"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 23, 2010

O QUE OS EFEITOS ESPECIAIS DA TV CAMUFLAM DA "ADMINISTRADORA" DE BOTECO DE CACHAÇA, : O RETRATO DE UM PAÍS QUE PODE PARAR.


O tão falado apagão logístico virou realidade e gargalos na infraestrutura põem em risco a competitividade do País

No início deste mês, a fila de navios à espera de autorização para atracar no Porto de Santos, maior da América Latina, bateu novo recorde:
o congestionamento chegou a 119 navios parados, enquanto em dias normais esse número não passa de 10.

No transporte aéreo, o Aeroporto de Guarulhos, o maior do Brasil, teve de fazer mutirão para liberar cargas que estavam ao relento por falta de áreas para armazenagem.

Cenas como essas revelam que o alerta feito por inúmeros especialistas, vistos pelo governo como catastrofistas, não era mero achismo.

O apagão logístico virou realidade no Brasil e será um dos maiores desafios para o próximo governo.
(...)
A degradação da infraestrutura do Brasil não se limita à parte logística.

Um dos setores mais atrasados é o de saneamento básico.
O País ainda registra números alarmantes de excluídos dos serviços públicos, considerados essenciais para o bem-estar da população.

Apesar dos programas de universalização criados pelo governo, milhares de brasileiros ainda não sabem o que é ter luz e água - seja tratada ou não - dentro de casa.
Telefone e coleta de esgoto são serviços que nem passam pela cabeça de muitas famílias.

1-PORTOS

Responsáveis por 95% do comércio exterior brasileiro, os portos viraram o grande entrave ao crescimento do País.

Todo ano a história se repete: basta começar a safra de grãos para os problemas virem à tona, como as gigantescas filas de caminhões nas rodovias e de navios no mar.
A situação é decorrente dos longos anos sem investimentos, que condenaram alguns terminais à estagnação e decadência.
(...)
2- FERROVIAS

O renascimento da ferrovia no Brasil está diretamente ligado ao avanço do agronegócio e do setor mineral. Seu alcance, no entanto, ainda é muito limitado.

A malha nacional tem apenas 28 mil quilômetros (km) de extensão e ainda não consegue atender áreas que se transformaram em grande produtoras de grãos, como Mato Grosso.
Mas a ferrovia brasileira não é apenas pequena.

Ela também é muito mal aproveitada.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), apenas 10% das ferrovias (3 mil km) estão plenamente ocupadas.

Outros 7 mil km estão sendo usados abaixo da capacidade e 18 mil km são subutilizados.
(...)
3- RODOVIAS

A matriz brasileira de transporte é quase toda baseada em rodovias.
Hoje 60% de toda carga movimentada no País é transportada por caminhões.
Teoricamente, isso implicaria ter uma malha rodoviária boa para atender à demanda, cada vez mais crescente.

Mas essa não é uma realidade no Brasil, que tem apenas 11% da malha nacional pavimentada.
(...)
4 - AEROPORTOS

O setor aéreo foi o último a integrar a lista de gargalos da infraestrutura nacional. No caso do transporte de passageiros, o aumento da demanda evidenciou a falta de planejamento do setor, que a exemplo das outras áreas da infraestrutura também padeceu durante décadas sem investimentos adequados.
(...)
5- ENERGIA

Depois de passar pelo racionamento de 2001, o setor de energia elétrica conseguiu criar uma cultura de planejamento. Pelo menos na área de geração de energia elétrica.
(...)
O lado negativo é que quando não há projetos hidrelétricos para serem concedidos, a estatal recorre às térmicas movidas a óleo diesel e óleo combustível, mais caras e poluentes.
(...)
6-SANEAMENTO

Durante muitos anos, o atraso do Brasil no setor de saneamento básico foi atribuído à falta de um marco regulatório adequado para atrair a iniciativa privada.

As novas regras vieram em 2006, depois de 20 anos de atraso, mas até hoje os investimentos não deslancharam.
(...)
De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2008, apenas 52,5% da população brasileira é atendida por rede de esgoto.

No caso do abastecimento de água, o número é melhor:
82% da população tem água em suas moradias.

Íntegra :


Desafios do novo presidente

DÉFICIT COMO HERANÇA ROMBO NA PREVIDÊNCIA FEDERAL SE AGRAVA.

Cristiane Jungblut O Globo -

O rombo previsto na Previdência dos servidores federais, com cerca de um milhão de aposentados e pensionistas, deverá chegar a R$ 50 bilhões em 2011.

É um déficit maior do que os R$ 43 bilhões estimados para o INSS, que beneficia 27 milhões de pessoas que trabalharam na iniciativa privada.

Reduzir essa conta será um desafio do sucessor ou sucessora do presidente Lula.

A criação do Fundo Complementar do servidor, que amenizaria o problema, parou no Congresso.

Em 2011, rombo na Previdência de servidor deve chegar a R$ 50 bi, superando o do INSS

Tema dos mais polêmicos e sobre o qual nenhum dos principais presidenciáveis arrisca propor mudanças de olho no voto dos trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público , a gestão da Previdência deverá ser um problema maior ainda para o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A previsão do próprio governo indica que, em 2011, o déficit do Regime Próprio da Previdência (dos funcionários públicos) voltará a ser superior ao do INSS (que paga os benefícios previdenciários dos trabalhadores da iniciativa privada).

A questão é que, do primeiro lado, há menos de 1 milhão de servidores aposentados e pensionistas, e, do outro, 27 milhões de beneficiários.

