"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 25, 2012

BOM "HUMOR" ! Virei um leproso jurídico , diz Cachoeira em interrogatório. E SAIU "ABOTOANDO O PALETÓ".



O bicheiro Carlinhos Cachoeira disse nesta quarta-feira durante rápido depoimento na Justiça Federal de Goiás que virou um "leproso jurídico" e chamou de "justiceiros" os investigadores e autoridades do Judiciário que negaram recursos para ele sair da prisão.

Com bom humor, sem qualquer aparência de transtorno mental, Cachoeira deixou de responder à maioria das perguntas formuladas pelo juiz Alderico Rocha Santos e desrespeitou as regras da audiência ao dialogar com a mulher, Andressa Mendonça, sentada logo atrás do réu.

Cachoeira fez uma declaração à mulher "Eu te amo" e provocou o Ministério Público Federal, ao dizer que casaria com Andressa no "primeiro dia" que deixar a prisão. O depoimento de Cachoeira começou às 16h47m e durou apenas 13 minutos:

- Casado ou solteiro? - perguntou o juiz Alderico Rocha Santos.

- Essa é uma pergunta difícil. Só o Ministério Público me liberar... No primeiro dia eu caso disse Cachoeira, que olhou para trás, para Andressa

- O senhor tem filhos?

Tenho, menores respondeu deixando cair a água.

- Qual o endereço?

- Tem de perguntar a ela - e olhou para trás novamente .
- Estou segregado há cinco meses. E deu o endereço da polêmica casa, que foi de Marconi.

- O senhor exerce alguma atividade?

- Gostaria de fazer um bom debate com o MP, mas devido as falhas processuais, melhor não falar nada. Resolvemos não falar nada.
- Gostaria de debater a todas as perguntas. Venho sofrendo muito.

- Qual atividade profissional?

- Empresário. Vou ficar em silêncio.

- Já foi preso ou processado?

- Já, no caso Waldomiro Diniz. Mas não quero responder.

- O senhor conhece as testemunhas?

Silencio.

- Conhecimento das provas contidas?

- Não cheguei a ler.

- Verdadeira acusações?

- Não vou responder.

- O senhor conhece os demais denunciados?

- Não vou responder.

- Conhece os policiais Byron, Mauad, Aredes, Deuselino, etc?

- Não vou responder.

- Algum esclarecimento..

- Sofrimento é muito grande. Andressa me deu uma nova vida. Eu te amo. (Andressa: também te amo). Essa declaração eu queria fazer em público. Hoje estou sofrendo demais, porque eu virei um leproso jurídico. Quem me deu voto até agora foram Tourinho e Macapu, que inclusive chamou os outros de justiceiros. Isso me dói muito e um dia isso vai ser esclarecido.

Os procuradores e a advogada do bicheiro não fizeram perguntas. Cachoeira saiu abotoando o paletó.


brasil maravilha da "GERENTONA" : Agentes da PF protestam por melhoria salarial e ameaçam ‘radicalizar’

Em campanha por melhorias salariais, agentes da Polícia Federal fizeram nesta quarta-feira, 25, um protesto em frente ao edifício-sede da PF e prometeram “radicalizar” o movimento caso não tenham resposta positiva até o fim do mês para as reivindicações. Gritando palavras de ordem, os policiais também pediram a saída do atual diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.

Os manifestantes se queixam de que o diretor-geral se preocupa somente com os delegados e esquecem das demais categorias que compõem a instituição. A assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que não vai se manifestar sobre o assunto.

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (Sindipol- DF), Jones Borges Leal, alega que mudanças no comando da instituição vão permitir equilíbrio entre as diversas carreiras internas. “O atual diretor-geral, Leandro Daiello, é um diretor classista que defende somente os interesses da categoria dos delegados e esquece dos agentes, escrivães, papiloscopistas e servidores administrativos”, disse Leal.

O sindicalista acrescentou que a categoria aguarda até o dia 31 uma sinalização do governo sobre o plano de reestruturação, que inclui reajustes de salários e benefícios. “Vamos esperar até o dia 31 de julho, data prometida pelo governo, para que ele nos apresente uma proposta. Se for negativa ou não ocorra, pretendemos radicalizar no mês que vem”, disse Leal.

Fábio Bueno, agente da Polícia Federal, disse que a categoria foi reconhecida em 1996 por uma lei que beneficia os servidores de nível superior. Porém, a mudança de interpretação da lei não gerou melhorias na carreira e na remuneração. “De todos os cargos das carreiras típicas de Estado de nível superior, nós temos a menor remuneração. Queremos equiparação.”

