"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 16, 2011

POIS É! "Se a China é tão produtiva, como é que eu fiz todo o meu dinheiro no Brasil?" Tem algo errado.

De 1980 a 2010, o PIB do Brasil cresceu 4vezes, contra 40 vezes o da China e menos que o dos EUA

A combinação do tamanho da economia, caminhando para desbancar as antigas potências europeias no ranking das maiores do mundo, com o atraso do bem-estar social em relação ao ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) é um sinal, talvez o melhor, do perfil ineficiente do desenvolvimento brasileiro, ocultado pelo marketing triunfalista dos governantes.
De todos os das últimas décadas, do PSDB ao PT.

Termos o 6º maior PIB do mundo e estarmos na 84ª (e não na 86ª, como publicamos no domingo) posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apurado pelas Nações Unidas junto a 187 países têm a ver com nossa capacidade de gerar e acumular riquezas e com a incapacidade de redistribuir renda e prover infraestrutura para o crescimento — conforme comentário do leitor Lallamand de Souza, de Brasília.

Se a economia cresce com relativa estabilidade, embora a um ritmo menor que o de outros emergentes, sobretudo da Ásia, significa que a política econômica, função do governo, e as atividades privadas, que dependem de decisões empresariais, estão em harmonia.

Há muito que melhorar, mas já foi pior e a tendência está na direção certa.

Já o mau resultado das transformações sociais no IDH, que capta a expectativa de vida, o grau de escolaridade da sociedade e a renda média entre outros indicadores de qualidade de vida, sugere que as políticas públicas que conectam o crescimento econômico com o bem-estar coletivo ainda estão distantes de serem as mais adequadas.

Falta-lhes melhor conceituação, gestão mais competente ou as duas coisas juntas, o que é o mais provável. A recorrência das questões de saúde, educação, transportes públicos e segurança nas campanhas eleitorais indica que os políticos têm consciência sobre o que os eleitores mais carecem.

Como geralmente propõem soluções pontuais, especialmente nas campanhas presidenciais, significa que se veem impotentes para oferecer políticas abrangentes ou que desconhecem os meios para acelerar a transmissão dos frutos do progresso.

A separação entre a concepção da política econômica das políticas sociais é o problema de origem. Até meados de 1980, o Brasil vinha vários corpos à frente da China e Coreia do Sul em termos de PIB, renda per capita, grau de escolaridade e taxa de pobreza extrema.

Trinta anos depois, nós continuamos no bloco dos retardatários, a Coreia do Sul entrou no grupo das sociedades avançadas e a China se tornou potência industrial e a segunda maior economia do mundo.

A China já esteve atrás

O detalhe relevante é que a Coreia erradicou a pobreza e a China, com mais de 1 bilhão de habitantes, incorporou mais de 300 milhões à sociedade de consumo. A Índia lhe segue, fazendo tal trajetória, embora com maiores dificuldades. O Brasil também.

A rigor, não andou para trás nestas três décadas. Mas andou devagar, mais que os EUA, a potência que muitos supõem, a meu ver com exagero, em decadência.

O resultado, segundo um instigante ensaio do economista Jonathan Anderson, do UBS em Hong Kong, é que a China investiu mais de 40% de seu PIB, o que lhe possibilitou crescer ao ritmo de 10% reais nos últimos 30 anos.

O Brasil investiu menos da metade. Não por acaso a economia cresceu, em média, abaixo de 3% no mesmo período.

O que atrasa o Brasil

Tais comparações permitem iluminar o que atrasa o Brasil frente a outros países. Entre 1980 e 2010, o PIB brasileiro cresceu quatro vezes pelo conceito de paridade de poder de compra, que abstrai as oscilações cambiais.

Tal ritmo, destaca o economista Anderson, foi menor que o de economias maduras, portanto, com menor potencial de crescimento, como EUA, Inglaterra, França ou Alemanha.

Só isso já seria preocupante. E preocupa mais ao se saber que, nos mesmos 30 anos, a economia chinesa cresceu 40 vezes. Para os países mais bem-sucedidos, criação de empregos e aumento de salários, no passo seguinte (como ocorre na China há três anos), acompanhado de educação universal de qualidade, alicerçam as políticas sociais.

A inspiração da Ásia

No Brasil, em grande parte das últimas três décadas, encolheu-se o emprego para gerar produção exportável que solvesse as finanças do Estado, como se exige atualmente dos países endividados da Zona do Euro, e depois se esgarçaram as políticas de transferência de renda para compensar os desníveis sociais e recuperar o atraso.

É tempo de repensar se os frutos sociais do crescimento já não deveriam estar incorporados à política econômica, em vez de ser um corpo à parte, elegendo-se o emprego e a educação como prioridades determinantes para o desenvolvimento humano, e a produtividade dos fatores de produção para a atividade econômica. Na Ásia, é assim.

Paraíso de rentistas

A questão toda é mais complexa que o espaço de uma coluna. Mas já basta considerar que não se pode governar à revelia do que se faz no mundo para se avançar.

A liberalização das economias na América Latina nos últimos 15 anos, diz, por exemplo, o economista do UBS, foi feita quando a capacidade industrial e exportadora da Ásia já estava "firmemente estabelecida".

Mas mais perturbador é o que ele descreve para a última década:
o retorno das aplicações em reais foi superior a 300%, o dobro do obtido na China, o que ele atribui à mistura de inflação com moeda valorizada no Brasil.

Entende-se porque intitulou o seu ensaio assim: "Se a China é tão produtiva, como é que eu fiz todo o meu dinheiro no Brasil?"
Tem algo errado.

Antônio Machado Correio Braziliense

"BRASIL MARAVILHA DELES E DELA" :País caiu da sétima para a oitava posição no ranking de clima econômico da América Latina, a pior avaliação desde 2009

AMÉRICA LATINA
A opinião dos especialistas quanto ao ambiente econômico no Brasil teve, em outubro deste ano, a pior avaliação desde a crise em 2009.

Calculado trimestralmente em uma escala que vai até 9 pontos, o Índice de Clima Econômico (ICE) do Brasil foi de 4,8 pontos no mês passado, o menor desde janeiro de 2009 (3,9 pontos) segundo a economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Lia Valls.

O Brasil caiu da sétima para a oitava posição no ranking de clima econômico dos países da América Latina.

A técnica observou que, na comparação com 2009, as expectativas dos analistas quanto ao Brasil estão, atualmente, próximas às projeções apuradas naquela época.

"No entanto, a avaliação da situação atual brasileira hoje é muito mais favorável do que era em 2009", acrescentou a especialista.

No caso do Brasil, a especialista comentou que as expectativas dos analistas quanto ao País, dentro do ICE, apresentaram sinais de piora a partir do final de 2009.

Mas o pessimismo só se fortaleceu a partir de abril deste ano, quando o ambiente de turbulência externa, originada na Europa, começou a se intensificar.

O cenário negativo causou redução nas projeções de crescimento econômico brasileiro e aumento nas estimativas de inflação.

De outubro de 2010 para outubro de 2011, as previsões dos analistas de aumento para o PIB do Brasil nos próximos três a cinco anos diminuíram de 4,6% para 3,8%.

Ao mesmo tempo, de julho para outubro deste ano, saltou de 6,1% para 6,4% a estimativa de inflação no País para 2011, entre os analistas.

A situação brasileira não difere muito do que ocorreu com a avaliação dos dez outros países latino-americanos analisados para cálculo do ICE latino-americano, que recuou de 5,6 pontos para 4,4 pontos de julho para outubro, o pior nível desde julho de 2009 (4,0 pontos).

Lia lembrou que a economia latino-americana não é imune ao quadro de deterioração das perspectivas da economia europeia, que se intensificou no terceiro trimestre deste ano.

"Em outubro deste ano, não tivemos nenhum país em fase favorável em outubro de 2010. Ou as economias estão em declínio ou em recessão", acrescentou.

Ao comentar os resultados do ICE, a especialista alertou que o desempenho mostrado em outubro possui "resistência à reversão".

