"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 13, 2011

RISCO BRASIL : EMBI+ FECHA EM 171 PONTOS, ALTA DE 0,59%

Considerado um dos principais termômetros da confiança dos investidores, o índice EMBI+, calculado pelo Banco JP Morgan Chase, encerrou o dia aos 171 pontos, alta de 0,59% em relação aos 170 de ontem.

Sobre o EMBI+ Brasil

O Emerging Markets Bond Index - Brasil é um índice que reflete o comportamento dos títulos da dívida externa brasileira. Corresponde à média ponderada dos prêmios pagos por esses títulos em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos, tido como o país mais solvente do mundo, de risco praticamente nulo.

O indicador mensura o excedente que se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do governo norte-americano. Significa dizer que, a cada 100 pontos expressos pelo risco Brasil, os títulos do país pagam uma sobretaxa de 1% sobre os papéis dos EUA.

Basicamente, o mercado usa o EMBI+ para medir a capacidade de um país honrar os seus compromissos financeiros. A interpretação dos investidores é de que quanto maior a pontuação do indicador de risco , mais perigoso fica aplicar no país.

Assim, para atrair capital estrangeiro, o governo tido como " arriscado" deve oferecer altas taxas de juros para convencer os investidores externos a financiar sua dívida - ao que se chama prêmio pelo risco.

(Valor)

BRASIL DE TOLOS : “Era uma casa, muito engraçada. Não tinha teto, não tinha nada”

Era uma casa, muito engraçada. Não tinha teto, não tinha nada”.
A letra da canção soa divertida, mas em Governador Valadares, região Leste de Minas Gerais, tomou forma de descaso.

Um conjunto habitacional construído pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, para retirar famílias de uma área de risco, foi erguido em terreno condenado.

De 96 moradias, 14 estão sem condições de uso, ameaçadas por erosão, conforme relatórios do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da prefeitura.
Oito famílias foram removidas.

Entre as residências interditadas, que já foram parcialmente demolidas para evitar invasões, está a visitada e usada como modelo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na inauguração do conjunto, em fevereiro de 2010, quando esteve na cidade ao lado da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O conjunto, construído próximo à encosta de um morro às margens da BR-116, custou, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 18,8 milhões, segundo dados do Ministério das Cidades. Serviria para abrigar moradores do bairro vizinho de Altinópolis, do outro lado da rodovia, onde morava a cozinheira Luciene Pereira, 48 anos, dona da casa visitada pela comitiva presidencial.

O Lula reconheceu que ainda faltavam coisas. Afirmou que mandaria colocar cerâmica no piso e muro. Cumpriu a promessa, mas acabei ficando sem ter onde morar”, relata a ex-moradora, transferida pela prefeitura para um bairro próximo. Entrou em um programa de auxílio aluguel.
Mas não pagam tudo. O aluguel é de R$ 450. Dão R$ 300 e atrasam o repasse. Lá, era nosso”, reclama a cozinheira”, que mora com a filha, o genro e duas netas.

Menos de um ano depois de entrar na casa própria, foi obrigada a sair em 30 de dezembro, às vésperas do réveillon. “Falaram que a casa ia cair por causa das chuvas”, conta Luciene. “Hoje temos de deixar de comer um pedaço de carne para pagar parte do aluguel”.
O secretário municipal de Assistência Social, Jaime Luiz Rodrigues Júnior, admitiu atraso nos pagamentos, mas afirmou que os repasses serão regularizados.

O secretário de Obras de Governador Valadares, Cézar Coelho de Oliveira, afirma que a prefeitura vem tentando convencer as seis famílias moradoras das casas condenadas que relutam em deixar o conjunto habitacional.
Todas correm risco, assume o secretário, sobretudo nos períodos de chuva.

Cézar afirma que a atual administração da cidade, que tem a ex-deputada estadual Elisa Costa (PT) como prefeita, não foi a responsável pelo início das obras. “A indicação foi feita no governo anterior”, argumenta. O antecessor de Elisa é o atual deputado estadual Bonifácio Mourão (PSDB).

Questionado se a obra não poderia ser paralisada, já que se tratava de um terreno condenado, o secretário afirmou que apenas parte da área está sob risco e que a suspensão não seria possível porque o projeto já estava “80% concluído”.

Erosão
Segundo Cézar Coelho, o morro onde o conjunto Palmeiras foi construído tem três pontos de erosão. O mais grave está voltado para a BR-116 e, conforme a prefeitura, depende de obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para ser contido.

A reportagem tentou contato com o responsável pelo Dnit em Governador Valadares, Ricardo Luiz de Freitas, mas não obteve retorno. Segundo o ex-prefeito Bonifácio Mourão, o terreno foi indicado com base em laudos elaborados por engenheiros da prefeitura. O deputado ressaltou que a área foi fiscalizada e aprovada também pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Não havia risco à época da escolha, no fim de 2007”, diz. Além disso, o deputado atribuiu a obras do Dnit para duplicação da rodovia Rio-Bahia o surgimento dos problemas. “A obra causou um assoreamento que não existia anteriormente”, afirma.

Mesmo com ruas asfaltadas, linha de ônibus e saneamento, o conjunto habitacional perdeu em qualidade de vida. As oito casas que começaram a ser demolidas — as residências têm tamanho padrão de dois quartos, sala, banheiro e cozinha — passaram a ser utilizadas como depósito de lixo.

Dentro das casas, o acúmulo de entulho da demolição favorece o surgimento de insetos.
Responsável pelo repasse de recursos do PAC, o Ministério das Cidades informou, pela assessoria, que não havia ninguém para falar sobre as obras do programa em Governador Valadares.

Leonardo Augusto e Maria Clara Prates Correio Braziliense

DA CHINA, ATÉ AGORA VENTO.

http://i1.r7.com/data/files/2C95/948F/2F49/5A95/012F/4A38/145D/370F/dilma1-g-afp-20110412-700x450.jpg
É preciso ser versado em "diplomatiquês" para enxergar resultados significativos na visita da presidente Dilma Rousseff à China.
Outra opção é recorrer a porta-vozes oficiais prontos para traduzir em versões convenientes ao governo brasileiro as embromações que constam do
comunicado conjunto firmado ontem entre os dois países.

Muito do que lá está é puro vento.
A começar pelo "apoio", segundo algumas leituras, supostamente dado pelos chineses à pretensão brasileira por um assento no Conselho de Segurança da ONU.


O trecho do comunicado mais destacado pela imprensa brasileira sobre o assunto foi este:
"A China atribui alta importância à influência e ao papel que o Brasil, como maior país em desenvolvimento do hemisfério ocidental, tem desempenhado nos assuntos regionais e internacionais, e compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas."


O Estado de S.Paulo tratou o assunto em manchete. Disse que "Pequim deu um passo adiante ao tratar da defesa do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU", mas lembrou que tal apoio já vem de tempos atrás e nunca passou de mera "retórica".

Já a Folha de S.Paulo lembrou que "trata-se de posição semelhante à adotada há cerca de um ano, quando o dirigente máximo da China, Hu Jintao, visitou o Brasil", ainda no governo Lula. Até hoje, não passou disso. Na leitura do jornal, o Brasil até agora "não obteve o respaldo chinês" à vaga na ONU.


Já segundo O Globo a declaração chinesa teria sido "a segunda vitória de Dilma em relação ao tema". O jornal escorou-se na "avaliação de um alto funcionário do Itamaraty" para chegar a esta conclusão. Só podia.
Dentro desta visão, edulcorada no mais puro diplomatiquês, a "primeira vitória" teria sido a declaração de Barack Obama, durante visita ao país em março, de "apreço" pela pretensão brasileira.
Vitórias de Pirro, como se vê.


O comunicado conjunto também é frouxo naquilo que mais interessava aos brasileiros:
melhorar os termos das trocas comerciais entre os dois países. Diz o texto diplomático que "a parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil".
Nada poderia ser mais etéreo.


Foi preciso que a presidente brasileira reforçasse a leitura positiva do texto, em entrevista à imprensa, na tentativa de dar ares mais verossímeis à possibilidade de os chineses alterarem alguma coisa de sua política de comércio com o Brasil. Disse ela que "o que valer para o Brasil, vale para a China e vice-versa".

