"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 07, 2011

Inflação em 12 meses tem leve queda : de 8,57% cai para 8,54%

O gráfico abaixo, feito pelo Banco Fator, mostra que a inflação de serviços aumentou um pouco entre abril e maio - passou de 0,54% para 0,59%, mas pela primeira vez em nove meses caiu no acumulado em um ano.
O índice baixou de 8,57% para 8,54%.


O IPCA de maio recuou para 0,47%, depois de ter ficado em 0,77% em abril, acumulando alta de 6,55% em 12 meses, acima do teto da meta.

- A inflação de serviços segue em patamar elevado, dos mais altos da série histórica. O acumulado em 12 meses costuma demorar para cair. Nossa previsão é que desacelere para 8% no fim do ano - diz o economista José Francisco Gonçalves, do Banco Fator.

Ele explica também que pela primeira vez no ano a inflação de serviços mensal ficou abaixo da registrada no mesmo mês de 2010 (0,59% em maio/11 contra 0,62% em maio/10).


Para se ter uma ideia, o serviço de empregado doméstico registrou alta de 10,33% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, enquanto a inflação cheia subiu 6,55%.
Já o serviço de conserto de automóvel aumentou 6,56% e o de cabeleireiro, 8,88%.


Ações da Petrobras caem para o menor preço em 2 anos na Bolsa


As ações da Petrobras recuaram no pregão desta terça-feira para seu menor preço em mais de dois anos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Os papéis preferenciais (PN, sem voto) da petrolífera fecharam cotados a R$ 23, queda de 0,86% e quinto recuo seguido.
É o menor preço desde 3 de março de 2009 (R$ 22,75), quando ainda se reerguiam da crise financeira internacional.

Já as ações ordinárias (ON, com voto) fecharam cotadas a R$ 25,52, em queda de 0,97%.
É o menor preço desde 20 de janeiro de 2009, quando fecharam negociadas a R$ 25,48, segundo a base de dados da consultoria Economatica.

Paulo Hegg, operador da Um Investimento, explica as ações da Petrobras vêm sofrendo uma onda de vendas nos últimos pregões, influenciadas principalmente pela queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

- O que chama atenção é que as ações da Petrobras não subiram quando o preço do petróleo subiu, mas estão recuando fortemente no momento da queda de preço do barril - explica Hegg.

Segundo ele, o mercado tem vendido a ação na expectativa ainda de uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) esta semana, quando deve ser aprovado um aumento de produção de petróleo para repor os estoques internacionais do produto após a crise na Líbia.

- Isso tende a derrubar o preço do petróleo. Outro fator que preocupa é o Plano de Negócios da Petrobras, que teve a divulgação adiada e segue sem expectativas de uma definição - disse Hegg.

Bruno Villas Bôas/Globo

BRASIL "ENTREGUE" :HEMOBRÁS E SEU "HEMOGRANA".


Em 2004 os brasileiros se assombraram com a descoberta de uma modalidade de corrupção que há anos se instalara no Ministério da Saúde:
uma quadrilha formada por funcionários de diversos escalões e grandes laboratórios fraudava licitações e o governo comprava derivados de sangue para distribuição a hospitais públicos e doentes carentes com um sobrepreço superior a 100%.

Para evitar que casos como esse, que ficou conhecido no Brasil como a Máfia dos Vampiros, voltasse a ocorrer, o governo decidiu, com a aprovação do Congresso, criar a Hemobrás, uma estatal dedicada à produção de hemoderivados.

Passados sete anos, o projeto já consumiu pelo menos R$ 138 milhões, emprega cerca de 90 pessoas, financiou mais de 40 viagens ao Exterior a seus executivos – sendo 26 delas apenas para Paris –, não produziu uma só gota de derivados de sangue e teve apenas 2,9% das obras de construção de sua fábrica construída. Ou seja, no lugar da Hemobrás se tem uma Hemograna, um esquema que suga dinheiro público há quase uma década.
No Tribunal de Contas da União encontram-se alguns elementos que ajudam a explicar como a Hemobrás se transformou em Hemograna. Ao longo dos últimos anos, por quatro vezes o TCU contestou contratos firmados entre a estatal e seus fornecedores.

Na maior parte dos casos, as ações de fiscalização do tribunal encontraram indícios de sobrepreço, que se transformariam em superfaturamento caso os contratos fossem cumpridos. Ainda na primeira fase de construção da fábrica de Goiana (PE), que irá produzir 500 mil litros de plasma por ano quando estiver em pleno funcionamento, o TCU anulou duas concorrências.

De acordo com o tribunal, foram encontrados indícios de restrição à competitividade entre os concorrentes e sobrepreço. Com isso, as obras só foram licitadas em 2009, um ano antes da previsão inicial da conclusão da fábrica.

Mesmo assim, a Hemobrás decidiu licitar a segunda parte da construção, orçada em mais de R$ 269 milhões. No mês passado, antes mesmo de os operários iniciarem as obras, mais uma vez o TCU encontrou irregularidades.

De acordo com o tribunal, um dos contratos estava superfarturado em R$ 21 milhões e determinou a revisão em toda a planilha de preços para evitar prejuízo aos cofres públicos.

A Hemobrás, por sua vez, diz que, antes mesmo de conhecer o resultado da auditoria, já havia revisado a planilha, reduzindo o valor do contrato em R$ 8,6 milhões. O resultado pode ser ainda mais atraso.

Como se não bastassem os casos clássicos de superfaturamento em contratos com empreiteiras, a Hemobrás também chamou a atenção do TCU por um termo aditivo que, senão inédito, bastante raro.

A Hemobrás, sem consultar os órgãos reguladores, simplesmente aprovou um ADITIVO que ampliou de R$ 9 milhões para incríveis R$ 230 milhões um contrato firmado em 2007 com o laboratório francês LFB. Além disso, a estatal simplesmente mudou o objeto do contrato original, sem realizar nova licitação, como determina a lei.

Também rara, senão inédita, foi a conclusão a que o relator do processo, o ministro Aroldo Cedraz, chegou ao analisar o caso. Para ele, o acréscimo de 2.700% no contrato representa, a princípio, “afronta à Lei de Licitações”, mas o resultado prático de uma nova tomada de preços “provavelmente seria o mesmo”, ou seja, a contratação do laboratório francês.

Com isso, aprovou o aditivo, apesar de os técnicos do TCU afirmarem que existem “indícios de que o aditamento não encontra amparo na Lei 8.666/93”.

Ao longo dos sete anos de vida da Hemobrás, funcionários ou representantes da empresa realizaram ao menos 40 viagens ao Exterior para conhecer fábricas de hemoderivados ou fechar contratos. A França, sede da empresa que foi contratada pela Hemobrás, foi a que mais atraiu a atenção dos executivos da estatal. Ao menos 26 viagens a Paris foram pagas com dinheiro público aos servidores.

A ex-secretária executiva do Ministério da Saúde Márcia Mazolli ficou tão ligada ao país da “Marselhesa” e à empresa que fechou contrato com a Hemobrás que até decidiu abandonar o governo. Márcia agora vai dividir seu tempo entre a França e o Brasil.

Ela foi contratada pela Cell for Cure, uma empresa que, apesar do nome anglófono, é francesa de origem e faz parte do mesmo grupo que é dono da LFB, a fornecedora da Hemobrás.

Apesar de tantas coincidências incômodas, Márcia não vê nenhum problema em assumir um posto no mesmo grupo que obteve um termo aditivo de 2.700% com a estatal brasileira.

“É uma empresa de biotecnologia, é outra área, não terá contratos com a Hemobrás”, justifica a ex-servidora.



SEM MANUTENÇÃO! FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA, GATO POR LEBRE : EM 2011 CONSUMIDOR FICARÁ EM MÉDIA 19 HORAS NO ESCURO.

Número de apagões dispara neste ano. Tempo em que a população ficará sem luz será maior do que em 2001, quando houve o racionamento
O consumidor sofrerá em 2011 seu mais longo
período sem luz — cerca de 19 horas, em média.

O resultado superará recordes dos dois últimos anos e será quase três horas maior do que o acumulado em 2001, ano do racionamento de energia elétrica. O que mais assusta é que os problemas se agravam apesar de o cenário atual ser o inverso do começo da década passada.


Os reservatórios de hidrelétricas estão cheios como nunca e ainda há retaguarda de usinas térmicas. Para completar, o consumo está desacelerando, sobretudo na área industrial.

Segundo analistas, crescentes cortes de fornecimento refletem a falta de manutenção e falhas em redes de transmissão e distribuição — um desgaste a mais para a presidente Dilma Rousseff, que, quando ministra de Minas e Energia, idealizou o atual sistema.


“Pelo menos uma cidade fica às escuras todo dia no Brasil. Este deverá ser o verdadeiro ano do apagão”, provocou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Ele lembrou que o blecaute que deixou seis cidades do Distrito Federal sem energia por quatro horas e meia no último domingo é “só mais um exemplo da série de transtornos sem explicação consistente”.


Órgão regulador do setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) endossa Pires.
Um de seus indicadores, a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), aponta que a população está cada vez mais no escuro. Os brasileiros sofreram, em média, 11 cortes de energia no ano passado.


Em razão disso, as distribuidoras de energia foram obrigadas a pagar R$ 360,2 milhões aos clientes para cobrir prejuízos e a demora em restabelecer os serviços. A Região Norte, onde moram 4,7% dos consumidores, recebeu R$ 114,5 milhões, quase um terço do total.


As compensações passaram a valer no começo de 2010.
A Aneel decidiu trocar as multas às 61 concessionárias do país por ressarcimento aos consumidores lesados na forma de crédito na conta de luz, até dois meses depois da interrupção do fornecimento de energia.

Pesou nessa decisão o apagão de 2009, que atingiu boa parte do país. As multas, porém, não inibiram a má prestação de serviço. Em 4 de fevereiro deste ano, quase 50 milhões de pessoas, em oito estados do Nordeste, ficaram no escuro.


“O sistema elétrico, com horizonte de dez anos de planejamento, baniu o constrangimento da escassez na geração. Assim, faltas episódicas de fornecimento mostram a ausência de manutenção de um patrimônio público por parte de concessionárias, mesmo com os investimentos sendo custeados pelas caras tarifas pagas pelo consumidor”, analisou Carlos Cavalcanti, diretor de Energia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Para ele, não adianta a Aneel aplicar multas às empresas. “É preciso cobrar aplicação dos planos de gastos definidos a cada revisão tarifária”, acrescentou.


Apesar dos enormes transtornos à população, o governo faz silêncio. Responsável por prestar contas à sociedade, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que o seu diretor-geral, Hermes Chipp, única pessoa apta a comentar o tema, não estava disponível.

Descaso (BLáBLáBLÁ)

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, tentou minimizar o descaso. Segundo ele, o país deverá investir R$ 1 trilhão no setor energético de 2011 a 2020.

O Plano Decenal de Energia (PDE) mostra que a maior parte (67%) desse montante virá da Petrobras. A estatal deverá destinar, no período, R$ 686 bilhões aos segmentos de petróleo e gás natural, sendo

R$ 510 bilhões para a exploração.

A oferta de eletricidade, por sua vez, receberá R$ 236 bilhões, sendo R$ 190 bilhões para a geração e R$ 46 bilhões para a transmissão. Com isso, Tolmasquim espera que a oferta salte dos 110 mil megawatts (MW) de dezembro último para 171 mil MW em dezembro de 2020.


Os números gigantescos não animam os analistas.
Para eles, de nada adiantará jogar investimentos na ampliação da oferta de energia se não houver empenho na melhoria da distribuição
.
Hoje, a manutenção do sistema é falho.

Por isso, o número tão grande de interrupções no fornecimento.
Os transtornos só não são maiores porque o consumo está crescendo a um ritmo menor.
Mas é sempre bom ter em casa um estoque de velas para possíveis problemas.

COPA 2014 : PROSTITUIÇÃO, PORNOGRAFIA,EXPLORAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO DO TURISMO SEXUAL E TRÁFICO? SEDES CONCENTRAM 72% DE DENÚNCIAS.

Em apenas um mês, 500 mil turistas deverão desembarcar no Brasil durante a Copa do Mundo de 2014. Além de movimentar a economia — estima-se que os visitantes estrangeiros desembolsem, no período, US$ 2,5 bilhões —, a mobilização da sociedade, a grande movimentação financeira e a alta concentração de pessoas acendem um sinal de alerta à rede de proteção a crianças e adolescentes.

Isso porque nessas ocasiões costumam crescer os casos de violências, como o trabalho infantil e a exploração sexual. A necessidade do aumento no cuidado a esse público, nos próximos três anos, ganha relevância a partir dos dados recebidos pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) entre janeiro e março deste ano:
72,35% das denúncias de exploração sexual contra crianças e adolescentes feitas ao Disque Direitos Humanos (Disque 100) foram registradas nas 12 cidades-sedes da Copa .


A prevenção à exploração sexual deve atingir tanto os momentos preparatórios para o evento, como ambientes de trabalho que envolvem grandes construções, quanto o período do Mundial. No primeiro caso, a preocupação da sociedade civil e do governo fundamenta-se em casos concretos, já observados em obras no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Um relatório feito a pedido do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e pela diocese de Porto Velho (RO), por exemplo, denuncia que as obras das usinas Jirau e Santo Antônio resultaram, entre 2008 e 2010, no aumento de 18% na exploração sexual de crianças e adolescentes. Além disso, de 2007 ao fim do ano passado, o número de estupros teve um crescimento de 208%.


Segundo a SDH, as ações de prevenção no contexto do trabalho tiveram início no ano passado. “A secretaria já iniciou o processo de articulação nas empresas realizadoras de grandes obras de infraestrutura no país através da assinatura do pacto empresarial para a prevenção da exploração sexual contra crianças e adolescentes nas cidades onde ocorrem essas obras”, afirmou o órgão, por meio de nota.
Segundo a SDH, o pacto foi assinado por 46 empresas ligadas à Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.


Fim do convênio

Para evitar o turismo com fins sexuais durante o período da Copa, o Ministério do Turismo (MTur) desenvolveu, em parceria com o Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (UnB), o Projeto de Prevenção à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Turismo.

A iniciativa, que tem o objetivo de prevenir e denunciar os casos de exploração, foi responsável por capacitar, no ano passado, cerca de 400 multiplicadores nas 12 cidades-sedes da Copa e em João Pessoa (PB).
Além disso, 13 planos de trabalho estaduais foram elaborados — para cada um, o MTur disponibilizou R$ 120 mil.

Apesar da política inovadora, o convênio com o Centro de Excelência em Turismo, de R$ 3,7 milhões, foi finalizado em março deste ano. O ministério ainda não definiu se a parceria será renovada.
A coordenadora do Projeto no CET, Elisângela Machado, defende a priorização da temática.

“Por enquanto, a prioridade é o monitoramento das ações empreendidas nos estados. Outras ações podem ser pensadas com o Ministério do Turismo e outros parceiros poderão surgir. Somos entidades públicas e os cortes também chegam aqui. Hoje, basicamente o recurso que temos está destinado ao ensino, não à extensão. Temos falta de recursos financeiros para continuar empreendendo novas ações.”


O projeto desenvolvido pelos parceiros integra o programa Turismo Sustentável e Infância, do MTur, que sofreu cortes de 2010 para 2011 — quando o orçamento da pasta diminuiu de R$ 8 milhões para R$ 5 milhões.

A secretária nacional de Políticas de Turismo, Bel Mesquita, enfatiza que a área será atendida, independentemente da redução das verbas.

“O ministério está prevendo pelo menos R$ 5,5 milhões anuais voltados ao enfrentamento da exploração sexual até a Copa. Vamos conscientizar cadavez mais para a necessidade de denúncia. Nós sabemos que o problema existe”, afirmou.


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Larissa Leite e Débora Álvares Correio Braziliense