"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 11, 2011

FALTA DE APTIDÃO :QUEM NUNCA GERENCIOU NADA E COISA NENHUMA, NÃO FALA, NÃO CRIA, SÓ COPIA.


Mudança de planos

Nos primeiros meses no comando do país, Dilma Rousseff anunciou medidas que foram tratadas na campanha eleitoral como ameaças em um provável governo tucano.

Veja alguns exemplos:

Suspensão de novos concursos públicos
Cancelamento das convocações de candidatos aprovados em concursos
Privatização de aeroportos
Arrocho do salário mínimo e reajustes sem aumento real
Freio nos investimentos e redução de gastos
Corte no orçamento proposto pela equipe do governo Lula


As decisões anunciadas pela equipe de Dilma Rousseff mais parecem uma lista de consolidação das ameaças divulgadas durante a campanha eleitoral como primeiras medidas de um possível governo de José Serra (PSDB).

Ao longo dos meses que antecederam a disputa, petistas e simpatizantes da candidatura que representou o continuísmo anunciavam que a gestão tucana estaria disposta a mudar o rumo do governo Lula, cortando a proposta de Orçamento apresentada no fim do ano passado e encolhendo a máquina de investimentos e contratações.

Pouco mais de quatro meses separam o calor dessas discussões dos anúncios desta semana.
Uma realidade que tem sido seguida de notícias que seriam uma crônica anunciada se não fosse o fato de o script ser protagonizado pelo governo do PT:
integrado justamente por quem acusava a oposição de planejar tais medidas.

Durante a campanha, o candidato José Serra teve de modificar um dos programas eleitorais gratuitos para negar as notícias que circulavam na internet anunciando que ele estava disposto a suspender a convocação de concursados aprovados e de frear a realização de novas seleções públicas.

“Tivemos de mudar tudo para que o Serra aparecesse na televisão dizendo que foi o governador que mais contratou concursados. Foi uma resposta a uma rede de boatos que surgiam a todo tempo. Acreditamos que essa ameaça feita por nosso opositores interferiram no desempenho ruim do nosso candidato principalmente em Brasília”, avalia Juthay Júnior (PSDB-BA), um dos coordenadores da campanha tucana à Presidência.

Mas essa não é a única demonstração de afinidade entre o que os governistas diziam que José Serra faria e o que Dilma Rousseff tem decidido nesses primeiros meses de governo.
Além do arrocho de gastos que vai resultar na suspensão de concursos e no corte das emendas parlamentares, a prática petista se distancia do discurso eleitoral quando o assunto é a privatização de aeroportos, alternativas ao Bolsa Família e até reajustes do salário mínimo.

Críticas

Pelo menos em três dos programas eleitorais gratuitos do PT, o tempo disponível foi usado para criticar privatizações e acusar os governos do PSDB de recorrerem à prática frequentemente. Na internet, o tema sempre constava dos manifestos contrários ao candidato tucano.

Agora, no mundo real, o governo de Dilma Rousseff começa a perceber que, sem privatizar, será impossível concluir as obras de estruturação dos aeroportos a tempo da realização das Olimpíadas no Brasil.

Outra fonte de votos dados à Dilma Rousseff — que agora tem tratamento diferente do que o anunciado durante a campanha eleitoral — é o programa Bolsa Família.

No decorrer da disputa presidencial, o PT falava apenas em ampliação dos beneficiários, e a oposição tinha de desmentir diariamente o desejo de reduzir o programa ou acabar com ele.

Agora, a nova ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, adota o discurso da campanha fracassada do PSDB e diz que o principal desafio do governo é o de encontrar uma “porta de saída” para os dependentes do auxílio entrarem no mercado de trabalho. Campello aceitou comandar a pasta porque a presidente concordou com a implantação de uma política destinada a reduzir o número de brasileiros que dependem do programa.

O polêmico reajuste do salário mínimo é outra mudança de discurso que não fazia parte do enredo anunciado na campanha de Dilma Rousseff.
Com a sucessão de aumento real dado pelo governo Lula, a então candidata pouco detalhava valores durante os pronunciamentos que antecediam a eleição.

Dizia apenas que daria continuidade a política adotada pela equipe do então presidente.
Agora, propõe reajuste abaixo do esperado.

