"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 31, 2012

O dia em que a poupança minguou

A redução dos juros anunciada ontem pelo Copom é histórica. Primeiro, por jogar a taxa básica vigente no país para o mais baixo patamar que se tem notícia.

Segundo, por diminuir o rendimento pago aos pequenos poupadores que deixam seu dinheirinho nas cadernetas, algo nunca antes acontecido em mais de 150 anos de tradição.


O comitê do Banco Central tomou uma decisão acertada. Afinal, anormais eram os juros que vigoravam no país até agora. Ainda assim, o Brasil continua sendo onde se praticam algumas das mais altas taxas do planeta - atrás, agora, apenas de Rússia e China: 2,8% reais.

É bom não perder de vista que, na média, o juro real no mundo é hoje negativo, mostra
ranking da Cruzeiro do Sul Corretora.

Pode-se firmar com tranquilidade que a queda da Selic ora empreendida chega com anos de atraso: pelo menos desde 2008 já haviam surgido condições para uma redução significativa da taxa. Foi o governo petista, primeiro o de Lula, depois o de Dilma em sua fase inicial, que não quis.

Com isso, alguns bilhões de reais extras foram torrados - R$ 236,7 bilhões apenas em 2011, recorde absoluto.


Em agosto passado, o BC iniciou a série de cortes prosseguida ontem. Foram sete quedas consecutivas, suficientes para levar a Selic a 8,5% ao ano. Para a economia como um todo, é muito bom.

Mas não será tão agradável para o pequeno poupador:

com a nova redução da taxa, passam a valer as novas regras de remuneração das cadernetas, agora cadente.

Como presente, a partir de agora pequenos poupadores que tenham feito depósitos após 4 de maio receberão menos pelo investimento:
doravante, a centenária aplicação pagará 70% da taxa básica de juros mais a TR. Numa simulação feita por O Globo, quem tem R$ 10 mil guardados, perderá R$ 22 em um ano.


O governo diz que teve de mexer na poupança para poder reduzir os juros. É apenas parte da história. Não é por bom mocismo que a autoridade monetária vem diminuindo a Selic de maneira mais contundente; é por estrita necessidade.

Trata-se de reação ao esfriamento geral da economia brasileira.


Nos últimos meses, ficou evidente que, possivelmente, neste ano o país não conseguirá sequer repetir o pibinho de 2011 - algo que os resultados do primeiro trimestre, a serem divulgados amanhã pelo IBGE, devem confirmar.

O governo lança mão, assim, de todo um leque de medidas para reanimar a economia.

Mas ela não reage.
Por que será?


Primeiro, porque as ações governamentais são desconjuntadas, aleatórias, capengas. Segundo, porque o básico continua não sendo feito: alavancar os investimentos.
Os números oficiais continuam a mostrar que os gastos do poder público com obras, novos maquinários e equipamentos mantêm-se cadentes.


Entre janeiro e abril, os investimentos caíram 3,5% na comparação com mesmo período de 2011. A maior parte despendida neste ano continua a ser de orçamentos passados, os chamados restos a pagar:
do Orçamento Geral da União de 2012, somente R$ 1,51 bilhão foram aplicados, informa O Estado de S.Paulo.

Diante disso, não surpreende que o Brasil continue ladeira abaixo no quesito competitividade, como mostra nova rodada da pesquisa "Índice de Competitividade Mundial", feita pelo International Institute for Management Development. Entre 59 países analisados, estamos em 46° lugar - há dois anos, estávamos em 38°.

A redução dos juros é muito bem-vinda, ainda que esteja chegando atrasada. Tal demora é um dos fatores que levaram a economia brasileira à espiral descendente em que hoje se encontra.
Os pequenos investidores em caderneta de poupança foram os primeiros a pagar a conta. Com a anemia do PIB, a fatura também vai chegar para o resto da sociedade.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O dia em que a poupança minguou

Bovespa sobe, mas tem pior desempenho mensal desde 2008

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuperou as perdas registradas pela manhã e fechou o pregão desta quinta-feira em alta de 1,29%, aos 54.490 pontos pelo Ibovespa, seu principal índice.

