"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 17, 2010

HORÁRIO ELEITORAL : HORA E VEZ DA UTOPIA E SURREALISMO.

Aprisionado pela legislação brasileira, algemado por marqueteiros e empobrecido pelo amadorismo, o horário eleitoral na TV lembra uma fusão amalucada de cenas subtraídas de filmes de época, documentários mambembes, comédias non-sense, gravações de concursos de poesias colegiais, chanchadas sem graça e bem acabados comerciais de margarina.

Sem que o espectador entenda direito o que está acontecendo, aparecem em sequência, por exemplo, um comunista do começo do século 20, um candidato sem chances que há 20 anos repete a mesma frase.

Um humorista que se trata como piada, uma antiga garota da capa que apresenta o marido mudo e, no meio do cortejo de espantos, três produtos apresentados com requintes de Primeiro Mundo.

Os três tão à vontade quanto estaria Osama Bin Laden declamando a Declaração dos Direitos Humanos.

José Serra, para aproximar-se da gente humilde, virou Zé.(Demais para mim, desanimador)

Marina Silva, para não parecer tão gente humilde, vestiu um figurino de grife.

Dilma Rousseff, para aproximar-se da gente humilde, virou risonha desde criancinha.

(E, para distanciar-se da verdade, também virou uma flor de simpatia desde a mocidade e democrata desde o útero).

Pelo resumo biográfico do programa de estreia, são três provas irrefutáveis de que a vida vale a pena.

Pelo que viram os telespectadores, o elenco inteiro do primeiro dia é uma prova definitiva de que está na hora de rejuvenescer a legislação, melhorar a cabeça do eleitorado, filtrar com mais apuro todos os candidatos e introduzir o Brasil no século 21.

ÉBRIO PARLAPATÃO : INDENIZAÇÃO PARA AS VIÚVAS DOS SOLDADOS MORTOS NO HAITÍ, LEMBRAM? NADA! ESPEREM! HAITÍ E OUTROS POVOS JÁ RECEBERAM AJUDA,CERTO?


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Aos brasileiros(os mortais), os rigores dos trâmites, a dependência da boa vontade e prioridade do congresso, e a vitimização das brechas para cair no calote e "surpresas" das clásulas de seguros de vida.

O hipócrita dá dinheiro à rodo para todo tipo de "eventos" à outros países e povos em regime de urgência sob o manto da solidariedade abutre, para ganhos políticos.

Mas ignora e protela quando diz respeito aos do próprio País.
Cachaça desvirtua o juízo.

Agencia o Globo


Ministério da Defesa diz que depende de decisão para pagar

O Ministério da Defesa informou ontem, em nota, que o pagamento das pensões às famílias dos militares mortos no terremoto do Haiti, em janeiro deste ano, será liberado após aprovação de crédito especial no Congresso.

Segundo o ministério, o pedido de crédito de R$ 10,1 milhões foi encaminhado no início do mês.

O governo prometeu para cada família indenização de R$ 500 mil e pagamento de bolsa de R$ 500 mensais aos dependentes em idade escolar.


Tão logo for aprovado o crédito, serão realizados os trâmites orçamentários para a rápida liberação dos recursos pelo Tesouro Nacional, diz a nota.

O valor das indenizações do seguro de vida feito pelos militares será contestado pelas viúvas.

Elas decidiram processar a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex), entidade ligada ao Exército e responsável pela venda das apólices, e a Bradesco Vida e Previdência.


Como foi publicado, domingo, na coluna de Elio Gaspari, elas alegam que as famílias receberam apenas seguro de morte natural, quando os maridos perderam a vida em serviço, circunstância que dobra o valor.

Em nota divulgada ontem, a Bradesco reafirmou a posição da Poupex, de que o seguro não previa o pagamento da indenização por terremoto:
A apólice é estipulada pela Poupex e é comercializada por adesão livre para seus conveniados, funcionários civis e militares.

