"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 03, 2012

CAUSA E EFEITO : REPÚBLICA TORPE = MINISTÉRIO FICHA SUJA


O governo Dilma Rousseff tem hoje dois ministros sob investigação de órgãos de fiscalização e controle e um terceiro na berlinda.

Para uma gestão que, em seu primeiro ano de vida, notabilizou-se pelas quedas em série de integrantes envolvidos em denúncias de corrupção, trata-se de uma ficha corrida e tanto de "malfeitos".


Fernando Pimentel está tendo de se explicar à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Ele tem até esta semana para mostrar como embolsou cerca de R$ 2 milhões por consultorias que até agora ninguém conseguiu comprovar que sequer existiram de fato.

As denúncias surgiram em dezembro e até hoje o ministro do Desenvolvimento esquivou-se de dar explicações públicas. Queridinho da presidente, contou com uma verdadeira tropa de choque para impedir que fosse ao Congresso prestar contas.
A hora do acerto está chegando para ele.


Já o caso de Guido Mantega ficará sob a jurisdição da Procuradoria-Geral da República, depois que o ministro da Fazenda apelou e conseguiu suspender, no Supremo Tribunal Federal, uma investigação por suspeita de improbidade administrativa que seria realizada pelo Ministério Público Federal (MPF).

Sobre ele, pesa a suspeita de omissão em relação a um suposto esquema de corrupção na Casa da Moeda. Mantega nunca conseguiu explicar como nomeou Luiz Felipe Denucci e o manteve no cargo por mais de três anos, mesmo com reiteradas denúncias de que o presidente do órgão teria recebido US$ 25 milhões de propina por meio de empresas no exterior.

O que será que o ministro tanto teme, a ponto de barrar o MPF?


O mais novo caso da lista de assaltos aos cofres públicos pelo esquema petista de poder deu-se no Ministério da Pesca. Sem ter sequer a atribuição legal de fiscalizar a pesca ilegal no país, que cabe à Polícia Ambiental, a pasta torrou R$ 31 milhões na compra de lanchas de patrulhamento.

O negócio é, em tudo, nebuloso e eivado de suspeitas.


O contrato para aquisição das 28 lanchas-patrulha foi pago entre 2009 e 2011. Destas, apenas três embarcações estavam funcionando poucas semanas atrás. Outras 23 ainda não entraram em operação ou estão com avarias no pátio do estaleiro - localizado, não por acaso, na Grande Florianópolis, berço político de três dos ex-ministros petistas da Pesca.

A parte rumorosa do caso inclui a doação, sob coação, de R$ 150 mil para a campanha eleitoral petista em Santa Catarina em 2010, feita pela empresa contratada para construir as lanchas, a Intech Boating.

Até o ex-ministro Luiz Sérgio, defenestrado do cargo no mês passado, considerou que houve um "malfeito" na Pesca.


O dinheiro foi parar nas contas do comitê financeiro da campanha catarinense, que, por sua vez, bancou a maior parte (81%) dos gastos da malsucedida campanha de Ideli Salvatti - hoje no comando do Ministério de Relações Institucionais de Dilma - ao governo do estado.

O Tribunal de Contas da União já pediu abertura de processo para recuperar o dinheiro desviado. Para o ministro Aroldo Cedraz, a licitação que resultou na compra de lanchas que não navegam e em dinheiro nos cofres do PT foi um negócio claramente direcionado para a empresa catarinense ganhar.

"O edital reproduzia os requisitos técnicos do modelo de estreia da empresa no mercado. (...) Além disso, o aviso de licitação foi publicado em jornal que circula apenas no Distrito Federal, onde não há estaleiros.

A licitação exigia que as lanchas fossem entregues em São Luís (MA) e Belém (PA)", informa
O Estado de S.Paulo em sua edição desta terça-feira.

São, portanto, muitas as evidências de que, embora tenham saído do foco diário da imprensa, os esquemas de corrupção continuam ativos na Esplanada.
Não houve faxinas, não houve reformas, não se tem sequer notícia de algum constrangimento presidencial diante dos novos "malfeitos".

