"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 06, 2012

DEPOIS DO PÉ NO TRASEIRO, NO FUTURO, SERÁ A VEZ DO BRASIL DAR O GOLPE DE MISERICÓRDIA NO "PUNHADO DE GOVERNANTES VIGARISTAS."


Quase dois anos antes do pedagógico chute no traseiro, Jérôme Valcke enquadrou o bando de tratantes com um certeiro pontapé na canela.

Como estavam os preparativos para 2014?, perguntou-lhe um jornalista no encerramento da Copa da África do Sul.

“Falta tudo”, resumiu o secretário-geral da Fifa, alarmado com o espetáculo da irresponsabilidade produzido, dirigido e estrelado pelo ainda presidente Lula. O olhar perplexo do repórter induziu Valcke a deixar claro que não estava exagerando. “Tudo”, enfatizou.


Continuava no papel o mundaréu de obras prometidas pelo chefe do governo no comício improvisado em Zurique no dia 30 de outubro de 2007. “Faremos uma Copa para argentino nenhum botar defeito”, gabou-se então o colecionador de bravatas. “Vocês verão coisas lindas da natureza e nossa capacidade de construir bons estádios”.
(...)
O primeiro pontapé desferido por Valcke atingiu Lula no meio da campanha para eleger Dilma Rousseff. “Terminou uma Copa do Mundo na África do Sul agora e já começam aqueles a dizer:
‘Cadê os aeroportos brasileiros?
Cadê os estádios brasileiros?
Cadê os corredores de trem brasileiros?
Cadê os metrôs brasileiros?’”, replicou o palanque ambulante.

“Como se nós fôssemos um bando de idiotas que não soubéssemos fazer as coisas e não soubéssemos definir as nossas prioridades”.

(...)
Um certo PAC da Copa morreu de inanição ainda no berço e foi enterrado sem velório. Em vez de construir ou reformar os aeroportos, Dilma Rousseff esperou até o verão deste ano para livrar-se dos mais próximos do colapso com uma privatização apressada. Outras perguntas feitas pelo falastrão vocacional continuam à procura de respostas. Cadê os corredores de trem? Ninguém sabe. Cadê os metrôs? Ninguém viu.

O pontapé no traseiro também informa que, ao contrário do que Lula imaginou, o cartola da Fifa nunca achou que lidava com um país atulhado de idiotas. Ele descobriu faz muito tempo que lida com um punhado de governantes vigaristas.

Original/Íntegra : Augusto Nunes

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO NÃO CRESCIMENTO DA MAMULENGA E O BUFÃO : Governo tomará medidas para acelerar crescimento, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2011 que o governo tomará novas ações ao longo deste ano para garantir um crescimento mais forte da economia e que, mesmo com China crescendo menos, é possível equilibrá-lo com o câmbio do Brasil e que a indústria terá mais estímulos.

- Haverá ação mais forte do governo para que esse crescimento se realize. Sempre é possível fazer estímulos e eles podem ser fiscais ou monetários.

Dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) teve alta de 2,7%, bem abaixo dos 4,5% que eram esperados no início do ano e dos 7,5% de expansão do ano anterior.
Antes do anúncio do PIB, a presidente Dilma Rousseff também comentou em Hanover, na Alemanha, que vai "trabalhar ativamente para aumentar o crescimento do Brasil" e culpou a crise dos países ricos pela desaceleração das economias emergentes.

Segundo o ministro, o resultado se deveu às medidas que restrição ao crédito que o governo teve que adotar para conter pressões inflacionárias e também ao agravamento da crise internacional. Mantega destacou que sem a deterioração do quadro externo, o PIB teria crescido cerca de 4% no ano passado.

- Em termos de desempenho, o crescimento foi satisfatório. Acho que 2011 foi um bom ano para a economia embora o crescimento do PIB não tenha sido tão alto quanto nós esperávamos - afirmou o ministro.

Para ele, o fato de o governo ter pisado fortemente no freio no início de 2011 - o que acabou comprometendo o resultado do ano - não foi um erro:

- O governo não pesou a mão em medidas macroprudenciais que começaram no final de 2010. Havia uma inflação mundial que corria o risco de afetar o Brasil.

Ele destacou que a economia terminou 2011 em aceleração e que o resultado de 2012 será melhor:

- O importante é que começamos 2012 com a economia aquecendo. Vimos um aquecimento em novembro e dezembro que vai continuar em 2012. Estamos numa trajetória maior que em 2011. O ápice vai ser no segundo semestre, quando a economia brasileira vai estar crescendo a 5%. Ela vai fechar o ano (com alta) entre 4% e 4,5%.

O ministro assegurou que o governo vai tomar medidas para garantir que a economia tenha um bom desempenho esse ano. Entre elas estão a redução dos juros e estímulos ao investimento e ao consumo. Ele também defendeu a redução do spread bancário por meio de uma ação forte dos bancos públicos.

Mantega destacou ainda que o governo vai manter o real desvalorizado para proteger a indústria nacional da chamada guerra cambial, em que os países ricos desvalorizam suas moedas para ganhar mais competitividade no mercado internacional.
- Temos todos os instrumentos necessários para permitir que o real não se valorize. Vamos viver em 2012 um agravamento da guerra cambial, mas o Brasil é um país prevenido. Não permitiremos que haja ingresso de capital especulativo. Temos um arsenal infinito. Eu sempre posso criar outras medidas - disse ele, adiantando:

- Temos atuado nos mercados futuro e spot e podemos aumentar nossa atuação em larga escala. Não há risco de o real se valorizar a causar danos à indústria.

