"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 04, 2013

O Estado gigante. OU : O ELEFANTE PETISTA



O céu é o limite para o PT quando se trata do tamanho do Estado. Já gigantesca, a estrutura estatal cresce continuamente para acomodar os interesses político-eleitorais da candidata-presidente.

É de se perguntar:
os serviços prestados pelo poder público melhoraram com o inchaço promovido pelos petistas ao longo destes dez anos?

Não satisfeita em inventar ministérios aos borbotões, Dilma Rousseff prepara agora a criação de mais uma estatal, a quinta em pouco mais de dois anos de gestão, de acordo com a edição de hoje
d'O Estado de S.Paulo.

Apelidada de "Hidrobrás", cuidará de nossos portos fluviais, nossas hidrovias e eclusas. 

 
Se não tivermos perdido a conta, o Brasil estará se aproximando de sua 130ª estatal. Só na atual gestão, já foram criadas a Infraero Serviços,
a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa,
a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias ("Segurobrás")
e a Empresa Brasileira de Planejamento e Logística.


Que benefícios trouxeram aos cidadãos? 

A Hidrobrás nascerá numa área em que o poder público já atua por meio de dois ministérios (Transportes e Portos), uma agência reguladora (a Antaq, de transportes aquaviários) e uma autarquia (o Dnit). Todas somadas, não conseguem sequer executar as necessárias melhorias na estrutura logística do país - em especial, neste caso, a hidroviária.

Segundo informações do Tesouro Nacional citadas pelo Estadão, hidrovias e portos fluviais gozam de nenhum apreço do governo petista. Nos dois últimos anos, dos R$ 837 milhões que lhes foram destinados no Orçamento Geral da União, apenas 41% foram investidos - ainda assim, 70% deste valor refere-se a restos a pagar de exercícios anteriores. 

 
A má utilização das hidrovias brasileiras é uma das razões apontadas por especialistas para o apagão logístico por que passa o país, que colhe uma supersafra agrícola, mas não consegue escoá-la. Pelos nossos rios, passam não mais do que 10% da carga transportada no país, em contraste com os mais de 60% que circulam por rodovias. Um contrassenso.

Dois exemplos específicos ilustram o descaso do governo petista pelo modal hidroviário. Duas das nossas principais hidrovias - Teles Pires-Tapajós e Araguaia-Tocantins - não tiveram um único centavo dos recursos destinados pelos orçamentos de 2011 e 2012 liberados pela gestão Dilma, conforme o Siafi.

O mesmo aconteceu com as obras da eclusa de Lajeado, no rio Tocantins, que não viu a cor dos R$ 100 milhões reservados pelo Dnit no ano passado.
Entretanto, na visão do PT, a saída para este descalabro não está em cobrar maior eficiência dos órgãos já existentes, mas sim em criar mais algumas centenas, talvez milhares de boquinhas.

Para os gestores do partido dos mensaleiros, não há com o que se preocupar:
a conta, sempre, é paga pelo contribuinte.

A Hidrobrás vem se somar ao recém-criado Ministério da Micro e Pequena Empresa, oficializado na última segunda-feira. O Brasil passa, assim, a ser um dos países com maior estrutura ministerial que se tem notícia em todo o mundo: são 24 ministérios, dez secretarias ligadas à Presidência e cinco órgãos com status de ministério, totalizando 39.


Um recorde nunca antes visto na história deste país. 



Quando assumiu o poder, há dez anos, o PT herdou uma máquina com 21 pastas. Caminha, portanto, para dobrá-la, aproximando-se ainda mais de modelos de gestão como o Congo, que tem 40 ministérios, e superando outros exemplos de eficiência, como Paquistão (38),
Camarões, Gabão, Índia e Senegal (36),
segundo estudo da Universidade Cornell citado por Merval Pereira ontem
n'O Globo

Ah, os EUA têm apenas 15 ministérios e a Alemanha, 17...
Sem falar que o número de servidores públicos federais ativos cresceu 24% desde 2002 e mais de 4 mil cargos DAS foram criados nos últimos quatro anos, de acordo com o
Ministério do Planejamento.

Manter esta mastodôntica estrutura custa muito caro:
só neste ano, serão gastos R$ 212 bilhões apenas em salários e outras despesas de custeio, como viagens, alimentação e material de escritório.


Por trás desta "burrice", desta "loucura" e desta "irresponsabilidade", que já foram longe demais, nas palavras do empresário Jorge Gerdau, está a ilimitada sanha do PT por perpetuar-se no poder. 

 
Alguém crê que os novos órgãos criados por Dilma ou os novos ministros nomeados por ela, ressuscitando antigos "faxinados", melhorará a prestação dos serviços públicos no país?
É muito difícil julgar que sim. 