O avanço não impediu, no entanto, que o mercado brasileiro registrasse seu pior desempenho mensal desde outubro de 2008 (24,80%), no auge da crise financeira internacional. O Ibovespa recuou 11,86% no mês, terceiro queda mensal seguida e o pior resultado para meses de maio em 14 anos.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,09%, cotado a R$ 2,016 na compra e R$ 2,018 na venda. Pela manhã, a moeda chegou a avançar 0,64% em meio a uma queda de braço de agentes do mercado em torno da formação da Ptax taxa de câmbio que liquida contratos de câmbio no mercado futuro. O Banco Central (BC) não atuou.

No mês, a moeda avançou 5,82% e no ano acumula agora alta de 7,97%.

Entre as chamadas blue chips, ações mais negociadas, as ações da OGX ON fecharam em queda de 1,05%, a R$ 10,30. Nas altas, os papéis Vale PNA avançaram 0,74%, a R$ 36,72, e Petrobras PN subiram 4,25%, a R$ 19,13.

Os mercados europeus tiveram alta no início da sessão, mas os principais índices terminaram o pregão em queda após pesquisas mostrarem sinais de uma desaceleração na economia americana.

O índice FTSE Eurofirst 300, que acompanha o desempenho das 300 maiores empresas europeias em valor de mercado, caiu 0,5% nesta quinta-feira, para 971,28 pontos. Em maio, o FTSE Eurofirst 300 tombou 7%, maior queda mensal desde a perda de 10,6% em agosto do ano passado, quando os mercados sofriam preocupações semelhantes às atuais com a crise europeia.

O IBEX 35, principal índice da Bolsa de Madri, caiu 0,01%, em meio à preocupação crescente com o aumento da retirada de depósitos dos bancos do país. Aumentaram os temores de que os problemas da Espanha e da Grécia se espalhem para outros países europeus.

Em Frankfurt, o DAX caiu 0,26%. Em Paris, o CAC 40 avançou apenas 0,05%. Em Milão, o FTSE MIB subiu 0,01%.

brasil maravilha : Lucro das empresas no Brasil cai 12,01% no 1º trimestre de 2012

As empresas brasileiras estão menos lucrativas.
Estudo feito pela Economatica aponta que no primeiro trimestre deste ano os ganhos de 333 companhias chegou a R$ 50,8 bilhões.
O número é 12,01% menor em relação ao mesmo período do ano passado, quando chegou R$ 57,7 bilhões.


Com uma das maiores taxas de juros reais do mundo, o setor mais lucrativo foi o bancário. As 25 instituições acumularam R$ 11,4 bilhões no primeiro trimestre, contra R$ 12 bilhões no ano passado.
Foi um recuo de 4,92 %.


Em seguida, aparece o setor de petróleo e gás, com ganhos de R$ 9,3 bilhões.
Porém, o tombo foi de 15,63% em relação ao início de 2011.
A Petrobras respondeu por 80% do lucro no setor neste início de 2012.


Em terceiro, está o setor de mineração.
Em 2012, o lucro chegou a R$ 8 bilhões, queda de 39,94% em relação ao ano passado. A Vale respondeu por 72% dos ganhos.


O Globo

DANDO COM UMA MÃO E TIRANDO COM A OUTRA ! Com alta de IPI, refrigerante e cerveja podem subir cerca de 2,85%

Com o anúncio da correção dos impostos cobrados sobre as bebidas frias como a cerveja, os refrigerantes e água o preço desses produtos pago pelos consumidores poderá subir 2,85%, se as empresas repassarem os aumento, de acordo com a Receita Federal.

Segundo o subsecretário de Tributação da Receita, Sandro Serpa, a medida publicada nesta quinta-feira, elevando a tributação dessas bebidas, passará a valer apenas a partir de outubro deste ano.

O decreto define um regime de quatro anos para as bebidas frias, em que um ajuste na tributação é feito para elevar a carga tributária.


A correção foi feita tanto nas alíquotas desses itens quanto no redutor aplicado para se calcular o valor a ser recolhido em tributos, o que terminará por elevar o quanto essas empresas irão recolher ao Fisco. A mudança valerá para a forma de cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PIS/ COFINS.

Apenas neste ano, em dois meses de recolhimento dos tributos pela nova regra, a Receita deverá elevar a arrecadação em R$ 495 milhões.
Em 2013, a arrecadação nesses produtos deve crescer R$ 2,970 bilhões, o que deve ser mantido em 2014 e 2015, enquanto a nova regra estiver vigente.


