"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 22, 2012

CHARGE - Amijubi, Zuzeco ou Fuleco? NÃO ! PINTOU UMA EXCELENTE SUGESTÃO PARA BATIZAR O NOSSO SIMPÁTICO TATU-BOLA

 
Autor desconhecido

CÃO RAIVOSO ! E SOBRE O "GOLPE DAZ OPOZISÃO"... Carta de apoio a Lula causa insatisfação no PMDB e aliados


Dirigentes do PMDB afirmaram que o partido foi constrangido a assinar a nota, articulada pelo PT, na qual cinco legendas da base aliada defenderam o ex-presidente Lula e acusaram a oposição de tentativa de golpe, como antecipou a coluna Panorama Político.

O PP e o PR não foram procurados para assinar a Carta à sociedade, mas desaprovaram o teor. Veja também Segundo peemedebistas, o presidente do PT, Rui Falcão, teria chegado com a nota pronta, e já assinada por outros partidos aliados, deixando o presidente do PMDB, Valdir Raupp, numa saia justa.

Depois de chancelar o documento, Raupp avisou o vice-presidente Michel Temer e disse que não teve como não assinar uma nota de solidariedade a Lula. Lideranças do PMDB, além de desaprovarem o texto, alegam que não foram consultados sobre o apoio.

O tom da nota foi considerado péssimo pelo PMDB e fora de sintonia com o momento atual do país, principalmente a parte em que acusa a oposição de práticas golpistas. Esse trecho causou estranheza em dirigentes peemedebistas, já que, de acordo com eles, o Brasil tem uma democracia consolidada e um governo sólido.

É claro que seríamos solidários ao Lula, mas sem atacar, sem radicalismos.
 Faríamos de uma forma mais peemedebista disse um integrante do partido. Membros do PMDB também criticaram Valdir Raupp por assinar o documento proposto pelo PT sem submetê-lo antes ao partido:
Foi um gesto solitário do Raupp.

Ele deveria ter consultado o partido reclamou um peemedebista.
O PP, que não assinou a nota, também reprovou o tom do texto.

Lideranças do partido consideraram um erro de estratégia, já que o documento, segundo eles, acabou jogando mais holofotes sobre a matéria da revista Veja, na qual o publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, supostamente acusa o ex-presidente Lula, em conversas com terceiros, de envolvimento com o esquema de corrupção: E política não se faz por escrito afirmou uma liderança do PP.

 A ideia da nota teria sido levantada pela primeira vez no domingo passado, em conversa entre Lula, Rui Falcão e o governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, em almoço no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo. 

Na ocasião, Lula reclamou da matéria da Veja. Na terça-feira, Falcão telefonou para o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, e o consultou sobre a ideia da nota.

O presidente do PT enviou então uma primeira versão do texto para o socialista, que reescreveu e fez uma segunda versão. Falcão procurou então Raupp e o PRB do candidato a prefeito de São Paulo, Celso Russomano, enquanto Amaral conversou com Eduardo Campos, com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e com o do PDT, Carlos Lupi.

Em Niterói, onde participou de evento do PT, Rui Falcão negou que tenha pressionado ou coagido o presidente do PMDB, Valdir Raupp, a assinar a nota. Sobre o mal-estar instalado no partido aliado, não quis comentar. Não posso dar opinião sobre o que acham setores do PMDB. O partido é um aliado de primeira hora do PT, e temos total confiança nisso.

Eu não pressionei.
Sou presidente do PT e falei diretamente com o presidente do PMDB.
Submeti a nota a ele e dei total liberdade para que ele, se não quisesse, não assinasse. Ele não cogitou isso. E teve a liberdade de mexer no conteúdo, o que não fez afirmou Falcão.

O presidente do PT atribuiu à pressa o fato de o PR e o PP não terem aderido ao manifesto.  Ele disse que na última quarta-feira não houve tempo de procurar os representantes dos dois partidos.