 
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O Estado gigante

Pedidos de falência aumentam 5% no primeiro trimestre, diz Boa Vista

Os pedidos de falência aumentaram 5% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). 
Cerca de 90% dos pedidos foram feitos por pequenas e médias empresas.

Na divisão por setor da economia, a maior parcela dos pedidos de falência pertence à indústria, com 38% dos casos, 
seguida dos serviços (37%) 
e do comércio (25%).

Considerando apenas o mês de março, os pedidos de falência cresceram 12,9%, ante fevereiro. Na comparação com o mesmo período do ano passado houve queda de 2,1%.

Já os pedidos de recuperação judicial registraram queda de 1,6% nos três primeiros meses do ano. Em março, caíram 46,9% ante fevereiro e cederam 23,8% ante o mesmo período do ano passado.

 
Valor

A "CIGARRA" PRESIDENTA PALANQUEIRA ITINERANTE E A FÁBULA brasil maravilha.


Diz a fábula que a cigarra passava os dias de verão cantando enquanto a formiga não parava de trabalhar, cortando folhas e recolhendo sementes.

Indagada pela cigarra porque trabalhava tanto, a formiga respondeu que precisava guardar comida para o inverno.

A cigarra então retrucou que o inverno estava muito longe e não tinha com que se preocupar. Seguiu cantando até que veio a neve, as folhas caíram e a comida acabou. A cigarra ficou com fome e teve que bater à porta da formiga para conseguir abrigo e alimento.

O Brasil nos últimos quatro anos vem se comportando como a cigarra da fábula. A crise financeira de 2008 nos deu licença para gastar com a nobre desculpa de espantar os efeitos recessivos vindos do exterior. A poupança agregada do país caiu de 18,8% do PIB em 2008 para 14,8% em 2012.

Queda de quatro pontos percentuais do PIB. Enquanto isso, o consumo agregado, equivalente à soma do consumo das famílias e do governo, saltou de 79,1% do PIB para 83,8%, aumento de 4,7 pontos percentuais.

Para consumir mais em termos relativos, investimos menos, exportamos menos em termos líquidos e ainda consumimos uma parte do estoque de bens.

O interessante é que esse padrão de comportamento é o oposto do que ocorreu entre 2000 e 2008. Naquele período, a participação do consumo no PIB se reduziu, enquanto a do investimento cresceu, bem como a das exportações líquidas. Apesar disso, foi um período em que o bem estar da população aumentou.

Uma das mudanças mais negativas no Brasil pós-crise foi a política fiscal.

Antes de 2008, vínhamos entregando superávits primários acima de 3% do PIB anualmente de forma consistente.

Após a crise, a política fiscal passou a ser bem mais expansionista. 
As despesas do governo aumentaram enquanto as receitas sofreram os efeitos da desaceleração econômica.

Passou-se a contar cada vez mais com receitas não recorrentes e outros artifícios contábeis para incrementar o resultado. A contribuição do governo para a poupança agregada ficou bem mais negativa de 2008 para 2009, último ano em que é possível ver os dados da poupança desagregados.

Existe uma crença por trás das ações do governo de que o ativismo fiscal e o incentivo ao consumo das famílias estimula o crescimento. Os dados, no entanto, não confirmam essa tese. O crescimento médio do PIB no período 2000-08 foi de 4,2%, enquanto, no intervalo 2009-12 foi de apenas 2,7%

O que gera crescimento sustentável é o investimento, e para haver investimento tem que haver poupança. As firmas precisam ser mais eficientes e os trabalhadores, mais produtivos.

O governo também tem que fazer a sua parte e canalizar recursos para o investimento. Esse é o caminho de sucesso que todos os países que atingiram níveis elevados de renda trilharam.

Os asiáticos são os exemplos mais recentes.
O Brasil, no entanto, trilha o caminho inverso.

A diferença entre poupança e investimento do país equivale ao resultado em conta corrente. Se um país poupa menos do que investe (caso do Brasil), a resultante é um déficit em conta corrente, que é o valor líquido das transações de bens e serviços mais o envio de renda ao exterior.

Se extrapolarmos para os próximos anos o aumento do consumo em proporção do PIB ocorrido entre 2009 e 2012, mantendo o investimento constante, chegaremos em um déficit muito elevado em conta corrente, o que é claramente insustentável.

O mais provável é que antes disso haja uma depreciação da moeda e uma redução forçada do investimento e do consumo de bens e serviços transacionáveis com o exterior.

Concluindo, as políticas macroeconômicas que priorizam o consumo presente em detrimento do investimento e do aumento do consumo futuro são politicamente atraentes, mas não produzem ganho de bem estar no longo prazo.

É como na fábula da cigarra e da formiga.
É mais gostoso ser a cigarra e passar o verão cantando, mas somente a formiga sobrevive quando chega o inverno.

Fernando Rocha é economista e sócio da JGP Gestão de Recursos. 
E-mail: jgp@jgpdtvm.com.br