, Legislativo, e Judiciário. Deixou claro que, apesar de 30 legendas reconhecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral, não existem partidos e políticos que o represente e defenda com honestidade, coerência, firmeza.

Do PMDB, o primeiro de extensa relação, ao Partido Ecológico Nacional (PEC), cujo registro tem o nº 30, passando por PTB,
PDT,
PT,
DEM,
PCdoB,
PSD,
PSDB, são meras siglas controladas por dirigentes sem ideologia definida, que se digladiam à cata de ministérios, estatais, sociedades de economia mista, para obterem verbas e empregos.

Desencantado, o brasileiro tratou de extravasar a indignação diante da impunidade. Não por acaso, entre os cartazes exibidos por manifestantes, muitos cobravam condenações concretas dos réus do mensalão, temerosos de que o Supremo Tribunal Federal (STF) engate marcha à ré e os absolva.

O encarecimento do bilhete único foi o estopim da revolta. Estopim porque, entre todos os serviços públicos paulistanos, o transporte coletivo é o pior. Os usuários são tratados como gado, e estão convencidos de que promessas de melhoria, apresentadas em sucessivas campanhas, jamais serão cumpridas.

Aceso em São Paulo, o rastilho se espalhou provocando explosões pelo caminho, pois lhe não faltaram barris de pólvora acumulados por administradores venais.

Corrupção à solta e impune, e gastos vergonhosos em estádios faraônicos, ao lado de hospitais quebrados, escolas degradadas, ruas esburacadas, mobilizaram o povo em manifestações que deveriam ser tranquilas e passageiras, mas que, por carência de lideranças e de interlocutores, transbordaram em atos isolados de vandalismo.

Gustavo Le Bom, autor de Sociologia das multidões, descreve o que denominou “massa psicológica”, ou “alma coletiva”.

Para ele, independentemente dos indivíduos que a integram, e por desiguais que lhes sejam as condições de vida, caráter, inteligência, e nível cultural, o fato de se reunirem em multidão fazem-nos sentir, pensar, e agir de maneira distinta de como agiria cada um, isoladamente.

Sigmund Freud, por sua vez, ensina que o caráter inquietante e coercitivo, das formações coletivas, pode ser atribuído à afinidade com a horda primitiva, da qual descende. Para Le Bom e Freud a massa exige o comando de chefe investido de poder ilimitado, sem o qual se perde e fica fora de controle.

Entender a rebelião não é difícil. Basta olhar o semblante dos jovens participantes. Reunidos em massas desorganizadas, sob vagas palavras de ordem, extravasam as frustrações diante da leviandade de representantes que, após eleitos, renegam compromissos e abandonam quem os elegeu.

Deles exigem que se afastem, caiam fora, permitam a renovação de homens e costumes.

Quanto às autoridades, da presidente Dilma aos governadores, nenhuma esteve à altura da crise. Recolheram-se e deixaram à polícia a tarefa de controlar a situação. O pior desempenho foi o do ministro da Justiça.

Fazendo-se de ignorante, lançou a responsabilidade total sobre o governo de São Paulo, embora parcela importante do transporte coletivo caiba ao município, cujo prefeito, Fernando Haddad, foi isolado pelo PT.

O sucesso das manifestações perderá, porém, sentido, se for passageiro. Cabe aos jovens a responsabilidade de se integrarem concretamente à vida política, para dar vida e alma aos partidos, e desalojar, pelo voto, anacrônicos e corruptos dirigentes.

Se o conseguirem, todos os sacrifícios serão válidos, e o Brasil passará a ser dirigido por representantes fiéis ao povo, como exige a nação.

Almir Pazzianotto Pinto Correio Braziliense

POBRE BRASIL DA REPÚBLICA DOS TORPES/CANALHAS SOB O "GUVERNU" DA FALSÁRIA 1,99 ! Governo quebra recorde de DAS. O Poder Executivo reúne mais de 22 mil cargos de confiança, com impacto de R$ 4 bilhões


Apesar das determinações da presidente Dilma Rousseff de frear os gastos com a máquina federal, o programa de austeridade do governo deve continuar esbarrando na entrada de cada vez mais funcionários, com e sem concurso, na administração pública.

De acordo com o Boletim Estatístico de Pessoal, elaborado pelo Ministério do Planejamento, o número de trabalhadores comissionados é o maior em 15 anos, desde que a série histórica começou a ser elaborada, em 1997.


Hoje, 22,4 mil pessoas têm um cargo de Direção de Assessoramento Superior (DAS) no Poder Executivo, com uma média salarial de R$ 13,4 mil. Dessa forma, o impacto estimado ao Orçamento federal, por ano, é de R$ 4 bilhões.