E ironizou dizendo que ainda dá tempo de quem quiser, inclusive a oposição, aderir à carta: A nota está em aberto para quem quiser assinar. Como nós tínhamos problema de timing, quanto mais consultas a gente fizesse, mais tempo a nota demoraria para sair. Não os procurei pela falta de tempo.

A nota é em solidariedade ao presidente Lula e pode incluir até os partidos de oposição, se acharem que os ataques foram indevidos. Falcão comparou o momento vivido por Lula aos do final dos governos dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart.

Para ele, há uma tentativa da direita golpista de assumir o poder:
Temos que prevenir a nossa sociedade contra os aventureiros que atacam a honra do presidente Lula tentando colocá-lo na vala comum de um processo pelo qual ele não deve nada. Vamos lembrar que, em 54, eles atacaram um presidente popular que se suicidou (em referência a Getúlio Vargas).

Em 64, em nome do combate à corrupção e à subversão, puseram 21 anos de ditadura sanguinária na nossas costas. Presidente do PTB e delator do mensalão, Roberto Jefferson criticou o PT pela nota e afirmou que o documento deixa antever a disputa por espaço, em 2014, entre os aliados do governo.

 A briga por 2014 está tão feia que os ditos aliados estão disputando espaço até mesmo em uma mequetrefe notinha disse ele. Na verdade, o PT tinha que agradecer aos céus pela oposição que tem.

Se fosse apenas um pouco parecida com o PT do passado, que usava e abusava da calúnia, da difamação e da denúncia, Lula não tinha deitado e rolado depois do escândalo do mensalão. Na noite de sexta-feira, os pedetistas Critovam Buarque, Pedro Taques e José Antonio Reguffe pediram esclarecimentos ao presidente do partido, Carlos Lupi.

Eles dizem que foi com surpresa que tomaram conhecimento pela mídia de uma nota que você assinou em nome do nosso partido (PDT).

Gostariamos de ter sido consultados antes desta nota assinada em nosso nome, porque se tivéssemos sido consultados seríamos contra.

1. Porque não vemos gesto golpista por trás das falas e matérias. Além de ser um direito inerente às oposiçes fazerem críticas, em nenhum momento tocaram na Presidenta Dilma. Consideramos mais ameaçadores à democracia as consequências dos imensos gastos publicitários feitos pelos governos.

2. As referências à presses sobre os ministros do STF passam imagem de desrespeito ao poder judiciário, que nesse momento vem desempenhando um importante trabalho, reconhecido pela opinião pública como decisivo na luta pela ética na politica.

Mais importante seria mudar o sistema de escolha dos futuros ministros, para que não pesem dúvidas sobre a independência de cada um dele.

O Globo

OPORTUNIDADE PARA NOVOS RUMOS ! Julgamento do mensalão gera discussões sobre os rumos do Brasil

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O julgamento do mensalão é uma boa oportunidade para discutir não apenas a ética de políticos e magistrados, mas também os rumos do Brasil, na avaliação de analistas políticos.

Diante do cenário em que, pela primeira vez, a polícia do próprio governo concluiu investigação sobre os dirigentes do partido no poder e o Ministério Público os denuncia à Corte suprema, o país se pergunta:
Nossas instituições saem fortalecidas desse processo?

A velha sensação de impunidade que permeia o imaginário melhora ao se assistir a um evento com réus deste porte? O Brasil dá passos importantes no combate à corrupção? Até que ponto estamos fadados, como sociedade, a conviver com ela?

 Autor, ao lado de Timothy Power, de "Corruption and Democracy in Brazil:
The Struggle for Accountability" (ainda inédito no Brasil), o professor da American University em Washington Matthew Taylor vê um paradoxo em todo o processo. De um lado, ele representa um avanço para a democracia e as instituições brasileiras.

A polícia do governo (Federal) agiu com independência e a Justiça foi chamada a agir. De outro, será que o Supremo Tribunal Federal (STF) é o poder ideal para fazer isso? Por que demorou tanto?

Fica a impressão de que o Judiciário brasileiro é muito lento e precisa melhorar diz Taylor, salientando que o STF não seria capacitado para julgar processos penais, dada sua natureza constitucional.

A lentidão da Justiça assim como o fato de os crimes de corrupção terem um período de prescrição relativamente curto se comparado ao de outros países é apontada por Alejandro Salas, diretor de Américas da Transparência Internacional, como determinante para que as sensações de corrupção e impunidade persistam no Brasil.

Apesar dos "significativos avanços institucionais", o país aparece na 73ª posição no ranking da organização, que avalia a corrupção em 182 países. Se o julgamento for conduzido às claras e a opinião pública tiver a percepção de que ele foi justo e transparente, o Brasil pode crescer muito com isso diz.

Outro fator que preocupa, no caso do mensalão, é saber se caso haja condenados as penas serão devidamente cumpridas. Peter Hakim, do Diálogo InterAmericano, com sede em Washington, acha o sistema judiciário brasileiro "disfuncional", no sentido de que acaba beneficiando "bons advogados e réus com dinheiro para pagá-los".

 A Constituição de 88 protegeu bastante o indivíduo, o que é bom, mas acabou também criando infinitas possibilidades de recursos como habeas corpus, de responder a processos em liberdade e cumprimento de penas proporcionais baixas.

Para Leonardo Avritzer, coordenador do Centro de Referência do Interesse Público (Crip) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor do "Dicionário Analítico da Corrupção", o julgamento do mensalão é propício para se corrigir distorções do sistema político, como a dificuldade de se governar no presidencialismo de coalisão e na forma de financiamento de campanha.

O presidente precisa conseguir maioria no Congresso para governar, seu partido tem uma bancada que é pequena para isso. São distorções assim que desembocam no mensalão.

As condenações em relação a fatos comprovados podem fazer com que o sistema político faça sua própria reforma acredita o cientista político. Avritzer defende a diminuição do número de partidos e o financiamento público de campanha.

Para ele, no fim das contas o julgamento mostra que "dinheiro público já financia o sistema político brasileiro, só que de maneira ilegal e condenável moralmente".

Autor do livro "Corrupção, democracia e legitimidade", o cientista social Fernando Filgueiras vê o julgamento como resultado de uma "conjunção entre mudanças institucionais e na cultura política brasileira", e também propõe mudanças no financiamento de campanhas.

Pessoas jurídicas não votam e, portanto, não poderiam interferir no processo eleitoral e nem doar recursos para candidatos sugere. Alfredo Valadão, da Sciences Po, de Paris, concorda e fala sobre a importância de se ter "coragem para levar adiante a tão sonhada reforma política".

Reformas que acompanhem esta sociedade modernizada que está surgindo aqui, que pela primeira vez valoriza o indivíduo e se mostra menos tolerante com a corrupção, querendo que os políticos prestem contas do dinheiro que ela paga em impostos explica.

Mas a realidade ainda não é bem assim, na visão de Marco Morel, doutor em História pela Universidade Paris I e autor de "Corrupção mostra a sua cara", lançado no dia do início do julgamento do mensalão.

Morel lembra que uma grande parcela da população não recebe educação de qualidade. Para ele, ainda é forte a sensação de impunidade e a crença de que "o jeitinho brasileiro releva delitos". Em que outro país existe um verbo, "malufar", criado a partir de um acusado de corrupção na lista da InterPol (Paulo Maluf)?

Desde Tomé de Souza (primeiro governador do Brasil, nomeado por Dom João III em 1549), passando por Adhemar de Barros (prefeito e governador de São Paulo entre os anos 50 e 60), aquele do "rouba mas faz", convivemos e somos relativamente condizentes com nossos corruptos.

Está melhorando, mas essa permissividade é um pouco cultural, difícil de transformar acha o escritor.

Filgueiras discorda:
 Se a corrupção fosse a própria identidade do povo brasileiro, não haveria corrupção porque ela seria a regra e não a exceção.

Se assim fosse, também não haveria sentido em construir instituições para tentar manter a corrupção sob controle.

O problema da corrupção no Brasil é institucional e não identitário.

O Globo