Serpa afirma que o resultado prático da medida é o aumento da arrecadadão.
Ele defendeu que o efeito é compensar as recentes desonerações concedidas pelo governo, mas afirmou que o setor produtor das bebidas frias tem uma carga tributária aquém da de outros setores da economia, e que esse ajuste será uma forma de equilibrar essa desigualdade.


Tributo de motos, micro-ondas e ar-condicionado também foi elevado

A Receita Federal informou nesta quinta-feira que o governo também elevou o IPI sobre motos, micro-ondas e aparelhos de ar-condicionado do tipo split para proteger a indústria nacional da forte entrada de importados.

Segundo Serpa, a medida atende um pedido feito pelas empresas situadas na Zona Franca de Manaus e que são os principais fabricantes desses produtos no país.


Como na Zona Franca não há incidência de IPI, a medida atinge em cheio os importados. No entanto, Serpa admitiu que um fabricante brasileiro que esteja situado fora da Zona Franca também sofrerá o impacto do aumento do imposto. Segundo decreto publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, o IPI do ar-condicionado subirá de 20% para 35%.

No caso de micro-ondas, a alta será de 30% para 35%.
Já nas motos, a alíquota subirá de 15% ou 25% (dependendo da cilindrada) para 35%. O aumento entra em vigor em setembro.


Serpa também admitiu que embora tenha sido adotada para proteger a indústria brasileira, a medida dará um reforço de R$ 122 milhões na arrecadação federal.

Cervejarias podem rever investimentos, diz associação do setor

A CervBrasil, entidade que representa o setor cervejeiro, disse que o aumento da carga tributária da ordem de 27% para cervejas e 10% para refrigerantes quebra o ciclo virtuoso de crescimento do setor.

Em nota, a entidade disse que esta é a maior majoração de tributos da história recente do Brasil e se sobrepõe ao aumento de 17% aplicada no ano passado.

A CervBrasil diz que haverá repasse nos preços para os consumidores.

A entidade diz ainda que a indústria pode rever os investimentos.
Estava previsto R$ 7,9 bilhões neste ano, gerando 300 mil novos empregos. Diz ainda que os preços maiores podem colocar em risco os pequenos estabelecimentos comerciais do país.

Hoje, 1 milhão de pontos de vendas comercializam apenas cerveja.

O Globo

A espada e a faca

Dicionários da língua portuguesa relacionam, como sinônimos do vocábulo corrupto, podre, estragado, deteriorado, corrompido, infeccionado, empestado, inquinado, adulterado, putrefato, errado, vicioso, viciado, devasso, desmoralizado, depravado, pervertido.

Ainda que maior número de expressões houvesse, seriam incapazes de traduzir o grau de putrefação que contamina a vida nacional, na triste confirmação da contundente frase do historiador batavo.

É lamentável, mas não há como ignorar que, não obstante certa dose de podridão seja constante nas páginas da humanidade, nunca antes (neste país) havia alcançada a plenitude a que foi levada entre nós. É como se, de tempos em tempos, a criminalidade ganhasse forças para testar a eficácia da polícia, do Ministério Público, do Poder Judiciário.

Oito séculos antes de Cristo, o profeta se lamentava: "No país inteiro não há uma só pessoa honesta... Autoridades exigem dinheiro por fora, e juízes recebem presentes para torcer a justiça" (Mq 7.2-3). À época do Brasil Colônia, em sermão dedicado a Santo Antônio, pregado em 1657, o Padre Antonio Vieira apontava a depravação dominante entre o povo.

Para ilustrar a peroração, acusava o jesuíta:
"Grande sabor é o do alheio, até para o gosto e paladar daqueles que o trazem costumado aos mais esquisitos manjares". Em seguida, narrava:
"Pôs-se uma vez à mesa el-rei D. João III e trazia grande fastio.

Entre os fidalgos que o assistiam, um muito conhecido, por discreto. Disse-lhe el-rei:
Que remédio me dais, D. Fulano, para comer, que de nenhuma coisa gosto? Coma Vossa Alteza do alheio, como eu faço, e verá como lhe sabe bem".

É do que ficamos pasmos, na época presente.
Notórios delinquentes fartam-se do alheio roubado, por ser gratuito, saboroso e se sentirem confiantes. É assustador o silêncio de pessoas convocadas para se apresentarem perante comissão parlamentar de inquérito.