A apólice não prevê a cobertura para catástrofes, e a Bradesco Seguro e Previdência decidiu, ainda assim, pagar a cobertura básica, que é a morte natural.

SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL : META DA ONU VAI PRO RALO.

Vinicius Sassine Correio Braziliense

Quando começar a reunião que vai revisar as metas de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o governo brasileiro vai detalhar o êxito dos programas de combate à pobreza.

O Brasil, com sete anos de antecedência, cumpriu a meta de reduzir à metade a quantidade de pessoas com fome e extremamente pobres.

O que não aparecerá na reunião da ONU, nos dias 20, 21 e 22 de setembro, é o nada louvável desempenho em saneamento básico.

Um levantamento inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ao qual o Correio teve acesso, mostra que 16 estados brasileiros ainda não conseguiram reduzir em 50% a quantidade de pessoas sem acesso à rede de esgoto ou fossa séptica nas áreas urbanas.

Dificilmente esses estados atingirão a meta até 2015, prazo para o cumprimento do objetivo estabelecido pela ONU.

Dos oito ODMs definidos para diferentes países que se comprometeram com as metas, o Brasil deve chegar a 2015 sem cumprir as metas de saneamento básico e de melhora dos índices de mortalidade materna.

O estudo do Ipea revela que, nos estados, não são apenas as metas de esgoto sanitário que deixam de ser cumpridas. Nove unidades da Federação não reduziram pela metade a quantidade de famílias sem acesso a água canalizada, por exemplo.

Esse é o desempenho nas áreas urbanas.

Na zona rural brasileira, apenas 6,5% da população têm acesso a redes coletoras de esgoto.

Conforme a última Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 16,1% dos brasileiros não têm acesso a água tratada e 27% são desprovidos de coleta de esgoto.



O AUMENTO DAS IMPORTAÇÕES E O FUTURO DA INDÚSTRIA.

O Estado de S. Paulo
No artigo que publicou no jornal Valor sob o título Importação provisória ou permanente, Denise Neumann, sem dar uma resposta segura, imagina que a indústria se prepara para substituir parte das importações.

Mas há aspectos que levam a muitas dúvidas.

O fator mais importante para o aumento das importações foi a taxa cambial, somada a uma demanda maior decorrente, de um lado, da melhoria da renda das famílias em razão das "generosidades" do governo e do Congresso e, de outro, de uma aceleração dos investimentos públicos e privados.

A jornalista indica que os preços dos bens importados pelo Brasil subiram em média 2%, enquanto o volume foi 42% maior.

Por seu lado, os bens exportados ficaram 17% mais caros.

Aos efeitos da crise econômica, que favoreceu a queda dos preços dos produtos importados, veio se acrescentar a valorização do real ante o dólar, que seguramente favoreceu a importação de componentes em detrimento da produção nacional.

O preço médio dos bens de capital caiu 6%, o que estimulou os investimentos nacionais, mas talvez não com o uso dos equipamentos mais sofisticados, que permitiriam ao Brasil oferecer produtos de consumo capazes de aumentar o valor adicionado da produção industrial nacional.

O que deve nos preocupar para o futuro próximo é que, mesmo com um aumento do déficit em transações correntes do balanço de pagamentos, a possibilidade de uma mudança significativa da taxa cambial é muito limitada, enquanto a entrada de capitais estrangeiros deve aumentar consideravelmente.

O presidente da Petrobrás, Sergio Gabrielli, confirmou que a capitalização da empresa ocorrerá em setembro.

Sabe-se que a poupança nacional não terá como assumir papel significativo no aumento de capital da Petrobrás e que o capital estrangeiro terá maior participação, obrigando o governo à captação de recursos externos para manter sua participação.

Os grandes investimentos previstos, como o do trem-bala, só poderão ser realizados com participação externa - sem falar da necessidade de importar alguns bens de alta tecnologia, o que só poderá ser feito com financiamentos externos.

