"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 17, 2011

O BRASIL, O HIV , E A "IMUNODEFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA" DA SAÚDE SOB A "GESTÃO" DO (P)artido (T)orpe.


O Brasil já foi reconhecido por ter o mais avançado sistema de prevenção e combate à aids do mundo. Isso, infelizmente, está se tornando coisa do passado. Novamente às voltas com falta de medicamentos para tratamento de pacientes com HIV, o programa brasileiro flerta hoje perigosamente com a má gestão e o amadorismo, à mercê da ausência de planejamento.


Em sua edição de hoje, O Estado de S.Paulo revela que estão em falta nas unidades públicas de saúde, que distribuem gratuitamente o coquetel de antirretrovirais, pelo menos três medicamentos: atazanavir, saquinavir e didadosina. Ano após ano, o problema se repete.

Milhares de pacientes serão obrigados a se virar como podem para continuar seus tratamentos. "O atazanavir, droga da Bristol usada por 33 mil pessoas, está em falta em pontos localizados do país. Também foram registradas queixas de falhas na entrega do saquinavir, adotado na terapia de 800 pacientes, e da didadosina, droga usada por 3,7 mil pessoas", informa o jornal.

Ante mais um desabastecimento, anteontem o Ministério da Saúde orientou médicos a substituir os medicamentos em falta por outras drogas ou a diminuir a quantidade entregue aos pacientes com HIV. Tudo em desacordo com o que estipulam as melhores práticas médicas.

Uma das características mais importantes da profilaxia da aids é a não-descontinuidade do tratamento. A substituição muitas vezes significa mais reações adversas, incômodos e, sobretudo, aumento de risco de abandono do tratamento pelo paciente. Junte-se também o desgaste emocional de quem está sob tratamento e se vê, de uma hora para outra, sem acesso às drogas. Mas parece que os gestores do PT não se dão conta de nada disso.

Não é a primeira vez que faltam drogas para tratamento de aids no sistema público brasileiro. No ano passado, os pacientes conviveram por até cinco meses com carência de quatro medicamentos: abacavir, lamivudina, nevirapina e a associação entre lamivudina e zidovudina. 176 mil pessoas foram afetadas, incluindo crianças. Em 2005, o fornecimento do abacavir também apresentara problemas.

Segundo o Ministério da Saúde, o que está acontecendo agora é uma "junção de atrasos, problemas que foram se somando". O governo promete solução para "a próxima semana". No ano passado, a culpada foi a distribuição, e o problema só foi equacionado cinco meses depois que surgiram os primeiros sinais de desabastecimento.

O vírus da aids não espera burocrata se organizar para agir. A cada dia, 30 brasileiros morrem em consequência da doença, cuja incidência atualmente cresce sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do país.

A cada ano, em torno de 20 mil novos pacientes recorrem aos postos de saúde para receber o coquetel antiaids. E é justamente aí que repousa a força da outrora impecável política adotada no país: a distribuição gratuita de medicamentos a todos os pacientes com HIV, garantida por lei (nº 9.313) sancionada em 1996 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

A experiência brasileira foi pioneira no mundo, com resultados bastante positivos em termos de controle da aids, maior qualidade de vida para os pacientes e redução de custos. (Esta trajetória foi analisada pelo Instituto Teotônio Vilela em maio do ano passado.)

Nos seis primeiros anos de vigência da lei, a política adotada pelo governo tucano reduziu pela metade a mortalidade causada pela aids no país. Estima-se que, apenas entre 1996 e 2002, 90 mil mortes tenham sido evitadas e as internações tenham decaído 80%.

Tudo graças à larga, perene e sistemática distribuição gratuita de antirretrovirais, que o PT põe agora novamente sob risco.


Fonte: ITV

OS BANCOS CENTRAIS E A ALTA NOS PREÇOS DAS COMMODITIES.

Antes da catástrofe japonesa, o preço das principais commodities havia disparado, pressionando a inflação no mundo todo. O petróleo foi um caso especial, por conta das tensões crescentes no Oriente Médio. Os bancos centrais poderão cair na tentação de culpar apenas este choque de oferta” pelo problema inflacionário.

Se fizerem isso, continuarão “atrás da curva” por algum tempo, mantendo as taxas de juros abaixo do patamar necessário para conter a alta dos preços. Seria uma atitude extremamente arriscada.

É verdade que as revoltas na Líbia e outros países da região produziram um choque no preço do petróleo, mas esta não é a causa principal da inflação no mundo atualmente.
A tendência do preço das commodities já era de alta desde meados do ano passado, quando ninguém sabia o que era “Revolução de Jasmim”.

Para ser mais exato, o CRB, índice das principais commodities, iniciou rápida trajetória de alta na época em que o Fed sinalizou seu segundo “quantitative easing”. O quadro de incertezas no Oriente Médio apenas jogou mais lenha na fogueira inflacionária.
Mas esta já havia sido acesa e estimulada antes.

A crise de 2008 trouxe à tona um modelo insustentável de crédito excessivo e gastos públicos explosivos. Após o estouro da bolha, os principais bancos centrais do mundo partiram para uma política monetária extremamente frouxa, na esperança de estimular novamente o crescimento econômico e reduzir o desemprego.

Mas a alquimia está fadada ao fracasso.
Não se produz riqueza verdadeira com a impressão de moeda de papel ou outras medidas heterodoxas de estímulo artificial. O que isso pode produzir é somente algum crescimento insustentável, postergando os ajustes necessários e criando novas bolhas. As commodities parecem ser a bola da vez.

Com governos gastadores que se recusam a realizar reformas estruturais mais sérias e bancos centrais que focam mais no crescimento do que na estabilidade geral de preços, o mundo se viu inundado por nova onda de liquidez.
A lógica dessa escola econômica funciona mais ou menos assim: o banco central cria liquidez do nada, consegue inflar o preço dos ativos novamente, isso acaba estimulando o consumo, as empresas resolvem investir para atender a demanda, e o desemprego finalmente cai. Todos ficam felizes. Seria fantástico se funcionasse de forma tão simples.


O Zimbábue aprendeu que pode custar muito caro brincar de alquimista.
Um dos resultados deste estímulo monetário foi justamente a tendência de alta das commodities. Com China, Índia e outros países emergentes crescendo de forma acelerada, bilhões de novos consumidores entraram nos mercados, disputando os produtos básicos, tais como alimentos.

Uma vez que não há contrapartida adequada no lado dos investimentos, a demanda supera a oferta, e o preço sobe. Ben Bernanke e Trichet, respectivamente do Fed e BCE, podem até ficar espantados com o “choque de oferta” do petróleo e tirar o corpo fora em relação à inflação. Mas o fato é que esta é fruto de uma política deliberada, e não do acaso ou da revolta de jovens árabes.

Os banqueiros centrais se encontram num dilema agora. Se aumentarem rapidamente as taxas de juros para conter a pressão inflacionária, podem ameaçar a retomada do crescimento, que tem pilares frágeis e artificiais. Mas se permanecerem “atrás da curva”, na esperança de que tudo não passa de um problema pontual no Oriente Médio, estarão jogando gasolina na fogueira.
Uma grande bolha poderá se formar, com efeitos catastróficos depois, quando seu estouro for inevitável. Os bancos centrais do mundo todo estão brincando com fogo.

Para os investidores, este é um cenário de extrema incerteza, pois o resultado depende muito da reação de poucas autoridades. Caso a opção seja pela negligência, então os ativos ligados às commodities podem seguir na tendência de alta por mais algum tempo. O ouro, que já está perto de seu patamar máximo histórico, poderá subir ainda mais.

As ações, neste cenário, podem subir também, ao menos em termos nominais. Mas se a inflação sair mesmo do controle, e os bancos centrais tiverem que puxar rapidamente os juros, então até uma nova recessão mundial não pode ser descartada. Neste caso, quem tiver apostas em bolsa perderá.

A inflação está aí e é basicamente o resultado de estímulos monetários. Ignorar isso é como jogar roleta-russa. Os investidores devem ter isso em mente, e aumentar a cautela no momento. A desgraça que se abateu sobre o Japão produz novas incertezas, mas, a princípio, não altera o quadro geral.

Rodrigo Constantino, jornal Valor Econômico

GOVERNO ESTUDA OPÇÃO PARA PREVIDÊNCIA SOCIAL.

Além de idade mínima, alternativa seria soma de anos e tempo de contribuição

O governo já começou a preparar as bases para uma minirreforma da Previdência Social. Ontem, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, afirmou que o governo prepara uma alternativa ao fator previdenciário, usado no cálculo dos benefícios dos trabalhadores do setor privado que reduz os ganhos de quem se aposenta mais cedo. A opção é estabelecer idade mínima para a aposentadoria.


Dos três pontos que a equipe econômica quer atacar, como antecipou O GLOBO na última segunda-feira, o mais polêmico é o que trata do fator previdenciário. Os demais são a criação do fundo de previdência complementar dos servidores públicos, há quatro anos no Congresso, e o regime de pensão por morte.

O fator já está desgastado: foi derrubado no Congresso e só está em vigor porque Lula vetou seu fim. Por isso, a Previdência estuda alternativas, embora a opção pela idade mínima também seja polêmica. A inspiração vem da reforma do serviço público em 2003.

Mas também está na mesa o chamado "fator do B", pelo qual a soma da idade da pessoa e do tempo de contribuição deve chegar a 95 (homens) e 85 (mulheres) para que ela tenha aposentadoria integral. A chamada "fórmula 95" é considerada mais palatável por parlamentares e integrantes do governo, tendo chegado a ser discutida em 2009.

Alves afirmou, no seminário "O futuro da Previdência no Brasil", que a questão da idade mínima está sendo analisada. O ministro, que votou pelo fim do fator previdenciário, disse que mudou de opinião ao chegar ao governo.
Para ele, não é possível acabar com o fator, que rendeu economia de R$10,1 bilhões de 1999, quando foi criado, a 2009.
- Estamos estudando uma proposta de idade mínima para confrontar com o fator.
Vamos apresentar as duas à presidente Dilma Rousseff para que ela decida - afirmou.

Martha Beck e Cristiane Jungblut O Globo