Os recordes podem ser vistos em todos os níveis da função, que vão de um a seis, variando de acordo com a remuneração recebida. Só entre os que ganham mais, os DAS-6, com uma média salarial de R$ 21,4 mil, o aumento no número de funcionários foi de 67% de 1997 a 2012, um salto de 132 para 221 pessoas.

A maioria dos comissionados (62,7%), no entanto, está nos cargos denominados DAS-1 e DAS-2, com rendimentos mensais entre R$ 10,5 mil e R$ 12,6 mil.

De acordo com um relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em maio, 60% do Orçamento é destinado a despesas correntes, que incluem salários, aposentadorias e pensões. Só com a folha de pagamento, o gasto, em 2012, foi de R$ 204,5 bilhões entre os Três Poderes.


Desses, R$ 156,8 bilhões foram destinados ao Executivo.

O Ministério do Planejamento, porém, justifica que a relação entre a despesa de pessoal e o Produto Interno Bruto (PIB) “se mantém rigorosamente equilibrada, em torno de 4,4%”.

Especialista em finanças públicas da Tendências Consultoria, o economista Felipe Salto defende que a qualidade do gasto público seja melhorada. “O impacto das despesas com pessoal só poderá diminuir se o governo estimular políticas a longo prazo que tenham essa prioridade”, pontuou.

“Uma solução seria a criação de uma regra que limitasse o crescimento desse dispêndio, para que ele não acompanhasse a evolução do PIB. Se a atividade cresce 2%, por exemplo, a despesa com pessoal ficaria limitada à alta de 1%”, sugeriu.


Desperdício
Dos mais de 22 mil comissionados, 15,8 mil ocupam postos na administração direta e os demais estão em autarquias (4 mil) e fundações (2,5 mil). O professor Fernando Zilveti, especialista em contas públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), considera a contratação de comissionados um desperdício.

“Muitas vezes, esse funcionário não tem nenhum compromisso com o serviço público de qualidade, é um cargo político. Por isso, em alguns casos, a chefia não tem sequer hierarquia sobre ele”, criticou.

“Há casos em que nem a formação da pessoa é compatível com a posição que ela ocupa no órgão”, completou.


Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento — que é chefiado pela ministra Miriam Belchior —, “o aproveitamento dos cargos DAS é feito de forma responsável e criteriosa, somente dentro do essencial para o funcionamento da administração ou para estruturar áreas prioritárias, como de educação, saúde, segurança e infraestrutura”.

Além disso, afirmou a pasta, por meio de nota, que a maior parte dos postos é de cargos de confiança ocupados por servidores de carreira e apenas 5,9 mil são funcionários sem qualquer vínculo. O total de cargos DAS não seria, segundo o ministério, significativo “em relação ao universo de cargos do Poder Executivo”, de 586 mil servidores.


Cabide de emprego
O número de cargos comissionados de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) no governo federal bate recorde


             Ano Total de funcionários
1997 17.607
1998 17.183
1999 16.306
2000 17.389
2001 17.995
2002 18.374
2003 17.559
2004 19.083
2005 19.925
2006 19.797
2007 20.187
2008 20.597
2009 21.217
2010 21.870
2011 22.103
2012
22.417

Onde eles estão -
A maior parte deles ocupa cargos na Administração Direta

Lotação Quantidade
Administração Direta 15.839
Autarquias 4.041
Fundações 2.537

Rendimentos
A média salarial de um DAS é de R$ 13,4 mil*

Nível da Função Remuneração
DAS-1 R$ 10,5 mil
DAS-2 R$ 12,6 mil
DAS-3 R$ 13,9 mil
DAS-4 R$ 17,7 mil
DAS-5 R$ 20,5 mil
DAS-6 R$ 21,4 mil


*Considerando a remuneração do cargo e da função

Fonte: Boletim Estatístico de Pessoal 

BÁRBARA NASCIMENTO Correio Braziliense 

Corrupção e transporte tiraram o sono do 'gigante'

Depois de uma semana em que os protestos tomaram as ruas do país, #ogiganteacordou ao lado de dois temas:
vandalismo e violência.

A segunda hashtag mais usada no Twitter entre a noite de sexta e a manhã de ontem apareceu também associada a "nação" e "pátria", a "corrupção" e, por último, vinculada a "tarifas" ou "transporte" - o estopim dos protestos.

O monitoramento foi feito pela Zauber, empresa com sede em Buenos Aires, especializada em projetos de internet, análise de redes sociais e big data (análise de grande volume de informações).