Ou seja:
as condições estão em tal estado negativo que seria necessária uma sucessão de boas notícias para recuperação sustentável.

"É preciso um fator novo para reverter estas expectativas. E isso não esta acontecendo, nem no front doméstico nem no front externo", salientou.

- Da Agência Estado

"PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA" : Ricos têm renda 39 vezes maior que os mais pobres, dados indicam que metade da população recebia até R$ 375, inferior ao salário mínimo do período.

Embora pesquisas apontem quedas sucessivas na desigualdade de renda no Brasil, dados do Censo 2010 divulgados nesta quarta, 16, mostram que os 10% mais ricos no País têm renda média mensal trinta e nove vezes maior que a dos 10% mais pobres.

Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha (R$ 137,06) durante três anos e três meses para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico (R$ 5.345,22).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os 10% mais pobres ganhavam apenas 1,1% do total de rendimentos. Já os 10% mais ricos ficaram com 44,5% do total.

Outro recorte revela o rendimento médio no grupo do 1% mais rico: R$ 16.560,92.
Os dados valem para a população de 101,8 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais de idade e algum tipo de rendimento em 2010. A renda média mensal apurada foi de R$ 1.202.

Levando-se em conta os habitantes de todas as idades, o IBGE calculou a renda média mensal per capita de R$ 668. O Censo indica, porém, que metade da população recebia até R$ 375 por mês, valor inferior ao salário mínimo oficial em 2010 (R$ 510).

O IBGE também mostra que as cidades de porte médio, com população entre 10 mil e 50 mil habitantes, foram as que apresentaram a maior incidência de pobreza.

Enquanto a proporção de pessoas que viviam com até R$ 70 de rendimento domiciliar per capita era, em média, de 6,3% no Brasil, nos municípios de 10 mil a 20 mil habitantes esse porcentual era o dobro (13,7%), com metade da população nessas cidades vivendo com até meio salário mínimo per capita.

Já nas cidades com população superior a 500 mil habitantes, menos de 2% recebiam até R$ 70 per capita e cerca de um quatro (25%) vivia com até meio salário mínimo de rendimento domiciliar per capita.

Entre as capitais, segundo o IBGE, manteve-se a tendência de melhores níveis de rendimento domiciliar per capita nas regiões Sul e Sudeste. O maior valor (R$ 1.573) foi registrado em Florianópolis (SC), onde metade da população recebia até R$ 900.

Em 17 das 26 capitais, metade da população não recebia até o valor do salário mínimo.
Entre as capitais, a pior situação foi registrada em Macapá:
rendimento médio domiciliar per capita de R$ 631, com 50% da população recebendo até R$ 316.

A capital do Amapá também ficou com a maior proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita de até R$ 70 (5,5%) e até um quarto de salário mínimo (16,7%).

No Sudeste, o Rio registrou os maiores porcentuais de pessoas nessas condições (1,1% e 4,5%, respectivamente). Os melhores indicadores foram observados em Florianópolis (SC):
0,3% da população com rendimento médio mensal domiciliar de até R$ 70 e 1,3% com até um quarto do salário mínimo.

No Brasil, os rendimentos médios mensais dos brancos (R$ 1.538) e amarelos (R$ 1.574) se aproximaram do dobro do valor relativo aos grupos de pretos (R$ 834),
pardos (R$ 845)
ou indígenas (R$ 735).

Entre as capitais, destacaram-se Salvador, com brancos ganhando 3,2 vezes mais do que pretos; Recife (3,0) e Belo Horizonte (2,9).
Quando analisada a razão entre brancos e pardos, São Paulo apareceu no topo da lista, com brancos ganhando 2,7 vezes mais, seguida por Porto Alegre (2,3).

Os homens recebiam no País em média 42% mais que as mulheres (R$ 1.395, ante R$ 984), e metade deles ganhava até R$ 765, cerca de 50% a mais do que metade das mulheres (até R$ 510).

No grupo dos municípios com até 50 mil habitantes, os homens recebiam, em média, 47% a mais que as mulheres:
R$ 903 contra R$ 615. Já nos municípios com mais de 500 mil habitantes, os homens recebiam R$ 1.985, em média, e as mulheres, R$ 1.417, uma diferença de cerca de 40%.

Emigração.

Pela primeira vez, o IBGE perguntou às famílias no Censo se havia alguma pessoa morando no exterior. Com base nesses dados, foi traçado um perfil dos emigrantes.

Os EUA aparecem como principal lugar de atração de brasileiros (23,8%), seguido por Portugal (13,4%),
Espanha (9,4%),
Japão (7,4%),
Itália (7%) e Inglaterra (6,2%).

O número estimado pelo IBGE de brasileiros residentes no exterior foi de 491.645, espalhados em 193 países do mundo em 2010.

O resultado não inclui os domicílios em que todas as pessoas podem ter emigrado e também aqueles em que os familiares residentes no Brasil podem ter falecido. 

O IBGE informa na publicação que o número de brasileiros no exterior "é uma das questões mais controversas quando o tema migrações internacionais é abordado".

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o total pode chegar a 3,7 milhões de pessoas.

Segundo os dados do Censo, a origem de 49% dos emigrantes brasileiros foi a região Sudeste, principalmente São Paulo (21,6%) e Minas (16,8%), respectivamente primeiro e segundo Estados de onde mais saíram pessoas.

Os EUA foram o principal destino da população oriunda de todos os Estados, especialmente Minas Gerais (43,2%),
Rio de Janeiro (30,6%),
Goiás (22,6%)
e São Paulo (20,1%).

O Japão foi o segundo país que mais recebeu os emigrantes de São Paulo (20%).
Já Portugal apareceu como segunda opção da emigração originada no Rio (9,1%) e em Minas (20,9%).

Goiás foi o Estado de origem da maior proporção de emigrantes (5,92 pessoas para cada mil habitantes),
seguido de Rondônia (4,98 por mil),
Espírito Santo (4,71 por mil)
e Paraná (4,39 por mil).

Os municípios com as maiores taxas de emigrantes internacionais (por mil habitantes) ficam no entorno de Governador Valadares (MG).
Sobrália,
São Geraldo da Piedade
e Fernandes Tourinho, todas em Minas, foram as cidades brasileiras com maiores proporções de emigrantes (88,85 por mil habitantes; 67,67 por mil; e 64,69 por mil, respectivamente).

O Censo indica que a emigração internacional ocorre principalmente na faixa de 20 a 34 anos (60%) e entre mulheres (53,8%)


O Estado de São Paulo

Nas asas do King Air


A situação de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho tornou-se insustentável. O ministro falastrão tropeçou em mentiras em série, em bravatas excessivas e na constatação de que, sob seu comando, a pasta tornou-se mais um balcão de fornidos negócios escusos de todos os tipos.

A permanência dele no cargo viaja nas asas de um King Air em queda livre.


A trajetória de falcatruas e mutretas de Lupi no Trabalho repete o mesmo padrão que marcou as denúncias de corrupção nos ministérios da Agricultura, do Turismo, dos Transportes e do Esporte.

É, pois, sintoma de um fenômeno mais amplo e mais agudo:
o uso, pelo petismo, de recursos públicos para fins particulares e partidários. Em suma, surrupio de dinheiro do contribuinte.


O ministro e o Planalto certamente contavam com a hipótese de que um feriadão de quatro dias colaboraria para esfriar o noticiário e amainar a torrente de denúncias contra Lupi.

Não foi nada disso o que aconteceu nos últimos dias.
Choveram novas revelações desabonadoras sobre o pedetista.


"A sobrevida dada a Lupi até a reforma ministerial em janeiro já não existe. Avaliação feita ontem por integrantes do núcleo do governo foi a de que Lupi deve uma explicação pública convincente.

E, se isso não ocorrer, o Planalto espera que o PDT conduza o processo de substituição de Lupi o mais rápido possível", resume
O Globo.