Para o ano que vem, levando-se em conta a previsão de um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 3,8 trilhões, o déficit no setor público ficaria em torno de R$ 50 bilhões e o do INSS, entre R$ 42 bilhões e R$ 43 bilhões.

Nos últimos anos do governo Lula, que vem executando políticas de valorização do serviço público com reajustes salariais que se estendem até 2012 e chegam aos aposentados, o déficit do regime próprio da Previdência dos funcionários tem subido.

Chegou a quase R$ 47 bilhões em 2009, incluindo servidores dos três Poderes, ou 1,49% do PIB. Em 2009, o rombo foi superior ao do INSS, que totalizou R$ 42,9 bilhões (em valores correntes), ou 1,41% do PIB.


A POLÍTICA DO PAI E DA MÃE, E SEUS FDPs.


Autor e personagem de um vídeo que tomou conta da internet, em que é chamado de "otário" e "sacana" pelo governador Sérgio Cabral, além de ouvir do presidente Lula que tênis é "esporte da burguesia", o estudante Leandro dos Santos, morador de um barraco na Favela Nelson Mandela, no Rio de Janeiro, não tinha ideia da repercussão da gravação.


O episódio foi reproduzido por Italo Nogueira, repórter do jornal Folha de S.Paulo e pode ser conferido pelo amigo leitor em http://www.youtube.com/watch?v=KOKS_apCwzA.

O jovem, xingado por Cabral e ironizado por Lula, desnudou as duas caras dos homens públicos: o rosto amável e as palavras medidas diante das câmeras e o desprezo debochado na vida real.
(...)
Primeiro, o rapaz reclama da ausência de uma quadra de tênis no local e Lula diz que isso é "esporte da burguesia".

O presidente, então, pergunta por que ele "não treina natação".

Ao ouvir que a piscina fica fechada, Lula dirige-se a Cabral:
"O dia que a imprensa vier aí e vir isso fechado, o prejuízo político é infinitamente maior do que colocar dois guardas aí."

O comentário de Lula é revelador.
O que interessa não é o bem-estar dos pobres, mas o eventual arranhão na sua imagem.

Em seguida, Leandro reclama do barulho do "Caveirão", o blindado da Polícia Militar, em sua rua. Cabral interrompe-o e pergunta: "Lá não tem tráfico, não?" Quando o jovem diz que não, o governador rebate:

"Deixa de ser otário, está fazendo discurso de otário."

Otário, sacana e burguês - três carimbadas no rosto de um jovem favelado que teve a coragem de exercer a cidadania e de questionar governantes carregados de arrogância e armados de ironia cruel, mas que diante dos holofotes da mídia se apresentam como paladinos da luta contra qualquer tipo de discriminação.

Uma imagem grita mais que mil palavras.O vídeo está bombando na internet e causa irado constrangimento.

Nós, jornalistas, devemos refletir a respeito desse episódio. Ele revelou o que nossas pautas não costumam contar.

Mostrou a face verdadeira, o rosto sem maquiagens, a alma desprovida do botox do marketing. E é exatamente isso que devemos fazer.
(...)
Por isso, uma cobertura de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão.

É preciso cobrir a fundo as questões que influenciam o dia a dia das pessoas.

O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos candidatos.
Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto.

O centro do debate tem de ser o cidadão, as políticas públicas, não mais o político.

O jornalismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real.

É importante fixar a atenção não nos marqueteiros e em suas estratégias de imagem, mas na consistência dos programas de governo.

Dilma Rousseff, por exemplo, diz que vai fazer o trem-bala. Baita declaração.
Mas é viável?
Como vai contornar a muralha da Serra das Araras?

E as infinitas desapropriações?
Ninguém fala disso.
O que fica é o efeito: "Vou fazer o trem-bala."
Ou: "Sou contra o aborto", mas considero o aborto "um problema de saúde pública."

Afinal, é a favor ou é contra?

Quer ampliar os casos previstos na legislação ou deixar como está?
"Sou contra a censura." Beleza.

Então, como explicar sua assinatura no 3.º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3)?
Como explicar as sucessivas maquiagens nos seus planos de governo?

"Sou contra qualquer ditadura."

Ótimo.
Mas como explicar as declarações de apoio de Hugo Chávez à "amiga Dilma"?

E José Serra, é a favor ou contra a independência do Banco Central?

Nosso papel, embora com civilidade e respeito, não é registrar, mas questionar. Willian Bonner, âncora do Jornal Nacional, fez a sua parte com notável profissionalismo. O PT errou quando insultava Sarney, Collor e Renan Calheiros ou errou depois ao se aliar a eles?

"Antes o PT não tinha experiência, amadureceu no governo", respondeu Dilma.

A candidata, sem a blindagem imediata do marketing, mostrou sua concepção de política: um jogo pragmático e sem nenhum tipo de baliza ética.

Para ela, ser "maduro" é juntar-se ao que há de pior.

Cobrada sobre o resultado fraco no crescimento econômico se comparado com outros emergentes, culpou a "herança maldita" do governo Fernando Henrique.

Ainda não passou pela cabeça da candidata culpar Pedro Álvares Cabral pelo gargalo na infraestrutura.
Mas chegaremos lá.

O telespectador, sem contrabando opinativo, tira suas conclusões.

O jornalismo de qualidade, firme e independente, é rastreador da verdade. Não é nosso papel embalar candidatos, mas mostrar suas contradições.

É preciso incomodar.
Jornalismo cor-de-rosa não faz bem à democracia.

Original/Íntegra :

Lula e Cabral, vídeo revelador