"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 04, 2011

ENSINO JURÍDICO NO BRASIL : De 106.891 candidatos, apenas 12.534 passaram, de acordo com a Ordem(OAB) .


De 106.891 candidatos, apenas 12.534 passaram, de acordo com a Ordem.
OAB diz que 81 instituições de ensino superior tiveram aprovação zero.

O último Exame de Ordem da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado em dezembro de 2010, reprovou 88,275% dos 106.891 bacharéis em direito inscritos. Do total, apenas 12.534 candidatos foram aprovados, de acordo com a OAB. O índice de reprovação da edição anterior já havia chegado a quase 90%. A prova é realizada pela Fundação Getulio Vargas.

Candidatos chegam para exame da OAB em Belo Horizonte (Foto: Frederico Haikal/Hoje em Dia/AE)
Segundo a OAB, outros dados também mostram que o problema é a má qualidade de parte dos cursos de direito. Das instituições de ensino superior participantes, 81 tiveram aprovação zero, de acordo com o secretário-geral da Ordem, Marcus Vinícius Furtado Coelho.

"O presidente (da OAB) vai notificar o Ministério da Educação para colocar todas elas em regime de supervisão, que pode levar ao cancelamento", disse Coelho.

O MEC registra 1.120 cursos superiores de direito no país.
São cerca de 650 mil vagas, segundo a OAB.


Isso é reflexo, infelizmente, do ensino jurídico do Brasil", disse o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante.

Os candidatos que fazem a prova pela segunda vez têm 7% de aprovação, em média, segundo a OAB. Aqueles que fazem o exame pela primeira vez ou estão no nono e décimo períodos da faculdade (treineiros) têm média de 25% de aprovação.


De acordo com Cavalcante, um estudo feito por ele com dados dos últimos quatro exames anteriores ao de dezembro de 2010 mostra que as 20 melhores instituições de ensino superior públicas aprovam, em média, entre 70% e 90% dos candidatos inscritos.

Nas 20 piores universidades públicas e as 20 melhores universidades privadas, a aprovação média é de 40% a 60%.
Já as 20 piores instituições particulares aprovam entre 3% e 5%.
“Isso puxa para baixo o número de aprovações. Infelizmente, o maior número de estudantes está nas faculdades privadas”, disse Cavalcante.


Segundo Coelho, um grupo de universidades teve aprovação média de candidatos entre 80% e 90%. De acordo com o secretário-geral da OAB, são elas:
Universidade de São Paulo (USP),
Universidade Federal da Bahia (UFBA),
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF),
Universidade de Brasília (UnB),
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
Universidade Federal do Ceará (UFCE),
Universidade Federal do Piauí (UFPI),
Universidade Federal do Paraná (UFPR),
Universidade Federal Fluminense (UFF),
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
e Universidade Federal de Sergipe (UFS).
"Isso significa que as boas aprovam quase todos os estudantes na primeira tentativa", disse Coelho.

O presidente da OAB disse que estuda a possibilidade de questionar na Justiça as aprovações de novos cursos feitas pelo Conselho Nacional de Educação.

Não podemos conceber que o Conselho Nacional de Educação, fugindo dos parâmentos técnicos, autorize novas vagas”, afirmou.

Com relação às críticas de candidatos à dificuldade do exame, Cavalcante disse que não há reserva de mercado.

A OAB vive exclusivamente da contribuição dos integrantes. Os advogados pagam anuidade. Se tivéssemos dois milhões, teria recursos para desenvolver atividades bem maiores. Temos 700 mil advogados. Para a OAB, seria confortável. Nossa preocupação não se mede pelo número, mas pela qualidade”, disse.

A primeira prova do próximo Exame de Ordem da OAB está marcada para 17 de julho. A segunda fase está prevista para 21 de agosto.

Cientistas preveem a cura do envelhecimento.

Se as previsões de Aubrey de Grey estiverem certas, a primeira pessoa a comemorar seu aniversário de 150 anos já nasceu.
E a primeira pessoa a viver até os mil anos pode demorar menos de 20 anos para nascer.


