"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 14, 2014

MPF rastreia dinheiro desviado da Petrobras no exterior. Dois delatores admitiram pagamento de mais de 30 milhões de reais em propinas a Renato Duque em contas no Uruguai e na Suíça

Os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça Neto, delatores do núcleo empresarial investigado na Operação Lava Jato, relataram em depoimentos que pagaram mais de 30 milhões de reais ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso nesta sexta-feira, e a um subordinado dele, Pedro Barusco, que era gerente de serviços.

Os pagamentos de propina eram exigidos como condição para que a estatal assinasse contratos com empreiteiras do cartel investigado na operação, de acordo com os delatores. Foram denunciadas propinas em contratos da Refinaria de Paulínea (Replan), do Gasoduto Urucu-Manaus, do Terminal Cabiúnas 3, da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) no Paraná, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e no Projeto Cabiúnas 2.

Camargo e Mendonça Neto chegaram a indicar os bancos no exterior em que os pagamentos eram feitos. De acordo com eles, havia pagamentos nos bancos Cramer e Credit Suisse, na Suíça, e no banco Winterbothan, no Uruguai. O Ministério Público Federal já requisitou em pedidos de cooperação internacional que os países confirmem a circulação de dinheiro de Duque e do subordinado no país. Em relatório, o Ministério Público Federal destaca ainda que Barusco teve recentemente 20 milhões de dólares apreendidos administrativamente na Suíça.

O caminho do pagamento de propinas, providenciado pelos delatores na maioria das vezes, foi descrito em diferentes projetos da Petrobras. Em contratos da Repar, por exemplo, o consórcio Interpar contratou a empresa Auguri Empreendimentos, uma das firmas mantidas por Camargo, e o dinheiro seguiu para contas do exterior de Duque e Barusco.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também utilizava contas na Suíça para receber propina no exterior. Mas, em função do acordo de delação premiada, pelo qual prestou depoimentos com o objetivo de elucidar crimes em troca de penas mais brandas, teve de abrir mão do dinheiro.

Agora, uma série de políticos teme eventual delação premiada de Duque, indicado unicamente pelo PT – mais precisamente pelo ex-ministro José Dirceu.

Veja.com

Grupos investigados na Lava Jato movimentaram R$ 90 mi para empresas de Youssef, diz PF. Investigações da Polícia Federal apontam existência de acordo prévio entre as empresas para definir vencedores de contratos da Petrobrás

A Justiça Federal de Curitiba identificou pagamentos de R$ 90 milhões das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato às empresas controladas por Alberto Youssef. O doleiro seria o responsável por repassar os recursos desviados da Petrobrás a partidos políticos, empresários e outros beneficiados do esquema de corrupção. Os pagamentos eram justificados como pagamento a serviços terceirizados de consultoria financeira e técnica mas, de acordo com as investigações, as empresas controladas por Youssef não exerciam qualquer atividade econômica e funcionavam apenas como fachada para a lavagem do dinheiro. 

Entre as movimentações suspeitas aparecem depósitos de US$ 4,8 milhões feitos pela OAS African Investments Limited em três parcelas entre maio e agosto de 2013. Os recursos foram depositados em uma conta em agência do PBK Bank, na Suíça, em nome da empresa de serviços off-shore Santa Thereza Services, que também seria controlada pelo próprio Alberto Youssef. Além do depósito, foram localizadas transferências de R$ 5,5 milhões feitas por consórcios liderados pela Mendes Junior, que teve o vice-presidente preso durante as operações da PF desta sexta-feira. Também há depósitos da Investminas (R$ 4,3 milhões), da construtora OAS (R$ 1,6 milhão) e Engevix (R$ 3,2 milhões), entre outros. 

De acordo com o relatório, que embasou as prisões e investigações deflagradas pela Polícia Federal nesta sexta-feira, as investigações indicaram que "as maiores empreiteiras do País formariam uma espécie de cartel, definindo previamente as vencedoras das licitações da Petrobrás, o que lhes permitia cobrar o preço máximo da empresa estatal, e que pagavam um porcentual, de 3% ou 2%, sobre o valor dos contratos a agentes públicos". 

O documento relata que os valores desviados da estatal eram repassados pelos consórcios de empreiteiras a empresas terceirizadas e fornecedoras de equipamentos. Estas, então, repassavam os valores a empresas controladas por Alberto Youssef, como a MO Consultoria e a GDF Investimentos, simulando a execução de serviços de consultoria.

Contas. 
Somente o Grupo Sanko teria movimentado mais de R$ 33 milhões para as contas do doleiro. O grupo possui contratos de mais de R$ 3 bilhões para fornecimento de tubulações para obras da estatal. Um dos executivos do grupo, Márcio Bonilho, em depoimento prestado na Justiça Federal, confirmou o relacionamento e os repasses ao doleiro. O relatório apresenta trechos do depoimento em que descreve Youssef como alguém de "credibilidade boa", que "abria portas" e andava com pessoas "tomadoras de decisão" em relação aos contratos.

"Saímos tentando vender esse projeto, eu conheci o Alberto Youssef, se eu não me engano uns quatro ou cinco. (...) Ele era uma pessoa que gozava de uma credibilidade boa nesse setor e ele andava com pessoas tomadoras de decisão (...). Eu coloquei a possibilidade, ele falou de uma possibilidade de pagar comissões para ele, eu fechei o negócio e aconteceram as comissões", diz o trecho. Em outra passagem, Bonilho afirmou que o doleiro tinha relações com diretores das empreiteiras e marcava reuniões com o executivo.

"Ele apresentava, marcava uma reunião, eu era recebido, fazia a apresentação técnica e nós tentávamos fazer a venda. Eu fechei negócios com o CNCC, fechei negócios com o Conest, fechei negócios com a UTC, fechei negócios com Engevix, com o Estaleiro, fechei... Não recordo todos, mas fechei meia dúzia de negócios, assim, com 10 empresas distintas", completou o trecho.

Assinatura. 
O relatório é assinado pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná, responsável pelo caso. O documento apresenta uma planilha resultado de perícia elaborada no decorrer das investigações a partir de informações obtidas com a quebra do sigilo fiscal e bancário das empresas. Também foram investigadas "planilhas de contabilidade informal" do doleiro citando "comissões e repasses", mas sem identificar beneficiários. Os depósitos teriam ocorrido entre 2009 e 2013, período em que foram identificadas as irregularidades na Petrobrás.

Os depoimentos de funcionários das empresas do doleiro Alberto Youssef também indicaram que os contratos não eram efetivamente cumpridos e que as empresas apenas forneciam notas fiscais. "Não foi colhida qualquer prova de que as referidas empresas MO Consultoria, GDF Investimentos, Empreiteira Rigidez e RCI Software prestassem, de fato, alguma espécie de serviço de consultoria ou mesmo que tivessem quadro especializado de empregados ou terceirizados aptos a atender consultorias técnicas para as maiores empreiteiras de obras do Brasil", completa o juiz Sérgio Moro.

ANTONIO PITA - O Estado de S. Paulo

Executivos apontaram propina de Duque em 6 obras da Petrobrás


Os executivos da Toyo Setal, Julio Gerin Camargo e Augusto Mendonça de Ribeiro Neto, afirmaram em suas delações premiadas nos autos da Operação Lava Jato que o ex-diretor de Serviços e Engenharia Renato Duque – nome ligado ao PT na Petrobrás – recebeu propina referente às obras das refinarias Repav (São José dos Campos), Repar (Paraná) e Replan (Paulínia, SP), no complexo petroquímico Comperj (RJ) e nos gasodutos Cabiúnas e Gasoduto Urucu Manaus.

“Os depoimentos transcritos são bastante detalhados, revelando pagamentos de propinas em diversas obras da Petrobrás, como na Repav, Cabiúnas, Comperj, Repar, Gasoduto Urucu Manaus, Refinaria Paulínea, a Renato Duque”, informa o pedido de prisão.

Os dois executivos apontaram ainda o nome de um gerente da Petrobrás “Pedro Barusco”. As afirmações feitas nas delações tem “detalhes quanto ao modus operandi e as contas no exterior creditadas”, informam os procuradores.

Eles narraram “todo o esquema de cartelização, lavagem e pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos, confirmando não só a participação de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, mas das demais empreiteiras e ainda o envolvimento de Renato Duque, Diretor de Serviços da Petrobras, e Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, outro operador encarregado de lavagem e distribuição de valores a agentes públicos”.

Fausto Macedo/ Estadão

Lobista foragido repassou US$ 8 mi para diretoria da Petrobras

Apontado como operador do PMDB no esquema do petrolão, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, é acusado de ter distribuído 8 milhões de dólares em propinas à diretoria Internacional da Petrobras. Ele está entre os alvos da sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira. Nesta etapa, a Polícia Federal prendeu executivos de empreiteiras e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, apontado como operador do PT no esquema.

As investigações apreenderam papéis, documentos e planilhas com menções a pagamentos e dívidas das empresas a Fernando Soares associados a datas, sem especificar o ano. No total, os apontamentos indicam valores de 2,1 milhões de reais. Além desses valores, trechos do depoimento do executivo da Toyo Setal Julio Camargo descrevem a distribuição de propinas na diretoria internacional.

O depoimento é citado no despacho em que o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, autoriza as operações de busca e apreensão da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta. O relatório foi elaborado a partir dos depoimentos das delações premiadas, dados de sigilo bancário e fiscal, além das investigações do Ministério Público Federal. 

"Júlio Camargo ainda relata, em detalhes, episódio de pagamento de propinas por intermédio de Fernando Soares à Diretoria Internacional da Petrobras, na aquisição de sondas de perfuração pela Petrobras, inclusive revelando a forma de pagamento e a utilização por Fernando Soares, para recebimento de saldo de oito milhões de dólares em propina, das contas das empresas Techinis Engenharia e Consultoria S/C Ltda. e Hawk Eyes Administração de Bens Ltda".

Ainda de acordo com o relatório, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef"declararam que o mesmo esquema criminoso que desviou e lavou 2% ou 3% de todo contrato da área da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás também existia em outras diretorias", citando as áreas de Serviços, ocupada por Renato Duque, e na área Internacional, dirigida por Nestor Cerveró. "Nestes desvios, atuavam outros operadores que não Alberto Youssef. "Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, estava encarregado da lavagem e distribuição de recursos para agentes públicos relacionados ao PMDB", indica o relatório.

Em um trecho do depoimento de Alberto Youssef, o doleiro teria dito que "Fernando Soares operava com Paulo Roberto Costa, para o PMDB, e tinha quem operava a área de navios, que era o seu genro. E tinha um outro que se chamava Henri, que também operava quando o Partido Progressista".

Soares foi procurado pela PF nesta manhã, mas não foi localizado. A polícia já o incluiu na lista de procurados. Além da prisão, ele teve bloqueados os ativos de duas empresas que estariam em seu nome. Elas são localizadas em Ribeirão Pires (SP) e no Rio de Janeiro. "A investigação revelou modus operandi consistente na utilização de empresas de consultoria para recebimento de propina", diz o relatório do juiz Sergio Moro.

De acordo com as investigações, há registros de fronteira indicando que Soares esteve fora do país durante todo o mês de outubro, com intervalo entre 24 e 27 de outubro. Segundo os investigadores há indícios de que as viagens foram "motivadas por receio do processo".

Veja.com

Um Momento Único

Era para a Petrobras estar vivendo um período histórico. Sete anos atrás, foram anunciadas as primeiras descobertas do pré-sal e a companhia vinha de um salto de qualidade alcançado após a nova lei que abriu o mercado de petróleo no Brasil a empresas estrangeiras. Mas o "momento único" que a estatal vive hoje é o mais ruinoso de sua existência, obra exclusiva de anos e anos de predação do PT.

A Petrobras está envolta numa mescla de grossa corrupção e ineficiência empresarial. Afunda em escândalos em série, ao mesmo tempo em que sua produção patina - caiu nos dois últimos anos, o que não acontecia desde o governo Sarney. Tudo isso desemboca agora no inédito adiamento da publicação do balanço da empresa em razão de temores sobre irregularidades e falcatruas que podem estar contidas na sua contabilidade.

Em documento oficial divulgado ontem, a Petrobras reconhece que vive "momento único em sua história", a saber: as implicações da empresa na teia de corrupção denunciada pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. Com isso, as demonstrações contábeis da companhia estão postas sob suspeição, sem chancela dos auditores da PricewaterhouseCoopers e só serão conhecidas dentro de mais 30 dias.

No país, a Petrobras está sob investigação do Ministério Público, da Polícia Federal, do TCU e da Controladoria-Geral da União. Nos EUA, é alvo da SEC (Securities and Exchange Commission) e do Departamento de Justiça. Na Holanda, já foi apontada pelo Ministério Público local como parte de uma rede de subornos espalhada ao redor do mundo - US$ 139 milhões pagos só no Brasil.

Aqui as descobertas mais relevantes se devem às investigações da Operação Lava Jato da PF, cujos delegados, pasme, agora são alvo de investigação do governo petista porque teriam manifestado simpatia pela candidatura da oposição nas eleições presidenciais. Ataca-se o mensageiro e deixa-se de lado a mensagem... Mas não adianta: nesta manhã, mais um ex-diretor da Petrobras foi preso. Desta vez é o petista Renato Duque.

Nada destas grossas irregularidades é novidade. Basta lembrar que em 2010, com Lula na presidência da República e Dilma Rousseff na do conselho de administração da Petrobras, recomendações do Congresso e do TCU para que obras com suspeitas de irregularidades não recebessem mais dinheiro público foram sumariamente ignoradas. Resultado: R$ 13 bilhões foram liberados para Abreu e Lima, Comperj e Pasadena. Ou seja, foram pelo ralo...


As implicações sobre a ladroagem na Petrobras vão longe. Tanto que, além de impedir a divulgação dos resultados contábeis da companhia, também constrangem a presidente da República a escalar sua nova equipe ministerial, temendo escolher gente colhida em malfeitos e irregularidades. Este talvez seja o melhor balanço de um governo envolto, dos pés à cabeça, em corrupção. É, de fato, um momento único na nossa história.



Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

PARA REGISTRO 2 ! O CACHACEIRO VIGARISTA/VELHACO E A (ex)DELINQUENTE DE RAPINA SEMPRE SOUBERAM

Em janeiro de 2010, quando ocupava a Presidência da República e Dilma Rousseff era ministra-chefe da Casa Civil, Lula vetou os dispositivos da lei orçamentária aprovada pelo Congresso que bloqueavam o pagamento de despesas de contratos da Petrobrás consideradas superfaturadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 

Lula sabia exatamente o que estava fazendo, tanto que se empenhou em justificar longamente sua decisão, na mensagem de veto encaminhada ao Congresso. E é impossível que Dilma Rousseff ignorasse o assunto, pois o veto foi encaminhado ao Congresso pela Mensagem n.º 41, de 26/1/2010, da Casa Civil.

Até um cego enxerga que os governos petistas permitiram, quando não estimularam, as irregularidades na Petrobrás. E agora está claro e confirmado que Lula e Dilma não desconheciam o assalto à maior empresa brasileira. Tudo está registrado no Diário Oficial da União.

As evidências são abundantes, resultado do trabalho do TCU, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal (PF) e também do Congresso Nacional. E agora a empresa holandesa SBM Offshore, fornecedora da Petrobrás, faz um acordo com o Ministério Público de seu país pelo qual pagará US$ 240 milhões em multas e ressarcimentos para evitar processo judicial por corrupção por ter feito “pagamentos indevidos” para obter contratos no Brasil, na Guiné Equatorial e em Angola. Os pagamentos incluem US$ 139 milhões relativos a contratos com a estatal brasileira. No Brasil, o assunto já é objeto de investigação pela CGU.

Sempre que é questionada sobre os sucessivos escândalos envolvendo a Petrobrás, Dilma alega que os “malfeitos” aparecem porque ela própria “manda investigar”, como se o TCU, a CGU e a PF dependessem de ordem direta da Presidência da República para cumprir suas obrigações constitucionais. Ao contrário de “mandar” investigar, o governo tem feito o contrário, tentando, por exemplo, esvaziar o trabalho das duas comissões de inquérito do Congresso ou vetando medidas profiláticas como as sugeridas pelo TCU.

O vínculo do PT com a corrupção na gestão da coisa pública não se explica apenas pela vocação de notórios larápios, mas principalmente pela marota convicção de que, num ambiente dominado pelos famosos “300 picaretas”, é indispensável dispor sempre de “algum” para ajeitar as coisas. Em outras palavras: a governabilidade exige engrenagens bem azeitadas.

Pois foi exatamente com esse espírito que Lula, com o óbvio conhecimento de Dilma, ignorou solenemente o acórdão do TCU que apontava graves irregularidades em obras da Petrobrás e vetou os dispositivos da lei orçamentária que, acatando a recomendação do Tribunal de Contas, impediam os repasses considerados superfaturados. Só com isso, Lula permitiu a liberação de R$ 13,1 bilhões para quatro obras da Petrobrás, dos quais R$ 6,1 bilhões eram destinados à construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Ao vetar, “por contrariedade ao interesse público”, os dispositivos da lei de meios que coibiam a bandalheira, Lula argumentou que a aceitação das recomendações do TCU sobre as quatro obras implicaria “a paralisação delas, com prejuízo imediato de aproximadamente 25 mil empregos e custos mensais da ordem de R$ 268 milhões, além de outros decorrentes da desmobilização e da degradação de trabalhos já realizados”. Ou seja, a corrupção embutida nos contratos da Petrobrás, comprovada pelo TCU, seria um mal menor. Perfeitamente aceitável para quem acredita e apregoa que “excessos de moralismo” são coisas de “udenistas” e “burgueses reacionários”.

Mesmo se admitindo – só para argumentar e na mais indulgente das hipóteses – que o veto de Lula, afinal, tenha beneficiado o interesse público, é o caso de perguntar: o que foi feito, daí para a frente, para coibir os notórios “malfeitos” na Petrobrás? Os operadores da bandalheira permaneceram rigorosamente intocados, enriquecendo e distribuindo o dinheiro da Petrobrás para políticos amigos até o fim do mandato de Lula.

Depois de assumir o governo, Dilma jamais deu importância ao assunto publicamente, limitando-se a garantir que “mandou apurar” tudo.

O Estado de São Paulo

Lula e Dilma sempre souberam

PARA REGISTRO ! Justiça decreta prisão de presidentes da Camargo Corrêa e OAS. Lava Jato cumpre mandados de prisão; veja a lista


Em nova fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira, 14, o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque e outras 17 pessoas suspeitas de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Na sétima etapa da Lava Jato, a PF também prendeu executivos e fez buscas e apreensão em sete das maiores empreiteiras do País, apontadas como o braço financeiro de um esquema de corrupção na estatal.

Foram decretadas as prisões temporárias dos presidentes das empreiteiras Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, e da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho. Veja os mandados decretados pela Justiça Federal:



Prisão preventiva: 

1. Eduardo Hermelino Leite, da Construtora Camargo Correa
2. José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS
3. Agenor Franklin Magalhães Medeiros, da OAS
4. Sergio Cunha Mendes, da Mendes Júnior
5. Gerson de Mello Almada, da Engevix
6. Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia

Prisão temporária:
1) Dalton dos Santos Avancini, presidente da Construtora Camargo Correa
2) João Ricardo Auler, da Construtora Camargo Correa
3) Mateus Coutinho de Sá Oliveira, da OAS
4) Alexandre Portela Barbosa, da OAS
5) José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS
6) Ednaldo Alves da Silva, da UTC
7) Carlos Eduardo Strauch Albero, da Engevix
8) Newton Prado Júnior, da Engevix
9) Otto Garrido Sparenberg, da IESA
10) Valdir Lima Carreiro, da IESA
11) Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC
12) Walmir Pinheiro Santana, da UTC
13) Othon Zanoide de Moraes Filho, da Queiroz Galvão
14) Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão
15) Jayme Alves de Oliveira Filho, subordinado de Alberto Youssef
16) Adarico Negromonte Filho, subordinado de Alberto Youssef
17) Carlos Alberto da Costa Siva, emissário das empreiteiras
18) Renato de Souza Duque, ex-diretor da Petrobrás
19) Fernando Antonio Falcão Soares, lobista

16 investigados que sofreram bloqueios bancários:
1) Eduardo Hermelino Leite
2) Dalton dos Santos Avancini
3) João Ricardo Auler
4) José Ricardo Nogueira Breghirolli
5) José Aldemário Pinheiro Filho
6) Agenor Franklin Magalhaes Medeiros
7) Ricardo Ribeiro Pessoa
8) Walmir Pinheiro Santana
9) Sérgio Cunha Mendes
10) Gerson de Mello Almada
11) Othon Zanoide de Moraes Filho
12) Ildefonso Colares Filho
13) Valdir Lima Carreiro
14) Erton Medeiros Fonseca
15) Fernando Antonio Falcão Soares
16) Renato de Souza Duque

Condução coercitiva:
1) Edmundo Trujillo, engenheiro, diretor do Consórcio Nacional Camargo Correa
2) Pedro Morollo Junior, engenheiro civil, OAS
3) Fernando Augusto Stremel Andrade, engenheiro civil, OAS
4) Angelo Alves Mendes, engenheiro civil, diretor vice-presidente da Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A
5) Rogério Cunha de Olliveira, engenheiro eletricista, diretor da Área de Óleo e Gás -(ANOG) da Mendes Júnior Trading e Engenharia
6) Flávio Motta Pinheiro, economista, diretor Administrativo e Financeiro da MENDESPREV – Sociedade Previdenciária
7) Cristiano Kok, presidente da Engevix Engenharia S/A.
8) Marice Correa de Lima, cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto
9) Luiz Roberto Pereira


Fausto Macedo e Ricardo Brandt

"É o Dia do Juizo final " - PF tenta prender Fernando Baiano, operador do PMDB na Petrobrás Na 7ª fase da Operação Lava Jato. Polícia Federal procura lobista apontado como elo do partido com esquema de corrupção envolvendo contratos da estatal


A Polícia Federal tenta nesta sexta-feira, 14, prender o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, na sétima fase da Operação Lava Jato. Ele é apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobrás, que envolveria o pagamento de propinas na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Nesta manhã, os policiais fizeram buscas no endereço de Fernando baiano no Rio de Janeiro, sem sucesso. Os agentes recolheram documentos e um computador.

A pedido dos investigadores, a Justiça também determinou o bloqueio de três contas de bancárias de empresas ligadas a ele. A nova etapa da Lava Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro, foi deflagrada nesta manhã. Ao todo, 85 mandados serão cumpridos e foi preso o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. Onze mandados de busca são feitos em grandes empresas, apontadas como o braço financeiro do esquema de corrupção na estatal.

Fernando Baiano foi citado como agente do PMDB na estatal pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, preso desde março e que colabora com as investigações em troca de eventual redução de pena. Fernando Baiano teria sido um dos envolvidos nas negociações para a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), que teria sido aprovada mediante o pagamento de propinas.

Planilhas apreendidas pelos policiais na empresa Costa Global, aberta por Paulo Roberto em 2012, relacionam supostos pagamentos para o operador do PMDB, no total de R$ 2,1 milhões. No Brasil, ele representa oficialmente um grupo espanhol que atua nas áreas de infra-estrutura e de energia.

A participação de Fernando Baiano, segundo apurou a PF, ocorreu na fase final da compra de Pasadena, em 2012, quando a Petrobrás pagou US$ 820 milhões para ficar com os 50% restantes da planta de refino - a primeira metade havia sido adquirida em 2006. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o negócio deu prejuízo de US$ 792 milhões.

Defesa. 
Fernando Baiano se identifica como representante de duas grandes empresas espanholas no Brasil. O criminalista Mário de Oliveira Filho, que defende Fernando Baiano, declarou que ele está à disposição da Justiça Federal.

Segundo Oliveira Filho, seu cliente está com depoimento marcado para a próxima terça feira, 18, em Curitiba (PR). "O sr. Fernando vai comparecer a todas as convocações, tanto da Polícia Federal, como do Ministério Público Federal e da Justiça Federal", declarou o criminalista.

Não está descartada a possibilidade de Fernando Baiano fazer delação premiada. Seu advogado afirma que, por enquanto, isso não vai ocorrer.


Andreza Matais, Fábio Fabrini e Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

"O Brasil está ficando mais republicano. É mais um motivo para se comemorar neste 15 de Novembro - disse o procurador." - "É o Dia do Juizo final - comentou um policial ao avaliar as possíveis consequências da nova fase da Lava Jato." Lava-Jato: só um dos cúmplices de Renato Duque teria recebido US$ 100 milhões.

Na sétima etapa da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras. Ele é suspeito de participar de um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras maior até que o do ex-diretor Paulo Roberto. Só um dos cúmplices de Renato Duque recebeu US$ 100 milhões, segundo revelou ao GLOBO uma fonte vinculada às investigações.

Policiais e procuradores da força-tarefa que estão à frente da Lava-Jato já identificaram o suposto envolvimento de Duque em pelo menos nove transações financeiras relacionadas a desvios de dinheiro de contratos de empreiteiras com a Petrobras. Em pelo menos sete delas, ele teria recebido parte do dinheiro. Segundo um dos investigadores, são somas expressivas. Duque comandou uma das mais fortes diretorias da Petrobras

Investigadores suspeitam que parte do dinheiro amealhado na Diretoria de Serviços durante a gestão de Duque abasteceu os cofres do PT. Duque ocupava o cargo por indicação do partido. As primeiras informações sobre o pagamento de propina da Diretoria de Serviços surgiram num depoimento de Paulo Roberto Costa ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Mas os investigadores não se deram por satisfeito e foram atrás de novos dados.

No decorrer da apuração, investigadores obtiveram dados detalhados sobre o suposto pagamento de propina para Duque e outros altos funcionários da Petrobras. Parte dos pagamentos ao ex-diretor foram feitos no exterior. Um dos cúmplices de Duque amealhou US$ 100 milhões em propina, algo em torno de R$ 250 milhões. Duque deve ser levado ainda nesta sexta para Curitiba, onde deverá ser apresentado a Sérgio Moro.

A Polícia Federal deve dar entrevista coletiva, em Curitiba, para falar sobre aspectos gerais da operação. Procuradores da força-tarefa disseram que vão aguardar os resultados da busca para falar sobre o assunto. Mas um deles admitiu que as descobertas sobre Duque colocam a investigação sobre fraudes na Petrobras num patamar ainda mais elevado.

- O Brasil está ficando mais republicano. É mais um motivo para se comemorar neste 15 de Novembro - disse o procurador.

A Justiça Federal expediu mandados de prisão também contra mais cinco suspeitos de envolvimento com os desvios da Petrobras. Um deles tem fortes ligações financeiras com um grande partido político. A PF também está fazendo buscas para apreender documentos nos escritórios das grandes empreiteiras investigadas por pagamento de propina.

- É o Dia do Juizo final - comentou um policial ao avaliar as possíveis consequências da nova fase da Lava Jato.

Jailton de Carvalho/ O Globo