Difícil crer, como já havia demonstrado anteontem Robson Andrade, presidente da CNI e um dos quase 250 empresários que compõem a missão brasileira à China:
"Os chineses definem o que querem importar e da maneira que querem".

Ou como desnuda um diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China ouvido por
Miriam Leitão :
"A visita de Dilma não vai levar a nenhuma mudança drástica nas relações comerciais entre os dois países. O Brasil continuará vendendo commodities e a China, manufaturados".


Um dos itens mais comemorados foi o anúncio - que saiu da boca de um ministro brasileiro pré-candidato às eleições de 2012 - de que uma gigante chinesa aportará US$ 12 bilhões para fabricar telas de cristal líquido no Brasil.

Não se sabe muita coisa a respeito, exceto que na planta que tal empresa mantém em Shenzhen, perto de Hong Kong, nove trabalhadores se mataram em razão das péssimas condições de trabalho...


Afora isso, os chineses, por exemplo, "não deram resposta à reivindicação dos produtores de aço brasileiro, que se queixam da recusa em autorizar investimentos no setor siderúrgico chinês" - que responde por 44% da produção mundial, segundo o Valor Econômico.

Em contrapartida, prometeram concluir "de forma expedita" os trâmites burocráticos para autorizar produtores brasileiros a vender "gelatina, milho, folha de tabaco da Bahia e de Alagoas, embriões e sêmen de bovinos e frutas cítricas". Com tamanha generosidade chinesa, do que mais o Brasil poderia se queixar?


Já sobre a defesa dos direitos humanos, que Dilma quer alçar à condição de marca de sua política externa, o comunicado conjunto também não trouxe quase nada. A referência ao tema foi "genérica e lacônica", de acordo com o Estadão.

"O assunto é abordado como se fosse uma questão de garantir a inclusão social e a distribuição de renda. Em nenhum momento se trata da falta de liberdade de expressão e das violações nessa seara", registra o jornal.


Até agora, não houve qualquer referência de Dilma ou do Itamaraty à mais nova onda de repressão chinesa contra dissidentes políticos, desencadeada desde fevereiro por Pequim como uma espécie de salvaguarda contra o risco de que as manifestações pró-democracia no mundo árabe também seduzissem os chineses.

Diz O Globo que "organizações chinesas de defesa dos direitos humanos calculam que, nas últimas quatro semanas, cerca de 50 pessoas foram presas ou desapareceram sob a custódia de autoridades".
A missão brasileira deu de ombros.


Felizmente, o Itamaraty também utilizou sua habilidade de versar em diplomatiquês para não alimentar a pretensão chinesa de ter sua economia reconhecida como "de mercado".
Trata-se de algo que Lula prometeu em 2004, mas até hoje não saiu do papel. Se os chineses já inundam as prateleiras brasileiras com suas quinquilharias, se ganharem tal reconhecimento não sobrará empresa brasileira em pé para fazer-lhes frente.


Fonte: ITV

LER E ENTENDER! OVELHAS DESGARRADAS : UM RESUMO HONESTO.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo caudaloso, tenta agir como um bom pastor ao ver as ovelhas desgarradas:
reunir o rebanho, afastar os predadores e conduzir sua criação ao pasto farto e seguro.

Publicado na revista Interesse Nacional, o artigo tenta, de certa forma, definir também a nova classe média como o novo rebanho a ser pastoreado pelo PSDB. Dá como perdida para o PT e seus aliados no governo Dilma Rousseff a população mais pobre do país.

Segundo o ex-presidente da República — cujo legado não foi devidamente defendido nem pelo ex-governador José Serra, nem pelo governador Geraldo Alckmin, ambos paulistas —, as realizações de seu governo seriam o maior acervo patrimonial dos tucanos, mas isso é insuficiente para conquistar novos adeptos.

Para FHC, o papel da oposição é debater os novos problemas do país e encampar as demandas dessa nova classe média na saúde, na educação, na segurança e nas demais questões do dia a dia.

Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense