"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 09, 2013

Em decisão unânime, Comitê de Política Monetária (Copom) determina o quinto aumento consecutivo da taxa básica de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira, pela quinta vez seguida, a taxa básica de juros da economia. A alta de 0,5 ponto porcentual, para 9,5% ao ano, foi adotada em decisão unânime. Com a elevação, o Brasil volta a ter o maior juro real (descontada a inflação) do mundo: 3,5%. O ciclo de maior aperto monetário promovido pelo governo Dilma Rousseff teve início em abril deste ano, quando a taxa passou de 7,25% para 7,5%.

A decisão desta quarta-feira já era amplamente esperada pelo mercado financeiro. De 80 instituições ouvidas na semana passada pelo AE Projeções, serviço especializado do Broadcast, 79 apostavam na elevação de 0,5 ponto. A próxima reunião do Banco Central será realizada nos dias 26 e 27 de novembro e será a última de 2013.

A taxa básica de juros é o principal indicador para determinar o custo do crédito e o rendimento das aplicações em renda fixa. Com a elevação, tomar empréstimos ficará mais caro para o consumidor. Desde a reunião de agosto do Copom (quando a Selic subiu para 9%), a poupança voltou a render de acordo com a regra antiga: 0,5% ao mês mais a TR. 

Estadão 

Inglório tricampeonato

Já ficou tão rotineiro que beira o enfado: 
as previsões relativas ao crescimento do Brasil foram novamente rebaixadas. Mais uma vez, vamos ficar na rabeira do ranking entre os emergentes e continuar fazendo feio em relação a nossos vizinhos de continente. Até quando esta piada sem graça vai permanecer?

O rebaixamento da vez veio ontem do Fundo Monetário Internacional (FMI). O prognóstico para 2013 foi mantido em pífios 2,5%, mas o do ano que vem foi novamente reduzido: a previsão para o crescimento brasileiro em 2014 começou o ano em 4%, caiu depois para 3,2% e agora baixou para 2,5%. Será que diminuirá ainda mais?

Continuaremos perdendo para países classificados como emergentes, como China, Índia, Rússia, África do Sul e México. Segundo o FMI, este grupo conseguirá obter alta média de 5,1% no próximo ano, ou seja, mais que o dobro do esperado para o Brasil.

Não é de agora que vimos comendo poeira. Entre 2001 a 2012, em seis anos o Brasil cresceu menos da metade dos países em desenvolvimento - e, em 2009, registrou retração, enquanto os emergentes se expandiram, registra a Folha de S.Paulo. Em 2012, a diferença foi ainda mais gritante: o PIB brasileiro avançou 0,9% e o dos emergentes, 4,9%.

Como fomos ficando muito para trás em relação aos emergentes, talvez a melhor comparação seja mesmo com os vizinhos do continente. Mas, infelizmente, aí também vamos mal. Segundo o documento, intitulado "Panorama Econômico Mundial", a América do Sul deve alcançar crescimento médio de 3,1% e 3,2% neste e no próximo ano, ou seja, também superior ao desempenho brasileiro.

Se os prognósticos se confirmarem, o Brasil alcançará em 2014 um inglório tricampeonato: por três anos seguidos, nossa economia terá registrado o segundo pior desempenho entre todos os países sul-americanos. Em 2012 só superamos o Paraguai, enquanto em 2013 e 2014 só não perderemos da Venezuela.

Na média, o crescimento da economia brasileira no quadriênio 2011-2014 deverá ficar em 2,1%. Ou seja, o desempenho de Dilma Rousseff será o pior que se tem notícia no país desde Fernando Collor (1990-1992) e um dos três mais sofríveis de toda a nossa história republicada - Floriano Peixoto (1891-1894) ocupa a rabeira do ranking da mediocridade.

Na avaliação do FMI, o Brasil enfrenta problemas cíclicos e também estruturais que reduziram seu PIB potencial - isto é, o máximo que uma economia consegue crescer sem produzir desequilíbrios em série, como aconteceu depois de 2010, quando o país foi turbinado para eleger Dilma e depois afundou.

Segundo o Fundo, o Brasil já não consegue crescer mais que 2,8% - na previsão anterior, divulgada pela instituição em julho, o teto estava em 3,2% - em razão, principalmente, de gargalos regulatórios e deficiências de infraestrutura, que afetam o aumento da oferta, e desequilíbrios macroeconômicos, que comprometem a solidez das contas públicas do país.

Não é difícil constatar que o Brasil enveredou por um caminho que mais se parece com um beco sem saída. A chamada "nova matriz econômica", com seu voluntarismo indesejável e seu intervencionismo dispensável, é um fiasco retumbante. É urgente retomar a trilha das reformas estruturais para que o país não continue perdendo de goleada.

ITV

Fluxo cambial fica negativo em US$ 2,2 bilhões na primeira semana do mês

As saídas de dólares do país superaram as entradas em US$ 2,211 bilhões nos quatro primeiros dias de outubro, informou o Banco Central nesta quarta-feira. O fluxo cambial negativo supera o registrado no mês de setembro, US$ 2,058 bilhões.


No acumulado do ano, até o dia 4 de outubro, o fluxo cambial está negativo em US$ 2,032 bilhões. No ano passado, esse saldo era positivo em US$ 22,002 bilhões.

Do início do ano até a semana passada, o segmento financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) registrou saldo negativo de US$ 10,551 bilhões, enquanto o comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) ficou positivo em US$ 8,519 bilhões.

