"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 19, 2012

CADÊ O "MARQUETINGUE" DO brasil maravilha 300/200/100%/Arsenal/PREPARADO ? : A economia despenca e o governo silencia

Com a maioria das atenções voltadas para os problemas globais em discussão na Rio+20, a economia brasileira segue, lentamente, dia após dia, sua trajetória ladeira abaixo. Até agora não se ouviu do governo Dilma Rousseff nenhuma explicação sobre as razões de a situação ter piorado tanto e em tão pouco tempo. Falta um mea culpa.

Vale recordar que, até bem pouco tempo atrás, a presidente da República propagandeava aos quatro ventos que a economia brasileira aceleraria neste ano. Dilma não falava sozinha:
seu ministro da Fazenda apostava ainda mais alto e previu, durante muito tempo, crescimento de 5% em 2012. Era só bravata ou foi má-fé mesmo?

De repente, sorrateiramente, o discurso róseo do governo foi sendo deixado de lado. As projeções fantasiosas de dias atrás foram sendo abandonadas, sem, contudo, merecer qualquer explicação oficial do governo petista ao distinto público.

A portas fechadas, em encontro com governadores na semana passada, a presidente Dilma disse não enxergar "luz no fim do túnel" para a crise europeia. Foi uma forma de dizer que, por aqui, a escuridão também deve prevalecer. Por que ela não vem a público manifestar-se com o mesmo realismo?

Já se dá de barato que o desempenho da economia brasileira neste ano deverá ficar aquém até mesmo dos 2,7% do pibinho de 2011. No boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central, os prognósticos despencaram. A previsão prevalecente entre analistas financeiros agora é de que o nosso PIB crescerá apenas 2,3% em 2012.

A deterioração nas expectativas foi rápida, e implacável:
as projeções caíram quase um ponto percentual em pouco mais de um mês, algo incomum neste ambiente. Não há dúvida de que a onda virou. E o pior é que o chamado "mercado" não é muito costumeiro em acertar prognósticos de PIB; quase sempre erra para mais.


Não são apenas as projeções que azedaram. A economia real continua amarga no segundo trimestre:
de acordo com a prévia do PIB divulgada pelo BC na sexta-feira, em maio a economia caiu 0,02% sobre o mesmo mês de 2011, na primeira queda neste tipo de comparação desde setembro de 2009. No acumulado em 12 meses, o crescimento é de 1,65%.

Ocorre que o governo brasileiro apostou alto numa única estratégia:
a do aumento do consumo, parecendo julgar que a curva ascendente verificada nos últimos anos poderia perdurar para sempre. Descuidou, neste ínterim, de incentivar os investimentos e os empreendimentos privados, apesar de toda a fama de boa gerente de que a presidente gozava.

Com as vendas no comércio já refluindo, o governo simplesmente ignorou - ou será que desconhecia? - que o consumidor tem limites para se endividar. Estrilou quando a federação que representa os bancos fez um alerta nesta direção, mostrando que não bastaria os juros baixarem na marra, se o tomador não quer beber da água da dívida.

Erros acontecem. O que não se admite é a insistência neles, a despeito de todos os alertas em contrário. Não é de hoje que o governo vem sendo criticado pelo seu samba de uma nota só na economia, o do incentivo ao consumo desenfreado - e justamente no momento em que o mundo todo discute como tornar o planeta mais sustentável e menos agredido pelos excessos.

Não é de hoje também que se pede mais celeridade para destravar investimentos privados, concessões, parcerias público-privadas no país. Mas, aos apelos, novamente a gestão petista responde com promessas tardias, voltadas agora a incitar o "espírito animal" do empresariado - apenas, porém, no ano que vem, porque neste Inês já é morta.

Em dezembro, Mantega falava que havíamos batido "no fundo do poço" e começaríamos a decolar. Meses depois, afirmou que "ter 2,7% como piso de crescimento tá é muito bom". Em ambos os casos errou feio, mas nem na primeira nem na segunda ocasião foi desautorizado pela presidente. Caberia agora a ambos justificar por que alcançar o pibinho de 2011 tornou-se tarefa impossível.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
A economia despenca e o governo silencia

Dinheiro da Delta repassado a empresa fantasma saiu do Dnit, diz PSDB

A Alberto e Pantoja - empresa fantasma apontada pela Polícia Federal como parte do esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira - recebeu pelo menos R$ 29,9 milhões da construtora Delta entre maio de 2010 e abril de 2011.

Esses recursos, segundo levantamento realizado pela liderança do PSDB no Senado, eram provenientes de pagamentos realizados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e depois foram distribuídos pela Alberto e Pantoja para pessoas físicas e jurídicas envolvidas com o bicheiro.

A liderança do PSDB fez um cruzamento tomando como base os pagamentos recebidos pela Delta nacional entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011. O dinheiro saía do Dnit e era depositado em duas contas correntes no Rio.

No total, no período, a construtora recebeu R$ 985 milhões somente nessas duas contas identificadas pela equipe do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Desse total, R$ 29,9 milhões foram parar na conta da Alberto e Pantoja. Os saques, no mesmo período, somam igual valor.

Alguns destinatários dos pagamentos realizados pela empresa considerada fantasma são conhecidos da investigação. O contador de Carlinhos Cachoeira, Geovani Pereira da Silva, que está foragido, foi beneficiário de vários cheques que somam R$ 8,3 milhões.

Luiz Carlos Almeida Ramos, irmão de Carlinhos, recebeu dois cheques que totalizam R$ 119 mil. Wladmir Garcez, ex-vereador de Goiânia e apontado pela PF como braço político do esquema de Cachoeira, obteve depósitos de R$ 33 mil.

No levantamento, também aparece um cheque de R$ 45 mil, em abril de 2011, para Bruna Bordoni. Ela é filha do jornalista Luiz Carlos Bordoni, responsável pelos programas de rádio durante a campanha de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás, em 2010. A confecções Excitant, que emitiu três cheques, entre março e maio de 2011, para pagamento da compra da casa de Marconi, também recebeu recursos da Alberto e Pantoja.

Foram duas transferências interbancárias, que somaram R$ 650 mil. Uma delas é no valor de R$ 400 mil, em maio do ano passado, valor idêntico ao depositado por Marconi em sua conta.

Ontem, o líder do PSDB, Álvaro Dias, disse que o cruzamento de dados revela a importância de a CPI do Cachoeira ouvir o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, cujo requerimento foi derrotado na semana passada.

- Apresento esse trabalho, senhores senadores, para comprovar que não se pede por pedir, não se exige simplesmente pelo gosto da exigência, mas porque é necessário ouvir, para adotar providências posteriores, o senhor Fernando Cavendish e o senhor Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit, que, aliás, surpreendentemente, afirmou ter sido derrubado do cargo que ocupava pelo bicheiro Cachoeira e pelo empresário Fernando Cavendish - discursou Dias.

O Globo

"Esse povo mente muito" ! SOBRE A "MITIFICAÇÃO" DA NADA E COISA NENHUMA,FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA/GERENTONA, BLÁBLÁBLÁ : General contesta relato de violência

Responsável pela redação do manifesto Alerta à Nação — eles que venham, por aqui não passarão, assinado por quase 300 militares da reserva com críticas à Comissão da Verdade e ao ministro da Defesa, Celso Amorim, o general quatro estrelas (patente máxima) Marco Antônio Felício da Silva, 74 anos, nega que tenha havido qualquer tipo de tortura nas dependências da 4ª Região do Exército em Juiz de Fora (MG).

Contrariando os relatos de diversos presos políticos, entre eles o da presidente Dilma Rousseff, ele assegura que todos que passaram pela divisão do Exército na cidade foram muito bem tratados.

"Esse povo mente muito. Eu servi em Juiz de Fora até meados de 1971 como oficial de informação (espécie de chefe do serviço de inteligência do Exército). Lá, inclusive, havia muitos presos políticos e ninguém foi torturado. Pelo contrário. Todos os presos que passaram por lá foram muito bem tratados", afirma o general, na época primeiro-tenente, que até hoje mora na cidade da Zona da Mata.

A negativa do general contrasta com o depoimento da presidente que, em 2001, ainda secretária de Minas e Energia do governo gaúcho, relatou para o Conselho de Direitos Humanos de Minas Gerais ter sido barbaramente torturada não só no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde passou o maior tempo presa, mas também em Juiz de Fora.
Segundo o relato de Dilma, a tortura em terras mineiras "foi muito intensa". "Não era presa recente. Não tinha pontos e aparelhos para entregar".

O general não se recorda da então militante conhecida por Estela, codinome de Dilma Rousseff , mas lembra bem de um dos companheiros de atuação da presidente durante o regime militar, Ângelo Pezzuti. Por causa de um bilhete escrito por ele, na época o principal dirigente do Comando de Libertação Nacional (Colina) de Belo Horizonte para Dilma, a presidente foi levada para Juiz de Fora com o intuito de prestar depoimento.

"O Ângelo Pezzutti esteve diretamente comigo e foi muitíssimo bem tratado lá (em Juiz de Fora). Jamais alguém fez qualquer coisa contra ele nem fisicamente nem psicologicamente. Nunca vi ninguém tomar nem um tapa na cara. Não houve essa história de tortura lá. Eu garanto."

Auxílio aos guerrilheiros

O general alega que chegou inclusive a ajudar muitos dos presos — "uns pobres coitados que não sabiam o que era marxismo". "Eu mesmo arrumei advogado para alguns presos políticos porque achei que muitos deles eram uns pobres coitados, enganados por um tal de Flávio Tavares, uma camarada inteligente, que conduziu esse pobres coitados ao infortúnio, muitos levados por ele a praticar assaltos sem saber o que estavam fazendo", afirma o general se referindo ao jornalista Flávio Tavares, um dos presos políticos trocados pelo então embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, sequestrado por organizações de esquerda em 1969, auge do regime militar.

Para o militar, toda essa história, revelada com exclusividade pelo Correio, veio à tona nesse momento para tentar dar fôlego para a Comissão da Verdade. "Por causa dessa comissão, agora todo mundo foi torturado, mas eles não contam o que fizeram. Houve tortura do outro lado. Não estou dizendo que houve tortura do nosso lado, mas do outro lado eu sei que houve", diz o general, que afirma não se lembrar de quem comandava a seção do Exército em Juiz de Fora durante o tempo em que serviu lá.

Durante visita à exposição Humanidades, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que o relato de Dilma faz parte de uma série de revelações que devem vir à tona com a Comissão da Verdade.

"Acho que são fatos da história, vão aparecendo. Cada cidadão forme a sua ideia sobre isso. A Comissão da Verdade é para que as pessoas conheçam os fatos sobre todos os ângulos."

"Nunca vi ninguém tomar nem um tapa na cara. Não houve essa história de tortura lá. Eu garanto"
Marco Antônio Felício da Silva, general da reserva

Alessandra Mello Correio Braziliense