"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 21, 2013

Onde está a presidente?

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As imagens na TV não deixavam dúvida:
o país estava tomado, de norte a sul, por manifestações, protestos e, infelizmente, também por muitas depredações.

Com o povo ocupando as ruas, o poder mostrou-se ausente.
Foi como se o país tivesse ficado sem comando.
Tanto ontem, num dos mais conflagrados dos 14 dias desde que a onda de revolta começou, quanto nos demais dias, a presidente da República praticamente desapareceu.

Onde está Dilma Rousseff?
A impressão é de que estamos num país à deriva, num dos momentos mais tensos e convulsionados por aqui em décadas.

A presidente mostra-se atônita, inepta, perdida.
Desde o começo dos protestos, manifestou-se apenas uma única vez, em meio a uma solenidade dedicada a tratar de marcos legais para a exploração mineral. De resto, mudez total.

Naquela ocasião, Dilma enfiou em seu discurso palavras vazias, meras "vacinas" para tentar transmutar-se de vidraça em estilingue. Não foi suficiente e a presidente teve que correr para escorar-se nos seus conselheiros de toda hora - ou melhor seria dizer nos governantes de fato?

Ontem, com Brasília tomada por manifestações, ameaça de invasão do Congresso e do Palácio do Planalto, depredações ao Itamaraty e à Catedral, Dilma resolveu agir.

Convocou para esta manhã uma reunião de sábios.
Pela composição da turma reunida, de lá boa coisa não sairá:
José Eduardo Cardozo,
Gleisi Hoffmann,
Gilberto Carvalho,
Aloizio Mercadante e Ideli Salvatti.

A presidente tomou providências:
cancelou viagens ao Japão e a Salvador.
Quanto às manifestações, que ontem reuniram mais de 1 milhão de pessoas (há quem fale em 1,4 milhão) em 388 cidades diferentes do país segundo O Estado de S.Paulo, nenhuma palavra, nenhum gesto, nenhuma iniciativa da chefe da nação.

Diz-se que Dilma - tão pródiga no hábito, que usa sem pejo quando há fitos eleitoreiros - pode convocar para hoje cadeia nacional de rádio e televisão para pronunciar-se. Será que, enfim, o país poderá voltar a ter a sensação de que tem alguém no comando da República? Tudo indica que não.

A preocupação do Planalto passa longe disso. 
Com o país conflagrado e clamando por respostas, as cúpulas do governo e do PT ainda avaliam se a chefe da nação deve ou não pronunciar-se porque temem "trazer para dentro do Planalto a responsabilidade pelos tumultos no país" e porque a ordem é "evitar excesso de exposição pública", segundo a Folha de S.Paulo.

Mas, afinal, para que Dilma quis a cadeira presidencial e luta, de forma tão extemporânea e indevida, para lá permanecer por mais quatro anos? Por que, se nas horas em que a presença de uma liderança é mais demandada, ela simplesmente corre para o colo de Lula e de seu marqueteiro?

É também contra uma governante tão apequenada e incapaz que a voz das ruas se levanta. "As principais cidades estão com suas vidas semiparalisadas há quase duas semanas. Haverá prejuízos econômicos. Dilma não sabe qual resposta oferecer", ainda consegue espantar-se Fernando Rodrigues na Folha.

Neste seu desnorteio, Dilma acena com pacotes de bondades para a juventude. É um claro sinal de que nem ela, nem seu governo estão entendendo patavina.

É a boca entortada pelo velho cachimbo:
o PT acha que basta pôr sua política de cooptação em marcha - como fez com a UNE, o MST e assemelhados - para as coisas se acomodarem. Com a moçada que está nas ruas, não há chance de colar.
 
As multidões não querem migalhas.

Querem, como comprovou pesquisa feita pela comunidade Avaaz, que o dinheiro público seja bem empregado, que a corrupção do poder seja extirpada e que as liberdades não sejam cerceadas - como ameaçam a PEC 37, que tenta manietar o Ministério Público, e o projeto de lei que tenta vedar novos partidos.

Dilma e os petistas parecem não ter entendido nada.

Como ficou claro no repúdio que os manifestantes exerceram à tentativa de gente como Rui Falcão e José Dirceu de transformar o movimento nacional pela cidadania, pela restauração de valores e pela reconquista de direitos numa "onda vermelha".

Parece até que os capa-pretas do PT se inspiraram na malfadada estratégia de Collor em 1992...O que se viu foram petistas sendo rechaçados. Agora até Lula teme passeata e cancela aparições públicas.

