"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 27, 2011

Pentacampeonato da corrupção


É inadmissível que o PCdoB continue no Ministério do Esporte. Neste caso, mais do que em qualquer outro escândalo da gestão petista, há ligações estreitíssimas entre o partido que comandava a pasta e a estrutura de corrupção montada para alimentá-lo.

Com os comunistas mantidos no comando, tudo continuará onde sempre esteve nestes últimos nove anos.


Orlando Silva tornou-se ontem o quinto ministro do governo Dilma Rousseff demitido sob suspeita de envolvimento em desvio de dinheiro público. Outros dois trocaram de posto e um saiu por incompatibilidade de gênio. Nunca antes um presidente eleito tivera de trocar tanta gente em tão pouco tempo.

"Fosse o regime parlamentarista, o gabinete inteiro já teria caído - talvez até ela própria, se primeira-ministra", vaticina Eliane Cantanhêde na
Folha de S.Paulo.
Tamanha instabilidade é sinal mais que evidente de que a lógica que presidiu a montagem deste governo está corrompida.

Emanada de Lula, é uma lógica que pressupõe a troca de apoio parlamentar por nacos inteiros de poder, com nenhum compromisso visível com programas ou projetos em benefício do público.

A presidente da República indica que pode até discordar no acessório, mas não bule com o essencial:
as teias tecidas entre a militância comunista, as ONG instrumentalizadas para drenar recursos do contribuinte e o aparelhamento da pasta continuarão lá, intocadas.

Manter o Esporte com o PCdoB é reforçar este
modus operandi, e é isso o que Dilma fará.

Pelo noticiário de hoje, o PCdoB está firme no posto e a questão agora é apenas escolher o nome comunista que irá preencher o posto deixado vago por Silva. Interinamente, fica o atual secretário-executivo, Waldemar Souza.

Que já começa mal:
segundo
O Estado de S.Paulo, ele também esteve envolvido em liberação de verba pública para ONG e entidades suspeitas de irregularidades.

A versão mais forte neste momento em Brasília é de que a escolha de Dilma recairá sobre o comunista Aldo Rebelo, deputado por São Paulo. Será uma opção que não deixará de trair certa capitulação do governo brasileiro à Fifa e aos interesses do mundo da bola.

Rebelo foi ministro da coordenação política do governo Lula. Também presidiu a CPI da CBF-Nike, ocasião em que começou rugindo contra a gestão de Ricardo Teixeira e terminou sem sequer aprovar um relatório final, como lembra o Valor Econômico.

Hoje Rebelo e Teixeira são tidos como excelentes amigos.


Não dá para acreditar que Rebelo ou qualquer outro nome do PCdoB vá faxinar o Esporte. Não se enxerga pendor fratricida no grupo fechado em torno da manutenção do poder junto com os petistas.

Até as ligações históricas do deputado com a UNE, da qual foi presidente, tornam ainda menos crível qualquer limpeza na pasta. Nada deve mudar e a turma terá passe livre para continuar aprontando.


"Para mudar este quadro, a atitude do governante, de quem nomeia, é fundamental. Ou ele compõe um quadro de auxiliares a partir de critérios de liderança, competência e moralidade ou ele continua sendo refém de interesses partidários e de grupos, nem sempre legítimos", comenta o professor Aldo Fornazieri na Folha.

Mas o que menos se discute na substituição de Orlando Silva é quem poderia fazer melhor em prol do esporte brasileiro ou quem poderia agir em favor da melhor preparação do país para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016.

Isso, na agenda do poder petista, é detalhe menor.

Pelo menos enquanto o dinheiro público continuar sendo usado para custear a farra. E o dinheiro do trabalhador servir para bancar os custos da incúria governamental.

Como acontecerá a partir da aprovação da medida provisória que permite aplicar recursos do FGTS em obras voltadas aos dois megaeventos esportivos,
ocorrida ontem na Câmara.

Uma Copa que, pelo discurso oficial, não teria recursos públicos agora tem dinheiro do trabalhador até para financiar hotéis. Criado em 2007, tal fundo alimentado com recursos do FGTS tem se mostrado um verdadeiro saco sem fundo.

Em 2010, dez das 15 companhias selecionadas para receber os investimentos tiveram prejuízo e a rentabilidade do FI-FGTS ficou abaixo da prometida pela Caixa, ressalta
O Estado de S.Paulo em editorial.

A troca no Esporte não parece minimamente mirar mudar a atual situação de descontrole na aplicação dos recursos públicos e a má gestão dos preparativos do país com vistas aos eventos que estão por vir.

Num ambiente assim, esperar pela eclosão da próxima crise é questão de tempo. Logo, logo ela acontece, porque há falcatruas de sobra acontecendo.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela