"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 09, 2011

"PARA O BRASIL CONTINUAR MUDANDO" : Recuo da indústria de bens de consumo popular.

A Pesquisa Industrial Mensal sobre a Produção Física Regional de abril do IBGE, divulgada ontem, mostrou que se espraia a retração do setor secundário por 9 das 14 regiões pesquisadas, com forte recuo (de 5,8% a 15,2%) da produção de alimentos, têxteis, máquinas e equipamentos e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

E isso se deve não só à perda do poder de compra dos trabalhadores, em consequência da inflação oficial de 6,55% nos últimos 12 meses, mas às dificuldades da indústria local de concorrer com os bens importados, sobretudo chineses, que se aproveitam do câmbio favorável para aumentar sua fatia no mercado interno brasileiro.

Um dos aspectos mais negativos é a queda no setor de bens de capital, confirmando os dados do IBGE sobre o ritmo de investimentos do primeiro trimestre.
Mas o dado parece ser pior para a indústria local, haja vista o volume de importações de máquinas.

Escaparam da queda os setores farmacêutico - que, em relação a abril de 2010, cresceu 75,3%, no Rio,
e 26,5%, em São Paulo -;
celulose e papel, com alta de 4,7% (aumento de 48,5%, em Minas Gerais);
e outros equipamentos de transporte.

Na mesma base de comparação, a produção caiu 16,2% no Ceará, com a paralisação da produção de refino de petróleo e álcool,
e 11,1% em Goiás, mas também foi expressiva a queda em
Santa Catarina (-7,7%)
e Pernambuco (-7,4%).

Foram exceções, nesse cenário,
Amazonas,
Pará e Espírito Santo -
que se recuperou da enorme queda ocorrida no auge da crise global, em 2009, beneficiando-se, nos últimos meses, com a alta de preços das commodities e atividades correlatas (minério de ferro, siderurgia e petróleo).

De forma geral, os dados ainda são positivos quando comparados os últimos 12 meses, até abril, com os 12 meses anteriores.
Mas, tudo indica, trata-se apenas de efeito estatístico, que deverá se dissipar nas próximas pesquisas conjunturais, à medida que os meses favoráveis de 2010 sejam substituídos pelos desfavoráveis de 2011.

Entre os Estados com maior peso na indústria, a de São Paulo caiu 3,8%, entre março e abril, e 2,3%, na comparação com abril de 2010, acima da média nacional, que declinou, respectivamente, 2,1% e 1,3%.

O Rio, ao contrário, contribuiu para a melhora, com aumento em todas as bases de comparação da indústria, que cresceu 7,3% em relação a abril do ano passado.

Nem a Região Nordeste, maior beneficiária dos programas assistenciais do governo federal, teve como evitar quedas da indústria, superiores a 6%, tanto na comparação com abril de 2010 como no acumulado do ano.

O Estado de S. Paulo

FUNDOS PERDEM R$ 7,2 bi.Trabalhadores sacam recursos dos investimentos para pagar dívidas com bancos e lojas. Saldo negativo é o maior desde dezembro.

Pendurados no cheque especial e no cartão de crédito e com o poder de compra dos salários corroído pela inflação, os brasileiros estão raspando as economias para saldar as contas.

Depois de atacar a caderneta de poupança, os trabalhadores se voltam agora para os fundos de investimento, que registraram um resgate líquido (saques maiores do que aplicações) de R$ 7,16 bilhões em maio.

Esse foi o maior saldo negativo desde dezembro, segundo os dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No mês passado, as aplicações somaram R$ 189 bilhões, mas foram superadas pelos resgates de R$ 196,1 bilhões.
As retiradas foram 3,76% maiores do que os investimentos.

Com a incorporação da rentabilidade ao principal investido, entretanto, o patrimônio líquido somado de todos os fundos aumentou 0,2%, atingindo R$ 1,73 trilhão.
A modalidade de fundos multimercados, que aplicam em diversos ativos, liderou as retiradas líquidas em maio, com R$ 10,2 bilhões.

"Contribuiu para esse resultado o resgate aproximado de
R$ 3,5 bilhões referente ao come-cotas", assinalou a Anbima em relatório.
A cada seis meses, os fundos recolhem uma parcela de Imposto de Renda sobre seus
ganhos, chamada de come-cotas.

Os fundos DI, que ganham quando os juros estão em alta, recuaram R$ 2,18 bilhões. Apesar da rentabilidade maior, os aplicadores estão preferindo embolsar o dinheiro, o que é um sinal do seu grau de endividamento.
As aplicações em renda fixa tiveram saque líquido de R$ 3,35 bilhões.

Apesar das retiradas de maio, após o agravamento das dívidas, os fundos ainda acumulam uma captação líquida de R$ 43,7 bilhões no ano, o melhor desempenho para os cinco primeiros meses desde 2006.

