"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 02, 2011

A PROPENSÃO GOVERNAMENTAL PELA PROMISCUIDADE.


Notável a capacidade do empresário Abilio Diniz de fazer pouco-caso da inteligência de quem não seja da turma dele.


Ele começou com o discurso de que esse arranjo da megafusão entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour "é de interesse nacional".

Depois, sustentou que "é bom para todos".

E, agora, em comunicado oficial publicado nos principais jornais do País, reconhece que o negócio é bom para os seus interesses:
"A questão principal, da qual não se deve desviar o foco, é a seguinte:
a operação é ou não boa para o Pão de Açúcar?".

Ou seja, para o empresário Abilio Diniz, o interesse público está fora desse foco.


O governo Dilma caiu na conversa.
Pelo menos três dos seus ministros de Estado (Gleisi Hoffmann, da Casa Civil; Fernando Pimentel, do Desenvolvimento; e Guido Mantega, da Fazenda) saíram proclamando as vantagens do negócio para o País.


Deixaram entrever que estavam em questão princípios de segurança nacional, uma vez que a iminência de controle do Grupo Pão de Açúcar pelo francês Grupo Casino deixaria uma importante fatia do mercado varejista nas mãos de capital estrangeiro.

Nem levaram em conta que a operação não passaria de troca de sócios estrangeiros: do agora enjeitado Casino para o Carrefour. Ou seja, de uma hora para outra, o grupo francês Casino passou a ser ameaça e o, igualmente francês, Grupo Carrefour, a salvação da Nação.
(...)
Na prática, como ficou dito ontem nesta coluna, é o governo Dilma se misturando com uma disputa pelo controle de capitais privados, que carrega a suspeita de desrespeitos contratuais e, se der certo, provavelmente será lesiva aos princípios da Defesa da Concorrência.

Esse episódio escracha um dos maiores problemas do País: a atual promiscuidade entre interesses públicos e privados.

O empresário Abilio Diniz, talvez porque tenha feito polpuda contribuição para as despesas de campanha da então candidata à Presidência da República Dilma Rousseff, julgou-se no direito de envolver a Bandeira Nacional, a energia do governo e um punhado não desprezível de recursos públicos num negócio (que tem tudo para não passar de uma grande encrenca) em que o grande beneficiário é seu grupo comercial - como reconheceu no comunicado.

Enquanto isso, o governo Dilma se mete nessa armação privada, tentando convencer o resto da sociedade de que estão em questão interesses de Estado.

Celso Ming - Celso Ming O Estado de S. Paulo

À TONA! INCAPACITADAMENTE/FRENÉTICA/EXTARORDINÁRIA E... DESESTRUTURADA.

O desfecho da crise dos "restos a pagar" das emendas parlamentares só fez reforçar a percepção disseminada pela classe política de que o governo não tem estrutura para aguentar as pressões da sua própria base aliada.

Depois de ter recuado na decisão de não pagar as emendas de 2009, o governo teve que voltar atrás outra vez, desautorizando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que anunciara que, para não prejudicar o equilíbrio fiscal, seriam suspensos os pagamentos das emendas de 2010 nos próximos 3 meses.


Nova rebelião da base aliada e nova mudança do governo, com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, vindo a público para garantir que tudo não passara de um mal-entendido e que as emendas de 2010 serão liberadas juntamente com as de 2009.

Com isso, o governo está dando "um péssimo sinal", conforme definição da própria Dilma, que, antes do recuo, comentara que seria impossível aceitar o pleito dos aliados, sob o risco de passar uma mensagem negativa de afrouxamento, carregada do simbolismo de que o governo estaria abrindo mão do ajuste fiscal.

Segundo esses comentários com políticos, publicados nos jornais e não desmentidos, Dilma considera que controle inflacionário e estabilidade econômica são preceitos fundamentais para a credibilidade do governo.

Agora, as autoridades econômicas correm para dizer que o equilíbrio fiscal não está ameaçado pelo pagamento das emendas parlamentares.

Os permanentes recuos não combinam com o propalado estilo assertivo da presidente Dilma, que, aliás, foi motivo de outro princípio de crise que não se sabe se foi superado.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao fazer uma homenagem aos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ministro da Justiça e por quem foi indicado para o Supremo Tribunal Federal, provocou constrangimentos nos petistas presentes ao afirmar que FHC nunca levantou a voz para ninguém, nunca criou tensionamento entre aqueles que o assessoravam.

A referência foi interpretada como uma indireta ao tal estilo "assertivo" da presidente Dilma.

Em seguida, Nelson Jobim fez um desabafo dizendo que os tempos mudaram e hoje é obrigado a conviver com "idiotas", num discurso que o ex-senador Tasso Jereisatti classificou de "cheio de recados".

A presidente Dilma, que teria ficado irritada com o discurso, pediu explicações ao ministro Jobim em uma audiência ontem pela manhã, e este disse que esclareceria o mal-entendido em uma nota oficial, que não foi divulgada por enquanto.

Se por um lado o fato de o ministro da Defesa ser um civil, ainda por cima político, ameniza o que poderia ser uma crise séria se o ocupante do cargo fosse um militar.

A reação da presidente aos comentários do ministro Jobim, que é do PMDB, está sendo considerada como mais uma prova de que ela não encontrou a justa medida para exercer seus poderes presidenciais.


Ou não está segura de que tenha força política para exercê-los.

Essa diferença entre o que aparenta e o que faz na realidade faz com que suas mudanças constantes de opinião passem a impressão de que a presidente Dilma é mais de fazer bravatas do que de decidir.

Mudar de opinião pode ser um bom sintoma, desde que essa mudança venha através do convencimento, da discussão política.

Foi o que disse o ex-presidente Fernando Henrique ao afirmar que está na hora de voltarmos a fazer política na base do convencimento, e não da pressão.

Mas a presidente Dilma tem a tendência de ser autoritária, anunciar posições definitivas, que quando não se concretizam passam a sensação de que ela fala mais do que faz.

Isso está dando à classe política a sensação de que ela não aguenta uma pressão. É ruim qualquer presidente ficar com a imagem de fraqueza, de que não tem força para manter suas posições.

Ter um presidente autoritário, que não muda de posição por nada nesse mundo, é muito ruim também, mas a mudança de posição tem que corresponder a um diálogo, a uma negociação, senão essa relação do Executivo com o Legislativo se transforma em um eterno enfrentamento em que a presidente não pode perder sempre, como vem acontecendo.

Faz toda diferença mudar de opinião porque foi convencida num processo democrático, ou porque foi derrotada.

A mesma situação vem se repetindo nas nomeações para cargos públicos ou lideranças do governo, onde ela em determinadas ocasiões parece enfrentar o PMDB ou o PT, mas depois recua.

Há um enfrentamento silencioso entre ela e o presidente do Senado José Sarney, um de seus maiores aliados, mas que está agastado com a nomeação de Flavio Dino do PCdoB para a Embratur.

Dino foi derrotado por Roseana Sarney na disputa pelo governo do Maranhão, e acabou sendo nomeado para o mais importante cargo do Ministério do Turismo, onde está alocado um protegido de Sarney.

O PT, por sua vez, não gostou da nomeação do deputado Mendes Ribeiro, do PMDB, para líder do governo no Congresso.

Esse foi outro caso em que a presidente foi vencida pelo PMDB. Ela chegou a vetar o nome de Mendes Ribeiro, alegando que ele não se comportara bem na votação do Código Florestal.

Pensou em nomear o senador Eduardo Braga, também do PMDB, mas do Senado, que ensaia uma atuação independente.

Para tentar constranger o PMDB, que insistia em Mendes Ribeiro, chegou a ameaçar nomear o petista Pepe Vargas. Ao fim e ao cabo, nomeou mesmo o indicado inicialmente pelo PMDB, passando a sensação de que as dissidências nas votações polêmicas como o Código Florestal acabarão sendo absorvidas pelo governo.

Os sinais de fragilidade de posições já estão sendo captados pelos radares sensíveis dos políticos, especialmente do PMDB, e é quase certo que veremos novos testes dentro em breve em votações importantes do Congresso.

Merval Pereira O Globo - SINAIS

PARA REGISTRO :PASSAMENTO DE ITAMAR FRANCO.

REPERCUSSÃO: Políticos de todos os partidos lamentam a morte de Itamar

ADRIANA VASCONCELOS: Morte deixa o Senado mais pobre

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/06/29/morre-senador-ex-presidente-itamar-franco-aos-81-anos-924793359.asp#ixzz1QzAYxq4H
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Pegar empréstimo para pagar dívidas é mau negócio

Pegar empréstimos para pagar dívidas pode ser um péssimo negócio nos próximos meses.

A afirmação é do assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, que desaconselha essa prática, que está crescendo, assim como a inadimplência.

"Os juros estão aumentando, em parte por causa da elevação da inadimplência. Além disso, devemos ter ainda mais duas elevações da Selic este ano. Ou seja, o crédito vai ficar muito caro. E quem pegar esse crédito para pagar dívidas feitas anteriormente pode entrar numa bola de neve da qual será difícil sair, o que significa que é um péssimo negócio", diz.

Porém, Almeida afirma que há muitas pessoas que optaram por essa maneira para honrar as dívidas.
"Tem muita gente fazendo dívida para pagar dívida e isso deve fazer com que a inadimplência cresça ainda mais no terceiro trimestre desse ano".


Consumo
O executivo afirma ainda que esse aumento que ele prevê para a inadimplência se restringirá às pessoas que não conseguirão honrar as dívidas dos seus empréstimos, e não às que usarão para o consumo.

"Óbvio que quem tem dívidas é porque consumiu em excesso nos meses anteriores.
O problema é que quem pegou ou está pegando crédito para pagar essas contas assumidas anteriormente pode ter dificuldades para pagá-lo, até porque a tendência é que ele fique cada vez mais caro, e os juros cobrados cada vez maiores", explica.


Sobre o consumo, ele completa:
"eu acho que já há uma consciência de educação financeira no País e quem já está muito endividado já colocou o pé no freio e não está comprando mais".


Ainda de acordo com o assessor, a Serasa Experian reviu as estimativas e acredita que, no final de 2011, a inadimplência estará próxima de 10%, ante os 8% previstos anteriormente.

"Nós tivemos um acirramento grande da inflação e aumento de juros. Isso afeta a inadimplência, que se acelera diante desse cenário", finaliza.

Do UOL -