Uma equipe de governo formada por tão ilustres investigados e demitidos só pode ser classificada como um ministério ficha suja.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Ministerio ficha suja

MAMULENGA E BUFÃO : A EMPACOTAÇÃO OU O EMBRULHINHO DO "EMBRULHO".

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, do PDT de São Paulo, classificou o pacote de medidas anunciado nesta terça-feira pelo governo como um "embrulhinho".

Segundo ele, as medidas de desoneração são insuficientes e não terão o efeito divulgado pelo governo no combate às importações.

"Os principais problemas que causam a desindustrialização no Brasil são os juros e o câmbio, mas nenhum destes dois aspectos foram incluídos de fato no pacote", disse o deputado.

Para Paulinho, muitas das propostas anunciadas hoje "são requentadas" do primeiro anúncio do Brasil Maior, feito em agosto do ano passado. Ele criticou especialmente a exigência de conteúdo regional da indústria automotiva em vez de conteúdo apenas nacional.

"A presidente Dilma Rousseff fala em exigência nacional, mas os ministros fazem medidas com exigências regionais. Ou seja, ao invés de importarem da China, as empresas vão importar da Argentina, do Chile e do México."

O deputado criticou ainda o fato de, apesar de a exigência de conteúdo ser de 65% no setor automotivo, até mesmo gastos com propaganda serem utilizados para cumprir esta cota. "No fim, só 8% do conteúdo nacional acabam sendo de peças".

Segundo Paulinho, na quarta-feira a Força Sindical prepara um ato, na cidade de São Paulo, contra a desindustrialização do País. O deputado disse que o PDT deve decidir nas próximas semanas se irá continuar ou não na base de apoio ao governo.

PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO COM A MAMULENGA E O BUFÃO : Plano 'Brasil Maior' é ignorado por 72% dos industriais


Seis meses após ser lançada, a política industrial do governo Dilma Rousseff - que a presidente quer vitaminar com novas medidas a serem anunciadas hoje - ainda é uma ilustre desconhecida da grande maioria dos empresários do setor produtivo.

Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), feita com mais de 300 empresas do setor, revela que 72,4% delas, ou seja, quase três em cada quatro, não conhecem ou estão pouco informadas sobre o chamado Plano Brasil Maior (PBM).


Só 5,4% dos entrevistados disseram ter bons conhecimentos sobre o plano. O grau de conhecimento cresce conforme o porte da empresa. No entanto, nem mesmo as grandes, que têm melhores condições de acesso a informações, estão bem informadas acerca da política industrial. Somente 9,1% das grandes empresas disseram conhecer bem o PBM.

Mesmo entre aqueles que afirmaram conhecer bem o plano, as expectativas sobre a execução das medidas são baixíssimas. Praticamente ninguém acredita que as medidas sairão do papel, enquanto 14,3% creem que serão realizadas em grande parte. Para 85,6%, o grau de implementação será baixo ou nulo.

Para a Fiesp, os resultados reforçam o diagnóstico de que o Plano Brasil Maior é uma política industrial "inócua".

"Precisamos romper de vez com esse modelo que desindustrializa o País e adotar uma política voltada para melhorar a competitividade do Brasil", afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Para ele, o governo já entendeu que a indústria de transformação passa por problemas e está buscando soluções. "Isso é positivo, há muito a ser feito."

A avaliação geral das empresas sobre o Plano Brasil Maior não é nada favorável: 24,9% consideram o plano ruim e 50,7% entendem que é razoável.
Para 24,4%, o PBM é uma boa política.


Na pesquisa, as empresas responderam sobre a importância de cada medida do plano. A resposta predominante foi de que as medidas são irrelevantes. Em média, só 22,4% dos entrevistados consideram as medidas altamente importantes para suas atividades. As demais (77,6%) entendem que elas têm importância média, baixa ou nula para suas atividades.

"As empresas não se interessaram pelo plano porque ele não era abrangente e a maioria das medidas anunciadas impactaram muito pouco o dia a dia das empresas", avaliou José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp.

Para ele, a expectativa é de que o governo anuncie medidas mais contundentes para desonerar os investimentos.
"Ficou tão caro produzir aqui que é mais barato trazer produtos de fora e vender no mercado interno."