No mês passado, o segmento financeiro ficou positivo em US$ 2,988 bilhões. 
O fluxo comercial, porém, foi negativo, registrando US$ 5,046 bilhões. As operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio chegaram a US$ 2,834 bilhões.

Os pagamentos antecipados ficaram em US$ 3,541 bilhões. Esses valores estão incluídos nas exportações, que totalizaram US$ 14,862 bilhões em setembro. As importações ficaram em US$ 19,908 bilhões.

Jornal do Brasil

DEU " NYT" : OBSTÁCULOS(incompetência?) DA GERENTONA 1,99 DE NADA E COISA NENHUMA PARA O BRASIL REAL VOLTAR A CRESCER.

Editorial publicado pelo New York Times nesta quarta-feira, 9, destaca os atuais desafios a serem enfrentados pela presidente Dilma Rousseff para retomar o caminho do ritmo acelerado de crescimento econômico.

“Após uma década de rápido crescimento e aumento da renda, o Brasil atingiu uma fase difícil, que testa a capacidade de seu governo administrar a economia e satisfazer as crescentes aspirações de seu povo. A presidente Dilma Rousseff, que enfrenta eleições no próximo ano, precisa ir adiante com as reformas políticas e com projetos de investimento público para retomar o crescimento e manter a inflação sob controle”, diz a abertura do artigo, sob o título Próximas etapas do Brasil.

O baixo investimento privado em é um dos obstáculos a serem ultrapassados pelo governo, opina o NYT. O crescimento de 0,9% em 2012 resultaria, portanto, do fraco ímpeto do empresariado – a ausência do tal “espírito animal” tão falado pela presidente Dilma. Para este ano e 2014, o FMI projeta crescimento de 2,5% para o País.
 ‘Governo não fez estradas suficientes e obras para acompanhar crescimento’, diz ‘NYT’

Os protestos de junho são lembrados pelo jornal como reflexo dos gargalos a serem resolvidos. Embora tenham tido início por causa do aumento das tarifas – “não é só pelos R$ 0,2o”, tanto se ouviu à época -, aumento do custo de vida; infraestrutura deficiente; corrupção política; e os gastos com a Copa, lembra o jornal, tomaram lugar da primeira reclamação.

“Em resposta aos protestos, Dilma disse que iria pressionar por reformas políticas e investimentos em infraestrutura, mas seu governo ainda não cumpriu essas promessas”, opina o NYT.

Mas não há apenas críticas. 
A publicação reconhece os avanços feitos seja pelo ex-presidente Lula ou por Dilma em questões sociais.

“Programas como o Bolsa Família, que fornece dinheiro para as famílias para cuidar de seus filhos e levá-los para a escola, têm reforçado a renda dos pobres e melhorado a saúde pública. Cerca de 8% dos brasileiros viviam com menos de US$ 2 por dia no ano passado, abaixo dos 20% de 10 anos antes. E a mortalidade infantil caiu em quase 50%”, é destacado no texto.

Ainda há diferenças sociais gritantes, no entanto. Como diz o NYT, a renda dos mais pobres tem crescido, sim. Mas o alto nível da inflação de preços corrói fortemente essa conquista.

Batalha contra inflação está longe de ser vencida


O IBGE divulgou o IPCA de setembro, que ficou em 0,35%, em linha com a expectativa do mercado. Em 12 meses, o índice acumula alta de 5,86%, abaixo de 6% pela primeira vez no ano. Conforme o esperado, a inflação cede um pouco, mas permanece em patamares elevados, mesmo com a atividade econômica fraca (o FMI acaba de revisar o crescimento para baixo, e espera agora apenas 2,5%).


Alimentos e bebidas foi o item que puxou para cima o índice, assim como habitação e vestuário. Transporte saiu de uma ligeira queda em agosto para uma alta de 0,44% em setembro. Ao que tudo indica, o Copom elevará a taxa Selic para 9,5% ao ano hoje, após quatro elevações seguidas depois que a taxa atingiu o mínimo histórico de 7,25%.

Vale notar que vários preços administrados pelo governo ainda estão congelados ou com aumento reduzido e insustentável. A gasolina é um exemplo claro, e o governo deverá autorizar aumento até o fim do ano. A última ata do Copom previa aumento de preços administrados abaixo de 2% em 2013. Não será possível segurar essas tarifas por tanto tempo com a inflação livre rodando acima de 7% ao ano.

A verdade é que a inflação brasileira ainda não foi domada. O BC deve elevar a Selic até 10% ao ano, mas isso, apenas, não será suficiente para conter o aumento de preços. Afinal, o governo ainda mantém uma política fiscal expansionista, enquanto o próprio Copom se engana alegando ser neutra. O crédito estatal também segue em crescimento acelerado.

O resultado é que nem mesmo o BC espera uma inflação convergindo para a meta de 4,5% tão cedo. Isso faz com que as expectativas do mercado se ajustem, e todos passem a esperar inflação na casa dos 6% ao ano, mesmo com crescimento econômico medíocre. Esse patamar, aliás, tem sido o corrente, como podemos ver abaixo, na linha rosa que é a média de 36 meses do IPCA.

Fonte: Bloomberg


A meta “oficial”, portanto, é 6% ao ano na verdade, e não os 4,5% que o governo diz. E para atingir essa meta, bastante elevada para padrões mundiais, o governo tem lançado mão de medidas heterodoxas que não se sustentam, como o congelamento de preço.

Com isso em mente, qualquer um que cantar vitória em relação à inflação está sendo negligente ou mesmo irresponsável. A batalha mal começou, e não será uma guerra fácil e indolor.

Transcrito de :