"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 05, 2011

GUERREIROS DA CENSURA

O PT não sobrevive sem inimigos. Escolher alguns Judas para serem malhados foi sempre a melhor fórmula que o partido encontrou para angariar votos e galgar posições a fim de conquistar o poder.

No governo, o alvo preferencial sempre foram os meios de comunicação. O petismo tem horror à crítica e flerta com a censura.

O partido realizou neste fim de semana mais um de seus congressos. É sempre uma ocasião em que o partido de Lula, Dilma e José Dirceu exercita seu comportamento pendular:
defende ações de governo ao mesmo tempo em que critica mazelas e brada por mudanças. Faz as vezes de opositor, como se não fosse o responsável, há mais de oito anos, por tudo o que está aí.

Na resolução aprovada neste domingo, o PT ressuscita velhos lemas para inflamar a militância e desviar o foco da corrupção que assola seu governo. O "neoliberalismo" surge como o demônio de sempre, citado 26 vezes ao longo do documento, para explicar tudo de ruim que existe no mundo.

Seu antípoda é o "socialismo", cuja "construção" é um dos "compromissos" firmados pelos petistas (página 9).

A avalanche de irregularidades que tem vindo a público não passa - segundo a visão da realidade que as 25 páginas da resolução petista sustentam - de fruto de uma "conspiração midiática".

"O PT deve repelir com firmeza as manobras da mídia conservadora e da oposição de promover uma espécie de criminalização generalizada da conduta da base de sustentação do governo", bradam os petistas à página 21.

O noticiário de hoje indica que, no texto da resolução, a direção do PT atenuou suas teses de controle da mídia, para atender pedido do Planalto. Se o fez, foi algo meramente tático, jamais programático.

O PT não apenas flerta, como namora para casar com mecanismos de regulação dos meios de comunicação. O partido conclama seus filiados a "lutar" por "um marco regulatório capaz de democratizar a mídia no país". O que isso significa?

Diz o texto, à página 24:
"(O 4º Congresso) Convoca o partido e a sociedade na luta pela democratização da comunicação no Brasil, enfatizando a importância de um novo marco regulatório para as comunicações no País, que, assegurando de modo intransigente a liberdade de expressão e de imprensa, enfrente questões como o controle de meios por monopólios, a propriedade cruzada, a inexistência de uma Lei de Imprensa, a dificuldade para o direito de resposta, a regulamentação dos artigos da Constituição que tratam do assunto, a importância de um setor público de comunicação e das rádios e televisões comunitárias. A democratização da mídia é parte essencial da luta democrática em nossa terra".

Não é preciso mais do que estas 102 palavras para revelar as reais intenções do PT: calar a crítica e só abrir espaço aos áulicos do poder. Aos partidários de Lula, Dilma e José Dirceu só serve a mídia companheira, cevada por generosas somas de publicidade oficial - só nos anos Lula, foram gastos quase R$ 10 bilhões.
Aos amigos, tudo; aos inimigos, a forca.

"O PT proclamou sua disposição de ir à luta para regular o comportamento da mídia. Em diversos países existe algum tipo de regulamentação. Nada haveria de absurdo que, por aqui, também fosse assim.

Ocorre que o verdadeiro propósito de parte do PT é controlar o que a mídia divulga. Isso é censura. Isso contraria a Constituição",
comenta Ricardo Noblat
(n'O Globo )de hoje.

Segundo a Folha de S.Paulo, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido fará uma "campanha forte" para pressionar o Congresso a aprovar um projeto que regule os meios de comunicação no país.

Por "campanha forte" entenda-se também o uso de mecanismos de democracia direta, como referendos e plebiscitos, igualmente defendidos com ardor no documento aprovado ontem.

"Entraves às reformas democráticas e populares poderão muitas vezes ser enfrentados através da consulta popular sobre temas de interesse nacional, solicitados pelo Partido e seus aliados no Congresso e nos movimentos sociais", lê-se à página 20. Ou seja, se não for por bem, vai na marra...

O congresso do PT deste fim de semana foi marcado pela defesa do enfrentamento aos meios de comunicação; o repúdio ao combate à corrupção; o patrocínio da criação de mais tributos; o desprezo por instituições da democracia representativa. Não espanta que a militância do partido tenha elegido para desfraldar tais bandeiras gente como José Dirceu, o "guerreiro do povo brasileiro" da nação petista.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Após Copom, projeção de Selic e PIB caem, aponta Focus

Na primeira divulgação do boletim Focus após o corte de 0,50% na taxa básica de juros do país (Selic) na semana passada, o mercado reduziu a previsão para este ano para 12,38%. Antes desta redução, as estimativas apontaram, durante três semanas consecutivas, para Selic a 12,50% neste ano.