MARCELO REHDER O Estado de S. Paulo

LEGAL OU ILEGAL, E DAÍ? A VERDADEIRA "FUÇA" DO MODELO POLÍTICO : CORRUPÇÃO. LIQUIDARAM COM A COMPUSTURA ÉTICA E MORAL.


Mesmo depois de preso, o contraventor Carlos Cachoeira mantém prestígio entre os políticos de Goiás. Até agora, nenhum dos cinco deputados goianos que tiveram os nomes envolvidos com ele, além do senador Demóstenes Torres, negou ter mantido relações com Cachoeira.


Alguns exaltam o trânsito do contraventor na alta sociedade goiana e até sua influência política. O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, não vê constrangimento e declara não se interessar pela forma como o amigo ganha dinheiro.

— Não vou negar a amizade porque o cara foi preso. Eu não era muito próximo, mas o conhecia. Sou o tipo de cara que não fica procurando se a pessoa tem problema na vida dela. Não sei se ele ganhou dinheiro em jogo, se era um negócio legal ou ilegal. Não me interessa. Não sei, não me aprofundei nem quero me aprofundar — disse Jovair.

— É claro que eu o conheço. A cidade de Goiânia, apesar de ser grande, é muito provinciana. As pessoas se encontram em eventos, em festas. Duvido que haja um parlamentar de Goiás que nunca tenha falado com ele. Ele é um empresário muito conhecido no estado.

O deputado admite que procurou Cachoeira para pedir apoio para sua pré-candidatura à Prefeitura de Goiânia.

Diz, porém, que não fez negócios ou recebeu dinheiro de Cachoeira e nega que o "apoio" significasse recursos:
— O que eu queria não era dinheiro, mas apoio político. O apoio dele seria importante, porque ele tem muitos funcionários e muita influência aqui no estado. Ele tem relação com muitos políticos e com vários partidos.

É um cara influente, isso é inegável e está provado por esta operação (da Polícia Federal).

Ontem em São Paulo o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), defendeu investigação interna da Casa e não descartou a criação de uma Comissão Parla mentar de Inquérito (CPI) para investigar os deputados.

— São denúncias graves que chocam a todos e que vão precisar ser investigadas no âmbito judiciário e no âmbito da Câmara dos Deputados e do Senado.

Até agora, o único deputado formalmente denunciado por envolvimento com Carlos Cachoeira é o petista Rubens Otoni (GO). Ele aparece em vídeo no qual Cachoeira promete lhe doar R$ 200 mil por meio de caixa 2.

Otoni assegura que foi vítima de armação. Segundo ele, o vídeo foi gravado em 2004, quando era candidato à Prefeitura de Anápolis e teria procurado Cachoeira em busca de recursos para a campanha:
— Tentaram misturar esse vídeo com a Operação Monte Carlo, mas eles não têm relação. Essa gravação foi feita de maneira clandestina, em 2004, quando procurei vários empresários, inclusive ele, que era dono da Vitapan. Houve a simulação de algo que não aconteceu. Ele não doou nada. Só depois que o dinheiro não veio, percebi que era uma armação — afirmou Otoni que diz ter concordado em receber por caixa 2, na conversa gravada, porque "estava lá de boa-fé".

Hoje à tarde, os deputados Francisco Praciano (PTAM) e Chico Alencar (PSOL-RJ) vão se encontrar com Marco Maia, para pedir que a Casa solicite os autos do processo para definir se devem abrir processos contra os demais citados — como os deputados Stepan Nercessian (PPS-RJ), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO).

Os três assumiram manter contatos com Cachoeira. Carlos Alberto Leréia disse que não pronunciará até ter acesso à investigação.

Sandes Júnior reiterou que não teme as investigações.

Segundo o deputado, os cheques citados pelos dois em uma conversa gravada pela Polícia Federal faziam parte de uma rescisão profissional. Ao comentar o fato com o empresário, este teria feito uma "brincadeira" ao falar em repartir os recursos.

Paulo Celso Pereira O Globo