"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 16, 2012

E NA REPÚBLICA DOS TORPES... Delta confirma fala de Cavendish sobre o preço de políticos

A suspeita de que a empresa Delta Construções paga propinas para conseguir obras foi reforçada domingo à noite, com a divulgação de áudio em que o dono da construtora, o empresário Fernando Cavendish, fala dos milhões necessários para molhar a mão de políticos.

O áudio foi divulgado no site "Quid Novi" pelo jornalista Mino Pedrosa, que já fez trabalho de consultoria para o laboratório farmacêutico Vitapan, de propriedade do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em nota, a empresa confirma que as falas são de Fernando Cavendish, mas ressalta que elas são parte de uma conversa gravada clandestinamente em dezembro de 2008.

Segundo a Delta, o que é dito ali tem os verbos flexionados no condicional, como um exemplo hipotético, e foi pronunciado num tom claro de bravata.


- Se eu botar 30 milhões na mão de um político, eu sou convidado para coisa para caralho. Pode ter certeza disso.Te garanto - diz Cavendish.

Em outro trecho, é possível ouvir:

- Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado: "ô, senador fulano de tal, se convidar, eu boto o dinheiro na tua mão".

Cavendish deixa claro que não é qualquer um que vai receber propina dele.

- Eu não me interesso pela raia miúda. Nenhum interesse por raia miúda. Para que raia miúda?

Segundo a Polícia Federal, que prendeu Cachoeira em fevereiro durante a operação Monte Carlo, a Delta transferiu dezenas de milhares de reais para empresas de fachada controladas pelo bicheiro. De acordo com o jornalista que divulgou o áudio, as declarações de Cavendish foram dadas durante reunião da diretoria da empresa.

Leia a íntegra da nota da Delta:

N O T A À I M P R E N S A

O blog do jornalista Mino Pedrosa divulgou no domingo 15 de maio a edição parcial de um áudio gravado clandestinamente em dezembro de 2008 durante reunião na qual se discutia a cisão societária entre as empresas Delta Construção e Sygma Engenharia.

A Delta Construção tem a dizer sobre isso:

1. O trecho é parte editada de uma longa discussão em que os controladores das duas empresas, Delta e Sygma, discutiam em dezembro de 2008 os termos de uma dissociação. Um dos antigos proprietários da Sygma que estão sendo processados pelos controladores da Delta Construção, gravou a longa discussão e pinçou aquele trecho a fim de promover chantagens negociais contra a empresa.

2. O áudio não representa o que a Delta Construção e seus controladores pensam. Antes de tudo, o que é dito ali tem os verbos flexionados no condicional, como um exemplo hipotético, e foi pronunciado num tom claro de bravata.

3. Tanto a Delta Construção como todos os seus acionistas controladores, diretores e executivos têm profundo respeito pelo Congresso Nacional, pelos congressistas, pelas instituições republicanas e pelo Poder Público.

4. Fernando Cavendish Soares reafirma, por sua vez, que o que está dito naquele áudio gravado clandestinamente em dezembro de 2008 não expressa a sua opinião e foi pronunciado em tom de bravata em meio a uma discussão entre ex-sócios que desde então se enfrentam na Justiça.

Ana Faraco
Conselho de Administração
Delta Construção

AGU vê irregularidades em 60 contratos da empreiteira com o Dnit

Análise da Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que, entre 2007 e 2010, foram constatadas irregularidades em pelo menos 60 contratos celebrados entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Delta Construções.

A extensão do dano pode ser maior, uma vez que, como destacado pela assessoria de imprensa, "o quadro não traz todos os trabalhos realizados pela CGU, mas sim uma amostra das apurações realizadas, entre 2007 e 2010, em obras de diversos estados".


Essas obras foram tocadas em Alagoas,
Bahia,
Ceará,
Espírito Santo,
Goiás,
Maranhão,
Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul,
Pará,
Paraíba,
Pernambuco,
Piauí,
Rio de Janeiro,
Rondônia,
Sergipe,
São Paulo e Tocantins.
Ao todo, esses contratos somam R$ 632,3 milhões, mas não há um valor exato de quanto desse dinheiro pode ter sido desviado.


O PSDB já anunciou que vai tentar ouvir Cavendish na CPI do Cachoeira, assim que ela for instalada. Também vai pedir a quebra dos sigilos fiscal e telefônico do empresário.

- Delta é a empresa que mais recebe recursos do governo federal no PAC, cresceu fortemente nos últimos anos e aparece com frequência nas gravações do caso Cachoeira. Cavendish precisa explicar sua atuação e suas declarações - disse o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).

O Globo

Mais brasil maravilha : Prévia do PIB mostra recuo da economia pelo 2º mês consecutivo


A economia brasileira encolheu pelo segundo mês seguido. De acordo com os cálculos do Banco Central (BC), o IBC-Br, índice que mede o crescimento do país, caiu 0,23% em fevereiro, levemente acima das apostas do mercado financeiro.

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pela autoridade monetária.


Foi o segundo mês seguido de queda do indicador, sendo que em janeiro, quando comparado com dezembro, houve retração de 0,18% na economia brasileira.

Nos últimos 12 meses, o IBC-Br acumula alta de 2,05% até fevereiro.
O dado é menor do que no mês passado, quando estava em 2,44%, o que mostra uma desaceleração da atividade econômica.


O objetivo do governo neste ano é o de garantir crescimento da economia na casa de 4%, apesar de o próprio BC calcular uma expansão de 3,5% no Produto Interno Bruto.

Para tanto, o governo vem anunciando medidas para acelerar a atividade e estimular o consumo. As mais recentes aconteceram no início de abril, num pacote de pouco mais de R$ 60 bilhões entre desonerações e nova injeção de capital no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O índice foi criado pelo Banco Central para balizar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), já que os dados oficiais do IBGE demoram três meses para serem conhecidos.

O Globo

O brasil maravilha SEM "MARQUETINGUE" : Geração de emprego sobe mais de 20% em março, mas cai 24,1% no trimestre

A criação de vagas de emprego com carteira assinada no país caiu 24,1% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Neste ano, foram gerados 442.608 postos de trabalho, ao passo que no mesmo período de 2011, a geração de vagas atingiu 583.886 vagas.

Os dados já consideram as vagas criadas nos dois primeiros meses deste ano e de 2011, entregues com atraso e incorporados à estatística.


Em março, foram gerados 111.746 empregos com carteira assinada no país, uma alta de 20,6% ante o apurado no mesmo mês do ano passado que somou 92.675 postos.

Mas o patamar atual de criação de postos está bem abaixo dos 266.415 postos criados em março de 2010, com uma queda de 58,0%.

Além disso, esse número de vagas apurado no mês passado também está abaixo do que foi gerado em 2008 e de 2007.

Esse resultado de vagas líquidas criadas no país em março resulta de 1,765 milhão de admissões e de 1,673 milhão de desligamentos, o maior da série histórica.


Em comparação a fevereiro de a janeiro deste ano, a geração de vagas também mostrou desaceleração em março. Em janeiro, foram geradas 118,8 mil vagas (queda de 5,9%), e em fevereiro, 150,6 mil vagas (queda de 25,8%), sem considerar dados entregues em atraso.

Segundo o Ministério do Trabalho, essa desaceleração na geração de vagas em março pode ser justificada, em parte, pela antecipação de contratações realizadas pelos estabelecimentos no mês de fevereiro e pela redução do número de dias úteis em março, devido ao período de carnaval.


O maior responsável pelo saldo positivo foi o setor de Serviços, com a geração de 83.182 (0,53%) vagas formais, sobretudo com os desempenhos de Ensino e de Serviços Médicos e Odontológicos.

Na Construção Civil foram criados 35.935 postos (1,21%), o segundo melhor resultado para o mês, mas, principalmente, uma reação em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Globo


SEM CAVALOS DE PAU

O futuro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres de Britto, ocupou os jornais no fim de semana para dar uma boa notícia ao país:
no novo cargo, que assumirá na quinta-feira, fará todo o esforço para que o mensalão seja julgado até julho.

Com a manifestação, ele se transformou, desde já, no inimigo n° 1 dos petistas.


Britto propõe um esforço concentrado na Corte para que o julgamento do crime, revelado há sete anos, não fique para as calendas. Se o caso não for julgado agora, uma série de vicissitudes o empurrará para fins de 2013.
É tudo o que o PT mais quer.


Por isso, o esforço de Britto merece amplo apoio da sociedade:
os que querem o bem do país devem se unir em torno da proposta do novo presidente do STF.

Até porque não há dúvida de que, mesmo com todo o empenho, o caminho até a conclusão do julgamento será tortuoso e o PT fará tudo o que estiver a seu alcance - legal e ilegalmente - para dificultá-lo.


Como, aliás, já está fazendo. Segundo a Folha de S.Paulo, o ex-presidente Lula está liderando pressões sobre o STF para livrar petistas de um julgamento mais rigoroso e para "convencer o Supremo de que o julgamento não deve acontecer neste ano".
É o velho horror petista à Justiça.


Na altura em que está, o julgamento do mensalão só depende da revisão do processo pelo ministro Ricardo Lewandowski. Mas há, aí, um risco ao qual é preciso atenção: "Há 20 dias, em conversa com um amigo, o ministro antecipou que dificilmente concluirá seu trabalho antes do recesso da Justiça, em julho", alerta Ricardo Noblat hoje n'O Globo.

Ora, não há razões para mais protelações. O trabalho pesado já foi concluído em dezembro passado pelo ministro Joaquim Barbosa, que transformou as mais de 50 mil páginas do processo numa síntese de 122 páginas.
É este documento que cabe a Lewandowski agora revisar.


A demora em julgar os delitos da "organização criminosa" denunciada pela Procuradoria-Geral da República emite um mau sinal para a sociedade e acaba funcionando como uma espécie de salvo-conduto para mais falcatruas.

Como as que envolvem o bicheiro Carlos Cachoeira e a banda podre do mundo político, com destaque para a farra que está se revelando em torno da construtora Delta e do governo do Distrito Federal.


Começam a se delinear em torno da empreiteira carioca as mesmas práticas verificadas no mensalão: milionários contratos da empresa com o setor público podem ter sido usados como fonte de recursos para financiar campanhas, como mostrou a Folha em suas edições de ontem e desta segunda-feira.

A Delta é uma espécie de "filha do PAC". A empresa multiplicou-se à base de obras do programa lançado por Lula e ninado por Dilma Rousseff desde a época em que ela era ministra-chefe da Casa Civil.

Desde o início da gestão petista, os recursos recebidos do governo federal pela Delta cresceram
2.000%.

A Delta pode ser o mais vistoso, mas não deve ser o único guichê que o PT espetou no PAC. É bem possível que as cifras bilionárias do programa que nunca se transformam em obras de verdade alimentem, na realidade, grossos desvios para bolsos partidários.
Caberá à CPI do Cachoeira investigar.


Mas as empreiteiras não estão sozinhas nas urdiduras que serão agora apuradas no Congresso. Também o governo petista do Distrito Federal desponta envolvido até a alma com o submundo do crime, a ponto de uma central de espionagem ter sido montada dentro do Palácio dos Buritis - numa reedição dos velhos métodos totalitários que encantam corações e mentes do PT, como mostra a edição da revista Veja desta semana.

É o desnudamento destas aberrações que amedronta os petistas na CPI, a ponto de alguns próceres do partido já defenderem um "cavalo de pau" nas investigações, como faz Walter Pinheiro n'O Globo de hoje:
segundo o jornal, o líder do PT no Senado "já admite até abortar a CPI".

O senador não fala sozinho.
Ecoa as angústias da presidente da República, que, na sexta-feira, passou cerca de três horas com Lula em São Paulo para tentar achar meios de frear a CPI.


A disposição de Carlos Ayres de Britto pelo término da apuração do mensalão e o ímpeto da CPI pelo desvelamento da teia de interesses escusos montada pelo bicheiro Carlos Cachoeira no mundo político são manifestações de quem quer um Brasil mais limpo.

Quem estiver contra isso tem dois interesses claros:
jogar toda a sujeira para debaixo do tapete e, principalmente, preservar ativos os drenos de recursos públicos que financiam a corrupção.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Sem cavalos de Pau