Para 2012 as projeções também apontam queda, para 11,88%, vindo de previsão de 12,38% na divulgação da semana passada. Há quatro semanas as projeções de Selic para 2012 também apontavam para 12,50%, mas este indicador já havia apresentado redução na leitura anterior à reunião do Copom que cortou a taxa de juros.

Já a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) caiu para 3,67% neste ano, recuando, pela quinta semana consecutiva. Na leitura da semana passada estimava-se crescimento de 3,79% para o PIB neste ano, e na anterior a esta, 3,84%. Para o ano que vem os analistas consultados pelo BC estimam avanço de 3,84%, o que representa queda em relação aos 3,90% constante na projeção anterior a divulgação atual do relatório.

Para a taxa de câmbio houve manutenção nas previsões de R$ 1,60 para o fim do ano, pela décima segunda semana consecutiva. Para o próximo ano, os analistas consultados pelo BC esperam taxa a R$ 1,63, o que representa estabilidade em relação às três últimas projeções do levantamento.

(Bruno De Vizia | Valor)

Ações de mercados emergentes perdem US$ 14,3 bi em agosto

A montanha-russa que tomou conta dos mercados em agosto e elevou a aversão ao risco dos investidores fez com que mais de US$ 14 bilhões saíssem de fundos de ações dedicados a mercados emergentes no mês.

Para se ter ideia, o valor representa quase 75% do total resgatado durante todo o ano nessas carteiras, que somava US$ 19,675 bilhões até o dia 31. Os números são da consultoria americana EPFR Global, que acompanha a movimentação dos portfólios internacionais.

A volatilidade em agosto foi tanta que, em vários dias, chegou bem perto das oscilações vistas durante a crise de 2008. Pesou muito o fato de a agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) rebaixar a nota de crédito soberano de longo prazo dos Estados Unidos. Para ajudar, consolidou-se a percepção no mercado de menor crescimento global e a possibilidade de recessão americana.

O aumento da aversão ao risco atingiu também as aplicações em bolsa dos mercados desenvolvidos. Os fundos de ações dedicados aos países mais ricos tiveram saídas de US$ 18,960 bilhões, embora no ano o fluxo ainda seja positivo em US$ 25,449 bilhões, até o dia 31.

Entre os emergentes, os fundos de ações dedicados ao Brasil registraram saídas de US$ 441,31 milhões em agosto, dos quais US$ 69,26 milhões na semana dos dias 25 a 31. O valor de resgates no mês é menor que o apresentado pelas carteiras de ações de Índia e Rússia no período, de US$ 956,85 milhões e US$ 1,291 bilhão, respectivamente. A China, por sua vez, teve saques de US$ 160,58 milhões.

Já no acumulado do ano, os fundos de ações voltados ao Brasil somam resgates de US$ 807,49 milhões até o dia 31. O total está bem abaixo das saídas dos portfólios de ações dedicados à Índia no período, de US$ 2,851 bilhões. É menor também do que o registrado pelas carteiras de ações da China, com saques de US$ 1,880 bilhão no ano. Já a Rússia destoa e acumula captação de US$ 1,895 bilhão até o dia 31.

Juntos, os fundos dedicados a comprar ações do grupo dos Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China) perderam US$ 750,13 milhões em agosto e, no ano, registram resgates no valor de US$ 4,154 bilhões até o dia 31, segundo a EPFR Global.

Nas duas últimas semanas do mês, entretanto, os humores melhoraram diante das expectativas que o Fed anuncie a terceira versão do "Quantitative Easing" (QE3) - mecanismo pelo qual o BC americano compra títulos públicos para injetar dinheiro na economia para tentar estimular o crescimento.

Isso ajudou a estancar a saída dos fundos de ações emergentes na última semana de agosto. A maior parte dos recursos, entretanto, foi para fundos associados a países considerados um porto seguro ou mesmo para setores defensivos.

No geral, os fundos de ações captaram US$ 6,02 bilhões na semana encerrada no dia 31 de agosto - melhor resultado desde a primeira semana de julho -, com os Estados Unidos e carteiras de ações da Alemanha responsáveis por quase toda a entrada de recursos.

Luciana Monteiro |Valor Econômico