"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 03, 2014

PADRÃO 1,99 DESAVERGONHADO


Não é apenas nas obras relacionadas à Copa que a forma lambona de fazer as coisas transparece. Ela está presente também na gestão cotidiana do governo, no comando das empresas públicas, no descompromisso com a boa aplicação do dinheiro dos contribuintes, na forma errática de conduzir a economia. 

Dá para sintetizar numa expressão: 
é o padrão Dilma de governar. 
Temos que abandoná-lo rápido, antes que afundemos irremediavelmente.

A Copa do Mundo está logo ali na esquina, mas o Brasil está a milhas de distância do país que emergiria do torneio, como, durante anos, prometeu o discurso oficial. A preparação para o campeonato legará poucos benefícios duradouros à população. E o pouco que foi feito exibe um padrão de qualidade muito abaixo da crítica.

As decepções começam logo na porta de entrada do país. 
Com honrosas exceções, os aeroportos continuam tão ruins quanto sempre foram. O cenário é quase de terra arrasada, como descreve a Folha de S.Paulo em sua edição de hoje. Não parecemos um país às vésperas de uma grande festa, mas sim um país depois da guerra.

Das 12 cidades sedes, 11 têm aeroportos com falhas, obras inacabadas, muita sujeira e, sobretudo, desorganização. Que cartão postal! Tem até obra que começou e foi abandonada pelo caminho, por absoluta inépcia dos realizadores, como é o caso do aeroporto de Fortaleza, substituído por um puxadinho.

Levantamento mais amplo, divulgado há três semanas, mostrou que apenas 41% das 167 obras previstas para a Copa, conforme a chamada matriz de responsabilidade, estavam prontas. O número mais atualizado dá conta de que o percentual subiu para 50%. Ou seja, sete anos depois de escolhido sede do torneio, o Brasil do PT só fez metade do que deveria. Quanta competência!

Não é apenas nas obras relacionadas ao campeonato de futebol que este padrão lambão de fazer as coisas transparece. Ele está presente também na gestão cotidiana do governo, no comando das empresas públicas, no descompromisso com a boa aplicação do dinheiro dos contribuintes, na forma errática de conduzir a economia. Dá para sintetizar numa expressão: é o padrão Dilma de governar.

Neste padrão, promessas só servem para não serem cumpridas e, um pouco mais à frente, serem oportunisticamente recicladas. É o que acontece com as sucessivas fases de programas como o PAC, o Minha Casa, Minha Vida, o Ciência sem Fronteiras e o Pronatec – todas anunciadas ou por serem anunciadas muito antes de as metas originais terem sido atingidas, quando o são.

O padrão Dilma envolve não apenas inapetência, mas também o gosto pelo engodo. Tome-se o PAC. Sua segunda versão, lançada no início de 2010, serviu para reembrulhar o muito que a primeira, datada de 2007, não entregara. O expediente, claro, foi insuficiente para transformar saliva e discurseira em realizações de verdade.

Das 49.905 obras do PAC 2, apenas 12% foram concluídas nos três primeiros anos de governo Dilma. Pior: mais da metade das obras (53%) sequer foram iniciadas, de acordo com levantamento divulgado em abril pela revista Veja, com base em dados da ONG Contas Abertas. A presidente, contudo, prepara-se para anunciar a terceira fase do programa...

Este padrão chumbrega também está na gestão de empresa como a Petrobras, onde investimentos bilionários, como os da Abreu e Lima, em Pernambuco, são feitos nas coxas, na base da conta de padeiro, no dizer de seu mais notório dirigente: o hoje presidiário Paulo Roberto Costa. Não espanta que a refinaria – decidida à época em que Dilma presidia o conselho de administração da estatal – tenha se tornado a mais cara já feita em todo o mundo.


O retrocesso que o país experimenta nos anos recentes, com crescimento anêmico e inflação renitente, é produto direto deste método medíocre de gestão. O Brasil foi posto na mão de aprendizes de feiticeiro que transformaram a nação num laboratório e num mero detalhe de seu projeto de poder eterno. Com o padrão Dilma de governar, fomos para o buraco. De lá, temos que sair rápido, antes que afundemos irremediavelmente.


Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
Padrão Dilma

ENQUANTO ISSO NA REPÚBLICA DOS VELHACOS E COPA DAS COPAS... Metade dos estádios da Copa não terá wi-fi para torcedores

O Sinditelebrasil, sindicato que representa as empresas de telefonia no país, divulgou nesta terça-feira (3) que apenas metade dos estádios da Copa contará com sistema wi-fi, que deve ajudar a desafogar a rede das empresas diante do uso intenso dos torcedores.

O sistema estará disponível apenas nos estádios de Brasília, 
Porto Alegre, 
Salvador, 
Rio, 
Manaus e Cuiabá.
Nas arenas de São Paulo, 

Belo Horizonte,
 Fortaleza, 
Recife, 
Curitiba e Natal, 
portanto, 

os torcedores terão mais dificuldade para publicar fotos nas redes sociais ou para encaminhar vídeos e mensagens que usem aplicativos conectados à internet.

 sindicato estima que, em média, em um período de uma hora dentro de um estádio poderão ser completadas cerca de 300 mil chamadas de voz, com duração média de 2,4 minutos, além de 24 mil conexões simultâneas de dados.
"Toda arena é um local de altíssima concentração de tráfego de dados", disse Eduardo Levy, presidente-executivo do sindicato.
"As pessoas vão querer fotografar muito mais que falar –e fotografia consome muito mais dados que o serviço de voz", afirmou.

NEGOCIAÇÕES
Segundo Levy, o problema com a rede de wi-fi se deve a dificuldade de negociação entre o conjunto de empresas de telecom e os estádios.
Essa negociação é necessária porque os responsáveis pelos estádios precisam autorizar a instalação dos equipamentos e o serviço de wi-fi.
"Em alguns casos não tivemos sucesso para colocar a rede de wi-fi, porque não nos autorizaram. Onde não houver rede a capacidade de dados é menor", completou.

REFORÇO
Levy destacou, porém, que as empresas de telefonia conseguiram fazer instalações da infraestrutura indoor. Trata-se de um reforço da cobertura convencional de internet 2G, 3G e 4G. Essa ampliação do serviço é feita por meio da instalação de antenas extras no interior do estádio.

No entanto, em São Paulo e em Curitiba, não houve tempo suficiente de concluir o projeto –o que significa que em algumas áreas desses estádios, como corredores de deslocamento, vestiários e estacionamento subterrâneo, o sinal ficará fraco ou inexistente.

"Eles [os estádios] não terão boa cobertura nessas áreas pelo tempo insuficiente que tivemos para instalar essa cobertura. Mas isso ocorrerá em locais de menor importância para o torcedor", afirmou Levy.
"Tudo o que não fizemos não foi porque não 
quisemos, mas porque não conseguimos."

O Sinditelebrasil informou que, nas arquibancadas, o serviço de 2G, 3G e 4G será equivalente em todos os estádios.

"[Em qualquer estádio] o torcedor pode até demorar mais do que gostaria para postar a foto, mas ele vai conseguir mandar durante o período em que estiver dentro do estádio. Dois, três ou quatro minutos depois do que gostaria".

Ao todo, as empresas investiram R$ 212 milhões para fazer essas novas instalações. Levy reforçou que o teste feito no Itaquerão, no último fim de semana, mostrou que a resposta das instalações foi "positiva".

PRAZOS
O Itaquerão foi o estádio em que as teles tiveram menos tempo para fazer a instalação das antenas na área interna, a chamada cobertura indoor. O estádio está também na lista dos que não permitiram o serviço de wi-fi das teles.

Do total de dias necessários para o serviço (150), as teles tiveram apenas 62 para instalar os equipamentos de reforço da rede no Itaquerão.
Das arenas que não receberam os jogos da Copa das Confederações, onde o reforço da rede já havia sido feito, apenas na de Natal o prazo foi cumprido corretamente.

Em Manaus as teles tiveram 86 dias, 
Curitiba 71 dias, 
Porto Alegre 70 e Cuiabá 65.

JULIA BORBA
DE BRASÍLIA
Folha