A empresa monitorou todas as menções à tag no Twitter por meio de sua ferramenta de análise de mídias sociais, chamada Tribatics.

- Quando vimos a nuvem de palavras gerada por nosso monitoramento, notamos que existiam distintas demandas de peso em jogo e quisemos medir cada uma com maior eficiência.

Além disso, a curiosidade nos moveu para entender melhor cada uma delas, porque não estávamos satisfeitos em saber que havia um mosaico de insatisfações:  
queríamos encontrar evidências para entender, explicar, caracterizar melhor as demandas - explica Giovana Bonamim, analista de pesquisa da Zauber.

E, dependendo da cidade, #ogiganteacordou diferente:
no Rio, as menções estiveram relacionadas a críticas a depredações e saques e à violência de baderneiros ou agentes policiais. 
 
Em São Paulo, a tag apareceu vinculada a transporte público, enquanto em Belo Horizonte, sempre ao lado de referências à participação de partidos nos atos.

- Isso demonstra que as manifestações e o cyberativismo no Twitter encontraram expansão geográfica e temática - complementa Giovana.

A tag #ogiganteacordou apareceu em 69.581 tweets produzidos por 48.433 autores- mais de um terço dos tweets sobre os protestos feitos no Brasil.

A mais usada foi #vemprarua, repetida 95.997 vezes.

Giovana explica que, a partir das menções no Twitter, foram organizados seis conjuntos de ideias/palavras associadas ao uso da tag #ogiganteacordou:
corrupção,
tarifa/transporte,
partidos políticos,
vandalismo/violência,
Exército/Polícia Militar e nação/pátria.

Classificadas de acordo com o seu conteúdo, as menções permitiram conhecer as circunstâncias em que a hashtag foi usada, vinculadas a determinadas ideias, palavras e contextos.

Outro levantamento feito pela Zauber, há uma semana, revelou o perfil dos tuiteiros durante monitoramento de menções aos protestos entre as 14h do dia 17 até as 9h do dia 18:
as mulheres tuitaram mais do que os homens (51,32%);
a maioria dos tweets foi publicada por quem estava em São Paulo;
e 46,47% das menções foram disparadas por dispositivos móveis.
Nívia Carvalho O Globo

Endividamento das famílias brasileiras bate recorde. Dívida com bancos representa quase metade da renda anual, diz BC

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As famílias brasileiras nunca estiveram tão endividadas. 
De acordo com os dados mais recentes do Banco Central (BC), divulgados ontem, o nível do endividamento subiu de 43,97% em março para 44,23% em abril. 

Quebrou todos os recordes desde que a autoridade monetária começou a registrar as informações, em 2005. 


Isso significa que a dívida total com os bancos representa quase a metade de toda a renda familiar anual. O levantamento não leva em conta os dados de endividamento dos consumidores no varejo.

Os números do BC mostram que o aumento da dívida foi provocado por financiamentos da casa própria. Descontados esses financiamentos, o endividamento das famílias ficou estável em 30,47% no mês. Segundo economistas, o dado comprova que o crédito voltado para o consumo não aumentou em relação à renda e que a alta da dívida foi causada pela compra de moradia.

Governo avalia positivamente o dado

Para o governo, movimentos como esse são vistos com bons olhos porque representam uma mudança no perfil das despesas mensais dos brasileiros já que mais famílias trocam o aluguel pela parcela do financiamento habitacional.

- Tem a dívida boa e a dívida ruim. O endividamento habitacional é bom porque é sinônimo de agregar patrimônio com uma dívida de longo prazo e com juros menores - ponderou o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). - Dívida ruim é quando a gente está tão enrolado que tem de pegar mais empréstimos para quitar outros.

Por outro lado, apesar de um endividamento maior, o comprometimento da renda mensal caiu em abril. De acordo com o Banco Central, a parcela que a dívida absorve dos salários baixou de 21,61% para 21,54% em abril. Ou seja, apesar de aumentar o total do endividamento, ela pesa menos no orçamento mensal.

O economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito, destacou que o consumo das famílias está em um patamar elevado, mas estacionou, o que mostra que o brasileiro está apreensivo com o futuro da economia.

- A confiança dos consumidores está caindo de maneira reiterada, resultado de um presente que não avança e de um futuro que ficou mais distante com juros mais elevados - observou André Perfeito.

Por mês, as famílias gastam, em média, 8,5% dos salários apenas com juros de todos os financiamentos que têm, desde a prestação da casa própria até os gastos com o rotativo do cartão de crédito e cheque especial. Esse número já chegou a 9,2% em junho de 2012.

Gabriela Valente O Globo