"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 02, 2010

EUA ULTRAPASSAM BRASIL EM EXPORTAÇÕES DE ETANOL E JÁ AMEAÇA A NOSSA POSIÇÃO DE MAIOR EXPORTADOR DO MUNDO..


O Brasil já tem sua tradicional posição de maior exportador de etanol do mundo seriamente ameaçada.

O País foi superado no final do primeiro semestre pelos Estados Unidos em vendas e analistas já apontam que a produção americana está cada vez mais competitiva e pronta para disputar o mercado internacional com o Brasil.

O dólar desvalorizado e amplos investimentos começam a dar resultado nos EUA.

Os cenários para os próximos anos serão debatidos a partir de hoje no Congresso Mundial do Etanol, maior evento da indústria e que reunirá em Genebra alguns dos principais atores do setor.

No Brasil, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) já deu sinais de que poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para garantir a exportação de etanol para os Estados Unidos e Europa.

O temor é de que regras para importação de biocombustíveis nesses países possam afetar a competitividade do etanol brasileiro.

A estimativa dos organizadores do evento é de que a produção de etanol cresça até 12% em 2010, depois de dois anos de crise profunda.

Mas a grande novidade deste ano, para os analistas, é a posição dos Estados Unidos que, em apenas cinco meses, já haviam exportado o mesmo volume que venderam em todo o ano de 2009.

Até setembro, as vendas haviam chegado a mais de 700 milhões de litros para o exterior.

O país já era o maior produtor de etanol.

Mas consumia grande parte da produção.

Em fevereiro, os americanos deram os primeiros sinais de que poderiam se tornar líder no setor.

Naquele mês, exportaram 151 milhões de litros do combustível, segundo dados da consultoria F.O. Licht?s.

No mesmo mês, as vendas brasileiras ao exterior haviam caído para 120 milhões de litros.

O que parecia uma situação momentânea passou a se repetir nos meses seguintes, com os americanos chegando a exportar acima de 200 milhões de litros de etanol de milho por mês.

Parte da expansão ocorreu graças a investimentos pesados.

No final de 2006, capacidade produtora dos EUA era de 4,7 bilhões de galões por ano.

Em 2009, o volume havia chegado a 13,8 bilhões de galões, o equivalente a 52,1 bilhões de litros.

Hoje, 32% das exportações americanas vão para a Europa, contra 18% para Canadá e 15% para Japão.

O Brasil é o sexto maior importador de etanol dos Estados Unidos, consumindo 5% de todo o volume vendido pelos americanos.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

SEIS POR MEIA DÚZIA! OU O JÁ MANJADO ME ENGANA QUE EU GOSTO.


O desafio de suceder a Luiz Inácio da Silva pode não ser tão difícil para Dilma Rousseff como parece de início. Isso se ela for mulher de levar ao pé da letra o que diz e, nesse aspecto, já começando por se contrapor no estilo ao criador.

Durante todo o período como presidente, Lula não teve compromisso algum com as palavras por ele mesmo ditas, o que em pouco tempo minou a credibilidade de seus discursos.

De um lado foi excelente para seus propósitos de caráter popular, político e eleitorais porque como ninguém levava a ferro e fogo o que dizia podia dizer qualquer coisa diante de um microfone. E de qualquer maneira: agredindo o idioma, a gramática, a boa educação ou alguém, instituição ou situação que o desagradasse.

Pois se a presidente eleita começar por fazer de suas primeiras palavras uma profissão real de fé, já marcará uma diferença importante sem precisar trair nem renegar seu mentor.

Coisa, aliás, que dificilmente ela faria mesmo a despeito de todos os exemplos já amplamente citados, nenhum deles semelhante em nada às circunstâncias que cercam Lula e Dilma.

Dilma disse que pretende governar sem privilégios ou compadrio.

Terá querido dizer, por suposto, que dará tratamento impessoal à Presidência da República. Governando com aliados, sim, mas conferindo à oposição o respeito devido a uma força política antagônica que recebeu 43 milhões de votos.

(...)

Dilma afirmou que não aceitará irregularidades no governo. O histórico na Casa Civil não recomenda, é verdade. Mas, digamos que, imbuída da nova responsabilidade, ela venha a pôr um fim na longa temporada de afagos públicos em acusados de toda sorte e duros ataques a instrumentos de fiscalização da administração pública.

Admitamos que a nova presidente seja diferente e não aceite se descompor moralmente apenas porque o descomposto de plantão pode vir a ser precioso numa eleição mais à frente ou em algum enrosco em que o governo ou algum de seus integrantes se envolva e que necessite de defesa ferrenha no Congresso.

Foi bem clara quanto à sua falta de compromisso "com o erro, o desvio o malfeito". E como não pareceu disposta a abrir exceções, é de se acreditar que pessoas consideradas por Lula diferentes dos comuns como o presidente do Senado, José Sarney, estejam incluídas.

Na visão da nova presidente "o povo não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável". Portanto, é de supor que não estejam nos seus planos elogios à gastança feita por Lula a partir da reeleição.

Em seu pronunciamento Dilma Rousseff dedicou longo trecho a afirmar seu zelo pela democracia. Prometeu zelar pela liberdade de imprensa, de culto religioso, pela observação da preservação dos direitos humanos e assegurou também que zelará pela Constituição, "dever maior da Presidência da República".

Quer dizer, não dará abrigo a tentativas de discriminação religiosa; não manterá relações de amizade com ditadores; não emprestará seu apoio a iniciativas de se impor controles do Estado sobre meios de comunicação e, assim, se dispõe a se contrapor às propostas apresentadas por parlamentares e governantes de seu partido País afora.

Dilma prometeu também nomear "ministros de primeira qualidade". Ou seja, não fará do ministério abrigo para derrotados nem para apaniguados desprovidos de competência.

E o principal de tudo é que expressa seu respeito, apreço e reverência pela Constituição do Brasil, o que leva à conclusão de que não pensa em desrespeitar as leis sejam quais foram as circunstâncias.

Se a tudo isso se juntar o respeito à verdade, ao patrimônio público e às regras de civilidade, a tarefa de suceder a Lula com sucesso pode ser bem mais fácil do que imagina Dilma.

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Por que não?