Indiferentes a fatos comprovados em volumes de documentos e horas gravadas pela Polícia Federal, comportam-se de maneira audaciosa, como se nada houvesse acontecido.Crentes de que, com o passar do tempo, prevalecerá o esquecimento, livres e tranquilos aguardarão pela absolvição.

Saqueada por farsantes habituados a viver e se refestelar com o alheio, à nação pretende acreditar que haverá punição dos culpados. Está aí o famigerado caso do mensalão. Ocuparam a presidência do STF, desde a denúncia formulada pelo procurador-geral da República, os ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie e César Peluso.

Dentro de 6 meses aposentar-se-á, e deixará o tribunal, o presidente Ayres Brito. No mesmo período, o Supremo conheceu outras alterações. Ignora- se, todavia, decorrido tanto tempo, quando o rumoroso feito será levado à pauta, pois ainda se discute como será a sessão.

Não se trata de obrigar eminentes ministros a julgar, com a faca no pescoço, como teria sido ditocomo óbvio propósito de protelação. Diante de matéria de relevante interesse nacional, espera-se do Poder Judiciário que não seja lento nem quede em silêncio, alheio à opinião pública. A ocasião é oportuna para desmentir-se o ditado popular, segundo o qual cadeia é para pobre, preto e prostituta.

O envolvimento do sr. Carlinhos Cachoeira com senador da República e membros dos poderes Executivo e Legislativo,em volumosos negócios que cobram explicação, e do ocupante de cargo de confiança da Prefeitura de São Paulo, proprietário de cento e tantos imóveis, apontado por se locupletar com a emissão de alvarás de construção, reforçam a necessidade de enérgicas medidas do Ministério Público e de respostas do Judiciário.

Não há punhal dirigido à jugular de ninguém. O que existe é necessidade de respeito à Justiça, cuja imagem granítica, fincada à frente do STF, traz na mão esquerda a balança, como símbolo de imparcialidade, e, com a destra, empunha espada, garantidora das decisões.

Estou seguro de que contraria o projeto de vida, do ministro Ayres Britto, concluir a impoluta carreira sem antes presidir o julgamento dos réus do mensalão. De uma forma ou de outra, para o bem ou para o mal, os protagonistas entrarão para a história.

Almir Pazzianotto Pinto

SEM "MARQUETINGUE" ! "PARA O brasil SEGUIR MUDANDO" 300/200/100%...Ranking internacional : Brasil recua na competitividade

O Brasil voltou a perder espaço entre as economias mais competitivas do mundo. De acordo com o ranking 2012 do Índice de Competitividade Mundial (WCY, na sigla em inglês), divulgado hoje pelo International Institute for Management Development (IMD), o país caiu da 44 posição, que ocupava em 2011, para a 46.

O "frágil" crescimento da economia, combinado com a baixa produtividade da indústria e da força de trabalho locais, anularam pequenos avanços, como a ligeira melhora nas condições de infraestrutura.

Como já havia perdido seis posições no ano passado, o Brasil se aproxima do fim da fila entre os 59 países analisados pelo IMD, o que deve ser entendido como um alerta na avaliação do professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, que coordena a compilação de dados sobre a economia brasileira para o WCY:

- O Brasil continua em evidência aos olhos do mundo, apesar de haver questionamentos, mas os dados do WCY mostram que o país não consegue avançar para deixar de ser apenas um país em desenvolvimento.

Nuno Fernandes, do IMD, destaca o excessivo protecionismo como inibidor da competitividade da indústria brasileira.

Outras economias latino-americanas e do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também perderam capacidade competitiva. O Chile caiu da 25 para a 28 posição e o México viu seu índice encolher, mas subiu uma posição no ranking, para 37. No Brics, mesmo tendo perdido posições, China e Índia seguem à frente do Brasil, na 23 e 35 posições, respectivamente. A Rússia subiu um degrau, para o 48 posto, e a África do Sul, dois, para o 50.

Na ponta do ranking, os EUA cederam para Hong Kong o posto de economia mais competitiva do mundo. A Suíça está em terceiro, e Cingapura, em quarto, seguida de Suécia, Canadá e Taiwan. Noruega, Alemanha e Qatar completam a lista das dez economias mais competitivas.

Ronaldo D"Ercole O Globo