"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 22, 2011

MAIS BRASIL REAL MOSTRANDO O QUE É CAMUFLADO NO brasil maravilha "deles" : Um país para poucos


Não é de hoje que o Brasil tem sido uma nação de contrastes. Ao contrário do marketing oficial, continuamos longe de ser "um país de todos".

O forte crescimento das favelas ao longo dos dez últimos anos mostra que a justiça social ainda é sonho distante, a despeito de toda a propaganda petista.

Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE aponta que 11,4 milhões de brasileiros vivem hoje em "aglomerados subnormais", o nome que os técnicos dão a favelas, invasões, mocambos, palafitas e assemelhados.

Dá para comparar com outros países, ao gosto do freguês:
é tanto quanto a população de Portugal, ou da Grécia ou o equivalente a mais de três Uruguai.

É muita gente, espalhada por 6.329 favelas pelos quatro cantos do Brasil, principalmente em regiões metropolitanas.

Em termos percentuais, significa que 6% da população brasileira vive em áreas precariamente atendidas por serviços básicos, como abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta seletiva de lixo e energia elétrica.

O senso comum, inebriado pela propaganda petista, poderia ser levado a pensar que este é um agrupamento em processo de encolhimento nos últimos anos.

Pelo contrário.
Quando foi a campo fazer o Censo de 2000, o IBGE havia encontrado bem menos brasileiros vivendo nestas más condições.

Em 2000, 6,5 milhões de pessoas moravam em "aglomerados subnormais" no país. Ou seja, o contingente aumentou 75% ao longo dos últimos dez anos, a maior parte dos quais cobertos pelos dois primeiros governos do PT.

No mesmo período, o crescimento da população em geral foi bem menor:
apenas 12%.

Em termos proporcionais, os moradores de favelas eram 3,6% do total da população nacional no início da década passada - e 3,1% em 1991. Isto é, nos últimos dez anos aumentou tanto em termos absolutos quanto em termos relativos o número de brasileiros que vive de forma precária, em moradias inadequadas e mal servidas, por exemplo, por saneamento.

Os resultados colhidos pelo IBGE sugerem que as políticas urbanas adotadas ao longo dos últimos anos falharam redondamente. Mas e o cantinho de céu que o Minha Casa, Minha Vida prometeu para 2 milhões de famílias?
E os investimentos "nunca antes vistos na história" em abastecimento de água e coleta de esgotos?

Perto de completar três anos, o programa habitacional petista não entregou até hoje nem metade das moradias previstas quando foi lançado, em abril de 2009.

Para as famílias de baixa renda, ou seja, quem ganha até R$ 1,6 mil mensais (perfil, em tese, de boa parte dos que habitam as favelas), o fracasso foi retumbante.

Até agora, o governo federal só conseguiu construir 16% das 404 mil moradias previstas para famílias cujo rendimento vai até três salários mínimos. Como se não bastasse, a Caixa passou praticamente todo este ano de 2011 sem assinar novos contratos para famílias carentes, retomados apenas em agosto passado.

No saneamento, os R$ 35 bilhões que a presidente Dilma Rousseff disse ontem estar investindo são, sem meias palavras, uma crassa mentira. Dos R$ 3,5 bilhões autorizados para saneamento urbano e rural no Orçamento da União deste ano, menos de 10% foram pagos até agora.

A situação não difere do que ocorreu ao longo dos últimos quatro anos, já sob a égide do PAC. Entre 2007 e 2010, R$ 16,6 bilhões foram postos à disposição para saneamento urbano e rural por meio do OGU.

Mas menos da metade (R$ 7,5 bilhões) foram efetivamente pagos - seja no próprio exercício, seja na forma de vultosos e crescentes "restos a pagar".

O ritmo de expansão do serviço de saneamento na última década foi bem menor do que o verificado entre 1991 e 2000. Os índices de abastecimento de água cresceram 1,1% anual em média no primeiro período e apenas 0,6% de 2000 para cá.

No caso do atendimento com coleta de esgotos, passamos de 1,9% médio para 0,7%. Ou seja, menos brasileiros foram beneficiados na década mais recente.

O que o IBGE revelou ontem apenas dá contornos mais nítidos aos parcos resultados que as políticas públicas anunciadas pelos sucessivos governos do PT vêm obtendo. As cifras são sempre mirabolantes, os discursos incisivos e a prática inexoravelmente decepcionante.

Sob Lula ou sob Dilma, o Brasil continua a ser um país para poucos.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

O (p) ARTIDO (t) ORPE E O FASCISMO QUASE DISFARÇADO


Nos anos recentes, o ímpeto petista para cercear a liberdade de expressão e de impressa vem sendo contido por dois fatores:
a resistência da opinião pública e a vigilância do Supremo Tribunal Federal.

Poderia haver também alguma barreira congressual, mas essa parece cada vez mais neutralizada pela avassaladora maioria do Executivo.

É um quadro preocupante, visto que o PT só tem recuado de seus propósitos quando enfrenta resistência feroz. Aconteceu no Programa Nacional de Direitos Humanos, na sua versão petista, o PNDH-3.

Aconteceu também na última campanha eleitoral, quando a candidata oficial precisou assumir compromissos explícitos com a liberdade para evitar uma decisiva erosão de votos.


Mas não nos enganemos. Qualquer compromisso do PT com a liberdade e a pluralidade de opinião e manifestação será sempre tático, utilitário, à espera da situação ideal de forças em que se torne finalmente desnecessário.

Para o PT, não basta a liberdade de emitir a própria opinião, é preciso "regular" o direito alheio de oferecer uma ideia eventualmente contrária.


O PT construiu e financia ao longo destes anos no governo toda uma rede para não apenas emitir a própria opinião e veicular a informação que considera adequada, mas para tentar atemorizar, constranger, coagir quem por algum motivo acha que deve pensar diferente.

Basta o sujeito trafegar na contramão das versões oficiais para receber uma enxurrada de ataques, xingamentos e agressões à honra.


Outro dia um prócer do petismo lamentou não haver, segundo ele, veículos governistas. Trata-se de um exagero, mas o ponto é útil para o debate. Ora, se o PT sente falta de uma imprensa governista, que crie uma capaz de estabelecer-se no mercado e concorrer.

Mas a coisa não vai por aí.
O que o PT deseja é transformar em governistas todos os veículos existentes, para anular a fiscalização e a crítica.


O governo Dilma Rousseff deve ter batido neste primeiro ano o recorde mundial de velocidade de ministros caídos sob suspeita de corrupção. E parece ainda haver outros a caminho.

As acusações foram veiculadas pela imprensa, na maioria, e a presidente considerou que eram graves o bastante, tanto que deixou os auxiliares envolvidos irem para casa.


Mas, no universo paralelo petista, e mesmo na alma do governo, trata-se apenas de uma conspiração da imprensa.

Pouco a pouco, o PT procura construir no seu campo a ideia de que uma imprensa livre é incompatível com a estabilidade política, com o desenvolvimento do país e a busca da justiça social.

E certamente tentará usar a maioria congressual para atacar os princípios constitucionais que garantem a liberdade de crítica, de manifestação e o exercício do direito de informar e opinar.


Na vizinha Argentina assistimos ao fechamento do cerco governamental em torno da imprensa. A última medida nesse sentido é a estatização do direito de produzir e importar papel para a atividade.

O governo é quem vai decidir a quanto papel o veículo tem direito. É desnecessário estender-se sobre as consequências desse absurdo.


O PT e seus aliados continentais têm tratado do tema de modo bastante claro, em todos os fóruns possíveis. Seria a luta contra o "imperialismo midiático", conceito que atribui toda crítica e contestação a interesses espúrios de potências estrangeiras associadas a "elites" locais.

Um arcabouço mental que busca legitimar as pressões liberticidas.
Um fascismo (mal)disfarçado.No cenário sul-americano, o Brasil vem por enquanto resistindo bastante bem a esses movimentos, na comparação com os vizinhos.

Ajudam aqui a Constituição e a existência de uma sociedade civil forte e diversificada.


Mas nenhuma fortaleza é inexpugnável. Especialmente quando a economia depende em grau excessivo do Estado, e portanto do governo.