Biomédico gerontologista e cientista-chefe de uma fundação dedicada a pesquisas da longevidade, De Grey calcula que, ainda durante a sua vida, os médicos poderão ter à mão todas as ferramentas necessárias para "curar" o envelhecimento - extirpando as doenças decorrentes da idade e prolongando a vida indefinidamente.

"Eu diria que temos uma chance de 50% de colocar o envelhecimento sob aquilo que eu chamaria de nível decisivo de controle médico dentro de mais ou menos 25 anos", disse De Grey numa entrevista antes de proferir uma palestra no Britain's Royal Institution, uma academia britânica de ciências.

"E por 'decisivo' quero dizer o mesmo tipo de controle médico que temos sobre a maioria das doenças infecciosas hoje", acrescentou.

De Grey antevê uma época em que as pessoas irão ao médico para uma "manutenção" regular, o que incluiria terapias genéticas, terapias com células-tronco, estimulação imunológica e várias outras técnicas avançadas.

Ele descreve o envelhecimento como o acúmulo de vários danos moleculares e celulares no organismo.
"A ideia é adotar o que se poderia chamar de geriatria preventiva, em que você vai regularmente reparar o danos molecular e celular antes que ele chegue ao nível de abundância que é patogênico", explicou o cientista, cofundador da Fundação Sens (sigla de "Estratégias para a Senilitude Programada Desprezível"), com sede na Califórnia.


Não se sabe exatamente como a expectativa de vida vai se comportar no futuro, mas a tendência é clara. Atualmente, ela cresce aproximadamente três meses por ano, e especialistas preveem que haverá um milhão de pessoas centenárias no mundo até 2030.

Só no Japão já há mais de 44 mil centenários, e a pessoa mais longeva já registrada no mundo foi até os 122 anos.

Mas alguns pesquisadores argumentam que a epidemia de obesidade, espalhando-se agora dos países desenvolvidos para o mundo em desenvolvimento, poderá afetar a tendência de longevidade.

As ideias de De Grey podem parecer ambiciosas demais, mas em 2005 o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) ofereceu um prêmio de 20 mil dólares para qualquer biólogo molecular que provasse que as teorias da Fundação Sens são "tão erradas que nem são dignas de um debate bem informado".
Ninguém levou a bolada.


O prêmio foi instituído depois que um grupo de nove cientistas influentes atacou as teorias de Grey, qualificando-as de "pseudociência".

Os jurados concluíram que o rótulo não era justo, e argumentaram que o Sens "existe em um meio termo de ideias ainda não testadas que algumas pessoas podem considerar intrigantes, mas das quais outras estão livres para duvidar."


O dilema do elefante branco .

elefante-branco

Depois da Copa, o que fazer com estádios grandes demais para atender o público local? Quando a conta é alta, até a implosão pode ser a saída

O destino do Estádio Olímpico de Londres, palco principal da Olimpíada de 2012, foi traçado em 2007.
Após a cerimônia de encerramento dos Jogos, ele será total ou parcialmente
demolido
.

Parece um despropósito levar ao chão, depois de algumas semanas de uso, uma construção que consumiu R$ 1,2 bilhão.
Mas a ideia de reaproveitar o espaço para um estádio menor e privado, no tamanho adequado à torcida de um time de futebol, convenceu as autoridades locais.

O caminho mostra que demolir ou adaptar estádios são alternativas que devem ser discutidas sem medo no Brasil, cujos preparativos para a Copa de 2014 incluem a construção de várias arenas maiores que o necessário para suas cidades.

Um estudo elaborado pelo Sindicato Nacional de Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) sugere que cinco dos 12 estádios previstos para a Copa de 2014 correm o risco de se tornar elefantes brancos.

Na cidade-sede do Recife, os grandes times já têm estádios e dificilmente estarão dispostos a pagar caro para mandar seus jogos fora de casa.
Já Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal não têm times locais populares o bastante para encher as arquibancadas.