O ministro disse que 2012 não prevê nenhum cataclisma no cenário externo, embora o Brasil possa sofrer o impacto da desaceleração internacional, especialmente na China.

Mesmo assim, ele garantiu que o Brasil é um país preparado para esse cenário, pois possui um mercado interno forte. Além disso, Mantega destacou que o quadro internacional pode fazer com que haja queda dos preços de commodities, o que é favorável para a inflação.


- A trajetória da economia está mais ou menos definida. Vamos acelerar mais no segundo semestre de 2012. A inflação está para baixo e caso se confirme a desaceleração internacional e da China, pode haver queda dos preços de commodities. Não existem grandes desafios.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que o crescimento de 2,7% do PIB em 2011 foi muito significativo, considerando-se a crise internacional.

"O resultado colocou o Brasil na sexta posição na economia mundial e apesar da desaceleração em relação ao ritmo obtido em 2010, a criação líquida de empregos formais em 2011 foi firme, alcançando cerca de 2 milhões, assegurando mais avanços na inclusão e distribuição da renda", disse, em nota.

O Globo

"ELES" NÃO CRIAM SÓ COPIAM, LOGO : QUANDO É PRECISO MOSTRAR SERVIÇO E OS "doUtoUres/as" NÃO TÊM SOFTWARE PARA COPIAR : Tsunami de palavras


A presidente Dilma Rousseff tem fortes motivos para se preocupar com a enxurrada de euros, dólares e libras lançada nos mercados por três dos maiores bancos centrais do mundo rico.

Essa inundação de moeda - tsunami, segundo ela - é realmente prejudicial ao Brasil e a outras economias em desenvolvimento.


Mas nenhum problema será resolvido com sua peroração contra as políticas fiscal e monetária adotadas para combater a crise nos Estados Unidos, na zona do euro e no Reino Unido.

A presidente exibe uma evidente inclinação para um velho esporte latino-americano - atribuir aos outros toda a responsabilidade por seus infortúnios e fazer muito menos que o necessário e possível para corrigir as próprias deficiências.

Ela tem um motivo legítimo para preocupação, mas os brasileiros têm dois:
o efeito cambial da inundação monetária e a pouca disposição do governo para cuidar seriamente dos problemas internos de competitividade.


A chanceler alemã Angela Merkel prometeu e já deve ter explicado à presidente brasileira a estratégia europeia de combate à crise, determinada em grande parte pelos políticos da Alemanha.

Essa estratégia inclui um forte aperto fiscal na maior parte dos países, porque quase todos enfrentam graves desajustes orçamentários e têm pouco espaço para aumentar seus gastos.

De fato, até poderiam gastar um pouco mais e aumentar o estímulo fiscal à recuperação, como propõem as autoridades brasileiras, mas isso os líderes alemães não aceitam.

A crise tem sido atenuada pela expansão monetária promovida pelo Banco Central Europeu (BCE), formalmente autônomo em relação aos governos da zona do euro.

O dinheiro emitido para operações de socorro - cerca de 1 trilhão só a partir de dezembro - tem dado algum alívio aos Tesouros e alguma segurança adicional aos bancos.


Ontem, um repórter perguntou à presidente Dilma Rousseff, na Alemanha, se, ao se queixar à chanceler alemã, o governo brasileiro não estaria sugerindo uma intervenção na política, legalmente autônoma, do BCE.

"Não" respondeu a presidente, "e sabe por quê? Por que estão interferindo na nossa."

Não está claro se ela entendeu a pergunta, mas pelo menos quanto a um ponto não há dúvida: sua resposta indica uma confusão entre fatos muito diferentes.


Qualquer decisão econômica tomada num grande país ou bloco importante pode afetar positiva ou negativamente a economia de outros países, sem, no entanto, violar sua autonomia.

Brasília não violou a autonomia argentina, quando sancionou a desvalorização do real em janeiro de 1999. Foi uma ação direta sobre o câmbio.
No caso da enxurrada de euros, o efeito cambial é indireto.

Tampouco se pode atribuir aos dirigentes do BCE a intenção de mexer indiretamente no mercado cambial ou de criar uma barreira protecionista - acusação formulada pela presidente brasileira.

Ao contrário do BCE e do Federal Reserve, dos Estados Unidos, o governo chinês tem uma clara política de subvalorização cambial, muito raramente citada pelo governo brasileiro.


Políticas cambiais pertencem, ainda, à jurisdição exclusiva de cada país, embora afetem diretamente as trocas internacionais.

Mas o assunto, apesar do justificável empenho brasileiro, continua fora da pauta oficial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Muito menos sujeita ao controle externo é a política monetária, e há excelentes razões para isso.

O governo brasileiro não deveria esquecer esse fato.


As autoridades de Brasília, podem, no entanto, fazer muito, internamente, para tornar a empresa nacional mais eficiente e mais capaz de competir.

Poderia ir muito além das ações defensivas, incluídas nesse conjunto as medidas de controle do fluxo de capitais.

Antes das novas ações do BCE já se esperava um ano ruim para as exportações. Projeções do Banco Central do Brasil divulgadas em dezembro já indicavam uma grande redução do superávit comercial.


A expectativa de crescimento recém-anunciada pelo governo da China - 7,5%, depois de muitos anos com taxas entre 9% e 10% - reforça os motivos de preocupação, mas não traz novidade radical.

Apenas confirma a inércia do governo brasileiro diante das ineficiências e custos excessivos da economia nacional.

O Estado de S. Paulo
Tsunami de palavras