"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 21, 2010

RELUZIU ! AS TREVAS DO PARTIDO TORPE "BABAM" PARA ASSENHOREAR, POBRE VALE.

O presidente da Vale, Roger Agnelli, atribuiu a grupos do PT a nova onda de rumores sobre sua substituição, no caso de vitória da candidata governista Dilma Rousseff.

É tudo parte do "jogo político, jogo de eleição", segundo o empresário. Há muita gente, disse, empenhada em ganhar uma cadeira na diretoria da empresa.

"E é geralmente gente do PT", acrescentou.


Como em outras ocasiões, Agnelli, mesmo apontando interesses de setores petistas e defendendo as privatizações, esforçou-se para evitar o confronto com o presidente Lula e com sua candidata à sucessão presidencial.


Mas o caso não se limita à ambição de alguns correligionários do presidente da República nem a rumores passageiros.

As pressões sobre a administração da Vale, a maior empresa privada do Brasil, vêm de longe e seu principal articulador tem sido sempre o presidente da República.

Agnelli mencionou a existência de petistas inconformados com as privatizações, mas descreveu como "boa" sua relação com o partido. Sua atitude é compreensível.

Mas os fatos são conhecidos.


O conflito ganhou notoriedade quando a empresa, no pior momento da crise econômica, em 2008, anunciou a demissão de 1.300 empregados.


Na mesma época, a Embraer, outra grande empresa privatizada, decidiu reduzir o quadro de funcionários.

Do Palácio do Planalto partiram censuras e pressões sobre as duas companhias.

Foram claras tentativas de interferência na gestão de duas empresas com maioria de capital privado e ações negociadas em bolsa.

Sem dar a necessária atenção a esses fatos, o presidente da República tentou orientar os diretores das duas companhias e cobrar-lhes explicações por seus atos. Não se trata, portanto, apenas de grupos do PT.

Também o presidente Lula ainda mostra dificuldade em aceitar a desestatização de grandes - e hoje muito mais eficientes - empresas brasileiras.

Além de criticar as demissões, ele pressionou a presidência da Vale para aumentar os investimentos no Brasil e, particularmente, para ampliar a atuação do grupo na siderurgia.

Também quanto a esse ponto o executivo Roger Agnelli tenta "pôr água na fervura", dizendo compreender o empenho do presidente da República em promover a expansão da indústria do aço.
Mas nenhuma quantidade de "água fria" mudará os fatos.

Um presidente da República pode manifestar desejos e até convidar dirigentes de empresas para a discussão de planos, mas não tem o direito de tentar interferir em suas decisões estratégicas e de pressioná-los para que aceitem seu comando.

Como não conseguiu intervir tanto quanto pretendia, o presidente Lula manobrou para substituir o presidente da Vale.
Também essa manobra foi amplamente noticiada.

Mas o governo não tem ações suficientes para derrubar o presidente da empresa. Somando as participações da BNDESPar e dos fundos de pensão de estatais, o governo conseguiria 61,51% dos votos, mas seriam necessários 67% para a destituição de Roger Agnelli.


Um grande empresário tentou comprar uma fatia importante das ações, para facilitar a substituição do presidente da Vale. Não conseguiu, mas mostrou até onde vai sua disposição de agradar a um chefe de governo.


O presidente Lula não conseguiu assumir o comando da Vale nem o da Embraer.
Seus companheiros não deixaram, no entanto, de fazer campanha pela reestatização das duas empresas.


Mas o presidente da República pelo menos conseguiu assumir a chefia de fato da Petrobrás, determinando seus planos de investimento e contestando publicamente os dirigentes da empresa.


Eles só decidiram investir em refinarias no Nordeste, disse Lula, porque ele mandou. Não o teriam feito, se fossem guiados pelos critérios empresariais.

Nenhum desses dirigentes mostrou desconforto por ter sido criticado.

O presidente Lula e seus companheiros decerto gostariam de ter executivos com a mesma disposição em outras grandes companhias, a começar pelas privatizadas.

Será uma de suas prioridades, se o PT continuar instalado no Palácio do Planalto.

O estado de São Paulo

FORMAÇÃO DE QUADRILHA, ESTELIONATO, FALSIDADE IDEOLÓGICA E LAVAGEM DE DINHEIRO. O BRASIL DO BEM PRECISA SE LIVRAR DO PARTIDO TORPE E SUA CORJA.


Quatro anos depois das primeiras evidênciaslevantadas pelo Ministério Público do Estado sobre graves irregularidades na Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Bancoop), o promotor José Carlos Blat denunciou à Justiça, na terça-feira, o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e cinco outros possíveis envolvidos.

Vaccari presidiu a entidade entre 2005 e fevereiro último, depois de participar de sua diretoria desde a sua fundação - por Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT -, em 1996.

O promotor pediu abertura de processo criminal contra o petista por formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Dos principais escândalos que enlaçam companheiros do presidente Lula, é o segundo a chegar ao Judiciário. O primeiro foi o do mensalão, que tramita a passos lentos no STF.

Outros mais recentes ou descobertos há pouco - a quebra do sigilo fiscal de aliados e familiares do tucano José Serra e as traficâncias da família da então ministra Erenice Guerra, a sucessora de Dilma Rousseff na Casa Civil - estão em fase de investigação ou sindicância.

Pelo que parece ter sido apurado há suficiente material para levar os casos aos tribunais. O conjunto da obra retrata os padrões de atuação da máfia que se guia pela mentalidade do "é tudo nosso" - ou seja, do PT.

Desses múltiplos delitos, o da Bancoop foi o que fez mais vítimas diretamente - os 3 mil cooperados que caíram no conto da casa própria a preços 40% inferiores aos do mercado e mais 5 mil que não conseguem quitação ou escritura.

Eles compraram na planta e foram pagando a prestações imóveis que jamais lhes seriam entregues, ou foram entregues sem condições de serem ocupados ou revendidos.

Dos 55 empreendimentos oferecidos pela cooperativa, apenas 14 foram concluídos.

Dezoito nem saíram do papel.

Mas o dinheiro entrou. Os dirigentes da Bancoop, a começar de Vaccari, são acusados de deixar um rombo de R$ 168 milhões nas contas da entidade.

"Uma parte foi para o PT", sustenta Blat.

Assim como o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, chamou a turma do mensalão de "sofisticada organização criminosa", o seu colega paulista concluiu que "a quadrilha que se estabeleceu na direção da Bancoop contava com sofisticada manipulação de dados dos balanços contábeis".

Empresas fantasmas, por exemplo, teriam sido criadas para transferir dinheiro da cooperativa - sugado dos incautos mutuários - para bolsos pessoais e campanhas eleitorais petistas.

No que deve ser a ponta de um iceberg, Blat identificou um repasse de R$ 200 mil para o PT.

Provavelmente não se chegará a saber o total, parte dele provindo de saques em dinheiro na boca do caixa, somando R$ 31 milhões.

O escândalo da Bancoop voltou à tona enquanto surgiam novas informações sobre a tentativa de montagem de um dossiê contra o candidato José Serra - para o que se destinariam, afinal, as cópias das declarações de renda extraídas do Fisco - e o alcance das movimentações do grupo de Erenice Guerra no âmbito do governo.

Segundo a Folha de S.Paulo, a Polícia Federal apurou que um jornalista ligado à pré-campanha de Dilma Rousseff, Amaury Ribeiro Júnior, encomendou a um despachante, por R$ 12 mil, a compra de dados sigilosos de parentes de Serra e membros do PSDB.

O PT custeava a hospedagem do jornalista em Brasília. Fim da fábula de que ele servia a rivais tucanos de Serra.

Já a sindicância do governo sobre o grupo de Israel Guerra, filho da ex-ministra, parece ter feito algum progresso, embora não fique pronta antes do segundo turno.

Verificou-se que a patota de Israel usou também funcionários e equipamentos da Secretaria de Assuntos Estratégicos e do Gabinete de Segurança Institucional, ambos da Presidência da República, em suas operações de lobby.

Um novo nome suspeito de envolvimento com o esquema é o do assessor da Casa Civil, Gabriel Laender.

Procurador de Justiça no Espírito Santo, advogara para a empresa da qual o marido de Erenice era diretor.

No ano passado, passou a trabalhar no governo.

Quem o nomeou foi Dilma Rousseff.

O Estado de S.Paulo

BRASIL QUAL É O SEU NEGÓCIO? PARTE II - EIKE BATISTA/ NUNCA FOI TÃO FÁCIL"ENRICAR"


O procurador do Ministério Público Marinus Marsico protocolou na última terça-feira uma representação pedindo que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue "possível ato antieconômico" por parte dos gestores da BNDESPar - braço de participações do BNDES - em um contrato firmado em abril de 2009 com a LLX Logística, do megaempresário Eike Batista. Marinus suspeita de favorecimento, diante das cláusulas fixadas.

Ele analisou a operação, que envolveu a compra de novas ações emitidas pela LLX por R$150 milhões (contrato de promessa de subscrição de ações).

E concluiu que os acionistas da LLX obtiveram ganho de R$89,2 milhões valendo-se da opção de recompra das ações pelo valor original corrigido, sem considerar o valor de mercado, alternativa que não é usual em operações semelhantes do BNDES.

O procurador analisou 17 operações com características semelhantes entre o BNDES e empresas privadas, e em apenas duas havia opção de recompra das ações, sendo uma delas o contrato com a LLX.

- O que se observa é que a cláusula era desnecessária, não fazia sentido - diz Marsico.

Em abril de 2009, as ações foram entregues ao BNDES pelo valor unitário de R$1,80.

Cinco meses depois, a BLLX exerceu exerceu o direito de recompra de 50% do total e pagou R$2,30, quando no mercado os papéis já valiam, em média, R$4,44, destaca o procurador.
O ganho estimado decorre dessa diferença.

"Ao oferecer o direito de compra aos referidos acionistas, o sistema BNDES arcou com o custo de oportunidade correspondente a R$90 milhões.
(...) não havia qualquer tipo de cláusula estabelecendo direito semelhante ao banco no caso de o valor das ações decair para um patamar abaixo do preço de compra. Ao que tudo indica, todo o risco da operação foi assumido pela entidade governamental. Aos acionistas contratantes só havia a possibilidade de ganho", afirma o procurador.

LLX nega favorecimento. BNDES afirma ter tido lucro

Marinus aponta outros indícios de favorecimento à empresa de Eike pelo BNDES. Ele se refere "à possível sobreposição de medidas de apoio do banco ao grupo LLX", citando a compra de ações e empréstimos concedidos pelo BNDES à empresa, aparentemente para o mesmo fim.

"Tais informações levam-nos a (...) indagar sobre possíveis prejuízos ao princípio constitucional da impessoalidade na concessão das medidas de apoio à sociedade empresária", afirma.

A LLX nega qualquer tipo de favorecimento. Segundo a empresa, os acionistas tinham interesse em adquirir todas as ações ofertadas, mas o banco teria colocado a subscrição das ações como condição para a concessão de novos empréstimos:

"O BNDES nos procurou e pediu para participar da operação. Era o pior momento possível para fazer a capitalização. O BNDES colocou a capitalização como condição para financiar projetos da empresa. Cedemos o direito de preferência sob a condição de recompra de 50% pelo valor original".

O BNDES defendeu que a operação proporcionou "um lucro significativo para o Sistema BNDES".

"Cabe ressaltar que os acionistas da LLX cederam gratuitamente à BNDESPar seu direito de prioridade na subscrição das ações no aumento de capital da companhia. Em contrapartida, a BNDESPar cedeu a opção de compra sobre 50% dos papéis adquiridos, permitindo que o banco recebesse remuneração de IPCA, mais 15% ao ano, além de prêmio adicional de 20%, em aproximadamente quatro meses, resultando em cerca de 27% de retorno no período, sobre metade do investimento".

Regina Alvarez O Globo

O BOTECO DOS SOFISMAS, AMBIENTE DOS PARLAPATÕES EBRIOSOS


Como sofisma não é palavra de uso corrente, recorro ao Dicionário Houaiss para defini-la:
"Argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa".

Sofismas também podem vir de "apoteoses mentais" e de egolatrias que contagiam quem assim argumenta.

(...)

Lula e seu séquito, em que neste momento se destaca a companheira Dilma, costumam argumentar dessa forma sobre questões econômicas.

Sinteticamente, o argumento é: antes de Lula a economia era assim; depois que ele chegou ao governo, ela melhorou; logo, foi ele quem fez isso e deve receber todo o crédito correspondente.

Débitos são convenientemente escondidos por baixo de tapetes.

Exemplos dessa prática são encontrados nos seus discursos e nos programas eleitorais da sua candidata à Presidência.

Um muito comum é quando se afirma: "Nós criamos quase 14 milhões de empregos formais."

Explicitada, a falácia é assim construída: depois que Lula assumiu, vieram esses 14 milhões de empregos; logo, foi Lula que os criou, e sua criatura Dilma também assume o crédito.

O que o Executivo Federal criou por si mesmo foram uns 100 mil empregos de funcionários públicos civis, muitos claramente desnecessários, mas indispensáveis para acomodar partidários carentes de uma boquinha, no que às vezes se excedem e passam às mordidas.

Entre os demais contratados, há também os de necessidade discutível, tudo a pretexto de "fortalecer o Estado".

Mas quem mesmo empregou os milhões fora do governo foi a economia na sua dinâmica, e aí a grande benesse do período Lula, mas não resultante de sua pessoa, veio de fora para dentro do País, na forma de um forte crescimento da economia mundial.

Não posso afirmar que nunca antes no mundo esse crescimento foi o mais forte de um período com a mesma duração, mas seguramente foi um dos mais robustos.

Entre as consequências no Brasil, merece destaque uma nem sempre devidamente enfatizada.

O fato é que dessa benesse também veio, com a melhoria das contas externas e acumulação de reservas cambiais, o fim do fantasmagórico problema no passado conhecido como escassez de divisas, que recorrentemente trazia grandes sofrimentos à economia brasileira.

Não fossem essas reservas, o efeito da última crise externa, a de 2008, teria sido devastador, provavelmente se teria prolongado até hoje, e Lula não estaria debitando a conta à sua gestão, pois o sofismar se restringe à acumulação de créditos.

Como nos milhões de empregos, o "post hoc ergo propter hoc" é também usado para dizer que "retiramos 28 milhões da miséria" e que 36 milhões foram elevados à classe média.

Números esses, aliás, que também precisariam ser discutidos quanto aos conceitos de miséria e de classe média utilizados, e sua métrica.

No fundo, o raciocínio lulo-dilmista ignora que a História é um processo moldado pela força de circunstâncias e por decisões humanas que as influenciam.

Quanto a essas decisões, entretanto, é muita pretensão assumir pessoalmente o mérito por todos esses milhões. Nem o mitológico Hércules daria conta do recado.

Centenas de milhões de chineses e outros atores da economia mundial, que passaram a demandar mais nossos produtos, tiveram maior influência sobre a melhora da economia brasileira, e foi também uma tributação ainda mais onerosa em cima dela que permitiu a expansão dos gastos sociais de que a dupla tanto se vangloria.

Mas, se for para olhar também as ações presidenciais, outro elemento que muito pesou foi a maturação de medidas de governantes que precederam Lula.

Para não ir muito longe no passado, Collor, Itamar e FHC.

Entre outras coisas, trouxeram a maior abertura da economia, o programa de privatização, outros ajustes nas contas públicas e o surgimento do real como moeda digna do nome.

Olhando apenas quem passou a faixa presidencial, pode-se dizer que Lula também herdou de FHC a prancha adequada para surfar na boa onda da economia mundial.

É sabido que o presidente Lula tem formas de ver as coisas e de argumentar que muitas vezes causam perplexidade a quem procura analisá-las na sua lógica e sustentação factual.

Seu recurso mais comum é ao método Nanp (nunca antes neste país), em que faz afirmações precedidas dessas quatro palavras.

É uma variante do referido sofisma, simplificada e ampliada, pois está a dizer que tudo a que se refere veio depois dele.

Quem o ouve ou aceita o dito num ato de fé ou tem de olhar toda a História do País para verificar se o que foi afirmado vale ou não.

(...)

Os debates pela televisão, que nesse meio de comunicação poderiam ter maior alcance, além de serem poucos, têm também uma sistemática a limitar o papel de jornalistas ao de cronometristas, com quase ou nenhum espaço para suas perguntas.

(...)

Como sempre neste país, os eleitores votarão em condições de informações e de percepções muito limitadas.

Roberto Macedo - O Estado de S.Paulo

Lula, Dilma e seus sofismas

ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO