"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 03, 2012

ELES SÃO COMO A BOS... QUANTO MAIS MEXE MAIS FEDE : LITERALMENTE VIVEMOS SOB O REINADO DOS CANALHAS.


As denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, transformam Guido Mantega no alvo da vez da oposição.

Mesmo informado sobre as irregularidades em 2010, o ministro da Fazenda só tomou uma atitude quando soube que o caso havia chegado à imprensa.

Ou melhor, foi a presidente Dilma Rousseff quem ordenou a demissão às pressas ao saber dos feitos de Denucci. Mantega admitiu nesta sexta-feira que sabia dos problemas. PSDB, DEM e PPS brigarão para que Mantega se explique ao Congresso.

A situação deixa o Planalto em uma situação delicada. De um lado, o governo teme que a exposição de Mantega possa abalar a credibilidade da economia brasileira.

Por outro, uma blindagem total, a exemplo do que ocorreu com Antonio Palocci, pode ter um efeito ainda mais perverso: o de acirrar os ânimos no Congresso e irritar a base aliada.

A oposição está decidida: vai apresentar um pedido de convocação para que Mantega se explique no Congresso. Para os opositores, o ministro da Fazenda deve ser tratado da mesma forma que os titulares de outras áreas.

A possibilidade de a crise política ter reflexos econômicos não é suficiente para poupá-lo. "Isso não pode ser fator impeditivo de uma convocação. Pelo contrário. Essas coisas exigem cada vez mais transparência", diz Ronaldo Caiado (GO), vice-líder do DEM na Câmara.

Em conflito com o PT por mais espaço no governo, o PMDB acompanha de perto a variação de temperatura do caso. Por enquanto, os peemedebistas não usarão de seu poder de fogo.

A ferida pela demissão, no ano passado, de dois ministros filiados ao partido, Wagner Rossi, da Agricultura, e Pedro Novais, do Turismo, ainda está aberta. "A gente espera uma explicação", diz o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Mas eu preferiria não desestabilizar Mantega neste momento."

Já o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), em defesa do governo, prega que o momento econômico pesa, sim, na avaliação sobre a ida ao Congresso: "Mantega tem agido com a maior correção. Também pelo momento que nós estamos vivendo no Brasil, acho que não é o caso de convocá-lo."

E o calendário deve ajudar Mantega. As comissões da Câmara só começam a funcionar após o carnaval. Ou seja: daqui a quase um mês. "Ele tinha a obrigação de mandar investigar e não o fez.

Se as explicações não forem dadas, vamos manter o pedido de convocação", explica Bruno Araújo (PE), líder tucano na Câmara.

O PTB, que indicou Denucci, mas depois retirou o apoio ao presidente da Casa da Moeda, também pretende cobrar esclarecimentos do ministro.

Tentando se defender, o ministro Mantega disse que não tomou providências ao ser avisado das irregularidades porque não recebeu informações concretas sobre o caso. Por enquanto, o mercado parece indicar que só haverá algum sobressalto se Mantega passar a correr risco de perder o cargo.

Nesse caso, haverá especulações sobre os possíveis substitutos do ministro e Dilma será forçada a tomar uma decisão rápida e certeira, sob risco de minar a credibilidade da economia brasileira.

Irregularidades –

Exonerado no início da semana, Denucci é investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro. O ex-presidente foi indiciado numa ação de evasão de divisas.

A Polícia Federal investigava o recebimento de 1,8 milhão de reais vindos do exterior em junho de 2000 e que foram parar em sua conta corrente.

Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo acusa Denucci de receber propina de fornecedores da Casa da Moeda, por meio de duas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas, local conhecido como paraíso fiscal.

Veja

SEM "MARQUETINGUE" UMA "MENSAGEM" DA NADA E COISA NENHUMA . UM ATESTADO DA PRÓPRIA INCOMPETÊNCIA , UMA FRAUDE.

Dilma Rousseff enviou ontem ao Legislativo a edição 2012 da "Mensagem ao Congresso Nacional". O documento foi recebido com frieza pelos meios de comunicação, mas é precioso.

É uma confissão, com chancela oficial, do fracasso do primeiro ano da gestão dela, o nono do governo petista.


Em suas 472 páginas, a Mensagem mostra, por exemplo, como tem sido pífia a execução de programas como o Minha Casa, Minha Vida; como promessas feitas para a melhoria da saúde estão longe de sair do papel; e como, quando falta o que mostrar, o governo apela mesmo é para a mentira descarada.

Comecemos pela instalação de unidades de pronto-atendimento de saúde. As chamadas UPA, que servem para desafogar as emergências dos hospitais, foram uma das vedetes da campanha eleitoral de 2010.

A então candidata prometeu instalar 500 delas "para garantir atendimento médico adequado", conforme reiterou na versão 2011 da Mensagem ao Congresso.


Pois bem: na publicação divulgada ontem, está informado à página 184 que foram construídas apenas 31 UPA no ano passado. Isso significa que, a continuar assim, para honrar o compromisso firmado Dilma precisaria de quatro mandatos. Parece que não vai dar tempo...

A Mensagem também destaca, logo na sua apresentação, a "aprovação", em 2011, da "construção de 1.484 creches e pré-escolas por todo o Brasil". A promessa de Dilma foi bem distinta: erguer - e não "aprovar a construção" - 6.427 creches em quatro anos.

Nenhuma delas, porém, foi concluída até agora, mostrou O Estado de S.Paulo na semana passada.


"Para cumprir uma promessa de campanha feita pela presidente Dilma Rousseff, o Ministério da Educação terá que inaugurar pelo menos 178 creches por mês, ou cinco por dia, até o fim de 2014", informou o jornal. O programa destinado à construção das creches - o ProInfância - executou meros 16% do orçamento do ano passado.

Mas a Mensagem traz muito mais. Relata, por exemplo, os resultados efetivos alcançados pelo Minha Casa, Minha Vida. Lá está dito que, nas duas fases do programa, foram entregues até agora exatas 540.883 moradias.

O documento não detalha quantas foram destinadas a famílias de renda mais baixa, de até três salários mínimos, mas sabe-se que são absoluta minoria.


O programa habitacional foi lançado em abril de 2009 com meta de construir 1 milhão de casas. Em 2010, ganhou uma segunda fase, prevendo mais 2 milhões de habitações.

Ou seja, ao ritmo atual, para que tais promessas sejam honradas, o governo petista vai precisar de mais 12 anos. Assim como com as UPA, também não vai dar para esperar tanto tempo.


O texto da Mensagem também desnuda fracassos retumbantes da gestão petista, como no saneamento. Embora alardeie que R$ 36,4 bilhões estejam sendo investidos no setor - o que não encontra comprovação em fonte alguma - o documento admite, à página 308, que apenas 9% do previsto desde o lançamento do PAC foi aplicado.

Ou seja, na velocidade registrada ao longo destes últimos cinco anos, seria necessário mais meio século para concluir as obras.


Há casos piores, de mentira deslavada. À página 317 da Mensagem, o governo afirma que obras e ações de transporte metroferroviário "mantiveram o ritmo de investimento observado nos últimos anos". Um dos casos citados é o do metrô de Belo Horizonte, um dos que "contam com recursos do PAC, o que assegura um avanço regular aos projetos".

Ocorre que não há um único dormente sendo assentado hoje na expansão das linhas da capital mineira. E não é de agora: as últimas obras feitas por lá datam do governo Fernando Henrique, embora desde então o governo do estado tenha tentado reiteradamente retomar a ampliação das linhas. Além do metrô, os mineiros esperam há anos outras obras prometidas pelo PT, como mostrou o Estado de Minas nesta semana.

O mau desempenho da administração Dilma Rousseff é flagrante.
Neste sentido, o texto divulgado ontem apenas corrobora o que se observa no dia a dia do país, a olho nu.

A diferença é que o governo não pode mais culpar o mensageiro pela desalentadora mensagem de desalento que carrega em sua sacola.

O fracasso agora é oficial.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Mensagem Vazia

Não faltaram alertas :





O CUSTO DA INDÚSTRIA E A MAMULENGA PREGA "OUSADIA" E "DISCIPLINA" NA ECONOMIA. RISCO À VISTA.


Todos os dias o noticiário vai sendo martelado por informações de que o setor produtivo brasileiro (e não só a indústria) vai ficando inviabilizado por seus custos excessivos.

Ontem, por exemplo, o brasileiro ficou sabendo que o governo Dilma decidiu romper o acordo automotivo com o México, porque as importações de veículos made in Mexico estão tomando o mercado do produto brasileiro.

As queixas são recorrentes. Vêm do setor produtor de máquinas, passam pela área têxtil, surgem na indústria eletrônica e se estendem até aos produtores de brinquedos. Na semana passada, o presidente da Embraer, Frederico Curado (foto), advertia em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, que o gasto com mão de obra no Brasil estava ficando proibitivo para sua empresa. Segunda-feira, o Estado publicou que a execução do programa Minha Casa, Minha Vida vem se tornando difícil dado o aumento dos custos de terrenos, materiais e da mão de obra - até há alguns anos, considerada das mais baratas do mundo.

Não é de hoje que o setor produtivo tem esses problemas, mas, em vez de buscar soluções, prefere eleger culpados. Entre eles, o mais citado é o câmbio, "sempre defasado em, pelo menos, 30%" - como já nos anos 70 reclamava o então presidente da Duratex, Laerte Setúbal, fosse qual fosse a cotação do dólar.

Lá pelas tantas, o governo tratava de "dar câmbio" para devolver algum mercado para a indústria, no entanto, até agora, não houve câmbio que chegasse. (Para o caso dos veículos do México, veja ainda o Confira.)


Além do câmbio, são apontados outros culpados:
chineses,
coreanos,
crise global (que empurra encalhes de mercadoria para o Brasil)
e, agora, mexicanos,
que conseguem a proeza de enfiar cada vez mais veículos e autopeças nas tabas tupiniquins.


Não é preciso ter QI de Ph.D. para desconfiar que o buraco é mais embaixo.
E não custa bater no mesmo bumbo em que esta Coluna vem batendo. O grande problema do setor produtivo brasileiro chama-se custo Brasil.

Com algumas diferenças, é a mesma lista de barreiras à produção há mais de 50 anos: carga tributária insuportável; quarta mais cara energia elétrica do mundo; juros escorchantes; encargos sociais cada vez mais altos (de que se queixa o presidente da Embraer); e infraestrutura cara e precária.


Nos últimos anos, foram os serviços que passaram a custar o olho da cara. Faz sentido pagar de R$ 20 a R$ 30 por uma hora de estacionamento em São Paulo?

Por que tarifas de banda larga e telefone no Brasil estão entre as mais caras do planeta? Por que se cobra R$ 1,6 mil para impermeabilizar dois metros lineares de caixilhos? Por que qualquer assistência técnica tem preços elevados?
E o que tem a ver o câmbio com essas maluquices?


Com esses diagnósticos capengas, em vez de tratar de derrubar o custo Brasil, o governo Dilma vai enveredando para o protecionismo tosco, à la Argentina, e para opções de reserva de mercado, porque já não pode mais "dar câmbio" para compensar esses desequilíbrios. É o que faz agora, especialmente na indústria têxtil e na de veículos.

Durante certo tempo, esses artifícios reduzem o afluxo de importados.
Mas não restabelecem a competitividade do setor produtivo nacional no mercado externo.

Celso Ming O Estado de S. Paulo