"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 21, 2011

"EXÉRCITO VIRTUAL" : MULTIPLICAR E INCENTIVAR A POPULAÇÃO SAIR DESTE AMBIENTE E IR ÀS PRAÇAS.


A ação dos hackers em busca de maior participação popular no trabalho do governo é reflexo de um movimento irreversível provocado pela internet, de acordo com Beth Saad, professora titular da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, o ambiente online permite fácil disseminação de informação e opiniões.

O nível de discussão, manifestação e possibilidade de espalhar a clareza desses assuntos para as pessoas pela sociedade afora hoje é muito maior”, afirma.


Atualmente, manifestações de teor político ganham as mídias sociais e rapidamente conquistam adeptos em todo o país. A mobilização em prol da Lei da Ficha Limpa, por exemplo, teve ampla divulgação na internet para pressionar a aprovação da norma pelo Congresso no ano passado.

Este mês, protestos contra as declarações discriminatórias do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) em relação a homossexuais e a negros na televisão repercutiram na internet quase que imediatamente.

No dia seguinte à polêmica, uma página recém-criada em uma rede social acumulava mais de 20 mil membros e ao menos duas petições — uma de repúdio e outra pedindo a cassação do mandato do parlamentar — circulavam na internet somando quase 25 mil assinaturas.


E o potencial de crescimento desse exército de internautas, analisa o sociólogo e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Marcello Barra, é muito grande, embora faltem amplas políticas públicas para popularizar o acesso.

O Brasil é o sétimo país mais rico do mundo e a parcela de brasileiros que tem acesso à internet ainda é muito pequena. Falta uma política de universalização para difundir a internet como um direito à comunicação.”


Se os movimentos virtuais ganham adeptos na velocidade de um clique, em contrapartida as ações de hoje raramente chegam às ruas, como o protesto dos caras pintadas, que, em 1992, pediu a saída do então presidente da República, Fernando Collor.

A rede tem força suficiente para promover mudanças sociais, isso é muito claro, mas ela sozinha não resolve o problema. Ainda falta maturidade da nossa população para sair desse ambiente e ir às praças”, acredita Beth Saad. (AES)