BRASIL REAL III : Déficit da Previdência subiu quase 40% em junho

A Previdência Social registrou em junho déficit de R$ 2,757 bilhões - o que representou elevação de 38,1% em relação ao resultado registrado em igual período de 2011.

No mês passado, o governo teve uma arrecadação líquida de R$ 21,631 bilhões e uma despesa com pagamento de benefícios de R$ 24,389 bilhões. No semestre, o saldo negativo nas contas do INSS atingiu R$ 20,780 bilhões, mantendo-se praticamente estável em relação aos primeiros seis meses do ano passado.

Os números do regime de aposentadoria já mostram os reflexos da desaceleração do mercado formal de trabalho, devido à estagnação da economia. Depois de dois anos, com a arrecadação mensal crescendo acima da inflação em 8%, as receitas no mês passado subiram apenas 5,1%.

- O crescimento na arrecadação líquida foi bom, mas abaixo do que vinha sendo registrado e inferior às nossas expectativas - disse o secretário de Previdência Social, Leonardo Rolim.

Segundo ele, é preciso aguardar os dados de julho para dizer se a tendência é de queda na arrecadação. Caso, seja confirmada, uma retomada deverá ocorrer em outubro.

- De qualquer forma, é preocupante - disse o secretário.

Para este ano, o déficit projetado é de R$ 39,5 bilhões, mas a na avaliação do Ministério, é que o resultado consolidado ficará em torno de R$ 38 bilhões.

O Globo

Saída de dólar do país cresce e saldo negativo é de US$ 1,9 bilhão. No ano, superávit soma US$ 20,6 bilhões, menos da metade de mesmo período em 2011


As saídas de dólares do país se intensificaram na semana passada, e o saldo no mês está negativo em US$ 1,947 bilhão até o dia 20, maior que o déficit de US$ 212 milhões apurado na semana anterior.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC). Na semana passada, apenas em um dia foi registrado saldo negativo de US$ 1,314 bilhão, resultado de forte venda de moeda estrangeira.

No mês até o dia 20, o saldo entre as transações comerciais está negativo em US$ 1,593 bilhão. Mesmo com a elevação recente do dólar, as exportações somam US$ 9,382 bilhões, abaixo das importações, que chegam a US$ 10,975 bilhões.

Do lado das transações financeiras, o saldo também está negativo, em US$ 354 milhões, resultado de compras de US$ 19,815 bilhões e vendas de US$ 20,169 bilhões.

No ano, mais dólares chegaram ao país do que saíram, e o saldo entre essas operações está positivo em US$ 20,669 bilhões. A maior parte dessas entradas se deu pelas operações comerciais, conta que tem saldo positivo de US$ 18,541. Do lado das operações financeiras o saldo é superavitário em US$ 2,456 bilhões.

Apesar de positivo, o saldo no ano é menos que a metade do que foi apurado no mesmo período do ano passado, quando estava positivo em US$ 50,429 bilhões. No ano passado, a maior diferença era percebida no saldo das transações financeiras, que estava 92% maior do que o apurado este ano, e era superavitário em US$ 30,967 bilhões.

TOGA OU CARAPUÇA ! MIN.MARCO AURÉLIO E O SEU " NÃO DESPOJAR DE SUA RESPONSABILIDADE" .


Marco Aurélio Mello reclama de Eliana Calmon, que disse que o STF será "julgado" pela opinião pública durante a avaliação do processo

Três ministros do Supremo Tribunal Federal reagiram na terça-feira, 24, às declarações da corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, segundo as quais a Corte será julgada pela opinião pública durante a avaliação do processo do mensalão.

O ministro Marco Aurélio Mello reclamou da declaração da ministra Eliana Calmon"Quem é ela para dizer que seremos julgados? O Supremo não é passível de sugestões, muito menos de pressões", disse o ministro Marco Aurélio Mello. "A toda hora estamos sendo julgados. Não é só nesse caso", afirmou o colega Gilmar Mendes. "O Supremo tem que estar acima dessas paixões passageiras", disse o também ministro Luiz Fux.

Os 11 ministros do Supremo começam a julgar o maior escândalo do governo Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2 de agosto. Entre os 38 réus estão José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, José Genoino, presidente do PT à época, e Duda Mendonça, marqueteiro da campanha lulista de 2002.