Lupi foi pego na mentira quando a revista Veja revelou que ele usou um jatinho King Air de um empresário cuja ONG foi fartamente aquinhoada pelo Ministério do Trabalho nos últimos anos.

Na semana passada, quando esteve no Congresso, ele fora questionado sobre seus laços com Adair Meira. Negou-os, mas a realidade o desmentiu agora.


Ontem, vieram a público fotos e vídeos em que Lupi aparece embarcando na aeronave prefixo PT-ONJ ao lado do empresário-amigo, que devolvia na forma de favores o tratamento e as verbas generosas (R$ 13,9 milhões para "qualificação profissional" nos últimos quatro anos) que sua ONG, a Pró-Cerrado, recebera da equipe do Ministério do Trabalho.

A revelação da mentira apenas coroa uma lista de malfeitos que vieram à tona nos últimos dias. Ontem, a Folha de S.Paulo revelara que sindicatos-fantasmas foram criados a rodo com o aval da assinatura de Carlos Lupi.

Trata-se de entidades que "representam" setores de indústrias que não existem e que só se destinam a abocanhar um naco do imposto sindical.


Superintendências regionais do Ministério do Trabalho também se transformaram em sinecuras distribuídas entre partidários do PDT de Lupi, mostrou O Globo no domingo.

E ex-funcionários da pasta, com conhecimento do próprio ministro, negociam a liberação de registros sindicais dentro do ministério, revelou
O Estado de S.Paulo na segunda-feira:
"Quem paga o pedágio do lobby tem a promessa de ser atendido rapidamente. Desde 2007, quando Lupi assumiu o Trabalho, 1.120 entidades conseguiram registros".


Há um padrão que se reproduz em todos estes episódios.
O petismo instrumentaliza entidades à margem do Estado para servirem de apoio a seu exercício de poder.

Elas funcionam como dutos que irrigam contas de aliados, pagam apoio político e financiam campanhas eleitorais.

O dinheiro que as financia sai do bolso do contribuinte.

Uma das fontes mais vistosas destas maracutaias é o imposto sindical.

Criado por Lula em 2008, é cobrado de todos os trabalhadores com carteira assinada e do setor patronal.

A cobrança ocorre uma vez por ano e, no caso dos trabalhadores, corresponde a um dia de salário, descontado diretamente em folha.

No caso dos patrões, o valor é uma parcela do capital social da empresa.


O bolo do imposto sindical dobrou em quatro anos, ao mesmo tempo em que proliferaram novos sindicatos no país - foram mais 782 desde 2008. No ano passado, a arrecadação do imposto totalizou R$ 1,51 bilhão, e pode chegar a R$ 2 bilhões até dezembro.

Do total arrecadado, os sindicatos têm direito a 60%;
as federações, a 15%;
as confederações, a 5%;
as centrais sindicais, a 10%;
e o governo, a 10%.

Tudo isso sem qualquer controle externo:
a fiscalização do Tribunal de Contas da União sobre tais repasses foi aprovada em lei, mas foi vetada por Lula.


O ex-presidente sabia o que estava fazendo:
a rede de interesses irrigada com recursos do Estado, tendo no imposto sindical apenas um de seus exemplos mais polpudos, foi estruturada para dar apoio ao projeto de perpetuação de poder do PT.

A sobrevida, até aqui, do ministro do Trabalho no cargo tem tudo a ver com a preservação deste jogo.


Carlos Lupi é mais um elo desta cadeia - e dos mais resistentes, por ter um partido, o PDT, quase inteiramente sob seu comando férreo.

Mas caminha para ser o próximo a se romper, assim como os cinco ministros do governo Dilma Rousseff envolvidos em suspeitas de corrupção que já caíram desde junho.

Certamente ele não será o último tripulante deste voo cego.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela

NO "GOVERNO" DA FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA DE NADA E COISA NENHUMA : Piora a relação entre alta do PIB e inflação. O BRASIL SEGUE MUDANDO.


A relação entre crescimento econômico e inflação piorou no primeiro ano de mandato do governo Dilma Rousseff.