O povo não é bobo e não tolera mais estas tentativas de manipulação de fatos, de intenções, de desejos. Como o partido que governa o país há mais de dez anos quer se fazer parte de movimentos que reivindicam justamente a mudança do que aí está? 
Os petistas podem, sim, ir para a rua, mas só se for para gritar: "Abaixo nós".

Espera-se que quando, e se, agir, Dilma Rousseff não venha com mais uma tentativa de ludibriar os cidadãos à base de pronunciamentos ocos, edulcorados pelo seu marketing manipulador. O que o Brasil cobra é que ela exerça as funções para as quais foi eleita. Que se porte, pelo menos uma vez, como presidente de uma nação que está mostrando nas ruas que merece muito mais do que lhe tem sido oferecido.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica
estão disponíveis na página do
Instituto Teotônio Vilela 

BNDES perde R$ 17 bilhões em ativos . Ativo total do banco encolheu de R$ 715,5 bi para R$ 698,4 bi desde o final do ano passado


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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) perdeu RS 17,074 bilhões em ativos no início do ano em relação ao fim de 2012, De acordo com o balanço publicado no site da instituição, o ativo total encolheu de R$ 715,486 bilhões no quarto trimestre do ano passado para R$ 698,412 no primeiro deste ano. Mesmo assim, o lucro teve alta de 25,6% no primeiro trimestre sobre igual período de 2012 e somou R$ 1,585 bilhão.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o BNDES considerou o resultado positivo. A queda no ativo total, segundo a instituição, deveu-se à quitação de operações compromissadas com data de vencimento. Ou seja, o banco pagou dívidas e reduziu também seu passivo. Por isso, o patrimônio líquido (que reúne os ativos, descontado o passivo) do banco recuou menos, R$ 5,37 bilhões, passando para R$ 46,799 bilhões, na mesma comparação.

Segundo informe contábil publicado no site do BNDES, a elevação do lucro deveu-se ao "crescimento de R$ 497 miIhões do produto da intermediação financeira e da receita com reversão da provisão para risco de crédito de R$ 155 milhões registrada" nos três primeiros meses deste ano. No primeiro trimestre de 2012, a provisão para" risco de credito gerou despesa de R$ 31 milhões.

Os ganhos com intermediação financeira superaram a redução do lucro da BNDESPar, empresa de participações do BNDES, que registrou lucro de R$ 411 milhões no primeiro trimestre, queda de 23,6% ante o primeiro trimestre de 2012.

inadimplência* Ainda segundo o documento disponível no site do BNDES, o índice de inadimplência do banco de fomento ficou em 0,04% da carteira total e o índice de Basileia, em 14,5%. Grosso modo, isso significa que, de cada R$ 100 emprestados pelo banco, ele possui de fato R$ 14,50 - o restante vem de diversas fontes de captação. No caso do BNDES, as principais

fontes são os empréstimos do Tesouro (que já. representam no passivo do banco R$ 376,857 bilhões) e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O informe contábil destaca que o indicador de alavancagem está acima dos 11% exigidos pelo Banco Central (BC). No entanto, houve recuo frente ao encerramento do quarto trimestre de 2012, quando o índice de Basileia ficou em 15,4%. No primeiro trimestre de 2012, o indicador estava em 20,9%.

O Patrimônio de Referência (PR), usado para medir o índice de Basileia, recuou para R$ 84,274 bilhões no encerramento do primeiro trimestre, ante os R$ 89,598 bilhões registrados no fim de 2012, afetado pela queda no PL.

As sucessivas quedas no índice de Basileia poderiam limitar a capacidade de o BNDES emprestar, num contexto em que o banco cresce ano a ano. Para garantir mais crescimento, no início do mês, o governo editou a Medida Provisória (MP) 618, que autorizou uma capitalização de até R$ 15 bilhões por meio de instrumento híbrido de capital e dívida. O Estado antecipou, em fevereiro, que a decisão de capitalizar o BNDES já tinha se tornado consenso no governo.

Ganhos

R$ 1, 58 bi
foi 0 lucro do BNDES no primeiro trimestre do ano, o que representou um crescimento de 25,8% em relação ao mesmo período do ano passado


R$ 411 mi
foram os ganhos registrados no primeiro trimestre pelo BNDESPar, 0 braço de participações do banco, uma queda de 23,6% na comparação com o mesmo período de 2012


Vinícius Neder O Estado de S. Paulo

"Não é Carnaval, é o Brasil caindo na real" : 388 cidades fizeram ontem manifestações


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Ao todo, 388 cidades tiveram manifestos ontem no Brasil, incluindo 22 capitais e pequenos municípios. Mesmo com a redução de tarifas de transporte , motivo primário dos protestos, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas pelas mais diversas causas, principalmente contra a corrupção, a PEC 37, a cura gay e os altos custos de realização da Copa do Mundo no País.

No Estado de São Paulo, houve protestos em quase todo o interior. Em Campinas, depois de fazerem passeata pelo centro da cidade, cerca de 20 mil pessoas se concentraram na frente da prefeitura. 
Com pedras e bombas caseiras, algumas delas quebraram a fachada envidraçada do prédio e entraram em confronto com a Guarda Civil Metropolitana, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Em São José dos Campos, chegou a ocorrer a interdição da Rodovia Presidente Dutra.
 E a Anhanguera foi fechada na altura de Jundíai.

Em Vitória, aos gritos de "Não é Carnaval, é o Brasil caindo na real", cerca de cem mil pessoas compareceram àfrente da Universidade Federal do Espírito Santo. Depois de um ato pacífico, um pequeno grupo apedrejou prédios e entrou em confronto com a polícia.

Em Porto Alegre, também, houve atrito depois que a Brigada Militar bloqueou a passagem dà marcha de 15 mil pessoas que eguia do centro para o bairro Azenha. Foram jogadas bombas de efeito moral e alguns manifestantes depredaram lojas.


Em Santa Catarina, cerca de cem mil pessoas, em 39 cidades, saíram às ruas. Ninguém, saiu ou entrou na Ilha de Santa Catarina no período das 19h às 21h.


No que foi considerado o maior ato popular do Estado. Em Recife, mais de 50 mil pessoas fizeram na maior parte do tempo um protesto festivo, prejudicado por alguns furtos.

PETEBRAS PODE TER PREJUÍZO TRIMESTRAL COM ALTA DO DÓLAR . CÂMBIO AMEAÇA RESULTADO DA PETROBRAS NO SEGUNDO TRIMESTRE

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A desvalorização do real, em meio ao nervosismo nos mercados em todo mundo, deve fazer estragos no balanço do segundo trimestre da Petrobras.

O impacto maior será na dívida em moeda estrangeira da empresa, que será corrigida pela cotação do dólar no último dia do mês - data de encerramento do trimestre.

Projeções feitas pela corretora Itaú BBA mostram que, com o dólar em R$ 2,20, o lucro líquido do segundo trimestre ficaria perto de R$ 6,6 bilhões. Se a moeda americana avançar para os R$ 2,30, a Petrobras deverá fechar com prejuízo o segundo trimestre, assim como ocorreu em igual período do ano passado.

A correção da dívida em dólar não significa que a empresa terá de desembolsar o novo valor - o que depende das datas de vencimento -, mas o efeito imediato sobre o lucro líquido poderá ter reflexos sobre os dividendos, especialmente dos detentores de ações ordinárias (com direito a voto). 

Os analistas do Itaú lembram que as preferenciais (sem direito a voto) têm dividendo mínimo garantido, calculado a partir do patrimonio líquido, o que protege o investidor que tem esse tipo de papel.

A ação preferencial fechou ontem em R$ 17,02, queda de 1,05%. A ordinária ficou em R$ 16,05, estável em relação a quarta-feira.

Além do efeito sobre o pagamento aos acionistas, o aumento da dívida mexe com indicadores usados por credores e agências de risco para avaliar a situação financeira das empresas.

Como a exposição da Petrobras ao dólar é de aproximadamente R$ 100 bilhões, uma desvalorização de 10% no real representa uma despesa financeira a mais de R$ 10 bilhões.

Segundo as projeção dos analistas do Itaú BBA Paula Kovarsky e Diego Mendes, se o dólar chegar ao fim de 2013 cotado a R$ 2,25, a Petrobras fechará o ano com dívida líquida de R$ 204,67 bilhões, comparada aos R$ 150,39 bilhões registrados no balanço do primeiro trimestre. Já com o câmbio no patamar de R$ 2,30, a dívida chegará a R$ 207,24 bilhões.

Para se ter uma ideia do que isso representa, esse aumento na dívida equivale a quase metade do investimento anual da companhia, que tem sido de US$ 50 bilhões em média.

No exercício feito pelo Itaú BBA em relatório recente, com o câmbio a R$ 2,15, a despesa financeira decorrente de variação cambial somaria R$ 6 bilhões. Nesse cenário, o lucro da empresa ficaria em torno de R$ 3,6 bilhões de abril a junho, metade do que o banco previa sem o efeito cambial.

Há de se considerar que, do ponto de vista operacional, o impacto do câmbio para a Petrobras é reduzido. Embora a empresa tenha cerca de 40% da receita travada em reais com a venda de gasolina e diesel, outros 60% estão atrelados ao dólar - ou seja, a moeda mais cara representa receitas maiores. 

Do lado dos gastos, a importação de combustíveis, paga em dólar, tem peso de 30% no total.

O analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, chama a atenção ainda para o fato de a última emissão de dívida da Petrobras, uma captação de US$ 11 bilhões que foi a quinta maior entre companhias de capital aberto, deve ser usada em parte para abater empréstimos do BNDES atrelados a moedas estrangeiras, enquanto o saldo deve permanecer no caixa.

Por isso, Sequeira não espera que essa emissão mude significativamente a posição líquida da dívida da Petrobras no segundo trimestre de 2013.

Já os investimentos da estatal, ressalta o analista do Deutsche, são altamente relacionados ao câmbio, apesar da regra de conteúdo local que obriga a aquisições de equipamentos e serviços no Brasil. O problema é que os custos das matérias-primas e equipamentos mais complexos tendem a ter preços alinhados com os mercados globais.

Nesse cenário pouco animador, o Itaú BB considera que o único ponto positivo para Petrobras com relação ao câmbio é que o fortalecimento do dólar em relação a outras moedas, especialmente o euro, leva a uma redução dos preços do petróleo. Por mais paradoxal que possa parecer, o lucro da empresa sobe quando o preço do petróleo cai.

Outra preocupação que o câmbio em R$ 2,30 traz, ressaltam os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, é que a defasagem de preço da gasolina e do diesel aumentará para 30%, criando pressão sobre o governo para um novo aumento dos combustíveis, tema incendiário para a inflação.

No plano de negócios até 2017, uma das premissas da companhia para manter o grau de investimento é a taxa de câmbio de R$ 2,00 em 2013. Ontem, a moeda americana fechou cotada a R$ 2,258, alta de 1,71%. 

No relatório em que avalia o efeito do câmbio sobre petroleiras brasileiras de menor porte, o Itaú BBA estima que o maior impacto do câmbio é sobre a OGX devido ao tamanho da dívida denominada em dólares, de US$ 2,7 bilhões.

A Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) é afetada porque o gás produzido em Manati é atrelado ao IGP-M, mas os analistas acham que o mercado não prestará muita atenção nessas companhias.

Cláudia Schüffner e Fernando Torres | Do Rio e de São Paulo Valor Econômico 

Fundos ligados à inflação dão prejuízo a investidor

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Os fundos de investimento ligados a índices de inflação, como o IPCA, que chegaram a render mais de 20% no ano passado, perderam R$ 4,397 bilhões em recursos nos últimos 30 dias, sendo R$ 2,853 bilhões apenas neste mês.

A "sangria" decorre da rentabilidade negativa desses fundos, cujos cotistas tiveram perdas médias de 4,29% nos últimos 30 dias (-1,76% em junho) devido à instabilidade nos juros e nas projeções de taxas, especialmente as de longo prazo, que assumem o maior risco de variação.
 
 Esses fundos compram títulos como as NTN-B (Nota do Tesouro Nacional série B) com vencimento em 2035, um dos papéis mais populares no site do Tesouro Direto e que perderam 16,57% de seu valor nos últimos 30 dias.

A razão é o forte aumento nos juros embutidos nesses papéis. No fim do ano passado, quando a taxa Selic estava em 7,25% e não havia sinais de aumento nos juros, esses títulos eram negociados com taxas de 2,8% mais a inflação pelo IPCA até 2035; ontem, a taxa estava em 5,75%.

Ou seja, quem comprou o papel no fim do ano passado fez um péssimo negócio em relação ao que poderia fazer ontem. E até 2035.



PERDAS

Para compensar a mudança de cenário, esses títulos são negociados agora com forte deságio, daí as perdas de 16,57% em 30 dias.

Essas perdas, porém, só são assumidas se a pessoa vender os papéis. Se ficar com o título até o vencimento, consegue levar o que foi prometido (que é bem menos do que se comprasse agora).

Trata-se de uma das maiores perdas no mercado de renda fixa já vistas desde 2002, quando começou a chamada "marcação a mercado".

Pela marcação a mercado, os gestores são obrigados a atribuir um valor diário aos papéis -daí as perdas. Àquela época houve forte alta nos juros e o investidor ficou assustado ao perder dinheiro, pela primeira vez, aplicando em fundos conservadores de renda fixa.

"É uma das maiores perdas da indústria de fundos, que chega até a previdência privada", disse o consultor Marcelo d'Agosto, especialista em fundos de investimento.

"Esses fundos renderam muito no ano passado e agora estão devolvendo parte do ganho. Quem sair agora vai realizar prejuízo", disse Fabio Colombo, administrador de investimentos.

O movimento ocorre com todos os fundos que aplicam em títulos com juros prefixados com taxas menores do que as atuais. Nesses momentos, a alternativa são os fundos DI, que aplicam em papéis pós-fixados e renderam 0,53% e captaram R$ 4,854 bilhões em 30 dias.

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

RETRATO DO brasil maravilha DOS FARSANTES. O QUERIDINHO DA CANALHA, AQUELE QUE LÊ HOJE OS JORNAIS DE 2015 II ... Ex-ministros deixam conselho da OGX, de Eike Batista


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Os ex-ministros Pedro Malan (Fazenda), Rodolpho Tourinho Neto (Minas e Energia) e Ellen Gracie (Supremo Tribunal Federal) deixaram o conselho de administração da petroleira OGX, do empresário Eike Batista.

O anúncio foi feito hoje em nota ao mercado enviada pela empresa.

Malan, Tourinho e Gracie eram membros independentes do conselho da companhia.

A saída de três nomes de peso do conselho representa mais um golpe para a OGX, que enfrenta uma crise de credibilidade desde que a produção de seus campos de petróleo frustraram as expectativas. 


O mercado vem castigando as ações da empresa. Os papeis da OGX caíam 5,75% por volta das 14h50, negociados a R$ 0,82. As ações da petroleira acumulam queda de 80,14% no e 90,1% em 12 meses.

Folha  

Deficit em transações correntes é recorde em maio, diz BC

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O saldo negativo nas transações correntes do Brasil com o exterior somou US$ 6,4 bilhões em maio, um recorde histórico, considerando a série iniciada em 1947.

O valor é quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado, quando o deficit ficou em US$ 3,4 bilhões, informou nesta sexta-feira (21) o Banco Central.
 
 Essas transações incluem as trocas comerciais de bens e serviços, como viagens e aluguéis de equipamentos, mais as transferências de renda, como remessa de lucros e pagamento de juros.

No ano, o deficit acumulado é de US$ 39,6 bilhões, também bastante superior ao rombo registrado entre janeiro e maio de 2012 (US$ 20,8 bilhões).

Esse número reflete um desempenho fraco da balança comercial, que é influenciado por uma queda nas exportações e também por um aumento das importações, impactado pela mudança na forma de a Petrobras registrar suas compras de de combustível no exterior no ano passado, o que levou parte dessas aquisições a só ser incluída nos dados oficias em 2013.

Outro fator que pesa são os gastos de brasileiros com viagens ao exterior, que somaram US$ 2,23 bilhões em maio e US$ 10,37 bilhões nos primeiros cinco meses do ano, valores recordes para os dois períodos.


REVISÕES

O Banco Central revisou sua projeção para o deficit em transações correntes de US$ 67 bilhões para US$ 75 bilhões. Se o número se confirmar, será um novo recorde da série histórica iniciada em 1947.

O déficit de 2012 já tinha sido recorde (US$ 54 bilhões).

A revisão do número de 2013 foi influenciada principalmente por uma queda na projeção para o valor exportado pelo país em 2013, que fez a previsão para o saldo positivo na balança comercial no ano cair de US$ 15 bilhões para US$ 7 bilhões.

Em compensação, a previsão para o saldo positivo na conta capital e financeira, que registra entrada e saída de recursos para investimentos produtivos e financeiros, foi elevado de US$ 77,5 bilhões para US$ 84,5 bilhões.

Esse aumento, porém, não foi puxado por uma elevação nas projeções para a entrada de investimento produtivo, que foi mantida em US$ 65 bilhões. É a primeira vez, desde 2001, que esses recursos não devem cobrir totalmente o rombo nas transações correntes.

Por ser menos volátil que o capital financeiro, o investimento produtivo é considerado pelo BC a melhor fonte de recursos para cobrir o deficit nas trocas de bens, serviços e rendas. 
MARIANA SCHREIBER
DE BRASÍLIA 

brasil maravilha da "dôtora" 1,99 ! O mercado é soberano . "Não há como escapar das inexoráveis leis do mercado." (Mises).


A presidente Dilma tem postura arrogante, de quem sabe tudo de economia e pode impor seus desejos ao "mercado". 

Foi assim que ela abraçou a bandeira de combatente dos juros altos.
 Ela iria reduzi-los na marra, pois é "corajosa". 
Faltou apenas ela combinar com a lei econômica.

Assim como um louco pode desejar muito voar, mas se ele pular do alto de um prédio seu destino será a queda pela lei da gravidade, quando o governo resolve reduzir a taxa de juros ignorando os fundamentos econômicos, o resultado será juros maiores à frente. 
Não dá para brincar impunemente com o mercado.

A ignorância acerca desses fatos fez com que muitos celebrassem as medidas do governo lá atrás. Dilma tinha dobrado os bancos e colocado o mercado financeiro de joelhos! Alguns poucos economistas, entre eles Alexandre Schwartsman e este que vos escreve, alertaram que o tiro sairia pela culatra. Juro menor imposto pelo governo hoje, significa juro maior imposto pelo mercado amanhã.

Não deu outra. 
A taxa de DI dos contratos futuros sobe sem parar. A leniência do Banco Central, politizado e acovardado na hora de combater a inflação, fez com que o pânico se instalasse, agora que todos os agentes financeiros desconfiam de sua credibilidade e capacidade de reagir ao dragão inflacionário. 

O resultado pode ser estampado em uma imagem, como esta abaixo:

Esse é o contrato de DI para 2021. 
Em apenas um mês de tensão e descontrole, o "mercado" esfregou na cara da presidente que ela é impotente diante dos fatos e das leis econômicas. Podemos observar o longo esforço de marretar a taxa de juros para baixo desde o começo de sua gestão.

 Muitos fundos de pensão, que precisam investir em "long duration", ou seja, títulos longos, tiveram que engolir a aventura do governo e colocar em suas carteiras títulos com retornos irrealistas. 
Mas o império sempre contra-ataca!

Resta saber se dessa vez a presidente e sua medíocre equipe econômica vão compreender o que se passa, ou se vão insistir nos mesmos erros, acreditando, com muita petulância, que são capazes de ditar os preços de mercado. Não são! Conseguem no máximo distorcê-los por algum tempo, mas eles retornam aos fundamentos, mais cedo ou mais tarde. É o que está acontecendo agora.

Apertem os cintos! 
O governo petista plantou sementes nefastas, e a fatura está chegando. Estamos apenas começando a pagá-la. 
O PT vai custar muito caro ao Brasil.

Rodrigo Constantino

RETRATO DO brasil maravilha DOS FARSANTES. O QUERIDINHO DA CANALHA, AQUELE QUE LÊ HOJE OS JORNAIS DE 2015... 'Financial Times': com protestos, ficou difícil para o BNDES salvar Eike


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O jornal britânico Financial Times publicou nesta sexta-feira uma análise que traça um paralelo entre a queda das ações das empresas de Eike Batista e os protestos nas ruas do país nas últimas semanas.

Segundo a publicação, com o envolvimento maior da população com decisões políticas fica difícil para o banco de investimento estatal BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) socorrer Eike caso suas perdas continuem.
De acordo com o Financial Times, há uma estimativa de que as empresas de Eike tenham recebido desde 2005 R$ 10 bilhões do BNDES.

O jornal britânico ainda cita a queda de credibilidade das empresas de Eike junto a investidores e diz que alguns deles estão furiosos por terem colocado bilhões de reais em planos de negócios que ainda não se materializaram.

O artigo cita também a última dificuldade enfrentada por Eike: 
a desistência do empresário de recomprar as ações de suas carvoaria, a CCX, fez com que as ações da empresa caíssem 37% ontem na Bovespa.

Terra

BRASIL REAL OU : O país aos olhos do mundo

Os protestos em várias cidades brasileiras foram destaque ontem nas páginas eletrônicas dos principais jornais e serviços noticiosos do mundo, que enfatizaram a dificuldade do governo federal e dos governos locais para lidar com os manifestantes.

"Depois de dez dias de manifestações que frenquentemente se degeneraram em violência, a contestação não se enfraquece no Brasil. Nas redes sociais, os apelos ao crescimento das manifestações continuam", afirmava ontem texto no site do jornal francês Le Monde.

"Não há qualquer sinal de que os protestos vão diminuir em breve", avaliou a Al Jazeera, rede de televisão do Qatar. "Um país em desenvolvimento, o Brasil é a sexta economia do mundo, mas as pessoas que vivem com salário mínimo lutam para enfrentar a inflação anual de 6,5%", afirmava o texto, citando o Índice Geral de Preços Amplo (IPCA) acumulado nos últimos 12 meses.

A reportagem do jornal The New York Times, o de maior prestígio nos Estados Unidos, lembrava que no início dos protestos pela redução das tarifas de ônibus e metrô em São Paulo, o prefeito da cidade, Fernando Haddad (PT), e o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), estavam em Paris, tentando atrair para a capital paulista a Feira Internacional de 2020, "exatamente o tipo de megaevento internacional caro que os manifestantes de todo o país viriam a atacar".

Outra face

O jornal britânico The Guardian mencionou no texto em sua página eletrônica que ontem à tarde os comerciantes do Centro do Rio de Janeiro fecharam as portas, enquanto centenas de jovens usando máscaras se concentravam perto da catedral metropolitana.

