"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 02, 2011

RESUMO : A Crise sistémica global

Atenção redobrada ao ritmo da economia
O Globo

A economia brasileira perdeu fôlego neste segundo semestre, em parte por fatores próprios, mas também em decorrência do agravamento da crise em países da Europa, que fez a demanda global por vários bens e serviços encolher mais do que o esperado..


Em 2010 a economia brasileira cresceu a um ritmo insustentável, além dos 7%, e os resultados disso foram a aceleração da inflação e o aumento dos custos de produção de diversos setores.


Tornou-se necessário jogar água na fervura no começo de 2011 para que a inflação voltasse a uma trajetória mais próxima das metas perseguidas pelo Banco Central. Assim, as taxas básicas de juros tiveram de ser elevadas e entraram em vigor medidas de restrição ao crédito.

O governo também se convenceu de que era preciso segurar os gastos, que em 2010 haviam contribuído para pôr mais lenha na fogueira.
A pressão de demanda de fato diminuiu no mercado doméstico, embora não a ponto de derrubar a inflação para os patamares desejados.

Nesse sentido, surgiram muitas dúvidas sobre se o Banco Central estava agindo certo ao decidir cortar as taxas básicas de juros. Naquele momento, não estava claro se a inflação poderia ficar dentro da meta em 2011 (no máximo em 6,5%, teto da meta) e se recuará para o ponto central (4,5%) em 2012.


As dúvidas não foram completamente dirimidas, mas entende-se que as autoridades monetárias tenham ficado preocupadas com os sinais de agravamento da crise no exterior e não queiram correr o risco de ver a economia brasileira empurrada para a estagnação. O próprio governo já não espera 4% de expansão este ano.

Emergentes já patinam
A
ntônio Machado/Correio Braziliense


O socorro dos bancos centrais é pontual, mas bastou para atiçar o mundo do dinheiro pelo mundo, recuperando o valor do euro e até do real em relação ao dólar.

Mas não resolve a crise europeia, sem o que a economia global continuará patinando e, agora, já pegando os grandes emergentes, como a China, cuja atividade industrial recuou em novembro pela primeira vez em 33 meses, e a Índia, com expansão econômica no terceiro trimestre sobre o trimestre anterior de 6,9% — a menor taxa trimestral nos últimos dois anos.


Contração da indústria na China cria risco global
Jamil Anderlini | Financial Times, de Pequim Valor Econômico
A atividade industrial da China sofreu contração em novembro, a primeira em quase três anos.

A queda reforçou temores em torno da saúde da economia mundial.
As notícias do desaquecimento chegam um dia depois de o Federal Reserve, (Fed, banco central dos EUA) ter liderado uma iniciativa coordenada para tentar acalmar as preocupações em torno da liquidez mundial e de o BC chinês ter afrouxado sua política monetária.

Dados do governo chinês divulgados ontem mostraram que o índice oficial dos gerentes de compras caiu para 49 pontos em novembro, em relação aos 50,4 pontos de outubro.
Qualquer resultado inferior a 50 pontos indica uma contração da atividade.
A queda de novembro foi a primeira desde fevereiro de 2009.

O indicador vai intensificar os temores de a China possa estar se encaminhando para uma desaceleração mais forte num momento em que o resto do mundo a encara como um oásis em meio a um panorama mundial árido.


Numa iniciativa de surpresa calculada para neutralizar o impacto negativo do número do índice dos gerentes de compras, o BC chinês anunciou uma redução do depósito compulsório - diminuindo o valor dos recursos que os bancos têm de recolher ao BC - pela primeira vez em três anos.

"Os mercados receberam um combinação potente de dois golpes, na forma do índice chocante dos gerentes de compras e da redução agressiva da alíquota do depósito compulsório", disse Alistair Thornton, analista de China do IHS Global Insight.

"O recado é claro: a economia está desacelerando muito mais rápido que o previsto, e o governo entrou na briga".


Ao reduzir o volume dos depósitos que os bancos precisam recolher ao BC em 0,5 ponto percentual, o BC na prática injetou cerca de 400 bilhões de yuans (US$ 63 bilhões) no sistema bancário.

O crescimento do comércio da China com a União Europeia e os EUA desacelerou nos últimos meses. As exportações para a Europa, que está às voltas com a crise, foram as mais prejudicadas.

As vendas de imóveis também diminuíram significativamente, num momento em que os preços começam a cair.

A construção civil responde por cerca de 25% dos investimentos na China e 13% do Produto Interno Bruto (PIB).