"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 06, 2011

POUPANÇA TEM MAIOR VOLUME DE RETIRADA PARA UM MÊS DE MAIO DESDE 2006.


A caderneta de poupança registrou um resgate líquido de R$ 1,301 bilhão em maio. Este foi o maior volume de resgate líquido para um mês de maio desde 2006, conforme os dados divulgados nesta segunda-feira (6) do Banco Central.

As retiradas somaram R$ 108,706 bilhões, enquanto os depósitos totalizaram R$ 107,404 bilhões.

Já o saldo das cadernetas de poupança fechou o mês de maio em R$ 386,151 bilhões.

No ano, esta é a terceira vez que a poupança fica negativa. A primeira ocorreu em fevereiro, quando a captação havia ficado negativa em R$ 745,273 milhões. Em março, esse saldo havia tido mais depósito do que saques, deixando a poupança positiva em R$ 307,423 milhões.

Em abril, o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) voltou a fechar no vermelho, com R$ 1,762 bi a mais de saques do que de depósitos.

Nos cinco meses entre janeiro e maio, esse saldo ficou negativo em R$ 1,925 bilhão. Os saques, nestes cinco meses, somaram R$ 393,415 bilhões, enquanto os depósitos ficaram na casa dos R$ 391,490 bi.

O brasileiro poupou menos no primeiro trimestre deste ano. As retiradas de dinheiro na caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 162 milhões entre janeiro e março de 2011.

Trata-se da maior “perda” de recursos para o período desde 2009, quando R$ 592 milhões saíram da poupança. No mesmo trimestre do ano passado, os depósitos na caderneta superaram os saques em R$ 4,24 bilhões.

Como funciona a poupança?

A poupança é uma forma de guardar o dinheiro e manter o seu valor corrigido, sem correr risco. É a aplicação mais simples do país. O rendimento é recebido uma vez por mês, na data de aniversário da caderneta.

A rentabilidade é de 0,5% ao mês, mais a variação da TR (Taxa Referencial). O capital é garantido até o valor de R$ 60 mil por meio do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Sobre os ganhos não é cobrado imposto.

Agência Estado

BRASILEIROS JÁ DÃO CALOTE DE 59 BI EM BANCOS.

Dívidas vencidas há mais de três meses assustam o BC e levam sistema financeiro a reservar R$ 98 bilhões no caixa para cobrir eventuais prejuízos.
Nos cartões de crédito, atrasos no pagamento das faturas superam 25%.
Bancos reduzem facilidades a clientes


As famílias já começam a colocar um freio no ritmo de consumo, conforme indicaram os últimos dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo IBGE na última sexta-feira. Mas só segurar o impulso de novas compras pode não ser suficiente para colocar o orçamento em dia.

Os índices de inadimplência, que estão em alta neste início de ano, subirão mais.
No total, consumidores e empresas já devem a bancos e financeiras R$ 59 bilhões em prestações vencidas há mais de três meses, maior valor desde fevereiro de 2010.


A diferença é que, naquele início de ano, as perspectivas eram de intenso crescimento da economia e da renda dos trabalhadores, confirmados pela expansão de 7,5% do PIB.

Mas o que realmente chamou a atenção de técnicos do Banco Central foi o ritmo de aumento dos atrasos de 15 a 90 dias no pagamento de parcelas de empréstimos e financiamentos por pessoas físicas.
Excluídos os financiamentos habitacionais, o calote saltou de 5,3%, em dezembro último, para 6,6% em abril.


Desde janeiro, o tamanho dessa inadimplência supera o das parcelas vencidas acima de 90 dias, que subiu para 6,1% em abril, o que não acontecia desde 2005.
O problema é que o grande volume de dívidas vencidas em até 90 dias tende a se converter em atraso maior, refletindo nos índices acima de 90 dias, de maior dificuldade de recebimento.


Preocupados com o atraso constante no recebimento dos débitos, os bancos vêm aumentando, mês a mês, as provisões para cobrir eventuais perdas e vedar riscos de uma crise financeira.

Pelos cálculos do BC, essa reserva atingiu R$ 98,2 bilhões, o equivalente a 6% de tudo o que está emprestado a pessoas físicas (R$ 819 bilhões) e a empresas (R$ 957 bilhões).


Pente-fino

Os bancos já se adiantam e fecham as torneiras que foram escancaradas desde 2007, com a disponibilização de crédito rápido em conta-corrente, acompanhado de generosos limites para todo tipo de empréstimo, incluindo cheque especial.
Agora, a oferta de recursos está limitada e os juros, em alta.

"Isso (volume alto do endividamento e da inadimplência) é resultado da política do governo, que mandou todo mundo gastar, incentivando o crédito. Não havia como esse quadro continuar. As próprias instituições estão dificultando o acesso ao crédito, não pela qualidade do cliente, mas por medo do aumento da inadimplência", disse José Luiz Rodrigues, presidente da Consultoria JL Rodrigues.
Segundo ele, os bancos não podem mais ceder crédito tão facilmente.


Ou seja, se seu banco anda cortando seus limites de crédito, saiba que não é nada pessoal. É com todo mundo.

Eletrodomésticos
Os maiores índices de calote das famílias estão nos financiamentos de VEÍCULOS e de eletrodomésticos e nos cartões de crédito. O que demonstra o excesso de sede com que os consumidores foram às compras, assumindo prestações mensais com o orçamento já apertado.

O atraso de 15 a 90 dias no pagamento de carros e nos carnês das lojas chegou a 8,1% e 8,6% em abril, respectivamente, retornando aos patamares do primeiro semestre de 2009, quando o mundo e o Brasil haviam sido abatidos pela crise mundial.


Com um total de R$ 100 bilhões em compras e em faturas vencidas nos cartões de crédito, os consumidores também estão se enrolando na hora de honrar os compromissos.

Em abril, 25,34% dessa bolada estavam vencidos há mais de três meses.
O que torna mais dramático manter essa dívida sem quitá-la é que ela está custando em média de 10% a 11% ao mês em juros.


ANA D´ANGELO
Correio Braziliense

Mais :

Colunista do 'Financial Times' vê risco de bolha no Brasil ...

BRASIL : A CZARINA E O "RASPUTIN" ÉBRIO.


Intróito :

Místico russo nascido em Pokrovskoie, Sibéria, que exerceu forte influência na corte de São Petersburgo, onde se tornou favorito da czarina Alexandra Feodorovna, esposa de Nicolau II. Filho de camponeses pobres, ganhou na juventude o apelido de Rasputin, o Depravado.

Considerado monge, sem ser ordenado, adotou uma seita que chamava de flagelantes, e após peregrinar ao monte Atos, na Grécia, reapareceu em sua terra com a fama de poder curar doenças mas, ante a ameaça de ser tomado por herege, tornou-se andarilho.

Alexandra e Nicolau

Em pouco tempo a capital tomou ciência da importância do "profeta". Ministros, generais, os grandes do império, aventureiros, bajuladores e oportunistas de todos os calibres enfileiravam-se atrás do bruxo para conseguir algum favor real. Nunca se soube ao certo qual era o critério das escolhas de Rasputin.

Os relatórios que o casal recebia narravam intermináveis aventuras amorosas e um sem fim de bebedeiras, mas isso em nada afetava o seu prestígio. Ao contrário, estar de bem com o starets era adoçar a boca dos monarcas. Nenhuma das intrigas em que envolviam Rasputin tinham o poder de abalar a confiança cega que ele despertara em Alexandra e Nicolau.

O fato é que o enorme império dos Romanov, o maior em extensão em toda a Terra, passou a ser indiretamente regido por um bruxo.
.............

Ao intervir no governo da presidente Dilma, Lula fez o que tanto queria:
ser uma espécie de Rasputin político de nossa czarina.
É difícil dizer quem se saiu pior nesse episódio:
ele, como o aventureiro russo, que se dizia purificador de ambientes, ou ela, que aceitou tão estranha taumaturgia.

Ambos foram criticados severamente, pelo espetáculo que ofereceram ao Brasil e ao mundo.

Por sorte de Dilma, felizmente, dois de nossos partidos comunistas estão alinhados, e bem, com o governo. Seus Lenines e Trotskis apóiam incondicionalmente a czarina.

Quem abriu as baterias mais fortes contra o ex-presidente foi seu ex-ministro Ciro Gomes. Este, induzido por Lula, transferiu o título de eleitor no Ceará para São Paulo, acreditando no apoio lulista à sua candidatura a governador desse estado, em 2010.

Não sem razão, Ciro condenou o quixotismo intervencionista de Lula, que, a seu ver, fragilizou a criatura por ele mesmo lançada candidata e eleita presidente, como a pessoa mais capacitada a governar o país.

Dilma nasceu só da cabeça de Lula, não de uma concha de madrepérola, como nas lendas gregas, que ele achasse na praia de Guarujá.


Ele impôs a candidatura de Dilma a seu partido e agora, caprichosamente, age como se reparasse erro de sua pupila. Mas, ao fazê-la defender Palocci, dá um passo arriscado na política brasileira, perigoso para os dois.

Ao se expor, exageradamente, pró-Palocci, como salvador da pátria, o ex-presidente não tem a quem responsabilizar por esse fracasso, que põe em xeque sua suposta competência em escapar incólume dos erros que cometeu, quando na Presidência.

Sobre os ganhos espantosos da consultoria de Palocci, a pressão de Lula sobre Dilma e desta sobre o Congresso, reavivou, na memória popular, o caso do caseiro que denunciou as estroinices do ex-ministro, forçando o ex-presidente a demiti-lo.

Agora, porém, o lado cantinfliano e trapalhão de Lula, em fato muito mais grave, faz — quem diria? — exatamente o contrário e sai em defesa fervorosa de Palocci. Francamente!

O mito de sua suposta infalibilidade em acertos dá sinais de desmilinguir-se, inapelavelmente, e ameaça levar de roldão o governo Dilma.

Rubem Azevedo Lima/Correio Braziliens

UMA SOCIEDADE INERTE FOMENTA O ASSENHOREAMENTO DA NAÇÃO POR UMA CASTA DE ANÉTICOS TORPES E VAGABUNDOS.


O governo do Brasil mostra-se empenhado em enfrentar, desafiar e provocar a opinião pública.
É uma antipolítica que se manifesta em diversos ministérios, espalha-se por vários órgãos públicos e dela não se exime nem a Presidência da República.

Sinais do fenômeno emanam desde pequenas decisões quase imperceptíveis, locais ou regionais, ou se agigantam com espalhafato nas manchetes, mas sempre com o viés de provocação e desafio ao público.


Muita gente talvez não perceba, por não ligar lé com cré - como se diz - nem atinar com fatos aparentemente desconexos que se casam no contexto maior do enfrentamento que a classe governamental está promovendo contra a população, principalmente contra o eleitorado.

Vamos a alguns.

Fato 1 -
Um ministro da Educação destrói sistematicamente a credibilidade dos exames de avaliações do ensino, de estudantes e de escolas.
Deixa passar por entre as pernas, como frangueiro, patacoadas de uma administração inepta povoada de energúmenos, tais como cartilhas que consideram que o falar e o escrever errado é que são o certo, a pretexto de tornar a cultura mais "acessível"; ou kits de pretensa propaganda contra a intolerância, mas que na prática encerram intolerância com sinal trocado; ou propostas de reformas curriculares que deixam perplexos os educadores sérios e que não podem ser levadas a sério.


Mas nada, absolutamente nada, acontece com o desastrado e desgastado ministro. Ao contrário, o governo não só o defende contra tudo e contra todos, como o estimula a engendrar mais provocações.


Fato 2 -
Um projeto descabelado, perdulário e hostil sob todos os pontos de vista, mas principalmente sob os aspectos ambiental e social, tecnicamente absurdo, de uma hidrelétrica cuja produção consumirá três vezes mais recursos para ser transportada até onde possa ser usada, é descartado até por empreiteiras que poderiam encher os bolsos com ele - pois seus donos temem terminar atrás das grades, quando algum governo sério resolver reexaminar o assunto.

No entanto, o atual governo e o principal órgão de proteção do meio ambiente batem o pé, numa atitude que parece de pura birra, e se acham a ponto de empurrar o projeto goela abaixo da Nação, à custa do erário e da paciência do público.


Até a Anistia Internacional entrou no circuito, pedindo a suspensão da tresloucada obra.
Mas o governo faz ouvidos moucos.
Por que será?
Só porque a padroeira da obra é a nossa presidente?
Não pode ser.
É a síndrome do desafio que infecta o governo brasileiro desde que o PT ascendeu (já apresentara um surto bravo no tempo dos militares).
É interessante ver quanto o governo do PT se assemelha, e não só nesse aspecto, ao dos militares.


Fato 3 -
Para não alongar, temos agora o caso do mais bem-sucedido consultor de empresas do planeta. O ministro que multiplicou 20 vezes o seu patrimônio pessoal em apenas um ano e em cuja defesa se envolve todo o governo, não para pedir a ele alguma explicação plausível para o fenômeno, e sim para tentar descobrir quem foi que dedou o malsinado, se foi gente do PSDB ou do próprio PT, ou até do PMDB.
Embora constasse da notícia original, da Folha de S.Paulo, que a grande mandracaria se dera em quatro anos, o seu autor esclareceu que foi no último ano do período que ocorreu a multiplicação de pães e peixes, quando seus clientes, afinal, pagaram seus serviços.

Portanto, na prática, segundo suas próprias palavras, o tsunami de dinheiro entrou em um ano apenas.
O que nos conta, a respeito, a solerte Receita Federal?
Nada.
Os dados do contribuinte são sigilosos, a não ser quando ele é adversário do governo.
Quem sabe o poderoso ministro já não foi notificado para se apresentar à Receita e dar explicações?
E por que nós não estamos sabendo?
Porque as explicações também são sigilosas?


Mas, afinal, o que realmente importa tanto nesse episódio quanto nos anteriores não é a explicação que o ministro alinhave sobre o seu estranho enriquecimento. Seja qual for essa explicação, ninguém acreditará mesmo.

O fato é que uma montanha de dinheiro entrou nas contas da sua empresa - que até então tinha faturamento medíocre - justamente no ano em que ele funcionou como tesoureiro da campanha da candidata à Presidência.
O ministro não precisa, pois, explicar nada, todo mundo já entendeu.

Quem deve explicações é o governo:
por que manter, preservar e defender um alto funcionário que está sob profunda suspeita de todos, até de aliados?
Só para desafiar os adversários?
Mas o desafio aos adversários toma agora o lugar da satisfação ao público?


Por que essa desesperada tentativa de salvação do desastrado, com mobilização do ex-presidente e de um poderoso trio de zaga - Temer, Sarney, Calheiros - "de inenarrável beleza moral", como diria Assis Chateaubriand?

Por que tirar os holofotes desse assunto, providenciando um factoide de lançamento de um repeteco do Bolsa-Família - durante o qual o ministro é fotografado embaixo do slogan "Brasil sem Miséria"?

Isso é desafiar os adversários?
Ou já é, simplesmente, debochar da opinião pública?

Marco Antonio Rocha O Estado de S. Paulo
A estratégia é desafiar o público ou debochar dele?