A herança deixada pelo governo Lula não será propícia a um controle de preços e poderá desencadear, dependendo de quem assuma a orientação da política monetária, uma maior pressão inflacionária, desfavorável a um aumento das exportações.

É duvidoso, pois, que nossa indústria cresça como seria desejável.

A FALÁCIA ELEITOREIRA DA CANDIDATA DO" PAÍS DAS MARAVILHAS" DO (P)ARITDO (T)ORPE.

Ilustração Toinho de Passira

Vera Rosa e Ligia Formenti/Estadão

Em mais uma tentativa de conquistar a classe média, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou ontem que, se eleita, pretende subsidiar integralmente os remédios para hipertensão e diabetes na rede privada de farmácias.

Para especialistas, a promessa é eleitoreira e uma reedição de um programa já existente no governo.

(...)

Queremos facilitar o acesso da população a medicamentos para hipertensão e diabetes”, disse a candidata. Pelos seus cálculos, o Ministério da Saúde já gasta R$ 400 milhões por ano para subsidiar 90% do preço dos dois remédios.

O plano da petista prevê complementar esse valor, injetando mais R$ 40 milhões por ano no programaAqui tem Farmácia Popular.

O Sistema Único de Saúde (SUS) já distribui esses medicamentos gratuitos. Dilma observou, porém, que sua proposta baratearia o custo e evitaria que muitos pacientes precisassem recorrer ao SUS só para obter uma receita.

É uma forma clara de agradar a classe média”, assegura o médico e consultor da área de saúde Eugenio Vilaça. “É um colírio, um refresco para esse eleitorado, mas que obviamente não resolve o problema, principalmente para esse grupo”, completa.

Ele observa que o acesso a medicamento para aqueles que recorrem aos planos de saúde ou a médicos particulares não é um problema.

“A lógica está muito além de dar remédio. É preciso dar assistência, algo que essa proposta não oferece”, completa.

Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, o SUS já prevê distribuição gratuita de medicamentos.

“A candidata não está inovando”, diz.

Em sua avaliação, a proposta da candidata desvirtua a lógica defendida pelo movimento sanitarista, responsável pela criação do SUS.

O que tem de ser garantido é remédio na rede pública. Compras feitas em larga escala asseguram preços mais baixos, há a transparência da licitação e o fortalecimento do sistema público, o elo mais frágil, onde a assistência tem de ser fortalecida".

Para Júnior, os argumentos usados pelo governo de que o programa Farmácia Popular representa economia de gastos com logística e distribuição não convencem.

“É um precedente perigoso: com isso, há cada vez menos investimentos para melhorar os postos públicos de distribuição”.

A proposta desagradou até mesmo defensores do Programa Farmácia Popular. O professor da Universidade de Brasília, Flávio Goulart, admite ser um dos poucos especialistas que não acredita que governo pode financiar medicamentos para toda população.

“O Farmácia Popular é uma solução inteligente, de financiamento partilhado”. A promessa de Dilma, para ele, representa um retrocesso.

Para a pesquisadora do Laboratório de Economia da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lígia Bahia, o problema está na forma como é feita a proposta, centrada em farmácias particulares.

“A saúde tem de ser vista como um processo integral”, afirma ela.

“Na rede particular, a lógica é uma só: quanto mais remédios vendidos, melhor”.

NA FRENTE DOS BOIS.UMA NADA E COISA NENHUMA.

Dora Kramer, dora.kramer@grupoestado.com.br - O Estado de S.Paulo

Na frente dos bois.

No frigir, a prolongada dianteira do candidato da oposição a presidente não o favoreceu.

Além de ter posto José Serra e o PSDB em relativo sossego durante bastante tempo, ajudou a consolidar a impressão de que uma vez perdida a primeira posição estaria também perdida a eleição.

