"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 17, 2010

O AUMENTO DAS IMPORTAÇÕES E O FUTURO DA INDÚSTRIA.

O Estado de S. Paulo
No artigo que publicou no jornal Valor sob o título Importação provisória ou permanente, Denise Neumann, sem dar uma resposta segura, imagina que a indústria se prepara para substituir parte das importações.

Mas há aspectos que levam a muitas dúvidas.

O fator mais importante para o aumento das importações foi a taxa cambial, somada a uma demanda maior decorrente, de um lado, da melhoria da renda das famílias em razão das "generosidades" do governo e do Congresso e, de outro, de uma aceleração dos investimentos públicos e privados.

A jornalista indica que os preços dos bens importados pelo Brasil subiram em média 2%, enquanto o volume foi 42% maior.

Por seu lado, os bens exportados ficaram 17% mais caros.

Aos efeitos da crise econômica, que favoreceu a queda dos preços dos produtos importados, veio se acrescentar a valorização do real ante o dólar, que seguramente favoreceu a importação de componentes em detrimento da produção nacional.

O preço médio dos bens de capital caiu 6%, o que estimulou os investimentos nacionais, mas talvez não com o uso dos equipamentos mais sofisticados, que permitiriam ao Brasil oferecer produtos de consumo capazes de aumentar o valor adicionado da produção industrial nacional.

O que deve nos preocupar para o futuro próximo é que, mesmo com um aumento do déficit em transações correntes do balanço de pagamentos, a possibilidade de uma mudança significativa da taxa cambial é muito limitada, enquanto a entrada de capitais estrangeiros deve aumentar consideravelmente.

O presidente da Petrobrás, Sergio Gabrielli, confirmou que a capitalização da empresa ocorrerá em setembro.

Sabe-se que a poupança nacional não terá como assumir papel significativo no aumento de capital da Petrobrás e que o capital estrangeiro terá maior participação, obrigando o governo à captação de recursos externos para manter sua participação.

Os grandes investimentos previstos, como o do trem-bala, só poderão ser realizados com participação externa - sem falar da necessidade de importar alguns bens de alta tecnologia, o que só poderá ser feito com financiamentos externos.

A herança deixada pelo governo Lula não será propícia a um controle de preços e poderá desencadear, dependendo de quem assuma a orientação da política monetária, uma maior pressão inflacionária, desfavorável a um aumento das exportações.

É duvidoso, pois, que nossa indústria cresça como seria desejável.

Nenhum comentário: