"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 10, 2011

ANP investiga vazamento de óleo na bacia de Campos

RIO DE JANEIRO (Reuters) -

A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) informou nesta quarta-feira que iniciou investigação sobre um vazamento de óleo em Campos, principal bacia marítima de produção no Brasil.

A mancha de óleo no mar se encontra a cerca de um quilômetro da plataforma do campo de Frade, onde a petroleira norte-americana Chevron mantém o controle da produção.

Embarcações de apoio foram deslocadas ao local para identificar a origem do vazamento e recolher o óleo do mar, informou a reguladora em comunicado.

A ANP informa ainda que tomou conhecimento do acidente na manhã desta quinta-feira.

A Chevron, que possui 51,7 por cento do campo de Frade, diz, em nota, que está "ciente de um vazamento de óleo localizado entre os campos de Frade e Roncador, na bacia de Campos".

O campo de Roncador, um dos maiores produtores de petróleo do país, é operado pela Petrobras.

"A Chevron está investigando a origem do vazamento. Todas as providências estão sendo tomados", informou a companhia, em nota.

A Petrobras possui participação acionária de 30 por cento no campo de Frade, enquanto o consórcio Frade Japão Petróleo detém os demais 18,3 por cento.

O grave acidente no Golfo do México com uma plataforma da BP elevou a atenção de empresas e do órgão regulador no Brasil para a possibilidade de acidentes no país, onde a maioria da produção de petróleo ocorre em mar.

A ANP tem aumentado as exigências em relação a segurança das instalações, o que inclusive provocou paradas não programadas de unidades de produção da Petrobras.

(Reportagem de Sabrina Lorenzi)

O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO! DESCONSTRUINDO UMA FARSA : A supergerente nascida para comandar tropeça na arrogância do ministro falastrão .

A líder de nascença, extraordinariamente articulada e mais sabida que qualquer homem, capaz de remover impasses de bom tamanho com outra ideia luminosa ─ essa Dilma Rousseff começou a morrer de inanição quando a ministra de pouquíssimas palavras virou candidata à Presidência e teve de destravar a garganta.

Meia dúzia de frases sem pé nem cabeça bastaram para escancarar o neurônio solitário. A primeira entrevista mais demorada denunciou um cérebro em permanente litígio com o raciocínio lógico.

A Joana D’Arc da guerrilha urbana é tão palpável quanto o Brasil Maravilha do cartório.

A superexecutiva onisciente, onipresente e onipotente, capaz de organizar em 30 minutos uma contrapartida administrativa do Barcelona ─ essa Dilma Rousseff morreu de anemia depois da saída de seis ministros (cinco por corrupção, um por alucinação) em menos de 10 meses de governo.

Um técnico de futebol que substitui meio time antes dos 25 minutos do primeiro tempo, para antecipar-se à expulsão inevitável e para subtrair-se às vaias das arquibancadas, só pode ser autorizado a escalar a seleção do hospício.

A arogância debochada de Carlos Lupi ameaça rasgar a terceira e última fantasia.

É a que enfeita a supergerente implacável, incansável e geniosa, capaz de fazer qualquer marmanjo folgado chamar a mãe já no início do pito arrasador, ou de emudecer até um cangaceiro aliado com aquele perturbador “meu querido…” rosnado ao pé da orelha.

“Pela relação que tenho com a Dilma, não saio nem na reforma”, jactou-se nesta terça-feira o ainda ministro do Trabalho, depois da conversa com a antiga companheira de PDT. Nada de “presidenta”, muito menos “presidenta Dilma Rousseff”.

Para Lupi, a chefe de governo éa Dilma”, com o artigo sublinhando a intimidade de comparsa.

Nesta quarta-feira, Lupi fingiu que a imprensa não entendeu direito o que disse. Negou ter desafiado a chefe, mas manteve a essência do falatório:
vai continuar no cargo ─ antes e depois da reforma ministerial de janeiro.

Dilma encarregou Gleisi Hoffmann de lembrar à nação que é a presidente quem nomeia e demite. Mas não demitiu o homem que instalou num gabinete desonrado por incontáveis maracutaias.

A permanência de Lupi no ministério arrendado ao PDT fortalecerá a suspeita de que os frequentes ataques de nervos protagonizados por Dilma Rousseff não têm parentesco com os associados a governantes enérgicos, exigentes, durões.

São apenas chiliques. São só grosserias.


Augusto Nunes

"PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO" : Resultado da Petrobras no trimestre deve decepcionar

A Petrobras deve divulgar nesta sexta-feira um dos piores resultados dos últimos anos devido a um conjunto de fatores que o BTG Pactual descreveu como "a tempestade perfeita" em relatório para clientes do banco.

O analista do banco Gustavo Gattass estima queda de 60% no lucro líquido da companhia, comparado ao trimestre anterior e de 45% na comparação com o terceiro trimestre de 2010.

O especialista prevê lucro de R$ 2,595 bilhões.
A receita deve ficar em R$ 40,5 bilhões e o Ebitda, em R$ 10,082 bilhões, o que representa um aumento de 6% e 3%, respectivamente, de um trimestre para outro.

Para efeito de comparação, o lucro da Petrobras no terceiro trimestre do ano passado foi de R$ 4,7 bilhões, quando contabilizou receitas de R$ 30,88 bilhões e Ebitda de R$ 8,1 bilhões.

As projeções do BTG são menores que as do Deutsche Bank, que espera um lucro líquido de R$ 4,779 bilhões e R$ 15,448 bilhões para o EBITDA no terceiro trimestre deste ano.

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O conjunto de fatores que deve jogar para baixo o resultado da Petrobras nos últimos três meses, com reflexos no consolidado de 2011, inclui falta de recuperação na produção de óleo e gás, paradas para manutenção de plataformas, câmbio desfavorável e baixos preços dos derivados no mercado doméstico, ressalta o analista do BTG Pactual.

Esse último problema foi minimizado pelos aumentos de 10% da gasolina e de 2% no diesel no fim do mês passado, mas que só farão realmente diferença nos últimos meses do ano.

A estimativa da própria Petrobras é que o aumento dos derivados - mesmo considerando que o diesel não agradou já que se mantém abaixo da paridade internacional em cerca de 15% - trará uma receita adicional de US$ 1,5 bilhão por ano, ou US$ 125 milhões mensais.

Entre julho e setembro o preço do petróleo do tipo Brent, que é usado como referência pela Petrobras, caiu 10,26%. O dólar, que teve variação de 20,49% no período, afeta a companhia porque ela tem dívidas denominadas nessa moeda, como também ativos e operações no exterior, incluindo importações de derivados a preços internacionais para atender o mercado brasileiro.

Já a produção é um assunto à parte.

Depois da euforia das descobertas do pré-sal, que foi seguida pela capitalização que tirou o humor de grande parte dos analistas do mercado financeiro, a Petrobras enfrenta uma preocupante dificuldade para aumentar sua produção nos níveis esperados tanto por ela quanto pelos acionistas privados.

O problema, causado em parte pela frequente paralisação de plataformas para manutenção - entre setembro e outubro onze unidades pararam -, está sendo potencializado por uma queda acelerada da produção de alguns campos gigantes e já maduros da bacia de Campos, entre eles Marlim, Albacora e Roncador, como destacou um relatório do Credit Suisse.

O banco suíço chamou a atenção para a taxa de depleção (redução da produção devido a um esgotamento natural dos reservatórios), que se acelerou a partir de 2009 e está em torno de 20% ao ano, quando a taxa média reportada pela companhia é de 7,5% a 10% ao ano.

Sobre isso, tanto o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, como o diretor financeiro, Almir Barbassa, explicaram recentemente ao Valor que o problema está sendo causado pela demora na entrega de sondas de perfuração para águas profundas.

Barbassa lembrou ainda que a partir de 2007 a empresa deslocou para a exploração do pré-sal equipamentos que deveriam ser usados para perfurar novos poços nos campos em produção.

"Deixamos de fazer para garantir os blocos [onde foram encontrados os campos do pré-sal]. E a estratégia foi um sucesso. Fomos responsáveis por um terço das descobertas mundiais nos últimos cinco anos, sem incluir as águas rasas e isso teve um preço em termos de manutenção da produção", disse o diretor.

O resultado negativo da Petrobras não será o único entre seus pares internacionais. A Shell teve queda de 19,46% no lucro em relação ao segundo trimestre.

Cláudia Schüffner | Do Rio Valor Econômico