Esta é a ideia preponderante hoje entre os analistas. Não todos, mas aqueles de compromisso marcado com a adivinhação já se aboletam sobre a certeza de que a eleição está decidida.

Se o cenário mudar não tem problema, basta atribuir ao efeito do horário eleitoral e fica tudo certo: todos ao menos parecerão "justos" e não engajados.

Realistas, sobretudo, uma vez que é mais fácil tomar como verdadeiro um cenário desenhado e depois adaptar o raciocínio do que raciocinar sobre os traços do desenho.

Por ora a explicação para as assertivas é a de que o apoio do presidente Luiz Inácio da Silva torna a candidata do PT imbatível.

Se Dilma Rousseff inicia o horário eleitoral à frente de José Serra, isso quer dizer (de acordo com a norma em voga) que ela tende a crescer, ele a cair.

Ademais, como Dilma está "a três pontos porcentuais da vitória no primeiro turno", não há o que se discutir.

É de se perguntar para que mesmo eleição, campanha, gastos inúteis de tempo, dinheiro e energia. Apenas para que as urnas confirmem as pesquisas?

De fato, parece ser a conclusão subjacente às argumentações de maior aceitação.

Só um truque espetacular saído da cabeça do marqueteiro seria capaz de virar o jogo. Isso tudo é o que se diz, embora não seja necessariamente o que acontece.

E acontece que a eleição é daqui a dois meses e será decidida pela maioria dos 135 milhões de eleitores que compareceram às urnas.

Até lá o favoritismo da candidata governista pode se confirmar, se acentuar, disparar, mas pode também estacionar e até diminuir.

Tomemos a eleição anterior, de 2006. Lula em pessoa estava na disputa e nessa mesma época mais bem situado do que Dilma está agora.

Ela tem 41% das intenções de voto contra 33% do adversário. Lula tinha 55% contra 24% de Geraldo Alckmin.

Eram 31 pontos de diferença. Dois meses depois, as urnas deram 48% para Lula e 41% para Alckmin.

Ah, dirá alguém, havia a sombra do mensalão. Ainda assim Lula tinha 55% das intenções de voto.

Ah, mas houve o escândalo dos aloprados. Pois é, as coisas acontecem. Ou não.

Em Minas Hélio Costa tem 43% contra 17% de Antonio Anastasia e os mesmos analistas não tiram do cenário a hipótese de uma "virada".

Por que a diferença de expectativa?

Tudo depende da percepção e do desejo da maioria: se o eleitorado cotejar os atributos dos candidatos ganha Serra; se resolver votar apenas referido em Lula ganha Dilma e não haverá malabarismo publicitário capaz de mudar o curso desse rio.

De verdade o que José Serra poderia fazer ou inventar? Ele está em cena há anos, é conhecido de todos, não tem quem fale em seu lugar, não há Celso Kamura que dê jeito no visual nem existe margem para mágicas: Serra é o que é.

Isso pode beneficiá-lo ou pode prejudicá-lo, mas a realidade não pode ser alterada.

Diferente de Dilma, cuja situação se presta a quaisquer construções. Sendo desconhecida, tudo o que se diga ou se crie em torno dela passa a ser a circunstância real. Por mais fantasiosa que possa ser.

Incluindo aí a já afamada continuidade. Nada mais diferente de um governo de Lula que um governo de Dilma, a começar pela personalidade e o estilo da que terá sido (se for) eleita presidente, que não terá como levar o governo na base da conversa com as massas.

A se estender pela presença mais incisiva do PT e pela participação marcante do PMDB agora na posição de "protagonista", de poder - note-se - moderador e da já auto-anunciada condição de distribuidor de partilhas.

São parceiros de apetites inesgotáveis a serem administrados por uma pessoa ao mesmo tempo inexperiente e senhora absoluta do mando, cujo respaldo popular nunca lhe será atribuído a mérito próprio, mas pela conquista do empenho e da força de outrem.