Na primeira semana do ano, a mediana das expectativas do mercado, captada pelo Boletim do Focus, projetava alta de 4,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 e de 5,33% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Na semana passada, a expectativa de PIB era bem menor (3,16%) e a de inflação, maior (6,48%).

A deterioração das expectativas tanto em relação ao comportamento do PIB quanto ao da inflação se deu de maneira ininterrupta ao longo do ano.

Módica, a única melhora nesse período ocorreu há pouco mais de 20 dias e apenas em relação à inflação - os agentes econômicos reduziram a projeção de inflação de 6,52 para 6,48%. No mesmo período, a projeção de expansão do PIB diminuiu.

Em tese, um crescimento mais forte da atividade econômica, especialmente quando a taxa supera o que os economistas chamam de PIB potencial, gera pressões inflacionárias.

Em 2010, por exemplo, o PIB avançou 7,5% e a inflação foi a 5,9%. No anterior, o crescimento foi negativo em 0,6% e a inflação ficou em 4,3%, abaixo do centro da meta, de 4,5%.

O governo adotou, ao longo de 2011, uma série de medidas para moderar o ritmo de crescimento e, assim, segurar a escalada inflacionária. Já se esperava, portanto, um avanço menor do PIB.

O problema é que, de fato, a economia caiu de forma significativa, mas o IPCA caminha para terminar o ano no limite superior (6,5%) do intervalo de tolerância do regime de metas.

O que provocou essa piora acentuada na relação entre PIB e inflação?

Para alguns analistas, o fenômeno pode ser explicado pela perda de credibilidade da política econômica, em especial, da política monetária, que teria passado a privilegiar o crescimento, em vez do cumprimento da meta de inflação.

Isso teria levado os agentes econômicos a acreditarem que, ao contrário do governo Lula, a gestão atual tem maior tolerância com a inflação.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, rebate essa análise.

Em entrevista ao Valor, ele disse que a ideia de que a relação entre PIB e inflação (o "trade-off", no jargão dos economistas) piorou no governo Dilma é parte de uma avaliação extremamente "curto prazista", que não leva em conta, por exemplo, os vários choques de oferta sofridos pela economia brasileira desde o fim do ano passado.

De fato, os preços de várias commodities e de produtos e serviços administrados, além dos de produtos agrícolas que não são commodities, pressionaram a inflação ao longo do ano.

No caso dos administrados, dos 28 itens acompanhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17 subiram acima da meta de inflação nos 12 meses acumulados até setembro. Passagem aérea, por exemplo, subiu, em média, 44,87% nesse período.

Holland lembra que apenas sete itens (gasolina, ônibus urbano, plano de saúde, energia elétrica residencial, telefone fixo, produtos farmacêuticos e taxa de água) respondem por 60% do peso dos administrados na inflação.

Numa lista mais ampla, acrescida de mais cinco itens (telefone celular, ônibus intermunicipal, gás de bujão, emplacamento e licenciamento de veículo, jogos de azar e passagem de ônibus interestadual), o peso sobe para 90%.

Nos 12 meses até setembro, apenas os preços administrados responderam por 1,77 ponto percentual dos 7,31% acumulados pelo IPCA no mesmo período.

O secretário de Política Econômica cita outros exemplos de alta de preços, que ajudariam a justificar a dificuldade do governo em trazer a inflação para a meta em 2011.

Os serviços bancários, por exemplo, subiram 12,1% nos 12 meses até setembro; açúcar e derivados aumentaram 18,97% em idêntico período;
carnes avançaram 12,54%;
leites e derivados ficaram 11,29% mais caros;
aves e ovos subiram 12,06%;
e vestuário registrou elevação de 9,73%, sempre considerando o percentual acumulado em 12 meses até setembro no IPCA.

"Mesmo nesse cenário de choques de commodities lá fora e de choques que afetaram a inflação no Brasil, o IPCA fica no intervalo de tolerância. Sem os choques, a inflação muito provavelmente estaria no centro da meta", sustentou Holland, para quem é muito apressado falar em piora da relação entre crescimento e inflação.

Foram muitos choques de oferta. Não há falta de compromisso com a inflação nem preferência por ter crescimento com inflação.

Holland lembra que o Brasil se recuperou de maneira "extraordinária" da crise de 2008/2009. Para ele, a capacidade do país de crescer e de controlar a inflação foi subestimada.

"O Brasil cresceu [no pós-crise] acima da média dos anos anteriores à crise. Depois, o governo tomou medidas para acomodar o crescimento e convergir a inflação", observou ele.

O Banco Central (BC) adotou medidas macroprudenciais no início do ano, depois elevou a taxa básica de juros (Selic) e o Ministério da Fazenda promoveu o que o secretário chama de "consolidação fiscal", fato igualmente subestimado pelos analistas, na acepção de Holland.

"Até setembro, já tínhamos cumprido 83% do resultado primário [que não contabiliza a despesa com juros da dívida] das contas públicas", disse o secretário, que é doutor em economia pela Unicamp e pós-doutor pela Universidade de Berkeley (EUA).

Holland acredita que a economia brasileira passa por um momento de transição. Nesses momentos, o grau de "impressionismo" dos analistas em relação ao curto prazo costuma ser grande, porque, segundo ele, os instrumentos técnicos de análise são frágeis.

Em meio a uma grande variedade de choques de preços, "a relação entre PIB e inflação", argumenta Holland, "não consegue ser representada perfeitamente por uma Curva de Phillips [que mostra uma correlação negativa entre inflação e desemprego] tradicional".

O economista José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e hoje sócio da MCM Consultores, concorda com Holland quanto à possibilidade de os choques de oferta terem contribuído para piorar o "trade-off" entre PIB e inflação. Ele acredita, no entanto, que isso é apenas parte da explicação.

Para Senna, a sucessão de períodos de afrouxamento e aperto monetário vivida pela economia brasileira nos últimos quatro anos ajuda a explicar a piora do "trade-off".

Ele lembra que o Banco Central apertou a política monetária em 2008, afrouxou em 2009, voltou a apertar e a afrouxar ao longo de 2010 e, novamente, a apertar e a afrouxar em 2011.

Esses movimentos dificultam decisões de investimento. Senna atribui parte do problema, também, à perda de credibilidade do BC.

"No início do processo, houve um choque de preços; no fim, um choque internacional que tende a derrubar a atividade econômica. Nesse meio tempo, vários momentos de "stop and go". Acho que isso explica pelo menos parcialmente o fenômeno da piora do "trade-off"", disse o economista.

"Não há dúvida de que a perda de credibilidade do Banco Central piora o "trade-off". Numa determinada fase de aperto monetário, quanto maior a credibilidade, maior o impacto sobre as expectativas e mais rapidamente você reverte a inflação", diz o ex-diretor do BC.

Cristiano Romero e João Villaverde | De Brasília Valor Econômico

Significado & contexto : No "puder" e por "cima". Na era Lula-petista, governar é "cuidar" do povo. "No Brasil, governar é roubar!"...


Diz um velho ditado que "pornografia é uma questão de geografia". Mude-se e veja que o imoral em sua terra, é mandamento alhures. Quando cheguei nos Estados Unidos, pelos idos de 1963, um mentor, que conhecia o Brasil melhor do que eu, avisou:
quando você for convidado para um jantar, jamais vá sozinho, como se faz no Brasil.
Vá com sua mulher, como fazemos a aqui.


Tomei a observação como um misto de reproche e aula de etiqueta, mas não perdi de vista a sua dimensão cultural, pois o que estava em pauta eram modos diversos de reunião.

As "turmas" brasileiras - geralmente agrupadas na "rua" (em bares e botequins) - congregavam homens. Em Cambridge, Massachusetts, entretanto, eu - um tanto perturbado - aprendi uma sociabilidade mais caseira, aberta e mais igualitária, da qual minha mulher participava comigo e não por minha causa - ao meu lado, não atrás de mim.

Descobri que o elo matrimonial era compulsório na tal América onde havia divórcio & assédio e não existia a boa e emocionante "cantada"; mas era opcional do meu Brasil de Niterói, então chamada de "cidade sorriso", hoje uma urbe desgovernada.

Como levar a "esposa" (sobretudo se ela era bela e inteligente) a uma festa onde se falava de tudo - principalmente de "política" - e, entrementes, um sujeito queria "comer a mulher do outro" como me ensinou um outro mentor importante, mas obviamente brasileiro?


Altere o contexto, faça a passagem, e os motivos e os papéis mudam de significado.

Governar é administrar a coisa pública com a legitimidade dos votos da maioria. Mas na era Lula-petista, governar é "cuidar" do povo.

Voltamos, com ajuda das ONGs lidas à brasileira, à temporada do "clã político" de Oliveira Vianna e da família patriarcal de Gilberto Freyre, com pitadas ideológicas que racionalizam posições, já que ganhar muito em pouco tempo é bom demais.

Os dirigentes são pais e mães do povo.
Sobretudo dos "pobres" - que têm a sua posição social solidificada por uma carteirinha de plástico.

Que os "pobres" devam ser reparados eu não tenho a menor dúvida.
A questão, como se descobriu na Inglaterra Vitoriana, dos Gladstones e dos Disraelis, é saber quem é efetivamente pobre e, mais complicado que isso, como tirar o assistido da passividade contida no assistencialismo para integrá-lo ativamente no sistema produtivo.


Meu velho pai, que foi um homem soturno, me disse um dia, seco como uma folha de chá:
"No Brasil, governar é roubar!"
Fiquei chocado, mas, entre a sua opinião e a dos meus mentores socialistas e comunistas, pendemos mais para o governar como sinônimo do "cuidar" e do "roubar" do que para o do liberal, competitivo e, dizem, eficiente estilo de governar administrando ou gerenciando.


De um lado, há o personalismo que permeia a centralização nacional que tem uma burocracia e uma legislação sofisticada, mas que opera de modo desigual, confirmando e reafirmando, em vez de desconstruir, a desigualdade.

No Brasil, o aparelho burocrático não funciona sine ira et studio (sem cólera ou parcialidade), como queriam Tácito e Weber.

Antigamente dizia-se "aos amigos tudo aos inimigos a lei"; hoje somos mais eficazes (e cínicos), pois simplesmente "blindamos" quem pratica os "malfeitos".


Malfeitos.
Eis, caros leitores, um eufemismo brutalmente pueril, regressivo emocionalmente, que situa a nossa moralidade pública no nível das fábulas infantis dos pequenos príncipes e filósofos! Ministros, senadores, governadores, deputados, prefeitos e secretários de governo que montam esquemas e repassam para agentes dos seus partidos, mascarados de ONGs, verbas do povo, não estão praticando veniais "malfeitos".

Estão é roubando, como dizia papai.
Roubando recursos que são da sociedade e do Brasil, não do governo.
Dai essa centralização burocrática pervertida porque, diferentemente das originais, ela não opera impessoal e anonimamente, pois o que conta é quem fez e não o que foi feito.


Resumo da ópera:
em outros mundos, a burocracia é a "jaula de ferro" que bloqueia o carisma e reduz a "Política" (com "p" maiúsculo) - lida, entre outros, por Max Weber - como a esfera social da criatividade e da transformação no mundo.
No Brasil, entretanto, esse conflito não existe.

A burocracia está inteiramente sujeita ao político.
Um político que se reduz ao "pequeno poder" das agendas do velho projeto pessoal ibérico de ficar rico (tornando-se ao mesmo tempo - eis o Paraíso - inimputável legalmente) ocupando cargos públicos.

Ficando por cima.
Virando, como disse um vereador de Taubaté, o sr. Rodson Lima do PP, que não me deixa mentir, um "príncipe" e, por isso, está agradecido aos seus eleitores que o aristocratizaram.


Ou seja:
no "puder" e por "cima".
O "poder" entre nós é um elevador que só segue para cima, mas à custa da nossa energia.
Gastando a eletricidade e a dignidade dos cidadãos comuns plantados no chão.

Roberto DaMatta O Globo