"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 20, 2014

MAMULENGA EMBOLADA - O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO ! AQUI A "COISA" INVENTADA PELO CACHACEIRO PARLAPATÃO SEMPRE FOI UMA NADA E COISA NENHUMA/EMBUSTEIRA 1,99/DESAVERGONHADA,ENFIM, UMA FRAUDE GROTESCA.


Quando assumiu a presidência da República, Dilma Rousseff era praticamente uma novata. O pouco que tinha realizado na vida pública resumia-se à modelagem de um novo sistema para o setor elétrico, a gestão do PAC e a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, que exerceu tanto quando foi ministra de Minas e Energia quanto da Casa Civil do governo Lula. Em todos os casos, fez lambança.

Nada onde Dilma pôs a mão deu certo. 

Todas as suas “realizações” estão desabando, envoltas em críticas severas e suspeitas cabeludas. Seja na desastrosa compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, seja no desenho imposto ao setor energético, as digitais da hoje presidente da República anteciparam ruínas. O PAC não passa de uma peça de propaganda. As investidas da nossa presidente são vergonhosas.

Anteontem, Dilma escreveu de próprio punho – segundo noticiam os jornais de hoje – uma nota de esclarecimento em que argumenta que, na condição de presidente do principal órgão de governança da então maior empresa do país, autorizou, com base em mero resumo “técnica e juridicamente falho” e em “informações incompletas”, a compra de uma refinaria que hoje não produz uma gota de óleo e que levou a Petrobras a prejuízo de mais de US$ 1 bilhão.
Dilma, a propalada “gerentona” cantada em verso e prosa pela propaganda enganosa do PT, não apenas não leu o que assinou. Fez pior: ignorou fartas informações já disponíveis na ocasião que poderiam ter evitado a equivocada decisão da Petrobras de comprar uma planta industrial no Texas obsoleta e incapaz até de refinar o tipo de petróleo (pesado) que o Brasil produz.

Dirigentes da Petrobras ouvidos tanto por O Estado de S. Paulo quanto pela Folha de S.Paulo  garantem: 
todas as informações que Dilma diz desconhecer estavam integralmente lá, em 2006, à disposição dela e do Conselho de Administração que ela presidia. Segundo a presidente da República, se tivesse ciência dos termos reais do negócio, “seguramente” não o teria aprovado. Conta outra...
Todas as cláusulas draconianas, inclusive as que obrigaram a Petrobras a comprar a refinaria de Pasadena pagando por ela quase 30 vezes o que haviam gastado os antigos donos, eram de conhecimento do conselho presidido por Dilma. Além disso, a chamada “put option”, que obriga sócios em desavença a adquirir a parte do outro, é praxe no mercado e mesmo na rotina da estatal. Mas Dilma, que por sete anos ocupou o mais alto cargo de governança da maior empresa brasileira, simplesmente a ignorava. Diabos, não é ela que sabe tudo?

Também é de estranhar que Dilma tenha se mantido em silêncio todo este tempo – se é verdade, como ela hoje afirma, que desde que tomara conhecimento das cláusulas, em 2007, se opusera ao negócio. Lá se vão oito anos desde a aquisição e só a apuração diligente da imprensa, a cobrança persistente da oposição e o avanço das investigações por órgãos de fiscalização e controle competentes forçaram a presidente a finalmente abrir a boca. Dependesse dela e da Petrobras, o assunto teria sido varrido para debaixo do tapete.
O buraco em que a Petrobras foi metida, do qual Pasadena é infelizmente apenas um grave exemplo, se soma à balbúrdia em que Dilma transformou nosso setor de energia. As regras implantadas dez anos atrás e remendadas na marra no ano passado nos levaram à beira do racionamento, um tarifaço à vista, recursos bilionários do contribuinte sendo torrados para tapar o rombo que o próprio governo criou, empresas indo à bancarrota e milhares de empregos destruídos. Um caos que tem uma única responsável direta: Dilma Rousseff.

A crise da energia já começou, independentemente de haver racionamento ou não. Ontem, o governo – que antes dizia que o risco era “zero”, depois passou a considerá-lo “baixíssimo” e posteriormente “baixo” – admitiu que o sinal amarelo já acendeu. As chances de faltar energia são crescentes, mas a gestão petista obviamente vai preferir torrar o dinheiro que houver (e até o que não houver) e queimar o óleo poluente de que dispuser antes de tomar qualquer medida mais drástica, que provavelmente terá de vir em 2015.

Já a ficha de realizações da “mãe do PAC” é por demais vaporosa e dispensa maiores considerações. Tudo somado, temos uma presidente que jamais cumpriu as promessas de eficiência com as quais foi apresentada aos eleitores em 2010. E uma agente pública que, quando teve que atuar, tomou as piores decisões, das maneiras mais irresponsáveis e levianas que se pode imaginar. No bem bolado que tentou vender aos brasileiros, Dilma Rousseff acabou entrando numa embolada de onde não sabe como sair.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela


E ENQUANTO ISSO... Alta no preço dos alimentos eleva risco de estouro do teto da meta de inflação

A disparada dos preços dos alimentos aumentou o risco de que o teto de meta de inflação, de 6,5%, acumulada em 12 meses, seja rompido já no segundo trimestre. Antes de contabilizar os estragos provocados pela seca nas regiões produtoras de alimentos, economistas consideravam que essa barreira seria ultrapassada, mas só em meados do ano.
O risco de antecipar o estouro da meta para os próximos meses ficou mais nítido ontem, após a divulgação de dois importantes índices de preços. A segunda prévia do IGP-M de março registrou inflação de 1,41%, resultado quase seis vezes maior que o obtido na segunda prévia de fevereiro (0,24%). O índice foi puxado pela disparada dos alimentos no atacado.

Também o alimento foi o vilão da inflação ao consumidor medida pelo IPC da Fipe. Na segunda quadrissemana deste mês, o índice subiu 0,68% e a alta do preço da comida respondeu pela metade da variação.
"O teto da meta de inflação pode ser rompido antes do final da Copa", afirma o diretor de pesquisa da GO Associados, Fabio Silveira. Antes de conhecer os resultados do IGP-M e do IPC da Fipe, ele projetava que a inflação em 12 meses, medida pelo IPCA, atingiria 6,8% em julho.

Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, faz coro com Silveira e aponta alguns fatores que sustentam essa previsão. "O IPCA deste mês apurado pela FGV mostra que, na ponta, a inflação ao consumidor está em 0,8%, em média, e nos últimos três dias bateu 1%." Por isso, ele acredita ser mais provável a antecipação do rompimento da meta.
Ontem, por exemplo, o departamento econômico do Itaú Unibanco reviu para cima a projeção de inflação para este mês, de 0,7% para 0,8%. "Os dados na margem estão vindo mais pressionados", diz o economista do banco, Elson Teles. Entre os focos de pressão apontados para a mudança de previsão estão a alta do preço do etanol e da gasolina e os alimentos.

"A inflação dos alimentos está pegando agora e também vai pegar no segundo semestre. E não só no Brasil", diz o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall. No seu prognóstico, o alimento vai deixar de ajudar a inflação neste ano.

Esse foi um dos motivos pelos quais ele ampliou de 6% para 6,3% a projeção do IPCA para 2014. Assim como Silveira e Rosa, Kawall diz que o limite para o estouro do teto da meta da inflação acumulada em 12 meses ficou mais tênue. Ele projeta para julho um IPCA acumulado em 12 meses de 6,66% e para junho de 6,4%. "Mas isso pode ser antecipado", adverte.
Risco. 
O economista Heron do Carmo, professor da Universidade de São Paulo e um dos maiores especialistas em inflação, vê riscos maiores desencadeados pelo choque nos preços dos alimentos.

"Agora, é mais provável que a inflação supere o teto da meta este ano com uma diferença maior", afirma. Isso significa que, nas suas contas, a inflação deverá fechar 2014 bem acima de 6,5%. Além dos alimentos, o economista diz que há pressões fortes que afetam de forma quase generalizada vários grupos de preços, como os serviços e os preços administrados e de bens exportáveis, que sofrem a influência da alta do câmbio, dentro do IPCA.

Nos medicamentos, já existe um reajuste autorizado, em média de 3,5%, que começa a valer a partir do dia 31 de março. Segundo o diretor da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFarma), Renato Tamarozzi, o impacto será sentido pelo consumidor em abril.

Márcia De Chiara - O Estado de S.Paulo