No mês, as aplicações em renda fixa foram o destaque positivo em termos de rentabilidade, com ganho de 1,07%.
Na ponta contrária, as carteiras de ações atreladas ao IBrX Ativo, um dos indicadores da Bolsa de Valores de São Paulo, tiveram queda de 2,48%.
O mesmo se deu no apurado em 2011 — a renda teve rentabilidade de 5,02%, enquanto o fundo de ações, retração de 5,87%.

Luz amarela
Na segunda-feira, a Anbima havia divulgado os dados sobre a poupança, que teve resgate líquido de R$ 1,3 bilhão no mês. Somada ao resultado negativo de abril, a retirada chegou a R$ 3 bilhões, o que acendeu a luz amarela.

Existe um consenso entre os analistas de que a fuga dos investidores, que afeta tanto a tradicional caderneta como ativos mais sofisticados, tem como objetivo angariar recursos para a quitação de débitos.
Segundo o Banco Central, os brasileiros devem R$ 806 bilhões a bancos e cooperativas.

Levantamento da Confederação Nacional do Comércio apontou que 64% das famílias estão endividadas e pesquisa da Kantar Worldpane mostrou que 53% delas já têm um passivo maior do que a renda.

Correio Braziliense

JESUS ME CHICOTEIA II : "MODELO BRASILEIRO" É O DESAFIO DA "PRESIDENTA". pOBRE pOVO.

Em análise feita pelo jornal espanhol "El País", o grande desafio de Dilma Rousseff e de todos os que integram a área econômica de seu governo é "controlar a inflação sem frear muito o crescimento econômico e sem perder a extraordinária imagem que Lula tinha como defensor dos setores mais excluídos da população".

Em "O desafio do modelo brasileiro", a correspondente do jornal El País em Buenos Aires, Soledad Gallego-Díaz, diz que a presença de Palocci era uma garantia de que essa linha econômica seguiria adiante, mas sua ausência tampouco compromete esse objetivo.


Ela diz que o plano desenhado por Dilma é levado em frente tanto pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, que vem subindo a taxa básica de juros, quanto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que colocou em marcha uma série de medidas macroprudenciais que tentam frear o fortalecimento do real, "um grande perigo para a pujante economia brasileira" e moderar o fluxo de capitais, "que não para de entrar".

- A ideia é manter o crescimento em 5,5% em 2011 e em 4,3% em 2012.
Mas nada disso servirá se Dilma não conseguir manter a esperança da maioria da população de que sua vida continuará melhorando e não os convencer de que a herança de Lula está em pleno desenvolvimento - diz a jornalista.


No artigo, Gallego-Díaz afirma ainda que a inflação continua acima das previsões, apesar de os últimos dados terem apontado queda, "mas muitos analistas estimam que isso se deu pelo preço dos combustíveis, por isso, muitos continuam insistindo na necessidade de cortar substancialmente o gasto público".

- Aí surge o primeiro grande problema político para Rousseff, porque no Brasil, apesar de sua transformação, uma parte da população vive ainda abaixo dos níveis da pobreza absoluta, o sistema educativo é de má qualidade e o país precisa de um importante programa de infraestruturas, não só para os Jogos, mas porque é imprescindível para seu desenvolvimento - afirma ela.

Valéria Maniero/O Globo

NO PAÍS DA "PRESIDENTA/ GERENTA" DE NADA E COISA NENHUMA SÓ TRABALHAM EM CAUSA PRÓPRIA PARA ENRICAR! DEIXAMOS DE SER EXPORTADORES DE CELULARES.

Tradicional exportador de celulares, o Brasil, no mês passado, vendeu poucos aparelhos ao mercado estrangeiro, segundo números da balança comercial. Embora boa parte da sua matéria-prima seja importada, o Brasil perdeu fábricas para antigos clientes, como a Venezuela e a Argentina.

- Hoje, os celulares são um produto de exportação como outro qualquer.
Em abril, houve uma queda acentuada. Se o dólar ficar neste nível, a mão de obra vai encarecer para nós. Aí, não dá para segurar - disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Humberto Barbato.


Região muito prejudicada pela concorrência desleal chinesa e pelo câmbio, o Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, tinha como forte a produção de calçados e produtos metal-mecânicos.
Agora há uma mudança no perfil e o grande interesse dos investidores no local se concentra em pesquisa e tecnologia.

- Está havendo uma reconversão - diz o professor de Economia da Unisinos André Filipe Zago de Azevedo.

O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Bernardini, destacou que a indústria brasileira de transformação está perdendo participação no PIB de forma prematura.

Sua avaliação tem a concordância do economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza:

- Estamos acompanhando os dados da indústria e a evolução das importações de manufaturados, e observamos que nada mudou em relação ao ano passado (na tendência de importação).

Para piorar, com o forte recuo de 2% da produção industrial em abril frente a março, a indústria vive, de fato, um momento de fragilidade.

(Eliane Oliveira e Vivian Oswald)O Globo