"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 22, 2014

AOS CRÉDULOS ÚTEIS - EIS O MODO 1,99 DE "GUVERNÁ" DA GERENTONA DE NADA E COISA NENHUMA : EMBUSTEIRA eletrocuta os brasileiros


Prepare o bolso: 
as contas de luz que chegarão nas próximas semanas a residências, 
comércio e indústrias contêm reajustes de tirar o fôlego. 
São, na realidade, quase um choque de alta voltagem. 
Melhor seria dizer que são um choque de realidade: 
a quimera das tarifas baratinhas forjada pela presidente Dilma Rousseff como bandeira eleitoral virou fumaça.


Nos últimos dias, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vem anunciando percentuais de reajustes a serem aplicados às tarifas das concessionárias para os próximos 12 meses. Há casos de aumentos que superam 30% e quase invariavelmente os índices autorizados chegam a dois dígitos.


Ontem(16/4), saíram os reajustes de nove distribuidoras, que atendem 24 milhões de unidades consumidoras em vários estados do país. Os aumentos autorizados variam de 11,16% a 35,7% (estes válidos para consumidores industriais de nove municípios gaúchos). Apenas para aquilatar o tamanho do tarifaço, vale lembrar que a inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 6,15%, quando medida pelo IPCA.

O caso mais emblemático entre os divulgados ontem é o da AES Sul, que atende 1,3 milhão de unidades consumidoras no Rio Grande do Sul. Com o reajuste médio de 29,54% autorizado pela Aneel, as novas tarifas cobradas dos gaúchos já anularam completamente a redução feita na marra pelo governo federal no ano passado: desde então, a alta real acumulada é de 1,96%, calcula O Estado de S. Paulo.


Ou seja, durou quase nada o malabarismo para diminuir as contas de luz a fórceps, tentado pela presidente Dilma e seu séquito de xamãs e dançarinos da chuva. Não sem antes, contudo, dizimar o setor de energia no país e deixar um rastro de desmonte que levará anos para ser revertido.


Até agora, cerca de 37 milhões de unidades consumidoras já tiveram aumentos autorizados pela Aneel neste ano. Nos próximos dias virão, ainda, reajustes de Light, 
Copel, 
Celpe, 
Eletropaulo e Celesc, 
para citar apenas os mercados mais relevantes, atingindo metade dos brasileiros. O tarifaço adicionará pelo menos 0,28 ponto percentual à inflação deste ano.

Não pense o consumidor que o choque elétrico irá parar por aqui.
 Para os próximos anos, estima-se que haja aumentos represados que ultrapassam 20%, porque custos bilionários de empréstimos e socorro às empresas serão repassados para os consumidores a partir de 2015. 
A energia que Dilma prometeu baratinha vai sair bem carinha.

As tarifas sobem no ritmo de um foguete porque as distribuidoras estão tendo que pagar preços altos para dispor de uma energia cada vez mais escassa, gerada por usinas térmicas altamente poluentes. Estão tendo que pagar caro porque só as concessionárias forçadas pelo governo se aventuraram a fornecer energia nas condições que Brasília impôs – e estão quebrando, como é o caso da Eletrobrás.

A realidade, esta malvada, move-se na contramão das decisões voluntaristas dos petistas de gabinete: 
conta de luz barata só é viável quando há sobra e não falta de energia, como está ocorrendo no país agora. 

Os sinais estão, portanto, trocados e as ideias do pessoal de Brasília, para variar, estão embaralhadas.

As empresas de energia elétrica foram fragilizadas e hoje não encontram segurança para investir. Sequer conseguem gerar caixa suficiente para fazê-lo. 
Ir a mercado para captar recursos é uma temeridade, já que nenhuma delas consegue vislumbrar horizonte longo o suficiente para seus negócios após a intervenção da mão peluda do Estado no setor.

O desarranjo no setor de energia também golpeia a competitividade da economia brasileira. O país mantém-se como um dos que pratica as mais caras tarifas em todo o mundo, conforme levantamento da Firjan. Para a indústria, o custo do megawatt-hora é o décimo mais alto em todo o mundo, superando com sobra concorrentes como China e Rússia.

O choque de alta voltagem ainda vem acompanhado de gastos estratosféricos incorridos até agora pelo Tesouro – ou seja, bancados por todos os contribuintes – para maquiar as tarifas e transformá-las em bandeira eleitoral. 
Cerca de R$ 32 bilhões já foram torrados, parte a fundo perdido, parte ainda a ser cobrada dos consumidores.

Não é difícil perceber que Dilma Rousseff, que desenhou todo o modelo elétrico em vigor, tratou a questão de maneira irresponsável e conduziu o setor a um túnel sem luz e sem saída. Na realidade, o que a presidente da República fez foi eletrocutar os brasileiros, lesados em sua boa-fé pela esperteza petista.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
Dilma eletrocuta os brasileiros

BRASIL ASSENHOREADO : PAÍS RICO É PAÍS SEM "POBREZA DELES" OU , Senado 'perdoa' dívida de planos.


Entidades médicas e de defesa do consumidor reclamaram, mas não adiantou. 
O Senado acabou aprovando a emenda à Medida Provisória 627/2013, que perdoa uma dívida de cerca de R$ 2 bilhões das operadoras de planos de saúde.

Agora, o mesmo apelo está sendo feito ao Palácio de Planalto, para que Dilma Rousseff vete o trecho do perdão que só beneficia as empresas de saúde suplementar.

