"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 03, 2011

BRASIL SEM MISÉRIA E "A HORA DO PALOCCI" PARTE FINAL?


O governo começou a semana propalando que teria dias seguidos de "agenda positiva". Chega ao fim dela atolado vários palmos a mais na crise que se arrasta há 20 dias e com o ministro Antonio Palocci em vias de ser jogado fora do barco, abandonado até pelo PT. Nem todo o marketing do mundo foi capaz de superar a realidade.


Os últimos dias pouco acrescentaram ao que já se sabia sobre o enriquecimento faraônico de Palocci. Mas a continuidade da recusa do governo em esclarecer como seu principal ministro fez tamanha fortuna em tão curto espaço de tempo, ao mesmo tempo em que dava expediente no Congresso, foi suficiente para azedar de vez a situação dele.

Se tivesse provas de que não traficou influência, de que não feriu a ética e o decoro, de que não usou o privilegiado acesso ao poder para beneficiar clientes e a si próprio, Palocci já teria há muito dissipado a nuvem que paira sobre sua cabeça.

Um silêncio que dura 20 dias está longe de servir ao benefício da dúvida. Qualquer defesa já vem tarde.

Depois de semanas de cobranças, ontem, finalmente, Palocci decidiu que virá a público dar explicações. Pode ser que aconteça hoje, pode ser que ele ainda aguarde até segunda-feira. Mas um pronunciamento que demora tanto a acontecer já chega completamente esfacelado, com nenhuma credibilidade para ser ouvido.

As tais explicações podem não vir hoje, segundo o Valor Econômico, porque Palocci quer "primeiro tomar conhecimento do noticiário dos jornais e revistas no fim de semana" para "não ser surpreendido com o surgimento de novas denúncias".

Se está tão convicto assim, dá para imaginar o quanto ainda há para ser conhecido.

"Talvez suas palavras cheguem tarde demais. A não ser que o artista surpreenda a plateia. A ponto de explicar, inclusive, porque demorou tanto para apresentar provas tão cabais de que não é apenas um exímio consultor, mas um homem público de conduta irrepreensível", comenta Fernando de Barros e Silva na Folha de S.Paulo.

Também no Valor, o sociólogo Alberto Carlos Almeida calcula a desproporção do êxito financeiro da Projeto, a empresa de consultoria de Palocci, em 2010 para ressaltar o inverossimilhança de qualquer explicação que o ministro venha a dar. É coisa difícil de esclarecer - e de engolir.

Descontando-se os três dias da semana que Palocci teria trabalhado na Câmara, os recessos, os sábados e domingos, sem direito a férias e feriados, o então deputado teria dedicado 165 dias do seu último ano de mandato à sua "consultoria".

Se a Projeto faturou R$ 20 milhões, isso significa que Palocci ganhou, em média, R$ 121 mil para cada dia de trabalho.

Ele faturou tanto quanto, por exemplo, a top model Kate Moss e a tenista Serena Willians, que figuram na lista das "mais poderosas celebridades" da revista Fortune.

"Seria interessante que o Ministério Público, a Justiça, os economistas, universidades etc. procurassem estudar e investigar em que condições um deputado federal consegue ganhar R$ 121 mil por dia no exercício do mandato", sugere o sociólogo.

Não foi só no caso Palocci que o marketing petista esbarrou em seus limites. Também aconteceu com o programa "Brasil sem Miséria", lançado ontem por Dilma Rousseff.

Dos anunciados R$ 20 bilhões de investimentos nas ações, apenas 20% são de fato dinheiro novo; o resto já é gasto com o Bolsa Família. Não colou.

Para O Estado de S.Paulo, "o Brasil Sem Miséria é um pacote que junta intenções do governo, projetos que não saíram do papel no governo Lula e reafirmações de compromissos da presidente na área social".

Para a Folha, o programa "recicla ações". Se for tratado como peça publicitária, o projeto não terá como avançar.

O ato que está para se desenrolar nas próximas horas deve ser o réquiem para a carreira política de Antonio Palocci, o principal ministro do governo Dilma.

Mas o caso não se encerrará aí.

Ainda restará ao petista explicar seu enriquecimento e dissipar as fundadas suspeitas de irregularidades. A crise será afastada do Planalto, até que um próximo escândalo brote na Casa Civil, transformada em bunker de falcatruas na gestão do PT.

Fonte: ITV

FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA : GOVERNO DESREGRADO E DEGENERADO : GASTOS DE R$15 bi COM TERCEIRIZADOS.

Relatório do TCU aponta aumento no contingente dos prestadores de serviço entre 2007 e 2010, o que contraria decreto do governo.
Em vez de reduzir o número de tercerizados no setor público, como manda o Decreto nº 2.271/1997, o governo elevou o contingente.

Segundo dados do site Contas Abertas, em 2007 os gastos com esses trabalhadores foram de R$ 9 bilhões. Em 2010, mesmo com a determinação de que o ano passado seria o prazo final para trocá-los por servidores concursados, as despesas cresceram para R$ 15,5 bilhões.

O desregramento chegou a tal ponto na Esplanada dos Ministérios que algumas pastas, a exemplo da de Esporte, gastam mais com esses prestadores de serviços do que com o pagamento do funcionalismo. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado nesta semana, constatou as irregularidades.

No último ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, quatro ministérios e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) efetuaram mais gastos com tercerizados do que com trabalhadores concursados.
Proporcionalmente, o Ministério do Esporte foi o campeão.

Com o quadro próprio, ele desembolsou R$ 23 milhões. Com os terceirizados, o gasto foi mais de quatro vezes maior, chegando a R$ 97 milhões em 2010.

No Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, as despesas com tercerização atingiram R$ 85 milhões — a folha dos servidores consumiu R$ 46 milhões.

No Turismo, os desembolsos com os prestadores de serviço foram 15,7% maiores do que os com o funcionalismo.

Na Pesca e Aquicultura, 51,8% superior;
e no CNJ, 52,6%.

O que se percebe, portanto, é que, a despeito do prazo inicialmente definido (…) para que os órgãos e entidades federais eliminassem de seus quadros empregados terceirizados de forma irregular, em março de 2011 ainda existem (…) quase 18 mil empregados nessa condição”, constatou o TCU.

A maioria dos funcionários irregulares encontram-se nos Ministérios da Educação (8.844 terceirizados),
da Saúde (4.083)
e do Meio Ambiente (1.474), segundo dados do relatório de contas do TCU.

Victor Martins/CORREIO

PETROBRAS : INSEGURANÇA PARA TRABALHADORES, SITUAÇÃO DEGRADANTE, ALOJAMENTOS SUPERLOTADOS E HIGIENE PRECÁRIA EM SERGIPE.


Numa inspeção feita nas 25 plataformas marítimas da Petrobras em Sergipe, procuradores do Trabalho e auditores fiscais do Trabalho encontraram trabalhadores em situação degradante.
Alojamentos superlotados e higiene precária são algumas das irregularidades flagradas.


No estado, ficam as unidades mais antigas da estatal, algumas que datam da década de 1970. Segundo o procurador Maurício Coentro, algumas plataformas começam a ser desocupadas, por não terem mais condições de manter trabalhadores alojados:


- O embarque ainda é feito por içamento com guindaste, o que é perigoso. Demos um prazo de dez dias (a partir de 27 de maio) para que a Petrobras apresente uma proposta.

Na inspeção, os procuradores encontraram 12 petroleiros "entulhados" num alojamento improvisado para quatro pessoas.
Como não há cozinha nas plataformas, a comida chega muitas vezes fria e até estragada, conta a assessora jurídica do Sindicato dos Petroleiros de Alagoas e Sergipe, ligado à Conlutas, Raquel Oliveira Souza:


- Ainda há discriminação dos terceirizados.
Enquanto os funcionários da Petrobras ficam embarcados sete dias, os terceirizados ficam 14 dias. Não há área de lazer, obrigatórias, e muitos ficam deprimidos, adoecem.


Trabalham 190 petroleiros nas plataformas e dois terços deles são terceirizados, segundo Raquel. Em 17 unidades, o embarque é por guindaste:

- O primeiro a embarcar é obrigado a pular com uma corda, como um cipó, para acionar o embarque nas cestas.

A Petrobras informou que, depois da inspeção, "iniciou o desembarque parcial de trabalhadores terceirizados das plataformas instaladas em águas rasas no litoral sergipano". O relatório dos fiscais aponta que "algumas das instalações são inadequadas para alojamento dos trabalhadores nas plataformas.
Também foi considerado impróprio o acesso dos trabalhadores às plataformas".

Segundo a Petrobras, já foram desembarcados cerca de 80 trabalhadores, o que provocou perda de produção de 160 barris de petróleo por dia.

Somente uma plataforma permanecerá habitada.

Cássia Almeida O Globo

BRASIL : DA MISÉRIA À GORJETA OSTENSIVA DO EX-PALHAÇO ABESTADO AGORA ABASTADO.


Promessa de campanha de Dilma Rousseff, o programa de erradicação da pobreza extrema foi lançado ontem para atingir 16,2 milhões de pessoas.

Gente como Francinete, Maria e Luzineide, que moram em uma invasão na UnB e vivem com menos de R$ 70 por mês.


Valor que não faz falta para o deputado Tiririca (PR-SP), dono de um salário de R$ 26 mil e que premia o barbeiro da Câmara com R$ 75.

A expansão dos programas sociais do governo alcançarão, ainda, os catadores de produtos recicláveis. Eles terão acesso à capacitação no processo e receberão inventivos para melhorar a estrutura nas redes de comercialização do material recolhido.

FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA : PREVISÃO DO PIB ESTE ANO JÁ ESTÁ ABAIXO DE 4%.

Analistas esperam crescimento de 1% a 1,5% de janeiro a março e ritmo menor a partir do segundo trimestre

O primeiro trimestre do ano ainda foi de economia muito aquecida, de acordo com as previsões de analistas para o o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), que será divulgado hoje pelo IBGE.

A taxa esperada está entre 1% e 1,5% frente aos últimos três meses de 2010, num ritmo mais forte do que vinha sendo observado.
No último trimestre do ano passado, a expansão se limitara a 0,7%.

Na comparação entre o primeiro trimestre de 2010 e o de 2011, espera-se alta em torno de 4%. Nas previsões para o fechamento do ano, porém, a aposta na desaceleração fica bem clara, com os analistas prevendo, em alguns casos, taxas abaixo de 4%.

A LCA Consultores aposta em 3,4% de crescimento para 2011, menos da metade dos 7,5% de 2010, a maior expansão desde 1986, auge do Plano Cruzado.
O anúncio da produção industrial de abril, este semana, contribuiu para a revisão das expectativas.

A alta de juros, as medidas para conter o crédito que ainda estão em curso, como o aumento do pagamento mínimo do cartão de crédito de 10% para 15%, são as explicações dos analistas para prever avanço menor este ano:
- O custo do crédito está subindo, o governo está fazendo cortes, a renda vem sendo corroída pela inflação, a confiança do consumidor e do empresário já está caindo, a geração de emprego está perdendo força. De onde virá mais crescimento com esse cenário? - pergunta-se Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores.

A consultoria projetara 4% de expansão no início do ano, depois baixou para 3,6% e, há dois meses, refez as contas e reduziu o número para 3,4%.

Na opinião de Álvaro Bandeira, sócio diretor da Ativa Corretora, a desaceleração somente deve aparecer nos números do segundo semestre. Pelas previsões da corretora, o segundo trimestre ainda vem forte, com alta de 1,3% frente ao início do ano, mas cai para 0,6% no período de julho a setembro.

O resultado da produção industrial de abril, com queda de 2%, ajudou a reduzir as expectativas:
- Alta de juros e contenção de gastos do governo aparecerão com mais força. Vamos rever nosso número do ano de 4,2% para algo entre 3,8% e 4%.

Investimento e consumo lideram crescimento

O perfil da expansão da economia permanecerá o mesmo dos últimos trimestres. Investimento e consumo das famílias crescendo mais. Para a formação bruta de capital fixo (denominação dada nas contas nacionais ao investimento), espera-se alta superior a 10% frente ao primeiro trimestre de 2010.

O HSBC, por exemplo, projeta alta de 15%:
- A demanda está forte, o que se reflete no investimento e consumo das famílias, que deve crescer 6% frente ao primeiro trimestre de 2010 - afirmou Constantin Jancsó, economista-sênior do HSBC Bank Brasil.

Cássia Almeida O Globo

03/06/2011 09:30 Atualização: 03/06/2011 09:54

Rio de Janeiro -
O Brasil cresceu oficialmente 1,3% no primeiro trimestre do ano comparado ao último de 2010, uma expansão ligeiramente superior às apostas do mercado financeiro (1,2%). Frente a igual período do ano anterior, o avanço foi de 4,2%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país) neste início de ano foi puxado principalmente por agropecuária, que registrou taxa de crescimento de 3,3% Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 939,6 bilhões.

Ainda na comparação trimestral, os investimentos se destacaram ao registrar um incremento de 1,2%. Os gastos do governo também continuaram a crescer e avançaram 0,8%. O consumo das famílias se expandiu 0,6%.