A corregedora deu suas declarações sobre o julgamento na segunda-feira, 23, em São Paulo. "Há por parte da Nação uma expectativa muito grande e acho também que o Supremo está tendo o seu grande julgamento ao julgar o mensalão", disse Eliana. "Hoje, eles (os ministros) têm, sim, uma preocupação porque o País mudou e a população está participando."

Pressão. Marco Aurélio foi duro na crítica à Eliana. "Uma corregedora-geral chegar ao ponto de dizer que seremos julgados não contribui para o engrandecimento das instituições, evoca uma pressão", disse. "O que se espera, de fato, é que o julgamento fique exclusivamente restrito ao que os autos contêm. Manifestações desse tipo criam toda uma excitação", afirmou o ministro.

Marco Aurélio disse ainda que "a opinião (de Eliana) é amplamente dispensável". "Ela enfraquece as instituições aos olhos dos leigos. O STF será julgado pelo julgamento do mensalão? É olvidar a missão do Supremo. Esse é o estilo dela, fala o que pensa. Mas, às vezes, o que se pensa não é o desejável em termos de extravasamento", afirmou.

Gilmar Mendes disse que a as manifestações de cunho político que têm o Supremo como alvo são rotineiras. "O que interessa é o que está nos autos", afirmou o ministro, que em maio disse em entrevistas ter tido uma conversa com Lula na qual o ex-presidente teria pedido o adiamento do julgamento do mensalão para depois das eleições – a versão foi negada por Lula. Essa não foi a única polêmica envolvendo o processo.

Ainda sobre as declarações da corregedora de Justiça, Luiz Fux afirmou que os ministros estão acima da pauta proposta por Eliana. "O tribunal tem que decidir à luz da razão, é a última trincheira que o cidadão tem para poder obter um resultado judicial justo. Os ministros estão acima dessa pauta. Efetivamente, não faltará independência nem coragem para o Supremo tomar a decisão que deve tomar, adotar a solução mais justa no caso concreto."

O ministro afirmou que há, sim, questões em que a opinião pública é importante. "Há a marcha da maconha, a união homoafetiva, a cota dos afrodescendentes, questões que precisam de um apoio razoável da sociedade para que sejam analisadas", disse. "No processo criminal é diferente, não se discute uma tese jurídica, mas uma questão subjetiva sobre se efetivamente réus apontados na denúncia têm responsabilidade penal. Então, a influência social é diferente. Uma coisa é saber que a sociedade tem um consenso razoável sobre a união de gays. Outra coisa é você se deixar levar por uma opinião pública a respeito da responsabilidade criminal de A ou B."

"A ação penal não é um processo onde você define uma tese jurídica. Todo magistrado tem que ouvir as vozes sociais, evidentemente. Todo poder emana do povo, mas sem prejuízo ao juiz de julgar um processo subjetivo. Ao julgar a liberdade de uma pessoa, o juiz não pode se despojar de sua responsabilidade", concluiu.

Fausto Macedo, O Estado de S. Paulo

BRASIL REAL II : Rombo de US$ 4,4 bi

Diante da desaceleração da economia chinesa e da crise na Europa, o rombo nas contas externas cresceu 27% em junho na comparação com igual mês do ano passado, atingindo US$ 4,4 bilhões.

Segundo o Banco Central, o deficit decorreu, sobretudo, do menor ritmo de comércio entre brasileiros, europeus e asiáticos.


A diferença entre tudo o país vendeu aos estrangeiros e o que importou resultou em saldo positivo de apenas US$ 806 milhões, quantia 81% inferior à registrada em junho de 2011 e o pior desempenho para o período desde 2002. Sem um resultado melhor na balança comercial, faltaram recursos para cobrir outras despesas das transações com o exterior.

A balança comercial ainda está positiva, porque houve uma melhora dos preços dos grãos. Somente a soja responde por 15% da nossa pauta de exportação. Ainda assim, isso não deve garantir um bom desempenho comercial para o país em todo o ano, alertou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Pessimista, ele prevê que o saldo da balança fechará o ano em US$ 15 bilhões, ou seja, US$ 3 bilhões a menos do que os US$ 18 bilhões previstos pela autoridade monetária.

O chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, disse que, em julho, as exportações voltaram a reagir, o que resultará em um saldo comercial maior. Com isso, ele ponderou que o rombo nas contas externas deste mês deve ficar em US$ 4,5 bilhões. Ainda assim, não há motivos para preocupação.

O Investimento Estrangeiro Direto (IED) tem sido mais do que suficiente para cobrir o deficit nas contas externas, fechando junho em US$ 5,8 bilhões%u201D, observou.

Os gastos dos brasileiros no exterior também influenciaram o rombo nas contas externas, mas em menor escala que em outros meses. Na comparação entre junho e igual mês do ano passado, as despesas com viagens internacionais recuaram 9,75%, de US$ 1,86 bilhão para US$ 1,68 bilhão.

Essa redução é explicada pelo dólar mais alto frente o real, que impacta a ida de turistas ao exterior, justificou Rocha. Em contrapartida, o Brasil ficou mais barato para os estrangeiros, o que deve aumentar as receitas com turismo.

VICTOR MARTINS Correio Braziliense

VERSO REVERSO ! BRASIL REAL : Aumento de calotes assombra financeiras de varejo

O índice de inadimplência das modalidades de crédito mais próximas do varejo praticamente fala por si na hora de mostrar o quão grave é o cenário no segmento.

No espaço de pouco mais de um ano, os empréstimos para compra de bens (como eletrodomésticos e móveis, sem contar veículos) passaram de uma taxa de atraso (mais de 90 dias) de 8,8%, em dezembro de 2010, para 13,9% em maio deste ano - o dado mais recente do Banco Central (BC).

O nível do calote no crédito para compra de outros bens hoje é o mesmo de janeiro de 2009, no pós-quebra do americano Lehman Brothers, mas ainda abaixo da máxima histórica. Somente o crédito de veículos teve subida maior no período, passando de 2,5%, em dezembro de 2010, para 6,1% em maio.

O comportamento da inadimplência vem desafiando as projeções da Losango. "Esse é um ano diferente dos anteriores [para inadimplência] e ainda não conseguimos entender o porquê. Esperávamos um ano melhor", admite Hilgo Gonçalves, executivo-chefe da promotora do HSBC.

Ele projeta queda leve no nível de atrasos de créditos da casa até o fim do ano, mas afirma que ainda não é possível ter clareza sobre o tamanho do recuo.


Nos seis primeiros meses do ano, os produtos de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) da Losango tiveram taxa de inadimplência acima de 90 dias de 9,4%, ante 8,7% no mesmo período de 2011. Os cartões registraram 9,1%, ante 7,6%.

Segundo Gonçalves, no entanto, os meses mais recentes já apresentaram melhora do índice de atrasos em comparação ao início do ano.
"Hoje, esse índice nos deixa em estado de alerta."


Ainda que a melhora nos atrasos entre 15 e 90 dias no financiamento ao consumo apontem para recuo dos calotes, há fatores que podem complicar essa recuperação e até inverter sua trajetória.

O elemento decisivo será a manutenção do crescimento da economia, com a taxa de desemprego em níveis de baixa histórica, avalia o diretor de gerenciamento de risco do Citi, Victor Loyola.


Como as carteiras de crédito para varejo têm forte concentração de tomadores de classes mais baixas, elas seriam as primeiras vítimas em caso de aumento no desemprego, acredita Loyola.

"São classes que não têm espaço para absorver uma deterioração no cenário econômico e ficariam inadimplentes", avalia.

(...)
Desde janeiro, a Losango também intensificou a batalha contra os calotes. A empresa aumentou o ritmo de treinamentos sobre crédito em varejistas e colocou mais esforços em cobrança. O índice de aprovações de novos créditos caiu, passando de 55% há um ano para 50% agora, conta Gonçalves.

"Visitamos as lojas mais problemáticas e apertamos a aprovação. Se for necessário, podemos até parar de operar em alguns lugares", conta.


Reforço na qualidade de concessão é uma forma de as financeiras evitarem o quadro de despesas com provisão visto em 2011.

No caso do Banco Ibi, os gastos com provisões para devedores duvidosos saltaram para R$ 728,9 milhões no ano passado, contra R$ 499,6 milhões em 2010.

Na Luizacred, tais despesas foram 67,3% superiores em 2011, fechando o ano com R$ 538,2 milhões.

Felipe Marques | De São Paulo Valor Econômico

Banco Rural ataca versão defendida pelo PT Instituição sustenta que houve uso de recursos públicos no esquema criminoso

Na tentativa de se livrar da acusação de lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão, o Banco Rural vai pôr em xeque um dos principais pontos das defesas de Marcos Valério, o operador do esquema, e do PT. As alegações enviadas pelos dirigentes do banco ao Supremo Tribunal Federal (STF), que serão reforçadas no início do julgamento, em agosto, sustentam que recursos públicos abasteceram as contas da empresa SMP&B, de Valério.