A futura Arena Manaus, no Amazonas, talvez se torne o mais branco dos elefantes da Copa. O campeonato estadual do Amazonas em 2011 reuniu, ao longo dos 80 jogos, um total de 37.971 torcedores.

Todos eles caberiam com folga no novo estádio, que terá 47 mil lugares.
A renda dos jogos somou R$ 339 mil, o que não pagaria um mês de despesas na nova arena, estimadas em mais de R$ 400 mil.

Em 2011, dois times do Amazonas disputarão a quarta divisão do Campeonato Brasileironas três divisões superiores não há representantes do Estado.

O campeonato estadual de Mato Grosso em 2011 reuniu, nos 72 jogos, 68.976 torcedores.
É pouca gente para sustentar a Arena Pantanal, em Cuiabá, que terá capacidade para 43.600 espectadores.

Um ano depois de sediar a Copa do Mundo, a África do Sul ainda discute o que fazer com nove estádios deficitários.
O mais custoso é o Green Point, na Cidade do Cabo, que consome R$ 10,5 milhões por ano. Sua administração foi terceirizada para uma empresa experiente, que administra um estádio construído para a Copa da França.

Ainda assim, ela devolveu a concessão à prefeitura por se julgar incapaz de cobrir as despesas. Apenas o Soccer City, em Johannesburgo, dá lucro.
Uma empresa privada, a Stadium Management South Africa (SMSA), organiza shows, competições esportivas, eventos religiosos e visitas turísticas.

Portugal também perde dinheiro para manter a estrutura criada para a Eurocopa de 2004. Dos dez estádios usados, seis foram erguidos com dinheiro público, ao custo de R$ 2,4 bilhões.

Nenhum foi repassado à gestão privada, por falta de interessados.
O estádio da cidade de Aveiro abrigou dois jogos do torneio e custou R$ 140 milhões. Comporta 30 mil pessoas em uma cidade de 70 mil habitantes.

O principal clube local, o Beira-Mar, não conseguiu ocupar 10% das cadeiras na última temporada.
O custo anual de manutenção do estádio é de R$ 8,9 milhões, dinheiro que sai do caixa da prefeitura.

Diante de arquibancadas vazias e deficits financeiros, demolir esses monumentos ao excesso não parece uma ação drástica.
"É mais fácil pôr abaixo o que dá prejuízo", diz Augusto Mateus, ex-ministro da Economia e ex-secretário da Indústria de Portugal.
A opção pela demolição é polêmica porque o custo pode ser alto.

A demolição do Texas Stadium, da equipe de futebol americano Dallas Cowboys, custou R$ 234,2 milhões, um sexto do valor total da obra do novo estádio.

No Canadá, o custo para derrubar o Estádio Olímpico de Montreal, construído para sediar os Jogos de 1976, não sairia por menos de R$ 781 milhões, segundo dois estudos encomendados pelo governo.
A manutenção do estádio, nunca plenamente aproveitado, já consumiu R$ 2,4 bilhões.

Ter um público capaz de lotar as arquibancadas ajuda, mas não é o único meio de tornar um estádio financeiramente viável.
É importante pensar no uso além do futebol.

Rodrigo Turrer. Com Humberto Maia Junior/Época

?????BNDES condiciona aporte a controle nacional no Pão de Açúcar-Carrefour????

Nas conversas preliminares com o empresário Abilio Diniz e o banco BTG Pactual, de André Esteves, em torno da proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) condicionou a sua entrada no negócio à posterior montagem de um acordo de acionistas que não coloque em risco a manutenção do controle nacional da companhia.

Segundo uma fonte envolvida na negociação, a aprovação do aporte de até R$ 4,5 bilhões em análise pelo BNDES só vai prosseguir se forem criadas cláusulas que dificultem a possibilidade de o empresário Abilio Diniz vender sua participação na nova empresa mais à frente, como fez com o Grupo Casino em 2005.

