"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 15, 2012

PETEBRAS NA ENCRUZILHADA

É sempre relevante quando um gigante como a Petrobras revela seus planos para o futuro. A companhia anunciou ontem que investirá mais e produzirá menos até 2016. Também diminuirá seus projetos baseados em fontes renováveis, em favor de energias sujas. Políticas equivocadas definidas por Brasília estão desvirtuando as perspectivas da maior empresa do país.

A Petrobras divulgou seu plano de negócios para 2012-2016, período em que prevê investir US$ 236,5 bilhões. O valor representa aumento de 5% em relação à previsão anterior. Em contrapartida, a estatal agora estima produzir 15% menos do que previa estar produzindo em 2015. Conclusão lógica:
empresa que investe mais para produzir menos gera menos resultados, é menos eficiente. Naturalmente, as ações da companhia despencaram.

Neste e no próximo ano, a produção da empresa se manterá estável. Com isso, a Petrobras terá completado cinco anos estagnada. Não por coincidência, trata-se do mesmo período desde que, com enorme oba-oba, o então presidente Lula e sua pupila Dilma Rousseff anunciaram a redenção do país na forma do novo marco regulatório do petróleo e do pré-sal. Está se vendo no que deu...

A Petrobras está garroteada pelo cabresto que o Planalto lhe impôs. A empresa não consegue avançar na produção e no refino porque tem de obedecer a uma política de conteúdo nacional mínimo que não encontra fornecedores à altura no país. Por esta razão, o Brasil tem tido, inclusive, que importar quantidades crescentes de combustível.

Há atrasos em todas as grandes obras da estatal, de sondas de perfuração a novas refinarias - algumas das quais, como as do Ceará e do Maranhão, caminham para ser arquivadas. Há também sobrepreços em relação ao mercado mundial: a Petrobras se vê obrigada a gastar mais para obedecer às ordens de Brasília.

Para complicar um pouco mais, a empresa tornou-se um dos esteios do governo federal para manter a inflação controlada. A despeito de uma defasagem que hoje chega a 15% em relação ao mercado internacional, a companhia é obrigada a manter congelados os preços dos combustíveis que vende. Perde dinheiro.

A política traçada pelo governo petista para o setor de petróleo no país não atravanca apenas a vida da Petrobras. Paralisa, também, suas concorrentes. Desde 2008, a Agência Nacional do Petróleo não licita novas áreas de exploração e só prevê tornar a fazê-lo no ano que vem. Com isso e com as dificuldades que a estatal vem enfrentando, as riquezas do pré-sal continuam nas profundezas do Atlântico, praticamente intocadas.

Os novos planos da companhia também vão na contramão do mundo em tempos de Rio+20. A participação dos biocombustíveis nos investimentos da Petrobras cairá de 2% para 1,6% do total, "deixando clara uma mudança de foco na empresa que, no plano anterior, previa aumentar de 5% para 12% sua participação no mercado de etanol", destaca a Folha de S.Paulo.

A Petrobras destoa, assim, da urgência reinante no mundo em direção a uma economia de baixo carbono. Mas não destoa da orientação equivocada que o próprio governo brasileiro dá ao setor de combustíveis:
no país do etanol, 81% da matriz provém de combustíveis fósseis, segundo os consultores Adriano Pires e Abel Holtz. Recorde-se que, em 2011, enquanto o consumo de gasolina cresceu 19%, o de etanol caiu 28%, reforçando o desequilíbrio.

Tal situação desmente, na prática, as palavras da presidente Dilma, que ontem louvou a produção brasileira de etanol: "O Brasil, hoje, tem uma matriz energética das mais renováveis do mundo, porque tem, na sua composição, principalmente na matriz de combustível, o etanol", disse ela. Vê-se que, se dependesse dos estímulos que partem do governo, provavelmente estaríamos sujando um pouco mais o planeta.

A Petrobras tem poder ímpar não só de movimentar a economia, mas também de influenciar a vida de milhões de pessoas e a saúde do ecossistema. Os passos de um gigante como ela têm consequências imediatas para o futuro do Brasil. Mas, já há alguns anos, a maior companhia do país tem se mostrado trôpega, desnorteada com as rasteiras que Brasília lhe passa.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
A Petrobras na encruzilhada

Cinco brasileiros aparecem em lista de corruptos compilada por Banco Mundial e ONU


Cinco brasileiros estão no banco de dados que reúne grandes casos de corrupção pelo mundo, organizado por meio de parceria entre o Banco Mundial e o órgão das Nações Unidas para combate ao crime organizado e às drogas.

São eles o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf;
os banqueiros Edemar Cid Ferreira e Daniel Dantas;
a irmã de Dantas, Verônica;
e Rodrigo Silveirinha, ex-subsecretário de Administração Tributária do Rio e tido como responsável pelo esquema que resultou no escândalo do Propinoduto.

O banco de dados da Iniciativa de Recuperação de Ativos Roubados (StAR, na sigla em inglês) compila casos de corrupção que movimentaram a partir de US$ 1 milhão. A lista abrange mais de 150 esquemas ocorridos entre 1980 e maio do ano passado. Os casos não estão classificados em um ranking e podem ser pesquisados por ano e por países. O site não cita apenas casos em que tenha havido condenação, mas também processos em andamento.

Maluf aparece duas vezes no banco de dados. O primeiro caso se refere a um escândalo de desvio de dinheiro da Prefeitura de São Paulo. Maluf foi acusado pela procuradoria de Nova York em 2007 de desviar US$ 140 milhões por meio do Banco Safra para os EUA e, posteriormente, para paraísos fiscais. Segundo o relatório disponível no site, o dinheiro desviado do projeto de construção da Avenida Água Espraiada entre 1993 e 1996.

O outro caso citado é de um processo de 2011 e também tem relação com o escândalo da Avenida Água Espraiada. De acordo com o banco de dados, mais de US$ 10 milhões foram descobertos em nome de uma empresa que pertenceria a Paulo Maluf e a seu filho Flávio Maluf no paraíso fiscal da Ilha de Jersey.

A assessoria de imprensa de Paulo Maluf limitou-se a dizer, nesta sexta-feira, que o político não tem nem nunca teve conta no exterior.

Daniel Dantas e Verônica Dantas são citados pela suposta participação no esquema de corrupção envolvendo o Grupo Opportunity, investigado pela operação Satiagraha, da Polícia Federal, em 2008.

O Grupo Opportunity se defendeu dizendo, em nota enviado por sua assessoria de imprensa, que esse relatório é datado de 2008 e está desatualizado e que em 2008, a farsa da Satiagraha ainda não havia sido desmascarada em toda a sua extensão

Por conta de possíveis erros como esse, o Banco Mundial expressamente não garante a veracidade das informações, acrescenta o comunicado.

A reportagem do GLOBO entrou em contato com as outras pessoas citadas e está aguardando resposta.

O banqueiro Edemar Cid Ferreira aparece por causa do escândalo de suspeita de gestão fraudulenta na administração do Banco Santos, em que seus credores perderam cerca de US$ 1 bilhão aplicado.

Já Rogério Silveirinha consta como o operador do esquema de corrupção conhecido como Propinoduto. Revelado em 2002, o esquema cobrava propina de empresas em troca de benefícios fiscais. Cerca de US$ 30 milhões do Propinoduto estavam depositados em bancos suíço e foram repatriados em 2011.

O Brasil aparece em uma sexta referência, sobre uma fraude envolvendo doleiros no país descoberta em 2004 e que fez mais de US$ 20 milhões em remessas ilegais para contas bancárias em Nova York. No banco de dados, o caso aparece em nome de Maria Carolina Nolasco, uma portuguesa naturalizada americana que operava uma das contas bancárias envolvidas no caso.

O Globo

CPI DA "SOBRIEDADE E FOCO".MAIS UM ! Integrante de CPI confirma pelo Twitter encontro com Cavendish



O deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR-AL) admitiu pelo Twitter nesta sexta-feira que encontrou com o dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, em Paris. Ontem, durante sessão administrativa da CPI do Cachoeira, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) denunciou a existência de uma “tropa do cheque” para proteger a Delta nas investigações e pediu à comissão que investigasse o encontro de parlamentares que integram a comissão com Cavendish em Paris, na Semana Santa.

Também nesta sexta-feira, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias, disse que os integrantes que se reuniram com o dono da Delta devem pedir para sair.

Na Semana Santa, dois membros da CPI, Ciro Nogueira e Maurício Quintella, e outro deputado, Eduardo da Fonte (PP-PE), estiveram com Cavendish em um restaurante de uma área nobre da capital francesa.

- Almocei com o Ciro Nogueira, outro parlamentares e suas esposas a luz do dia em local público e muito frequentado por Brasileiros - disse Quintella pelo microblog, ressaltando em outro post que:

- O Senador Ciro Nogueira que é amigo do Sr.Kavendish (sic) o encontrou e cumprimentou. Ponto!!!

Ainda pelo Twitter, o deputado declarou que é a favor da convocação do ex-dono da Delta na CPMI do Cachoeira, e que, inclusive, afirma que o requerimento de convocação teria sido de sua autoria.

- Votei favorável a Quebra de Sigilo da DELTA NACIONAL (...) Minha postura na CPMI tem sido firme e independente em relação a qualquer investigado - escreveu no microblog.

Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira, Quintella disse que não esteve na sessão da CPI de ontem por estar participando, com o governador do Alagoas, Teotônio Vilela, e a bancada alagoana, do lançamento do Programa de Redução da Criminalidade Violenta, no Ministério da Justiça.

Ontem, o senador Ciro Nogueira confirmou ao GLOBO o encontro com Cavendish, mas disse que foi casual.

Conheço Cavendish, tenho relação com ele há uns cinco anos. Mas nada que envolva doação de campanha. (Em Paris) Nós só o cumprimentamos. Foi um encontro totalmente casual.

O GLOBO telefonou para o gabinete do deputado Eduardo da Fonte, mas sua assessoria informou que ele estava voando para Pernambuco e que não seria possível localizá-lo.

Denúncia

O encontro em Paris ocorreu na volta dos três parlamentares da 126ª Assembleia Geral da União Interparlamentar, realizada entre 30 de março e 5 de abril, em Kampala, Uganda. Hugo Napoleão (PSD-PI), Átila Lins (PSD-AM) e Alexandre Santos (PMDB-RJ) também integravam a comitiva para a África.

A viagem foi uma missão oficial e cada um dos parlamentares recebeu US$ 350 de diária, para cinco dias, num total de US$ 1.750 cada. O dinheiro serve para refeições e pagamento de hotel. A despesa aérea, em classe executiva, foi paga à parte pelo Congresso.

Depois da Assembleia, Ciro Nogueira, Maurício Lessa e Eduardo da Fonte voaram para Paris para passar a Semana Santa. As mulheres já os aguardavam lá. À época, a CPI não havia sido criada, mas o escândalo envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a Delta já tinha vindo à tona.

Nogueira disse que o restaurante ficava na Avenue Montaigne. Essa avenida, junto com a Champs Elysées e a George V, é um dos endereços mais chiques e caros de Paris, conhecidos como Triangle DOr (Triângulo de Ouro). Embora a Champs Elysées seja mais conhecida dos turistas, é na Montaigne que estão as lojas e restaurantes mais exclusivos.

Segundo Nogueira, os três parlamentares e as mulheres apenas cumprimentaram Cavendish, que, recorda o senador, estava com uma namorada nova, "muito bonita". Ciro Nogueira confirmou a amizade com o ex-presidente da Delta. Em 12 de dezembro de 2009, ele postou no Twitter: "hoje vou ao casamento do meu amigo Fernando Cavendish".

A Delta Construções negou na quinta-feira qualquer pagamento a parlamentares no Congresso, bem como eventual encontro de parlamentares com Cavendish "em qualquer lugar que seja". Outra viagem de Cavendish a Paris já causou polêmica: a que ele apareceu em fotos num jantar ao lado do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e secretários do governo do estado.

Ministério Público abre processo contra Carlos Lupi


O Ministério Público Federal no Distrito Federal pediu nesta quinta-feira abertura de processo para investigar o presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho e Emprego (MTE) Carlos Lupi, por improbidade administrativa.

Também foram ajuizadas ações contra o ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego Ezequiel Sousa do Nascimento e o ex-assessor do gabinete de Lupi, Weverton Rocha Marques de Sousa. Outro requerido pelo MPF é Adair Meira, responsável por ONGs beneficiárias de convênios com o MTE.


Caso sejam condenados, eles podem perder os direitos políticos, ficar impedidos de firmar contratos com o poder público e de receber benefícios e incentivos fiscais, além de pagar multa.

A ação contra Lupi foi originada por representação feita pelo deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP) e pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), baseada em reportagem de novembro de 2011, que informava que o ex-ministro teria usado avião pago por Meira em viagem oficial ao Maranhão, em dezembro de 2009.

A apuração do MPF-DF comprovou que o aluguel da aeronave custou R$ 30 mil, pagos pela entidade sem fins lucrativos Centro de Estudos e Promoção Social (Cepros), com cheques assinados pelo próprio Adair Meira. Essa entidade possui o mesmo cadastro de outra ONG administrada por Meira, que firmou convênio com o MTE. Questionado pelo Ministério Público, o partido de Lupi, o PDT, declarou não ter custeado as despesas do aluguel do avião.

Segundo o MPF-DF, foi comprovada também existência de interesse por parte de Adair Meira em ações ou omissões do MTE. Ele possui 11 entidades vinculadas a seu CPF e, dessas, duas mantêm ao menos nove convênios com o Ministério do Trabalho. Na ação, o Ministério Público ressalta, ainda, que a maioria dessas parcerias foi firmada após essa viagem.

O Globo

The Economist - Mordomia ironizada

A discussão sobre o 14º e o 15º salários dos parlamentares, levantada pelo Correio, foi destaque de um artigo da revista britânica The Economist.

Com o título Envergonhando o invergonhável (tradução livre), o texto ironiza o alto salário dos funcionários públicos brasileiros ao relacionar o fato de eles não poderem ser demitidos e cita que os congressistas ganham duas remunerações a mais dos que os trabalhadores comuns.

A polêmica da remuneração dos servidores veio à tona com a proximidade da divulgação dos salários do funcionalismo, prevista para o fim deste mês, levantada com a aprovação da Lei de Acesso à Informação.

Em tom de crítica, a revista também lembra que os maiores salários do serviço público estão no Congresso Nacional e que os deputados conseguem alargar a renda com nomeações de servidores. Os senadores podem indicar 50 e os deputados, 25.


A mordomia dos 15 salários anuais dos congressistas está em análise pela Câmara. Após denúncias do Correio de que os senadores não descontavam o Imposto de Renda do benefício, o projeto que coloca um fim no auxílio, que estava parado há mais de um ano, saiu da gaveta e, depois de muita discussão, foi aprovado pelo Senado Federal em 10 de maio.

O futuro da regalia, prevista pela Constituição desde 1946, está na Câmara dos Deputados. O projeto ainda deve ser apreciado pelos deputados para depois ser promulgado pela Mesa do Congresso. A expectativa é de que o material seja aprovado sem nenhuma modificação e que cause um efeito cascata nas assembleias legislativas.

Transparência
A Lei de Acesso à Informação entrou em vigor em 16 de maio, depois de ser aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional. A legislação obriga órgãos públicos a prestarem informações sobre suas atividades a qualquer cidadão interessado, entre elas, os salários pagos a servidores.

Vários órgãos se negaram, inicialmente, a liberarem os dados das remunerações.


Aos poucos, no entanto, anunciaram adesão à medida. Entre os que afirmaram disposição de liberar os contracheques, estão Câmara e Senado. No primeiro dia de vigência, foram 708 pedidos feitos, segundo dados da Controladoria-Geral da União (CGU).

Correio Braziliense

PETEBRAS : Mais dinheiro, menos petróleo

A Petrobras vai investir mais e produzir menos nos próximos anos.
O conselho da maior empresa do país aprovou ontem o Plano de Negócios 2012/2016, em que a estatal prevê investir US$ 236,5 bilhões (R$ 416,6 bilhões) no período, volume 5% maior que o do plano anterior, de 2011/2015, que projetava um total de US$ 224,7 bilhões.

A produção total de petróleo e gás natural, por sua vez, alcançará em 2016 a marca de 3,3 milhões de barris por dia no Brasil e no exterior, segundo a previsão do novo plano de negócios. O volume é cerca de 15% menor que a meta de 3,9 milhões para 2015, fixada no plano anterior. Segundo uma fonte da empresa, a produção será menor por causa do grande atraso em todas as grandes obras da estatal, de refinarias a sondas de perfuração.

É o primeiro plano de negócios da empresa já sob o comando de Maria das Graças Foster, que, de acordo com a mesma fonte, pediu que fossem fixadas metas mais possíveis. Graça substituiu José Sérgio Gabrielli, que ficou à frente da estatal de 2005 até fevereiro deste ano. O novo programa dá ainda mais prioridade a investimentos em exploração e produção de petróleo, que levarão US$ 141,8 bilhões, 60% do total. Já a área de abastecimento terá uma redução nos investimentos que totalizarão US$ 65,5 bilhões, 27,7% do total, menos do que os 31% previstos no plano anterior.

Ação cai ao menor nível em 8 meses

O novo plano foi mal recebido pelo mercado. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto), as mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), caíram 3,86%, a R$ 18,17, menor nível desde 7 de outubro do ano passado. Somente no pregão de ontem, a Petrobras perdeu quase R$ 10 bilhões em valor de mercado, valendo agora R$ 242,2 bilhões.

O Ibovespa, referência do mercado brasileiro, caiu 0,54% bem menos ontem.


- A expectativa era que a produção voltaria a crescer a partir de 2013. Foi um dado que veio abaixo do esperado. Isso pode inibir o aumento do lucro em 2013 - diz Luiz Otávio Broad, analista da Ágora Corretora.

No Brasil, a produção de petróleo e gás deverá chegar a 3 milhões de barris diários em 2016, uma queda de 16,6% em comparação aos 3,6 milhões que eram previstos para produzir em 2015 .

Só de petróleo, a produção nacional em 2016 deverá chegar a 2,5 milhões de barris por dia, contra a meta de 3 milhões prevista para 2015 no plano anterior.


Na divulgação do Plano de Negócios 2012/2016 ontem a companhia destaca que a expectativa é que a produção aumente de forma mais intensa a partir de 2014, quando deverá crescer a taxas de 5% a 6% no período de 2014 a 2016. Para este ano e o de 2013 a Petrobras prevê um crescimento pequeno, em torno de 2% ao ano.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires Rodrigues, o novo plano de negócios é mais realista e revela que a produção de petróleo e gás completará cinco anos de estagnação no ano que vem.

- Os planos de negócios anteriores eram muito ficcionais, este é mais factível. A Petrobras está assumindo que a produção não vai crescer neste ano e no próximo, o que nos mantém no mesmo patamar desde 2009. Vamos completar provavelmente um recorde mundial de falta de crescimento na produção - disse Pires.

A companhia prevê atingir em 2020 uma produção total de petróleo e gás no Brasil de 5,2 milhões de barris diários, cerca de 13% menor que os 6 milhões previstos no plano anterior. A produção total no Brasil e no exterior prevista para 2020 é de 5,7 milhões de barris, inferior aos 6,4 milhões previstos no ano passado.

Com a venda de ativos, principalmente no exterior a Petrobras prevê uma arrecadação de US$ 14,8 bilhões, um pouco acima dos US$ 13,8 bilhões previstos no plano anterior.

A empresa pretende ainda cumprir seu programa de investimentos com recursos próprios e a captação US$ 16 bilhões a US$ 18 bilhões por ano, no período. A companhia descartou qualquer nova operação de capitalização com a venda de ações.

A Petrobras informa ainda que a expectativa é que em 2016 esteja com uma geração de caixa entre US$ 33 bilhões a US$ 44 bilhões.

Ramona Ordoñez O Globo
COLABORARAM Márcio Beck

E SOB O "comando" DA FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA/GERENTONA... SEM "MARQUETINGUE" : Brasil entre os piores da América Latina


Abalado pela crise que aflige a Europa e por um crescimento menor da China, o Brasil não decolou em 2012. Mesmo com as medidas de estímulo ao consumo adotadas pelo governo, a expansão segue em ritmo aquém do esperado e as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) derretem.

Baseada nesse quadro negativo, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) revisou ontem as expectativas para o país: de uma lista de 19 nações latino-americanas, o Brasil fica à frente apenas do Paraguai, que está em recessão, e de El Salvador, que deve registrar uma taxa de 2%.

A previsão da entidade é de que o Brasil cresça 2,7%, avanço igual ao de 2011 e considerado otimista por parte do mercado financeiro — a projeção anterior era 3,5%.

A economia brasileira, segundo especialistas, não tem reagido aos incentivos como a presidente Dilma Rousseff deseja porque "a fórmula se esgotou". Eles explicam que não dá mais para insistir unicamente no estímulo ao consumo por meio de crédito e benefícios tributários, como fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As famílias, ainda em 2008 e 2009, quando foram levadas a consumir para tirar o país da crise, se endividaram pesadamente e acabaram com qualquer folga no orçamento para mais carros e geladeiras neste ano. Várias delas ainda pagam prestações desse período.

Com o menor ritmo da economia em 2012, devido aos efeitos danosos da crise na Europa, dados da Cepal e projeções desenhadas por especialistas do mercado financeiro mostram que a renda e o emprego devem perder força nos próximos meses e não contribuirão com a expansão do consumo como no passado. "É preciso investir", disse Eduardo Giannetti, professor de economia do Insper.

"Se o Brasil quer crescer, terá que aprender a investir mais. Vai ter que desviar recursos de consumo para criar capital que aumente a produtividade e permita o crescimento mais à frente", argumentou, durante seminário organizado pelo Itaú Unibanco sobre bem-estar social.

O Itaú Unibanco, a exemplo da Cepal, também revisou sua projeção para o PIB — reduziu de 3,1% para 2%. "Os estímulos de política econômica já implementados devem levar a uma aceleração da atividade ao longo do ano, mas, provavelmente, menos intensa do que esperávamos", explicou Ilan Goldjfan, economista-chefe da instituição.

"Crescimento menor e inflação sob controle abrem espaço para estímulos adicionais. Acreditamos que o Banco Central reduzirá a taxa Selic para 7,50% ao ano", observou. Hoje o Banco Central divulga sua projeção para o PIB de abril, o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br).

Para os analistas, se o resultado ficar em 0,25%, significará que o país está rodando a 3% ao ano, ainda aquém do desejado pelo governo.

O secretário executivo adjunto da Cepal, Antonio Prado, disse que a queda na previsão do PIB para 2,7% decorre do fraco desempenho da indústria, especialmente a de bens de capital. "A crise mundial está afetando todos os países da região, alguns mais, outros menos. No caso do Brasil, reduzimos nossas estimativas devido ao crescimento do PIB no primeiro trimestre, que foi muito baixo (alta de 0,2%)", afirmou.

Ele destacou ainda o fato de o Brasil estar com crescimento abaixo da média da América Latina. "Para que o país cresça 5% no ano, mas de forma sustentável, é preciso que os investimentos sejam ampliados para 24% ou 25% do PIB", explicou.

» Exportações na berlinda

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) prevê que a desaceleração do crescimento mundial em 2012 fará com que o comércio internacional na região avance a taxas inferiores às de 2011. Pelas projeções da entidade, as exportações crescerão 6,3% este ano, enquanto as importações devem registrar expansão de 10,2%.

Nesse cenário, o superavit comercial latino-americano passará de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 para 0,7% em 2012 e, caso a crise na Europa piore, esse número pode cair ainda mais.

Pibinho da decepção (Em % do PIB)

Economia brasileira não decola, impactada pela crise mundial. Avanço será um dos menores entre nações latinas

Panamá 8,0
Haiti 6,0
Peru 5,7
Bolívia 5,2
Nicarágua 5,0
Costa Rica 5,0
Venezuela 5,0
Equador 4,5
República Dominicana 4,5
Chile 4,9
México 4,0
Argentina 3,5
Guatemala 3,5
Uruguai 3,5
Honduras 3,2
Cuba 3,0
Brasil 2,7
El Salvador 2,0
Paraguai -1,5
Fonte: Cepal.

"O PSDB leva no bolso; o DEM leva na meia; o PT leva na cueca; e o povo leva no mesmo lugar de sempre..."

Vi na internet uma brincadeira sobre a utilidade do papel higiênico que é na verdade uma crítica inteligente e bem-humorada à política brasileira.

Na folha de um rolinho está escrito:
"O PSDB leva no bolso; o DEM leva na meia; o PT leva na cueca; e o povo leva no mesmo lugar de sempre..."
Parto do chiste para uma provocação.


Com a conversão do PT à direita, talvez até à direita do DEM, a esquerda — aquela que andava de cabeça erguida — morreu no Brasil. Pelo menos em termos de partidos com forte inserção popular.

Considero PSB e PPS de centro. O PSDB, de centro-direita.
O PMDB, o velho guarda-chuva de sempre.
Continua sendo uma frente e abriga políticos de todos os matizes.


Depois da ascensão de Lula ao poder, em vez da ética na política que o país tanto esperava, veio a frustração. E o discurso de esquerda sofreu duro golpe. Foi avacalhado por mensaleiros, aloprados, assessor com dólar na cueca, camaradas que roubam até o dinheiro do lanche das criancinhas... Quando adolescente, ser de esquerda, no meu conceito, era quase um atestado de boa índole.

Descobri, pouco a pouco, que não passava de um bobo sonhador. Sim: a ética não é monopólio de ninguém. Mas, à época, eu parecia cego. Vi dom Hélder pregar a luta desarmada, e o julguei um equivocado.

Hoje, me pergunto:
será que a verdadeira postura de esquerda não era a de dom Hélder, Gandhi e Luther King? Gente que saía às ruas e enfrentava os tiranos de peito aberto. Na linha de frente. Sem defender o extermínio de quem quer que fosse. Há coragem maior do que morrer lutando por justiça de verdade? E não por justiçamento?

Continuo a defender um mundo mais justo, mais fraterno, sem discriminações raciais nem religiosas, sem favelas, sem ninguém passando fome nem morando nas ruas.

No Brasil, não pode haver retrocesso. A distribuição de renda deve ser cada vez mais aprofundada. Mas não pode servir de álibi a quadrilhas que a condicionam ao "direito" de saquear os cofres públicos.

Faz falta ao país uma nova esquerda.
Comprometida com a democracia.
A justiça social. E com a ética.

O combate sem trégua à corrupção devolveria a dignidade à política.

Há líderes que poderiam encabeçar esse movimento.
Uns raros que dignificam o Congresso.

Mas parecem mais céticos e desanimados do que eu, apesar de não terem desistido da política.

Plácido Fernandes Vieira Correio Braziliense
A esquerda morreu?