"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 21, 2011

IPCA acelera na prévia e supera 7% em 12 meses

Pressionado pelo aumento nas refeições em restaurante, alta mensal de 0,27% surpreende analistas, que já revisam para cima previsões para o índice oficial

Em meio ao noticiário internacional negativo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia do IPCA, foi mais um fator a esfriar ânimos no mercado.

O indicador atingiu o teto das estimativas, com alta de 0,27%, ante 0,10% em julho, pressionado por alimentos, principalmente refeição em restaurante (0,92%).


Com o resultado, o indicador acumula alta de 7,10% em 12 meses, bem acima do teto da meta de 6,5%.

O cenário forçou analistas a revisar para cima estimativas de agosto para o IPCA, referência para meta inflacionária.


Segundo o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, o avanço mais intenso do IPCA-15 surpreendeu até mesmo o Banco Central (BC).

No Relatório Trimestral de Inflação de junho, o BC previa que a inflação acumulada em 12 meses medida pelo IPCA até o terceiro trimestre se manteria no nível de 6,7%.


Mesmo com o terceiro trimestre ainda na metade, a inflação teria de desacelerar com força em agosto e setembro para que se cumpra a previsão do BC. "Segundo o relatório, a média mensal esperada era de 0,13% para este trimestre", disse Leal.

Reversão.
Na prática, houve uma brusca reversão na trajetória dos preços dos alimentos (de -0,39% para 0,21%) na análise da economista-chefe da Icap Brasil Inês Filipa.
Mas, para Inês, o resultado não muda as projeções para a taxa básica de juros, que deve permanecer em 12,5% na próxima reunião do Copom.


A especialista lembrou que, no cenário doméstico, a economia brasileira mostra desaceleração mais nítida, o que pode contribuir para folga maior nos preços.

A Concórdia Corretora revisou de 0,31% para 0,33% a estimativa para o IPCA de agosto, após o IPCA-15. Segundo o economista-chefe da corretora, Flávio Combat, o indicador deve fechar o ano em 6,1%, ainda próximo ao teto da meta (6,5%).

Para ele, o mercado de trabalho continua aquecido e os salários ainda crescem em ritmo elevado. Isso pode ser exemplificado nas refeições fora de casa, principal impacto do IPCA-15 de agosto.

"Com o emprego em alta, e os salários também, os trabalhadores vão a restaurantes com mais frequência. É uma mudança de hábito do brasileiro", opinou.


A Tendências Consultoria também revisou o IPCA deste mês, de 0,28% para 0,32%.

Alessandra Saraiva e Denise Abarca O Estado de S. Paulo

Industrializado nacional é mais caro.

Os produtos industrializados brasileiros estão hoje entre os mais caros do mundo, segundo estudo feito pela RC Consultores a pedido do Movimento Brasil Eficiente.

A pesquisa, que comparou o preço de produtos vendidos no país com mercadorias idênticas à venda em África do Sul,
Austrália,
EUA,
França
e Reino Unido em junho, mostrou que a cesta brasileira de produtos custa 48% mais que a média ponderada desses países.

O país liderou em 12 das 29 categorias da amostra que incluiu de produtos industrializados a alimentícios básicos, como batata e leite.

Os preços do Brasil foram os mais caros no automóvel,
MP3 player,
TV,
blue ray,
videogame,
tênis,
celular,
fralda,
perfume,
remédio,
maquiagem e notebook.

- A cesta de produtos evidencia o quanto os custos brasileiros estão elevados se comparados aos outros países. Isso ocorre principalmente por causa da elevada carga tributária, que encarece especialmente os produtos que têm uma cadeia de produção longa, como os veículos, por causa do efeito em cascata - diz Fábio Silveira, sócio da RC Consultores responsável pelo estudo.

Segundo Paulo Rabello de Castro, presidente da RC Consultores e coordenador do Movimento Brasil Competitivo, a carga tributária responde por 70% da perda de competitividade do Brasil frente aos outros países.

Isso porque a distribuição dos impostos pesa mais sobre os produtos que sobre a renda, o que onera especialmente a população de baixa renda:

- Além da carga tributária, os custos energéticos e financeiros também afetam a competitividade. Mas o que dá uma diferença de 10% a 20% em relação aos outros países, e que deixa os dados gritantes, é a apreciação cambial.

Por esses motivos, comprar um carro no Brasil custa mais de três vezes mais caro que nos Estados Unidos. Segundo o levantamento, o Hyundai Santa Fe, vendido aqui por US$69,3 mil, é comercializado em lojas americanas por US$21,8 mil.
O valor médio do veículo nos países pesquisados foi de US$31,4 mil.


Um videogame sai ainda mais caro.
O Xbox 360 com Kinect, que custa US$299 nos Estados Unidos, sai por US$1.196 no Brasil, exatamente quatro vezes mais caro.

Na África do Sul, segundo país mais caro da amostra, o mesmo produto custa US$515, enquanto na média internacional custa US$405.


Em outras cinco categorias (celular, blue ray, tênis, remédio e maquiagem) os produtos brasileiros custam pelo menos o dobro da média internacional.

O iPhone 4 de 32 Gigabytes vendido no Brasil por US$1.323, tem um preço médio de US$589.
Já o blue ray X-men Origens: Wolverine, vendido por US$35 no Brasil custa em média US$15 entre os países analisados.


O Brasil só ficou mais barato que a média em sete categorias:
máquina de lavar roupa,
calça jeans,
xampu,
leite,
açúcar refinado,
cerveja e jornal.

Segundo Silveira, isso se deveu principalmente à produtividade do país em áreas como a alimentícia e em produtos agrícolas básicos.
(Paulo Justus)

GLOBO

VAPT VUPT! PROJETO ENVIADO às 22h59m de 29/12. PROPO$TA ANALI$ADA às 13h/ DIA $EGUINTE. À$ 19h26m, PLANO APROVADO.

Seis meses depois de mudar o estatuto, o Instituto para a Preservação do Meio Ambiente e Promoção do Desenvolvimento Sustentável (Iatec), ONG especializada em assuntos rurais, obteve um contrato de R$8 milhões do Ministério do Turismo para qualificar 18 mil cozinheiros, garçons e taxistas e outros profissionais do turismo no Nordeste este ano.

A ONG é dirigida pelo agrônomo Etélio de Carvalho, ex-secretário de Agricultura do governo João Alves, em Sergipe. O projeto foi aprovado em menos de sete horas após o início da análise da proposta.


O negócio foi fechado em 30 de dezembro do ano passado. Mas o dinheiro começou a ser liberado este ano, já na gestão do ministro Pedro Novais.
Até o momento, o Iatec já recebeu R$3 milhões.

O parecer técnico, favorável à sua contratação foi assinado pela ex-diretora de Qualificação e Certificação Regina Cavalcante e pela ex-coordenadora-geral de Qualificação e Certificação Freda Azevedo Dias.

O convênio foi assinado pelo ex-secretário-executivo Frederico Costa.


Projeto aprovado em tempo recorde

Os três passaram quatro dias presos no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá semana passada, acusados pela Polícia Federal de facilitar desvio de dinheiro para a qualificação de profissionais do turismo no Amapá.

Em 3 de junho do ano passado, o Iatec mudou o estatuto para incluir turismo entre suas áreas de atuação. Seis meses depois, já estava na lista de ONGs beneficiárias da torneira de recursos públicos do Ministério do Turismo.

O Iatec enviou um projeto para o ministério às 22h59m de 29 de dezembro. A proposta começou a ser analisada às 13h do dia seguinte. Às 19h26m, o plano já estava aprovado.


"Constatamos por meio de currículo institucional que o Iatec possui competência técnica e operacional para executar as ações propostas", escreveram Freda e Regina Cavalcante, conforme nota técnica nº 295/2010, a que O GLOBO teve acesso.

No mesmo texto, as duas aprovam o projeto e solicitam o empenho de R$4 milhões para o projeto.
As duas não informam quais as informações que atestariam a competência técnica da ONG.

O Iatec nunca executou serviço algum na área de turismo.

Até o momento, mesmo após receber R$3 milhões do ministério, a ONG não matriculou um só aluno.

Não definiu nem mesmo o número de cursos e de estudantes. O Iatec não explica nem mesmo por que decidiu propor a qualificação de 18 mil profissionais do turismo. A ONG já fez contratos também com o Incra e com o governo de Sergipe.


- Temo$ intere$$e de participar de qualquer edital público - afirmou o ex-secretário Etélio.

GLOBO

LICITAÇÃO SEM RIVAIS: LICITAÇÃO NO TURISMO SÓ TEVE UMA EMPRESA CONCORRENTE. É O TURISMO DO LIXO.

O Ministéiro escolheu a Promo Inteligência Turística, com capital de R$ 210 mil, para um contrato de R$ 10 milhões. A vencedora da concorrência tem ligações com uma ONG acusada de receber recursos ilegais da pasta.

Empresa com capital social de R$ 210 mil participou sozinha da disputa por um contrato de R$ 10 milhões. Ex-número dois do ministério, preso durante a Operação Voucher, acompanhou todo o processo

O Salão do Turismo de 2011 em São Paulo, principal evento promovido pelo Ministério do Turismo, foi realizado sem concorrência. A empresa Promo Inteligência Turística ganhou o contrato de R$ 10,4 milhões sem a necessidade de competir com ninguém em um negócio bastante atrativo.
A vencedora da "concorrência" não só assinou a parceria com o governo federal, como tornou-se organizadora exclusiva para a comercialização dos espaços.

Para a Promo, significou acordos com diversas secretarias estaduais de turismo e até com órgãos estatais. E representou também dois dias antes da abertura da feira um aditivo contratual de quase R$ 350 mil.

A publicação do edital de licitação ocorreu em 19 de janeiro. Doze dias depois as empresas deveriam apresentar as documentações exigidas. Segundo o Ministério do Turismo, quatro retiraram o edital, mas apenas a Promo se interessou.

As outras três firmas especialistas no setor turístico alegaram ao Correio, com a condição de que os nomes não seriam divulgados, que a oferta do governo não era vantajosa o suficiente para entrar na jogada, por isso, desistiram.

Deixaram, assim, caminho livre para uma empresa formada em 2008, com capital inicial de R$ 10 mil, que, segundo a Junta Comercial de São Paulo, foi alterado para R$ 210 mil em 27 de abril de 2010.

A Promo tem como sócias Gisele Antunes Lima Assumpção e Silvana Fiaccadori Torres, além da empresa de capital fechado Grupo Brasileiro de Marketing e Comunicação (GBMC). Gisele e Silvana são as duas únicas sócias do GBMC.

A concorrência teve como presidente da Comissão Especial de Licitação Isabel Cristina Barnasque, que, em 2 de março, comunicou aos interessados no certame que ele havia sido homologado à Promo Inteligência Turística. Um mês e 11 dias depois, o ministro do Turismo, Pedro Novais, nomeou a mesma servidora como coordenadora-executiva do Salão do Turismo.

Servidores da Comissão de Licitação informaram ao Correio que o então secretário-executivo Frederico Silva da Costa, preso na Operação Voucher da Polícia Federal, acompanhou com interesse peculiar todo o processo, tomando conhecimento dos mínimos detalhes.

O Correio revelou que o ministro Pedro Novais havia assinado, 14 dias depois de promover Isabel Cristina à coordenadora-executiva do Salão do Turismo, uma portaria dando plenos poderes a Frederico Silva da Costa.

O então secretário-executivo, que pediu demissão do cargo na última terça-feira, era o ordenador de despesas da pasta, quem determina o andamento de todo o orçamento.

A Secretaria Executiva também assinou o contrato inicial e autorizou um aditivo. Em 11 de julho, dois dias antes da abertura do Salão do Turismo, o contrato de R$ 10,4 milhões foi elevado em R$ 347,8 mil.

A Promo respondeu, via assessoria de imprensa, que não tem relação com Costa e que nunca se encontrou com o ministro do Turismo. Mas uma das relações da empresa de inteligência turística é com uma ONG que recebeu ilegalmente recursos da pasta: o Instituto Cia do Turismo.

De acordo com o Diário Oficial da União de 31 de maio de 2010, a empresa firmou parceria de R$ 332,5 mil com o instituto para prestar serviço comercial e turístico em Santa Catarina. Segundo o extrato de contrato, Gisele assinou pela Promo e Jorge Nicolau Meira, pela Cia do Turismo.

Um ano antes, em 1º de junho de 2009, a Cia do Turismo contratou a empresa Mark Up para serviço de promoção comercial dos pontos turísticos catarinenses por um valor de R$ 332,6 mil. Quem assina pela Mark Up também é Gisele Antunes Lima Assumpção.

Para a realização do Salão do Turismo, um dos maiores contratos foi com o governo de Santa Catarina, no valor de R$ 405 mil. A Caixa Econômica Federal pagou R$ 200 mil e a Secretaria de Aviação Civil, R$ 26,3 mil. Os estados de Espírito Santo, Piauí, Mato Grosso e a cidade de Foz do Iguaçu, por exemplo, também compraram espaço.


Atestado falso
O Instituto Cia do Turismo foi formado em julho de 2008, mas conseguiu receber dinheiro público antes do prazo de três anos mínimos de existência.

Reportagem do jornal O Globo mostrou que a entidade conseguiu firmar os convênios graças a um atestado falso de funcionamento assinado pelos senadores Casildo Maldaner (PMDB) e Paulo Bauer (PSDB) e pelos deputados Valdir Colatto (PMDB) e Edinho Bez (PMDB).

No documento, os quatro disseram que a Cia do Turismo estaria em atividade desde 2003.

Mas o cartório informa que a entidade surgiu em 2008.

Correio Braziliense