"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 07, 2011

SEM MANUTENÇÃO! FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA, GATO POR LEBRE : EM 2011 CONSUMIDOR FICARÁ EM MÉDIA 19 HORAS NO ESCURO.

Número de apagões dispara neste ano. Tempo em que a população ficará sem luz será maior do que em 2001, quando houve o racionamento
O consumidor sofrerá em 2011 seu mais longo
período sem luz — cerca de 19 horas, em média.

O resultado superará recordes dos dois últimos anos e será quase três horas maior do que o acumulado em 2001, ano do racionamento de energia elétrica. O que mais assusta é que os problemas se agravam apesar de o cenário atual ser o inverso do começo da década passada.


Os reservatórios de hidrelétricas estão cheios como nunca e ainda há retaguarda de usinas térmicas. Para completar, o consumo está desacelerando, sobretudo na área industrial.

Segundo analistas, crescentes cortes de fornecimento refletem a falta de manutenção e falhas em redes de transmissão e distribuição — um desgaste a mais para a presidente Dilma Rousseff, que, quando ministra de Minas e Energia, idealizou o atual sistema.


“Pelo menos uma cidade fica às escuras todo dia no Brasil. Este deverá ser o verdadeiro ano do apagão”, provocou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Ele lembrou que o blecaute que deixou seis cidades do Distrito Federal sem energia por quatro horas e meia no último domingo é “só mais um exemplo da série de transtornos sem explicação consistente”.


Órgão regulador do setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) endossa Pires.
Um de seus indicadores, a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), aponta que a população está cada vez mais no escuro. Os brasileiros sofreram, em média, 11 cortes de energia no ano passado.


Em razão disso, as distribuidoras de energia foram obrigadas a pagar R$ 360,2 milhões aos clientes para cobrir prejuízos e a demora em restabelecer os serviços. A Região Norte, onde moram 4,7% dos consumidores, recebeu R$ 114,5 milhões, quase um terço do total.


As compensações passaram a valer no começo de 2010.
A Aneel decidiu trocar as multas às 61 concessionárias do país por ressarcimento aos consumidores lesados na forma de crédito na conta de luz, até dois meses depois da interrupção do fornecimento de energia.

Pesou nessa decisão o apagão de 2009, que atingiu boa parte do país. As multas, porém, não inibiram a má prestação de serviço. Em 4 de fevereiro deste ano, quase 50 milhões de pessoas, em oito estados do Nordeste, ficaram no escuro.


“O sistema elétrico, com horizonte de dez anos de planejamento, baniu o constrangimento da escassez na geração. Assim, faltas episódicas de fornecimento mostram a ausência de manutenção de um patrimônio público por parte de concessionárias, mesmo com os investimentos sendo custeados pelas caras tarifas pagas pelo consumidor”, analisou Carlos Cavalcanti, diretor de Energia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Para ele, não adianta a Aneel aplicar multas às empresas. “É preciso cobrar aplicação dos planos de gastos definidos a cada revisão tarifária”, acrescentou.


Apesar dos enormes transtornos à população, o governo faz silêncio. Responsável por prestar contas à sociedade, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que o seu diretor-geral, Hermes Chipp, única pessoa apta a comentar o tema, não estava disponível.

Descaso (BLáBLáBLÁ)

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, tentou minimizar o descaso. Segundo ele, o país deverá investir R$ 1 trilhão no setor energético de 2011 a 2020.

O Plano Decenal de Energia (PDE) mostra que a maior parte (67%) desse montante virá da Petrobras. A estatal deverá destinar, no período, R$ 686 bilhões aos segmentos de petróleo e gás natural, sendo

R$ 510 bilhões para a exploração.

A oferta de eletricidade, por sua vez, receberá R$ 236 bilhões, sendo R$ 190 bilhões para a geração e R$ 46 bilhões para a transmissão. Com isso, Tolmasquim espera que a oferta salte dos 110 mil megawatts (MW) de dezembro último para 171 mil MW em dezembro de 2020.


Os números gigantescos não animam os analistas.
Para eles, de nada adiantará jogar investimentos na ampliação da oferta de energia se não houver empenho na melhoria da distribuição
.
Hoje, a manutenção do sistema é falho.

Por isso, o número tão grande de interrupções no fornecimento.
Os transtornos só não são maiores porque o consumo está crescendo a um ritmo menor.
Mas é sempre bom ter em casa um estoque de velas para possíveis problemas.

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