"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 06, 2011

BRASILEIROS JÁ DÃO CALOTE DE 59 BI EM BANCOS.

Dívidas vencidas há mais de três meses assustam o BC e levam sistema financeiro a reservar R$ 98 bilhões no caixa para cobrir eventuais prejuízos.
Nos cartões de crédito, atrasos no pagamento das faturas superam 25%.
Bancos reduzem facilidades a clientes


As famílias já começam a colocar um freio no ritmo de consumo, conforme indicaram os últimos dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo IBGE na última sexta-feira. Mas só segurar o impulso de novas compras pode não ser suficiente para colocar o orçamento em dia.

Os índices de inadimplência, que estão em alta neste início de ano, subirão mais.
No total, consumidores e empresas já devem a bancos e financeiras R$ 59 bilhões em prestações vencidas há mais de três meses, maior valor desde fevereiro de 2010.


A diferença é que, naquele início de ano, as perspectivas eram de intenso crescimento da economia e da renda dos trabalhadores, confirmados pela expansão de 7,5% do PIB.

Mas o que realmente chamou a atenção de técnicos do Banco Central foi o ritmo de aumento dos atrasos de 15 a 90 dias no pagamento de parcelas de empréstimos e financiamentos por pessoas físicas.
Excluídos os financiamentos habitacionais, o calote saltou de 5,3%, em dezembro último, para 6,6% em abril.


Desde janeiro, o tamanho dessa inadimplência supera o das parcelas vencidas acima de 90 dias, que subiu para 6,1% em abril, o que não acontecia desde 2005.
O problema é que o grande volume de dívidas vencidas em até 90 dias tende a se converter em atraso maior, refletindo nos índices acima de 90 dias, de maior dificuldade de recebimento.


Preocupados com o atraso constante no recebimento dos débitos, os bancos vêm aumentando, mês a mês, as provisões para cobrir eventuais perdas e vedar riscos de uma crise financeira.

Pelos cálculos do BC, essa reserva atingiu R$ 98,2 bilhões, o equivalente a 6% de tudo o que está emprestado a pessoas físicas (R$ 819 bilhões) e a empresas (R$ 957 bilhões).


Pente-fino

Os bancos já se adiantam e fecham as torneiras que foram escancaradas desde 2007, com a disponibilização de crédito rápido em conta-corrente, acompanhado de generosos limites para todo tipo de empréstimo, incluindo cheque especial.
Agora, a oferta de recursos está limitada e os juros, em alta.

"Isso (volume alto do endividamento e da inadimplência) é resultado da política do governo, que mandou todo mundo gastar, incentivando o crédito. Não havia como esse quadro continuar. As próprias instituições estão dificultando o acesso ao crédito, não pela qualidade do cliente, mas por medo do aumento da inadimplência", disse José Luiz Rodrigues, presidente da Consultoria JL Rodrigues.
Segundo ele, os bancos não podem mais ceder crédito tão facilmente.


Ou seja, se seu banco anda cortando seus limites de crédito, saiba que não é nada pessoal. É com todo mundo.

Eletrodomésticos
Os maiores índices de calote das famílias estão nos financiamentos de VEÍCULOS e de eletrodomésticos e nos cartões de crédito. O que demonstra o excesso de sede com que os consumidores foram às compras, assumindo prestações mensais com o orçamento já apertado.

O atraso de 15 a 90 dias no pagamento de carros e nos carnês das lojas chegou a 8,1% e 8,6% em abril, respectivamente, retornando aos patamares do primeiro semestre de 2009, quando o mundo e o Brasil haviam sido abatidos pela crise mundial.


Com um total de R$ 100 bilhões em compras e em faturas vencidas nos cartões de crédito, os consumidores também estão se enrolando na hora de honrar os compromissos.

Em abril, 25,34% dessa bolada estavam vencidos há mais de três meses.
O que torna mais dramático manter essa dívida sem quitá-la é que ela está custando em média de 10% a 11% ao mês em juros.


ANA D´ANGELO
Correio Braziliense

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