O texto aprovado há duas semanas pela Câmara limita também o número de multas que as operadoras de planos poderão pagar, o que facilitaria a ocorrência de abusos, conforme bem explicou Elio Gaspari em sua coluna.

Outra polêmica em curso é a indicação pela Presidência da República do médico José Carlos de Souza Abraão para um cargo de direção da ANS, órgão do governo responsável por fiscalizar os planos de saúde e mantido por recursos públicos.
Abraão, que ainda será sabatinado pelo Senado, ocupa atualmente a presidência da CNS (Confederação Nacional de Saúde), que representa os estabelecimentos de saúde no país, como hospitais, clínicas, laboratórios clínicos e de imagem etc. Ele também já foi diretor-presidente de uma empresa de planos de saúde.

Em carta enviada ao Senado, o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), o Cebes (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde) e a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) apontam problemas na nomeação e defendem que o nome de Abraão não seja aprovado.

São duas as principais objeções: 
a CNS é autora de uma ação contrária à obrigação das operadoras em ressarcir o SUS. Abrahão também já se manifestou contra o ressarcimento ao SUS pelas operadoras em artigo publicado nesta Folha em 2010.
 O ressarcimento é uma obrigação legal das operadoras de planos de saúde. Quando um consumidor é atendido pelo SUS, o plano de saúde deve ressarcir o sistema de saúde público pelos gastos.

A CNS também já defendeu no passado que os planos de saúde não fossem obrigados a atender todas as enfermidades relacionadas no CID (Código Internacional de Doenças), da Organização Mundial de Saúde.
Considerando esse histórico nada favorável a nós, clientes de planos de saúde ou do SUS, faz todo o sentido o apelo das entidades. 
Que o Senado o ouça.

Cláudia Collucci
Repórter especial da Folha

E ENQUANTO ISSO... Pela 1ª vez no ano, projeção para a inflação ultrapassa o teto da meta


Pela primeira vez no ano, a projeção para a inflação medida pelo IPCA em 2014 estourou o teto da meta, limite definido em 6,5%. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a estimativa saltou de 6,47% para 6,51% entre uma semana e outra. Há quatro semanas, a estimativa era de 6,28%. Para 2015, a previsão ficou estável 6%. Há quatro semanas, a expectativa era de 5,80%.

A previsão de inflação para os próximos 12 meses à frente subiu de 6,12% para 6,07%, conforme a projeção suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 6,20%.

Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2014 no cenário de médio prazo também estourou o teto da meta ao passar de 6,49% para 6,59%. Para 2015, a previsão dos cinco analistas recuou de 6,27% para 6,00%. Há quatro semanas, o grupo apostava em altas de 6,57% para 2014 e 6,00% para 2015.

Entre todos os analistas ouvidos pelo BC, a mediana das estimativas para o IPCA de abril aumentou de 0,69% para 0,80%. Há quatro semanas, estava em 0,60%. Para maio, a projeção subiu de 0,45% para 0,47%.

PIB. 
A previsão de crescimento da economia brasileira em 2014 recuou de 1,65% para 1,63%. Há quatro semanas, a expectativa era de 1,70%. Para 2015, a estimativa de expansão se manteve em 2,00%, mesmo valor há oito semanas.

A projeção para o crescimento do setor industrial em 2014, no entanto, apresentou aceleração; passou de 0,70% para 1,40%. Para 2015, economistas mantiveram a previsão em 2,95%. Quatro semanas antes, a Focus apontava estimativa de expansão de 1,41% para 2014 e de 3,00% em 2015 para o setor.

Os analistas mantiveram estável, em 34,80%, a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2014. Há quatro semanas, estava em 34,75%. Para 2015, segue em 35,00% há 18 semanas.

Juro. 
Os economistas mantiveram a previsão para a taxa Selic no fim de 2014 em 11,25% ao ano, há quatro semanas a previsão era a mesma. Para 2015, a mediana segue em 12,00% ao ano há dez semanas. A taxa básica de juros está em 11,00% ao ano desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorreu em abril.

A previsão para a Selic média em 2014 ficou estável em 11,06%. Para 2015, passou de 12,01% para 12,00%. Há quatro semanas, estavam em 10,94% e 11,83% ao ano, respectivamente.

Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para a Selic no fim de 2014 ficou estável em 11,88% ao ano e, para 2015, permaneceu em 13% pela terceira semana consecutiva. Há quatro semanas a projeção era, respectivamente, 11,75% ao ano e 12,00%.

Déficit. 
O mercado financeiro elevou a previsão para o déficit em transações correntes em 2014. A pesquisa Focus mostra que a mediana das expectativas de saldo negativo na conta corrente este ano passou de US$ 77,00 bilhões para US$ 77,05 bilhões. Para 2015, a previsão de déficit nas contas externas ficou estável em US$ 75,60 bilhões. Há quatro semanas, o déficit estava em US$ 75,00 bilhões para 2014 e em US$ 73,50 bilhões para 2015.


Na mesma pesquisa, economistas elevaram ligeiramente a estimativa de superávit comercial em 2014 de US$ 3,00 bilhões para US$ 3,02 bilhões. 

Quatro semanas antes, estava em US$ 4,71 bilhões. Para 2015, a projeção se manteve em US$ 10,00 bilhões, mesmo valor de sete semanas atrás.

A pesquisa mostrou ainda que as estimativas para o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado ao setor produtivo, ficou estável em US$ 60,00 bilhões em 2014 pela segunda semana consecutiva. Para 2015 segue em US$ 55 bilhões, mesmo valor registrado há sete semanas.