“Se os brasileiros analisarem bem, vão ver a lista enorme de coisas que diziam que o governo de Serra iria fazer para prejudicar nossa candidatura e o que estão fazendo agora. Eles pensavam em fazer e jogavam o boato de que éramos nós os idealizadores dessas propostas.

Uma tática eleitoral que deu certo, mas não foi honesta”, critica Juthay Júnior.

Izabelle Torres/Correio Braziliense

LAVANDO A ÉGUA , DEITANDO E ROLANDO : PROJETOS PARA A COPA 2014 TÊM MUITOS PROBLEMAS, SEGUNDO O TCU.

O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou ontem relatório que aponta problemas nos projetos para a Copa do Mundo de futebol de 2014.

Entre as falhas apontadas, além de deficiências nos próprios projetos, o tribunal identificou falta de transparência nas ações do governo federal e descumprimento de prazos.

O relatório é do ministro Valmir Campelo, responsável por acompanhar as obras da Copa no TCU.


"Os riscos de aditivos contratuais, sobrepreço, aportes desnecessários de recursos federais e contratos emergenciais são muito grandes, a exemplo das obras do Pan [Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro]", apontou o ministro.
Só no caso do novo Estádio da Fonte Nova, em Salvador, a diferença entre o valor previsto e o orçamento atual é de mais de 100%, de R$ 591,7 milhões iniciais para R$ 1,605 bilhão. Para Campelo isso atesta a "precariedade da estimativa do custo global da obra".


O relatório diz que há indícios de "possível fragilidade no acompanhamento feito pelo Ministério do Esporte, característica que dificulta muito as ações de controle".
Uma das críticas recai sobre a demora do ministério para enviar ao TCU as matrizes de responsabilidade das obras nos portos e aeroportos, prontas desde 2010.


Segundo Campelo, transferências voluntárias do governo federal para a Copa que não constam das matrizes também prejudicam a auditoria do tribunal.

PARA O BRASIL CONTINUAR MUDANDO : TAXA DE DESEMPREGO CRESCE ENTRE OS MAIS POBRES, SEGUNDO O IPEA.

A redução do nível de desemprego registrada nos últimos cinco anos e o aumento da taxa de ocupação, com uma sensível melhora na renda obtida pelos trabalhadores, não só não foi suficiente para eliminar as desigualdades sociais, como as ampliou entre os desempregados das seis principais regiões metropolitanas do país.

Segundo técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), enquanto nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife a taxa de desemprego geral caiu 31,4% de dezembro de 2005 ao mesmo mês de 2010, entre os 10% mais pobres o desemprego cresceu 44,2%.

Além disso, cresceu também a desigualdade entre os 10% que ganham mais e os 10% que ganham menos.
A partir dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os técnicos do Ipea constataram que a diferença nas taxas de desemprego dos dois grupos, que em 2005 era de 11 vezes, passou a ser de 37 vezes em 2010.

SEM PETROBRAS, DESPESA REAL VAI SUBIR 3,7% ESTE ANO .

Ao contrário do que publicou ontem o Valor, as despesas do governo federal em 2011, após o corte anunciado na quarta-feira, vão crescer 3,7% em termos reais, ante os gastos feitos no ano passado.

A despesa primária (sem o pagamento de juros) projetada pelo governo para este ano, depois do corte de R$ 50 bilhões, soma R$ 719,9 bilhões, o que representa aumento nominal de 2,8% sobre os gastos de 2010, que ficaram em R$ 700,1 bilhões, e uma queda real de 2,6%.

O problema é que a despesa deste ano não pode ser comparada com a executada no ano passado por causa da capitalização da Petrobras.
Nesta operação, o governo realizou a cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal à Petrobras por R$ 74,8 bilhões.

Deste total, utilizou R$ 42,9 bilhões para subscrever as ações da estatal.
Essa receita e essa despesa precisam ser excluídas do cálculo para que a comparação entre 2010 e 2011 não fique distorcida.

Assim, com a exclusão da despesa de subscrição das ações da Petrobras, as despesas primárias da União no ano passado passariam para R$ 657,2 bilhões.
A despesa projetada para este ano de R$ 719,9 bilhões representa um aumento nominal de 9,5% em relação aos R$ 657,2 bilhões e real de 3,7%, utilizando-se o deflator do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,6% estimado pelo governo.

Valor Econômico