O argentino Clarín afirmou em reportagem na edição impressa que "no Brasil há antecedentes de grandes marchas vitoriosas". O jornal italiano La Reppublica uniu o esporte e os protestos em sua capa de ontem.

A manchete, sobre uma grande foto de Neymar, era:
"A outra face do Brasil".
Abaixo, o texto:
"Neymar encanta no campo e defende os que protestam nas ruas. Assim, o país sulamericano descobre que há uma nova estrela no futebol e velhos problemas na economia". 


Correio Braziliense 

E ENQUANTO ISSO... NO brasil maravilha DOS FARSANTES E GERENTONA 1,99 FALSÁRIA : Emprego perde força, e inflação engole renda

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Último bastião do governo Dilma Rousseff, a situação de pleno emprego no Brasil está ameaçada.

A estabilidade na taxa de desocupação, em 5,8%, segundo a Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a geração de postos de trabalho não acompanha mais o crescimento da população ativa.


O levantamento também apurou queda dos salários reais, de 0,3%, resultado direto do aumento da inflação, que está corroendo o poder de compra dos brasileiros.

O coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, Cimar Azeredo, destacou que o desemprego em 5,8%, mesmo estável em relação ao mês passado e a maio de 2012, é sinal de falta de dinamismo da economia.


A PME também mostrou que, entre abril e maio, a população em idade ativa (com 10 anos ou mais) cresceu 0,9% em relação a maio de 2012, para 42,7 milhões de pessoas, num ritmo maior do que a da população ocupada, que subiu 0,2% na mesma comparação, para 23 milhões de trabalhadores.


O nível de ocupação ficou em 53,8% em maio, acima dos 53,6% de abril, mas abaixo dos 54,2% de maio do ano passado, numa clara desaceleração do mercado.
"Isso não é positivo. Se a população ativa continuar crescendo mais do que o número de ocupados, vai haver deficit de postos de trabalho", disse o economista.


Na prática, isso significa desemprego. Na avaliação do economista sênior do Espírito Santo Investment Bank (BES) Flávio Serrano, a situação é desconfortável, porque o pleno emprego chegou no limite, e a situação econômica do país, com crescimento baixo e inflação alta, agrava o quadro.

A maioria dos setores apurados pela PME registrou queda no rendimento real dos trabalhadores. No caso do comércio, além dos salários mais baixos, o emprego teve queda.


"O resultado é bastante ruim. É a primeira vez em 11 meses que o rendimento caiu no comércio (recuo de 1% na comparação anual e de 1,9% em relação a abril). No acumulado de 2013, a queda é de 0,7%, enquanto no ano passado, de janeiro a maio, a renda dos trabalhadores no comércio cresceu 6,15%", destacou o analista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, que também lamentou o aumento do desemprego no setor.

A economista do ABC Brasil Mariana Hauer ressaltou que os dados do comércio são ainda mais preocupantes, porque maio é um mês tradicionalmente bom para o setor.


"O Dia das Mães é a segunda melhor data para o varejo e mesmo assim os números foram ruins. Vale o alerta também para a indústria, que mostrava recuperação no primeiro trimestre e operava com capacidade ociosa, sinalizando que não ia demitir nem reduzir salários. Mas não foi o que aconteceu segundo a pesquisa", disse.

Domésticos
Trabalhadores na construção e em alguns tipos de serviços, funcionalismo público e militares, além de quem trabalha por conta própria, tiveram queda na renda, com exceção do serviço doméstico, terceirizados e as áreas de educação e saúde.


No caso das domésticas, no entanto, a remuneração aumentou, mas o desemprego também. "Isso é reflexo da PEC que garantiu mais direitos a esses trabalhadores. Muita gente está achando caro manter esses profissionais", analisa Mariana.


A queda na ocupação do trabalho doméstico, de 8,7% em maio de 2013 na comparação com o mesmo mês de 2012, foi a mais alta registrada, com 137 mil postos a menos em um ano.

Mesmo profissionais capacitados enfrentam dificuldades para encontrar uma chance no mercado. Com nível superior em Relações Internacionais, Pedro Gomes, 23 anos, está sem emprego.


"Já fiz sete entrevistas e, até agora nada. Acho que as empresas estão exigindo muito para cargos simples", lamentou ele, que começa a se preocupar com as contas da casa.
"Felizmente, minha noiva está empregada", disse.
Correio Braziliense 

Sobram motivos para protestar

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A indignação das ruas reflete um descontentamento que se traduz em números, como os revelados pela mais recente pesquisa feita pelo Ibope.

O levantamento divulgado ontem confirma o declínio do prestígio de Dilma Rousseff e mostra que a multidão tem muito mais motivos além dos centavos agora retirados das tarifas de ônibus para continuar a protestar.

A queda captada pelo Ibope é da mesma magnitude daquela que o Datafolha aferiu há duas semanas:

oito pontos percentuais.

Agora, 55% consideram ótima ou boa a gestão da presidente da República, ante os 63% de três meses atrás.

Além disso, agora 25% também desaprovam a maneira de Dilma governar e 28% dizem não confiar na presidente.

Há na pesquisa mais um dado especialmente significativo: enquanto no Datafolha a avaliação negativa da presidente apenas variara dentro da margem de erro (de 7% para 9%), no Ibope o índice dos que classificam seu governo como ruim ou péssimo quase dobrou, passando de 7% para 13%. Para 32%, a atual gestão é regular.

O prestígio da presidente cai em todas as faixas de renda, em todas as regiões e estratos sociais. Entre quem ganha acima de dez salários mínimos, a queda dos que aprovam a gestão dela foi a mais significativa: 27 pontos, de 77% para 50%.

Mas também alcançou os de renda intermediária (dois a cinco mínimos), com redução de 78% para 69%.

No Sudeste, caiu 13 pontos.


Dilma até teve sorte, porque os pesquisadores do Ibope foram a campo entre 8 e 11 de junho, antes do estouro dos protestos pelo país.

Fosse feita hoje, é possível que muito mais brasileiros associariam o aflorar dos descontentamentos à inapetência da presidente para bem governar. Saindo da avaliação geral para a de áreas específicas, a desaprovação à atual gestão é ampla, geral e quase irrestrita.

Das nove áreas de atuação do governo avaliadas, seis são desaprovadas pela maioria da população: 
segurança pública, 
saúde, 
impostos, 
combate à inflação, 
taxa de juros e educação.

Numa das outras três em que Dilma ainda consegue mais aprovação do que rejeição (a do combate ao desemprego), a tendência é de forte declínio:
a diferença positiva era de 17 pontos há três meses e agora é de apenas sete.

Merece destaque a avaliação que os brasileiros fazem da atuação do governo de Dilma no combate à inflação. Três meses atrás, segundo o Ibope o país dividia-se igualmente entre os que a aprovavam e os que a reprovavam. Agora, a desaprovação subiu dez pontos, para 57%, e nunca foi tão alta nesta gestão. A aprovação caiu o mesmo tanto, para 38%.


Dilma também detém enormes saldos negativos quanto a suas políticas de segurança pública (67% desaprovam e apenas 31% aprovam, na pior de todas as avaliações), saúde (66% a 32%) e impostos (64% a 31%). Na política de juros, o placar desfavorável é de 54% a 39% e na educação, de 51% a 47%.

Levantamentos como este servem para dar contornos mais nítidos aos motivos pelos quais milhares - talvez já sejam milhões - de brasileiros por todo o país decidiram deixar a tranquilidade dos seus lares para ir para as ruas reclamar.

Claro está que as passagens de ônibus foram apenas o estopim da revolta.

Poderia haver alguma esperança se Dilma viesse demonstrando maior desenvoltura e preparo para ocupar o cargo para o qual foi eleita há quase três anos. Mas o que tem acontecido é justamente o contrário: uma presidente que, de maneira recorrente, se apequena na função, foge dos problemas e parece mais preocupada com seu futuro político do que com o presente do país.

Uma presidente que, ao menor sinal de apuro, recorre a quem está de prontidão para dar conselhos à sua pupila - provavelmente, poucos deles úteis - ou para tentar encontrar, por meio do marketing, uma forma de distorcer a realidade de maneira a fazê-la caber nas artimanhas eleitoreiras de seu projeto presidencial.


"Ela, que tanto intimida a sua equipe com seus modos autoritários e a certeza de ser a dona da verdade, tornou a demonstrar que, na hora H, não é ninguém sem dois conselheiros.

Um é o marqueteiro-residente do Planalto, João Santana. O outro, claro, é o seu progenitor político Luiz Inácio Lula da Silva", resume O Estado de S.Paulo em editorial em sua edição de hoje. Dilma Rousseff vai conseguindo descontentar a tudo e a todos. Até os seus já não lhe suportam.

Os sindicalistas não lhe querem e preferem tratar com quem continua mandando de fato. Os empresários sonham em vê-la pelas costas.
E o povo, nas ruas, transforma o que antes era dissimulado em rugido ensurdecedor.
Como mostra o Ibope, todos têm razões de sobras para estarem descontentes e para protestar.
 
Instituto Teotônio Vilela