"A montagem do acordo de acionistas será parte importante do processo de aprovação da operação no banco, mas só depois de ultrapassada a etapa de um possível acordo entre Casino e Diniz. No mínimo, o acordo de acionistas terá que ter uma cláusula de tag along", afirmou a fonte, referindo-se a mecanismos de proteção a minoritários que garantiriam a eles venderem seus papéis pelo menos valor pago por um investidor interessado em comprar o controle, o que na prática dificultaria a venda do bloco de Diniz a um sócio estrangeiro.

Também agrada ao BNDES a previsão na proposta elaborada pelo BTG de que nenhum acionista poderia ultrapassar 39% do capital da companhia, impedindo os grupos franceses Casino e Carrefour de aumentarem sua participação na empresa em busca do controle.

Fontes ligadas ao governo informaram que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, conversou com a presidente Dilma Rousseff nos últimos dias, tranquilizando-a com mais detalhes sobre a operação.

Ao indicar que, desde o começo, o BNDES colocou no papel a condição de um acordo entre acionistas para entrar no negócio, Coutinho teria conseguido tranquilizar a presidente, que estava muito preocupada com a exposição do banco estatal como protagonista de uma briga societária em favor de um dos sócios.

É exatamente a posição de imparcialidade formal que o presidente do Grupo Casino, Jean Charles Naouri, ouvirá hoje de Coutinho.
O francês será recebido na sede do banco no final da tarde desta segunda-feira.

Alexandre Rodrigues, da Agência Estado

INSS paga mais de R$ 2,900 milhões para mortos no Piauí

Famílias de segurados que faleceram continuam recebendo benefício renovando a aposentadoria.

O gerente-executivo do INSS no Piauí, Carlos Augusto da Silva Viana, informou que o valor de R$ 2,904 milhões foi o valor que a previdência social conseguiu recuperar através de cobranças administrativas depois da descoberta da fraude.

O valor pago a mortos pode ser ainda maior já que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal ainda estão investigando pessoas que recebem aposentadoria e benefícios usando cartões dos aposentados e pensionistas que já morreram.


Segundo Carlos Augusto, está sendo investigado um esquema de fraude de recebimento de aposentadoria e benefícios de pessoas mortas através de renovação das senhas dos cartões por pessoas que fazem acertos com funcionários da rede bancária.

“Os cartões de recebimento das aposentadorias e benefícios tem prazo de um ano, mas com ajuda de bancários existem pessoas que estão conseguindo renovar a senha desses cartões por dois anos”, disse o gerente.

A maior parte dessas fraudes ocorre em Teresina que detém 25% dos quinhentos e doze mil segurados do INSS.
Em 2010 o INSS descobriu que foram pagos R$ 2,600 milhões para pessoas mortas e neste ano foram pagas R$ 304 mil.


Carlos Augusto afirmou que os cartórios tem um acordo com o INSS para repassar as informações dos óbitos, através de uma Força Tarefa que faz esse encontro da relação dos mortos com a lista dos beneficiários do INSS.

O monitoramento é diário e mensal, mas agora o INSS quer receber da Secretaria Estadual de Saúde o SIM (Sistema de Informações de Mortalidade).


As pessoas que recebem os benefícios das pessoas mortas que continuam sacando o dinheiro dos proventos e quando são flagrados praticando a fraude alegam que continuaram recebendo o dinheiro para pagar as despesas com funeral e sepultamento.

O INSS, porém sabe que o saque do dinheiro é de má-fé porque às vezes as famílias levam para as agências bancárias e ao próprio INSS um parente próximo da pessoa morta e os bancários e funcionários não percebem a diferença entre a pessoa que está na sua frente e a da fotografia da carteira de identidade do segurado.


Fonte - Monitor de fraudes

Investidor pessoa física retira R$ 3,7 bi da Bolsa.Saldo negativo é 170% maior que o de estrangeiros.


Os pequenos investidores estão batendo em retirada da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) este ano, movidos pelas perdas acumuladas com as ações - de 8,53% pelo Ibovespa, índice de referência do mercado brasileiro - e atraídos por ganhos cada vez maiores nas aplicações de renda fixa.

Com forte queda no ano, cresce transferência de recursos para a renda fixa. Saldo negativo é 170% maior que o de estrangeiros

Segundo dados da BM&FBovespa, o saldo líquido de pessoas físicas - diferença entre compras e vendas de ações - está negativo em R$3,7 bilhões este ano até a última terça-feira.
Somente em junho as vendas superaram as compras de papéis em R$1 bilhão.


Além disso, nas corretoras, foram fechadas quatro mil contas este ano, ou seja, investidores que desistiram completamente do mercado. O volume no ano é 170% maior que o resultado negativo dos investidores estrangeiros, de R$1,3 bilhão.


Os dados são tão ruins que a BM&FBovespa reviu e vai divulgar em breve um novo prazo para atingir sua meta de atrair cinco milhões de pessoas físicas para a Bolsa, número trabalhado com muito simbolismo desde o ano passado.
O prazo atual para isso ocorrer é 2014.


Segundo analistas, o mau momento do mercado está relacionado principalmente aos problemas da dívida da Grécia.
Mas lembram que o forte tombo das ações preferenciais (PN, sem voto) de Petrobras e Vale, xodós dos pequenos investidores, tiveram um papel importante nos resultados.


Os papéis recuam 11,33% e 1,97% este ano, respectivamente.


- Os últimos anos foram de muita volatilidade na Bolsa e o investidor brasileiro é muito avesso ao risco. Ele prefere sair antes que perca o que recuperou depois da crise financeira internacional - diz João Pedro Brugger, da Leme Investimentos. -

Esses são os mesmos fatores que levam investidores estrangeiros a retirarem R$1,3 bilhão da Bolsa este ano.


BM&FBovespa considera movimento natural

Bruno Villas Bôas O Globo

REMOQUE?TRAIÇÃO? PAGOT :"Estou sendo injustiçado e constrangido.Não aceito a acusação nem o afastamento para investigação.Fazer isso comigo é absurdo"

Diretor do Dnit, indicado por Blairo Maggi, diz que foi injustiçado e não aceita afastamento

A decisão do ministro dos Transportes e presidente licenciado do PR, Alfredo Nascimento, de pedir o afastamento de quatro integrantes da cúpula da Pasta após denúncias de corrupção, abriu uma crise no partido.

Em entrevista ao Valor, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, filiado ao PR do Mato Grosso, disse que não aceita o afastamento do cargo e vai pedir que o ato seja reconsiderado.

Pagot informou que soube do seu afastamento pela imprensa, no sábado.

"O ministro me ligou e disse que a presidenta Dilma exigiu que ele tomasse uma providência, mas não me falou de afastamento", disse Pagot.

"Não é assim que se tira uma pessoa, sem provas, nada. Vou procurar o ministro nesta segunda-feira. Estou sendo injustiçado e constrangido. Vou manifestar que não aceito nem a acusação nem o afastamento para investigação. Fazer isso comigo é um absurdo."

Também foram afastados o chefe de gabinete do ministro, Mauro Barbosa da Silva; o assessor do gabinete, Luís Tito Bonvini; e o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.

A decisão foi tomada após reportagem da "Veja", que aponta suposta cobrança de propina por integrantes do PR para liberar aditivos de contratos e viciar licitações.

Em 24 de junho, segundo a revista, a presidente Dilma Rousseff teve encontro com a cúpula da Pasta, na qual criticou o aumento do orçamento de obras viárias.

Pagot, cujo padrinho político é o ex-governador e senador Blairo Maggi (PR-MT), nega qualquer irregularidade no Dnit e afirma que as obras executadas pela autarquia têm orçamento aprovado pelo ministério e pelo Congresso, além de passar pelo pente-fino feito dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União.

"Executamos só aquilo que é aprovado, não inventamos orçamento. É um absurdo. Não estou apenas indignado, estou furioso com essa situação", disse.

As acusações também são negadas pelo presidente da Valec, José Francisco das Neves (PR-GO), também conhecido como Juquinha. "Não existe nenhuma prova, porque não há nada de errado. Agora, vamos aguardar a sindicância", disse Neves, que soube de seu afastamento por telefone.

Questionado sobre as razões que teriam motivado as denúncias, Neves admitiu que a situação pode ser resultado de conflitos internos no PR.

"Isso pode ser briga do próprio partido. Os cargos ficaram muito fortes, geram interesse grande. Isso mexe com muita gente", afirmou, sem dar mais detalhes.

Apesar de a crise ter colocado em xeque a permanência de Nascimento, sua saída não estava confirmada até a noite de ontem.

Ainda assim, o nome do ex-ministro e atual secretário executivo dos Transportes, Paulo Passos, chegou a ser cogitado para substituí-lo, mas em conversa ontem com o Valor ele negou qualquer negociação. Declarou que soube pela imprensa da instalação de sindicância.

O secretário também disse que não teve contato com Dilma ou Nascimento para tratar do assunto. "Só nesta segunda-feira é que vamos conversar sobre isso", disse.

Procura-se, no governo, um desfecho da crise que não comprometa o equilíbrio da base parlamentar de Dilma. O PR é um dos partidos mais fiéis da ampla base governista. Detém a sexta bancada na Câmara com 41 deputados e lidera um bloco parlamentar que soma 64 deputados.

(...)

Segundo a ONG Contas Abertas, até 16 de junho o valor empenhado pela Pasta foi de R$ 8 bilhões e o valor pago, até a mesma data, foi de R$ 6,7 bilhões, incluindo R$ 4,7 bilhões de restos a pagar quitados.

A dotação autorizada para este ano é de R$ 24,9 bilhões. O ministério ainda tem R$ 6,1 bilhões de restos a pagar de anos anteriores a serem quitados.

A execução, excluindo os restos a pagar, não é das maiores do governo. O ministério pagou aproximadamente 25% do total empenhado este ano.

O Ministério da Justiça, por exemplo, empenhou R$ 3,5 bilhões e já pagou R$ 2,8 bilhões.

O das Comunicações empenhou R$ 577 milhões e já pagou R$ 440 milhões.


André Borges, Caio Junqueira e Tarso Veloso | De Brasília Valor Econômico

Nascimento chegou a ser humilhado em sessão com Dilma .

A presidente Dilma Rousseff não é exatamente uma fã do trabalho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e não é de hoje.

Responsável pela maior parcela do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tocada exclusivamente com recursos do Orçamento, ele é alvo de cobranças implacáveis desde o governo passado.

Certa vez o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou Nascimento para perguntar por que o PAC não andava. O ministro respondeu que faltava dinheiro.

Lula, então, fez uma cobrança a Dilma - na ocasião ministra-chefe da Casa Civil e coordenadora do programa -, que marcou uma espécie de acareação entre as equipes dos Transportes e do Tesouro Nacional.

Obra por obra, Dilma foi mostrando que havia problemas de toda ordem a atrasar os empreendimentos, nenhum de responsabilidade do Ministério da Fazenda. "Isso é falta de dinheiro, Alfredo? Não é!", repetia ela a cada quadro. Ao final, humilhado, Nascimento teve de admitir que estava "rodeado de incompetentes".

A sessão deu aos participantes o direito a uma demonstração do mais puro estilo Dilma.

A certa altura, ela pediu as tabelas sobre o andamento das ferrovias, que estavam com um assessor do Ministério dos Transportes. Nervoso, o funcionário não conseguia abrir sua bonita pasta de couro para retirar os papéis.

Dilma não teve dúvidas: pegou uma tesoura e cortou a pasta.

Isso, depois de dizer a ele que não tinha o dia inteiro para aquilo.

Renata Veríssimo e Lu Aiko Otta O Estado de S. Paulo

"TREM BALA NO BRASIL SERÁ DEFICITÁRIO".

A China não vai participar da licitação para o trem de alta velocidade no Brasil porque "certamente" o projeto vai operar no vermelho, afirmou o professor Zhao Jian, especialista em ferrovias da Universidade de Transportes da China.
"Não importa quem o construa, o trem rápido será deficitário", disse.


Zhao é um crítico dos investimentos da China em uma malha de trens rápidos que tinha 8.300 km no fim de 2010 e chegará a 13 mil km em 2012.
Segundo ele, as linhas já inauguradas operam bem abaixo da capacidade e sua construção criou uma dívida impagável.


O débito do Ministério das Ferrovias já está em US$ 309 bilhões e vai dobrar em quatro anos. Como os trens rápidos não são lucrativos, o ministério não terá receita suficiente, o que levará a uma crise da dívida.

Na opinião do professor, o Brasil deveria optar por trens de velocidade de 200 km/h, que custam a metade do preço.
A seguir, trechos da entrevista:


A China precisa desse megainvestimento em trens rápidos?

A China deveria construir mais ferrovias.
Conforme o planejamento do governo, o país terá 123 mil quilômetros de linhas em 2020 e deveria ter pelo menos 160 mil.
A China não deveria construir trens de alta velocidade, porque o custo é alto.


Os custos de construção e operação são tão altos que o preço da passagem também tem que ser. A decisão de construir ou não trens rápidos depende da vantagem na economia de tempo, que tem que ser maior que o custo.

Outra questão é a diferença entre países pequenos e grandes. A distância entre grandes cidades da China é superior a 1.000 quilômetros, enquanto no Japão, Alemanha e França está em 500 quilômetros.


Qual padrão de velocidade é aconselhável nessa distância?
Durante o dia, se você viaja menos de 500 quilômetros, vai gastar entre duas a três horas.
Portanto, a vantagem é grande.
Mas à noite, o mais rápido não é o melhor.
A maioria dos trens de longa distância na China sai à noite e chega ao destino pela manhã, em uma velocidade de 200 km/h.


No novo trem Pequim-Xangai, que anda a 300 km/h, quem viajar às 22h chegará às 3h. O que você faz a essa hora? Para longas distâncias, o melhor são 200 km/h.


Qual a viabilidade econômica das linhas de trem rápido que já estão em operação?

As linhas estão em uma situação muito difícil e o governo dá subsídios. A linha entre Zhengzhou e Xian, por exemplo, tem 500 quilômetros, distância na qual o trem de alta velocidade tem vantagens em relação ao avião.

Mas a renda da população é baixa e a densidade populacional não é tão alta como no Japão. Apesar de ter capacidade para operar com 160 composições a cada dia, a linha trabalha com apenas 11.

No Japão, a linha Tóquio-Osaka tem 500 quilômetros e cerca de 160 composições de trens por dia. A cada ano, é utilizada por 150 milhões de pessoas, logo tem lucro.


Mesmo nos países em que a distância entre as cidades é inferior a 500 quilômetros os governos têm de dar subsídios?

Sim, porque o custo é alto e a densidade populacional não é grande.
A região entre Tóquio e Osaka concentra 60% da população do país e 64% do PIB é gerado ao longo dos 500 quilômetros da linha.
Mas outras linhas do Japão não são lucrativas.


Qual será a consequência do investimento chinês em trens rápidos no longo prazo?

Uma crise de dívida. O nível de endividamento já é muito alto.
O débito do Ministério das Ferrovias está em 2 trilhões de yuans (US$ 309 bilhões) e chegará a 4 trilhões de yuans (US$ 618 bilhões) em quatro anos.

É uma situação difícil, porque o ministério não tem receita, já que não há muitos trens e passageiros nessas linhas. Se não há receita suficiente, como vão pagar o serviço da dívida?

O governo terá que arcar.


Faz sentido um país como o Brasil construir um trem de alta velocidade?


Não, porque a concentração e a densidade populacional são muito mais baixas do que no Japão. Acredito que uma velocidade de 200 km/h é suficiente.

O custo de construção de um trem de 350 km/h é o dobro de um de 200 km/h.
Se a opção é pelo de 200 km/h, é possível construir mais linhas.

O governo brasileiro gostaria que a China participasse da concorrência para o projeto.

A China não vai participar desse projeto, porque certamente será deficitário.
Se fosse possível apenas construir a linha ou vender equipamentos, as empresas chinesas participariam.
Mas se a intenção é que operem o projeto, isso é impossível, porque terá perdas. Não importa quem o construa, será deficitário.


O governo brasileiro quer que os participantes não apenas construam, mas operem a linha. Ele não quer assumir nenhum risco e por isso o governo chinês não vai participar.

Cláudia Trevisan O Estado de S. Paulo

UM HISTÓRICO DE ESCÂNDALOS.

Hoje no centro do noticiário por denúncias de corrupção, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) nasceu de um escândalo.

A autarquia foi criada com a extinção do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), que implodiu no governo de Fernando Henrique Cardoso, após a descoberta, em 1999, da "máfia dos precatórios".

A mudança de nome não fez cessar as denúncias.

PRECATÓRIOS:

No governo FH o Ministério Público Federal detectou existência de um grupo de lobistas e funcionários públicos que recebia propina para favorecer o pagamento de indenizações judiciais milionárias do DNER, sem base jurídica consistente.

Para furar a fila dos precatórios, os beneficiários teriam pago propina de até 25% dos valores devidos. A crise derrubou o diretor financeiro do DNER, Gilson Zerwes, e o procurador-geral substituto do órgão, Pedro Eloi Soares.

FAVORECIMENTO A EMPREITEIRAS:

No governo Lula, em maio de 2003, o ex-diretor-financeiro do Dnit, Sérgio Pimentel, foi exonerado do cargo e acusou o ministro dos Transportes, Anderson Adauto, de favorecer a empreiteira Queiroz Galvão em pagamentos do governo.

Segundo Pimentel, o ministro teria ordenado acréscimos no valor da dívida da União a ser paga à construtora e autorizado repasses para uma obra em Pernambuco. Adauto foi mantido por Lula com alegação de que o subordinado foi demitido por cobrar propina para liberar verba a credores do governo.

DESVIO DE RECURSOS:

Em janeiro de 2004, o diretor-geral do Dnit, José Antonio da Silva Coutinho, denunciou Adauto à Procuradoria Geral da República por suposto desvio de R$32,3 milhões de financiamentos dos bancos Mundial e Interamericano de Desenvolvimento, carimbados para obras em estradas.

O dinheiro teria sido destinado a outros projetos. Adauto caiu no mês seguinte, após um ano de "fritura", e foi disputar a Prefeitura de Uberaba (MG).

OPERAÇÃO MÃO DUPLA:

Conduzida pela Polícia Federal, a operação prendeu, em agosto do ano passado, o então chefe do Dnit no Ceará, Guedes Neto, indicado pelo PR do ex-governador Lúcio Alcântara, e mais 21 pessoas, entre elas empresários do setor de construção, por envolvimento em esquema que desviou R$5,5 milhões. Guedes Neto e servidores do Dnit foram demitidos.

SUPERFATURAMENTO NA VALEC:

O Ministério Público Federal apura, este ano, superfaturamento em obras da Ferrovia Norte-Sul em Goiás, tocadas pela Valec, empresa pública vinculada ao Dnit. Laudo da PF apontou diferença de R$71,7 milhões nos preços pagos pelos serviços em trecho de 105 quilômetros.

CPI DO DNIT:

A cúpula recém-afastada do Dnit é alvo de suspeitas de corrupção e tiroteio político no Senado desde 2009. O ex-senador Mario Couto (PSDB-PA) já tentou, sem sucesso, a criação de uma CPI para apurar supostas irregularidades na gestão do diretor-geral do órgão, Luiz Antonio Pagot, agora afastado por Dilma.

O Globo