Nenhuma liberdade se conquista sem luta, sabemos disso. Lutamos contra a ditadura, ombreados, inclusive, aos que só estavam conosco porque a ditadura não era deles.

Mas essa liberdade que obtivemos precisa ser defendida a todo momento, num processo dinâmico, pois os ataques a ela também são permanentes.


Fascismo quase disfarçado
JOSÉ SERRA foi deputado federal, senador, prefeito e governador de São Paulo, pelo PSDB.

FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA E O brasil maravilha PASTEL DE VENTO: Avanço do Brasil será o terceiro pior da AL


Enquanto o governo brasileiro esbanja otimismo, alardeando que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá até 5% em 2012, a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), tratou de jogar um balde de água fria nas previsões alardeadas pela presidente Dilma Rousseff.

Nas contas da instituição, o avanço será bem mais moderado: 3,5%, índice inferior aos 3,7% previstos para toda a região.

Pior, segundo a Cepal, será o desempenho da economia neste ano. O PIB aumentará apenas 2,9%, desempenho superior apenas ao projetado para Cuba (2,5%) e para El Salvador (1,4%). Segundo a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, o PIB brasileiro ficará atrás, inclusive do Haiti, país devastado por um terremoto, que terá incremento de 4,5%.

Na média, os 33 países da América Latina e do Caribe crescerão 4,3%, índice revisto para baixo, devido ao impacto da crise mundial na economia da região. A projeção anterior era de 4,7%.

"O agravamento da crise na Europa e o aumento da insegurança e da instabilidade dos mercados, além dos temores de redução na oferta de crédito dos bancos europeus, responsáveis pelo financiamento da economia em geral, contribuíram para a revisão das estimativas para o PIB", afirmou o diretor do escritório da Cepal no Brasil, Carlos Mussi.

Em 2010, a América Latina e o Caribe cresceram 5,9%. A economia brasileira, por sua vez, deu um salto de 7,5%, o melhor resultado em 24 anos, graças aos estímulos dados pelo governo do presidente Lula para eleger Dilma Rousseff.

Força da China
O quadro desenhado pela Cepal para a América Latina e Caribe considera que a economia mundial crescerá apenas 2,8% neste ano e 2,6% em 2012. Já as economias em desenvolvimento avançarão 6,1% e 5,5%, respectivamente.

A China, particularmente, deverá dar um salto de 9,1% neste ano e de 8,5% em 2012, o que, para o Brasil, é uma boa notícia.


Como já ressaltou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a recuperação da economia do país no ano que vem depende de um incremento do PIB chinês de pelo menos 8%. Já as nações da Zona do Euro deverão ter alta de 1,5% em 2011 e de mero 0,4% ano que vem, caracterizando recessão.

Na avaliação de Alicia Bárcena, ainda é cedo para avaliar os impactos das medidas adotadas pelo governo brasileiro nas últimas semanas, de corte de impostos e incentivos ao crédito, sobre a produção e consumo.

"Vamos esperar", disse ao Correio.
Ele lembrou que o aumento de mais de 14% no salário mínimo em 2012 será positivo para a demanda.


"Mas acredito que o maior desafio para o Brasil em 2012 será recuperar o crescimento de antes, mantendo a inflação dentro das metas (de 4,5%)", afirmou.

Abaixo da média
(Em %)

O Brasil deverá crescer menos do que a média prevista para a América Latina no ano que vem

Haiti - 8,0
Panamá - 6,5
Peru - 5,0
Equador - 5,0
Argentina - 4,8
Rep. Dominicana - 4,5
Colômbia - 4,5
Bolívia - 4,5
Chile - 4,2
Uruguai - 4,0
Paraguai - 4,0
América Latina e Caribe - 3,7
Nicarágua - 3,5
Costa Rica - 3,5
Brasil - 3,5
México - 3,3
Venezuela - 3,0
Honduras - 3,0
Guatemala - 3,0
Cuba - 2,5
El Salvador - 2,0
Caribe - 1,7
Fonte: Cepal

Rosana Hessel Correio Braziliense