"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 03, 2014

DOZE ANOS PARA MARGINALIZAR O Partido de Torpes POR O MESMO "Padrão copia-e-cola"


O programa de governo de Marina Silva está recheado de contradições, convicções que mais parecem de cristãos novos e até plágios. 
O Brasil não é para quem copia e cola

Programas de governo são documentos importantes para se conhecer as reais intenções dos candidatos, suas concepções, sua maneira de ver a realidade e as formas com que pretendem enfrentar desafios. Pelo menos deveria ser assim, mas não tem sido.

Na semana passada, Marina Silva divulgou as 242 páginas do programa da coligação Unidos pelo Brasil, liderada pelo PSB. O catatau revela um pouco da candidatura nascida da tragédia que matou Eduardo Campos. Está recheado de contradições, convicções que mais parecem de cristãos novos e até plágios.

O capítulo sobre direitos humanos ocupa apenas três páginas, mas, entre suas dez propostas, tem quatro integralmente copiadas do Plano Nacional de Direitos Humanos publicado em maio de 2002 pelo governo Fernando Henrique. 

Nada contra alguém que se inspira em boas práticas adotadas por governos de diferentes partidos, uma vez que é isso que também caracteriza boas políticas. Mas daí a reproduzir propostas sem sequer atribuir crédito à fonte original vai imensa distância. Nem em colégios admite-se o copia-e-cola.

Além de plágios, o programa apresentado pela candidata também peca pela inconsistência. Menos de 24 horas depois de ser divulgado, na sexta-feira passada, já suscitara duas erratas, revisando pontos de vista da coligação sobre temas LGBT e sobre o aumento da participação da energia nuclear na matriz brasileira.

Pairam dúvidas também sobre as reais convicções da candidata do PSB acerca da receita a ser seguida para enfrentar os graves problemas econômicos por que passa o país, arrastado para o buraco pela fracassada política empreendida desde 2011 por Dilma Rousseff.

Marina professa agora fé num ideário que combateu com vigor no passado. Defende o combate à inflação, mas, assim como todo o PT, no qual militou por quase três décadas, empreendeu ferrenha oposição ao Plano Real.
Manifesta apoio incondicional aos ditames da responsabilidade fiscal, mas, em 11 de abril de 2000, então senadora pelo PT, votou contra a lei que instituiu o regime em vigor há 14 anos no país.

Não satisfeitos com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, tanto o PT quanto o atual partido da senadora, o PSB, foram ao Supremo tentar derrubar o que o Congresso havia aprovado. Felizmente, sem sucesso.

Programas de governo que prometem o que não vão entregar são comuns na política. Basta ver também o oceano que separa os compromissos feitos pela hoje presidente em 2010 do que seu governo foi capaz de realizar: Dilma legará ao sucessor um país pior do que recebeu.
O país quer mudar a partir de 2015. 

Mas esta mudança tem de vir com segurança, com consistência, pelas mãos de quem tem reais condições de formar um time de peso para vencer os muitos desafios que despontam no horizonte. O Brasil não é para amadores, nem para quem copia e cola para tentar passar no teste das urnas.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

JÁ QUE É COVARDIA COMPARAR COM OS GRANDES, VAMOS CONFRONTAR O brasil maravilha DOS VELHACOS E GERENTONA DESAVERGONHADA DO CACHACEIRO VIGARISTA COM O AZERBAIJÃO

Sempre que o Impávido Colosso publica um post comparando preços e índices econômicos do Brasil com os dos Estados Unidos ou países europeus, alguns leitores alegam que o Brasil “não pode ser comparado com países de primeiro mundo”. Esse post mostra como o Brasil se sai, economicamente, quando comparado ao Azerbaijão. Um país situado no oeste da Ásia que faz fronteira com Irã, Armênia, Georgia e Rússia.

O Brasil tem maior inflação, maior taxa de juros, maior desemprego e menor crescimento do PIB no segundo trimestre de 2014 em relação à 2013. Por enquanto o Brasil ainda ganha no índice PIB per capita, o que não deve durar muito tempo, visto que durante os últimos 10 anos o PIB do Azerbaijão cresceu cerca de 182%, enquanto o brasileiro cresceu apenas 25%. Com o Azerbaijão pode?
Fontes: Trading Economics e IBGE
Veja.com
DO IMPÁVIDO COLOSSO 

"risco de que tudo fique “diferente, porém pior” . OU: O velho na novidade de Marina

Há um velho vício nas citações de uma frase do romance “O leopardo”, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Atribui-se ao Príncipe de Salina (Burt Lancaster no filme) a frase “algumas coisas precisam mudar, para continuar as mesmas”. Salina nunca disse isso e se tivesse dito o romance de Lampedusa seria pedestre. 

A frase, colocada indevidamente na epígrafe do filme pelo diretor Luchino Visconti, é de Tancredi, o sobrinho do príncipe (Alain Delon), um oportunista bonito e banal. O que Salina disse foi algo mais profundo: 
“Tudo isso não deveria poder durar; mas vai durar, sempre; o sempre humano, é claro, um século, dois séculos...; e depois será diferente, porém pior.”

Na campanha de Marina Silva há um componente de Tancredi (visível no encanto que ela desperta num pedaço da turma do papelório) e a maldição deixada pelo príncipe. Julgá-la será tarefa de cada um. Desde que ela se tornou candidata a presidente, propõe uma “nova política” e apresentou um extenso programa de governo. 

Como todos os demais, é um tesouro de promessas. Em menos de um mês Marina defrontou-se com dois episódios concretos: a escalafobética propriedade do jatinho que caiu matando Eduardo Campos e dois pontos de seu programa, anunciados na sexta-feira e renegados no fim de semana.

Nos dois casos, Marina comportou-se de acordo com o manual da velha política, com explicações insuficientes ou jogando o problema para adiante.

No caso da propriedade do jatinho, embaralhou o enigma do avião com a defesa da memória do candidato morto e disse que se deveria esperar a conclusão das investigações. O Cessna pertencia a uma usina falida e fora comprado por um empresário pernambucano, do ramo de importação de pneus usados. Admita-se que Eduardo Campos e ela não sabiam de nada, como Lula nunca soube do mensalão. Seu comportamento certamente evita pré-julgamentos, como a doutora Dilma frequentemente argumenta na defesa de sua equipe. 
É a velha política.

No caso dos recuos programáticos instantâneos, o comando de sua campanha deu-se à pura empulhação. Atribuiu a mudança em relação à criminalização da homofobia “a uma falha processual na editoração”. Seja lá o que isso queira dizer, o pastor Silas Malafaia havia postado uma mensagem:
“Aguardo até segunda-feira uma posição de Marina. Se isso não acontecer, na terça será a mais dura fala que já dei até hoje sobre um presidenciável.” 
No sábado, ficou satisfeito. 
Um candidato pode ser contra ou a favor de qualquer coisa. O que não pode é dizer uma coisa na sexta-feira, outra no sábado com porta-vozes atribuindo isso a “uma falha processual na editoração”.

No caso do incentivo às centrais nucleares, “vitais para a sociedade do futuro”, deu-se a mesma coisa. Entrou e saiu. Teria sido um “erro de revisão”. Erro de revisão teria sido listar as usina nucleares entre as fontes de energia “vitais para a çossiedade do futuro".


Não se pode cobrar a candidatos coerência nem fidelidade aos seus programas. Embromar é coisa diferente, velha como aquilo que Marina diz combater. Mudar para que tudo continue como está é um truque velho. Acobertamentos e dissimulações trazem o risco de que tudo fique “diferente, porém pior”.

Elio Gaspari, O Globo
O velho na novidade de Marina