Essas contas foram usadas para pagar o mensalão a políticos aliados do governo Lula.

Valério e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares alegam que não houve desvio de recursos públicos, e que o dinheiro repassado aos políticos tem origem em empréstimos legais contraídos junto aos bancos Rural e BMG. Mas o banco não confirma essa versão e diz que os recursos públicos passaram pelas contas da empresa de Valério.

A divergência entre as duas defesas tem um motivo:
o Rural argumenta que só pode ser acusado de lavar dinheiro quem opera recursos de origem ilícita. E, para o banco, o que entrou nas contas da SMP&B tinha origem declarada. Os recursos, segundo o banco, vinham por transferências de outros bancos, a partir de recursos que a agência de publicidade recebia de clientes, boa parte deles instituições públicas.

Na lista dos réus no processo do mensalão, a dirigente do Rural Kátia Rabello diz que não tinha como saber se as agências de Valério, até então renomadas, desviavam recursos dos contratos.

Já a defesa de Valério e Delúbio insiste na tese de que o mensalão não foi contaminado por recursos públicos. Sustenta que todos os valores são oriundos de empréstimos legais de bancos privados, e, portanto, os dois não podem ser acusados de formar uma quadrilha para desviar dinheiro do governo e repassar a parlamentares.

BB seria origem de várias transferências à SMP&B

O Banco Rural afirma que boa parte das transferências bancárias que abasteceram as contas de Valério teve como origem o Banco do Brasil (BB). A movimentação financeira da empresa (SMP&B) decorria de significativos contratos de publicidade com as mais variadas empresas e órgãos públicos, o que se presumia lícito a tudo e a todos, mormente porque, até onde se sabe, todos os pagamentos eram efetuados mediante emissão de nota fiscal.

Seria inimaginável que se pudesse desconfiar da origem lícita de pagamentos efetuados por uma empresa do porte da Cosipa, por exemplo, diz a defesa do Banco Rural, citando uma das empresas com as quais a agência de publicidade se relacionava profissionalmente. A defesa cita ainda contratos da SMP&B com o Ministério do Esporte.

O Banco Rural, obviamente, não tomava parte de negociações da empresa SMP&B com seus clientes, de modo a poder ter ciência de que em algum contrato pudesse haver superfaturamento e, consequentemente, proveito indevido. Seria inimaginável exigir de um banco tamanha prevenção junto ao cliente. A fiscalização sobre regularidade de contratos públicos compete a órgãos da administração pública, não às instituições financeiras, argumenta o banco em sua defesa.

O advogado Marcelo Leonardo, que atua na defesa de Valério, refuta a versão do Banco Rural e diz que a instituição quer misturar as coisas para confundir as pessoas:
Não tem nada a ver uma coisa com a outra. O dinheiro distribuído foi dos empréstimos. Quanto a depósitos de outras empresas, é lógico e natural que aconteciam. Ninguém está negando que a empresa (SMP&B) estava funcionando e tinha clientes públicos e privados. Estava a todo vapor. Repito: o dinheiro distribuído foi originário dos empréstimos disse Marcelo Leonardo.

A defesa do banco cita ainda um relatório do Ministério Público Federal que aponta que os recursos que vinham da conta da SMP&B no Banco do Brasil para o Rural eram originários de depositantes, além do Ministério do Esporte, como o governo de Minas, Usiminas, Cosipa, BMG, Amazônia Celular, Telemig Celular, prefeitura de Contagem (MG) e Assembleia Legislativa de Minas.

A divergência entre as defesas vai ser exposta pelos advogados do Rural na fase de sustentação oral, na segunda semana do julgamento marcado para começar em 2 de agosto no STF. Além de Kátia, outros dirigentes do Rural na época do escândalo, em 2005, estão entre os réus: José Roberto Salgado, Vinicius Samarane e Ayanna Tenório. Os argumentos que o banco sustentará no STF não convenceram a esfera administrativa do governo.

Recentemente, ao julgar um recurso da instituição, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve a responsabilização imputada ao banco por ter facilitado os saques de terceiros, como políticos e seus assessores. O banco ainda responde a investigação administrativa sobre a gestão dos empréstimos que concedeu a Valério e ao PT.

Os dirigentes da instituição foram condenados em primeira instância pelo Banco Central e recorreram. O assunto ainda está sendo examinado pelo Conselho do Sistema Financeiro Nacional.

Valor Econômico / Jefferson Dias