"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 10, 2011

LUTA CONTRA O FIM DA CASTELO DE AREIA.

.Há uma delação premiada no caminho da Castelo de Areia, emblemática operação da Polícia Federal que em 2009 atribuiu a três executivos da empreiteira Camargo Corrêa crimes financeiros, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Dia 15, terça feira, será o dia D da operação. É quando o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deverá levar à mesa seu voto no julgamento do habeas corpus 159159/SP, por meio do qual a defesa pede trancamento da ação.

O relato secreto, subscrito pelo doleiro M. A. C., está dividido em dois depoimentos consecutivos, tomados perante a 6.ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Ele aponta negócios do câmbio paralelo. Cita nomes de políticos, empresários, instituições financeiras, um advogado e autoridades, entre as quais um ex-ministro do governo Lula.

A delação de M. A. C., feita em 2007, é a peça capital na batalha que o Ministério Público Federal trava para manter a Castelo de Areia de pé. A defesa sustenta que escutas telefônicas da operação foram autorizadas com base apenas em uma denúncia anônima. A Procuradoria da República usa como trunfo a delação.

M.A.C., o delator que buscou clemência da Justiça em troca de sua colaboração, narra que o preposto de um ex-ministro esteve em seu escritório, no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, para trocar US$ 600 mil. A transação teria ocorrido quando o dono do dinheiro ainda não ocupava assento no governo. M.A.C. não atribui àquela autoridade procedimentos de lavagem de dinheiro ou evasão de divisas.

M.A.C. foi condenado a 3 anos e 3 meses de prestação de serviços e multa de R$ 2 milhões, já paga. A decisão transitou em julgado. As revelações do doleiro deram origem, inicialmente, a outras três operações da PF - Suíça, Kaspar I e Kaspar II, todas na mesma direção do combate a delitos tributários e que envolvem dirigentes e clientes de um banco de Genebra com representação em São Paulo.

Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

POBRE COFRE PÚBLICO.

Carnaval em Brasília é sinônimo de ruas e prédios públicos desertos.
Mas a Câmara Legislativa (sempre ela) decidiu quebrar a tradição.
Ao menos se levarmos em conta a quantidade de luzes acesas nas quatro noites de folia. Andares inteiros permaneceram com todos os cômodos iluminados, mesmo com os 24 nobres deputados distritais de folga.


Poderia ser um sinal de que um grupo de dedicados servidores decidiu fazer hora extra em meio à festa momesca. Mas, batendo ponto nesses quatro dias no prédio em frente à Câmara, nem eu e os mais de 100 colegas de plantão vimos um ser vivo circulando no novo, moderno e ultrafaturado edifício.
Sequer havia carro estacionado, entrando ou saindo da sede iniciada na administração de Gim Argello e concluída na gestão de Leonardo Prudente.


Apesar das luzes acesas em feriados, tudo indica que não devemos esperar transparência e moralidade da nova turma da Câmara Legislativa. Ela é a mesma que liberou o 14º e o 15º salários para o fim do ano antes mesmo de iniciarem os trabalhos, em fevereiro.

Entre discussões sobre a distribuição de cargos nas comissões da Casa, muito bem acomodados nos novíssimos gabinetes, os senhores parlamentares se deram outro benefício logo após assumirem suas funções.
Mandaram comprar cadeiras para atendimento psicológico ao custo de R$ 1,2 mil cada.


Mas como cobrar correção com o dinheiro público, economia de energia elétrica na conta alheia, de uma Casa que abriga e já abrigou gente acusada de pistolagem, abuso sexual de adolescentes, grilagem, corrupção passiva e escancarada?

Até que provem o contrário, aos brasilienses resta esperar novas ações entre os amigos distritais, que, ao longo dos anos, transformaram o poder legislativo local em um grande balcão de negócios.
Com o meu, o seu, o nosso dinheiro.

Renato Alves Correio Braziliense