"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 08, 2011

IPCA : Inflação oficial derruba previsão do Banco Central e sobe

Ao contrário do que esperava o Banco Central, a inflação não deu trégua em novembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou com alta de 0,52% em novembro, bem acima da taxa de 0,43% de outubro. A prévia do IPCA, divulgada há duas semanas, apontava para uma alta parcial de 0,46%.

Com o resultado do IPCA de novembro, a expansão acumulada no ano ficou em 5,97%, bem acima da taxa de 5,25% registrada no mesmo período de 2010. Considerando os últimos 12 meses até novembro, o índice caiu para 6,64%, recuando em relação à taxa de outubro (6,97%), mas ainda permaneceu acima do teto da meta de inflação perseguido pelo Banco Central (6,5%).

Segundo o IBGE, a inflação mais alta no mês passado veio sobretudo do grupo que reúne produtos de Alimentação e Bebidas, com alta de 1,08%, quase o dobro da variação vista em outubro, de 0,56%. O item Carnes foi o que mais impactou o índice no período, com alta de 2,63%. O grupo Alimentação representou 48% do IPCA de novembro.

Contribuiu também para o IPCA mais forte o grupo Despesas Pessoais, que havia registrado alta de 0,22% em outubro e, no mês passado, acelerou a 0,88%, a segunda maior variação de grupo no mês, superada apenas pelos alimentos.

O aumento da renda do brasileiro e a demanda gerada pelo fim de ano sustentaram as altas de preços dos grupos alimentação e bebidas e serviços em novembro, avalia a coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. Nesse contexto, ela destaca a elevação de preços verificados em cabeleireiro e carnes, que subiram entre outubro e novembro 1,19% e 2,63%, respectivamente.

Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,52% em novembro na comparação com outubro, conforme divulgou nesta quinta-feira o IBGE, o grupo alimentos e bebidas registrou alta de 1,08%, ao passo que serviços cresceu 0,61%. O grupo alimentos e bebidas tem um peso de 23% no IPCA.

- Comer está cada vez mais caro e o brasileiro, com o aumento da renda, está comendo mais e consumindo alimentos que antes não podia, disse Eulina. - A carne liderou os principais impactos devido à chegada das festas de fim de ano e isso levou a reboque os preços dos suínos e do frango - completou.

Corroboram as palavras de Eulina a alta de 3,13% nos preços de frango inteiro entre outubro e novembro. Nesse mesmo período, o frango em pedaços ficou 1,08% mais caro; a salsicha e o salsichão subiram 2,06%; a linguiça encareceu 0,94%. Em 12 meses até novembro, alimentos e bebidas subiram 7,28%.

A respeito dos serviços, a especialista do IBGE nota que o crescimento dos preços desse segmento ocorre acima do IPCA ao longo do ano.

Enquanto o índice tem alta de 5,97% no acumulado de 2011 até novembro, serviços sobe 8,75%. Eulina afirma que a elevação de preços desse segmento, catalisada pelo avanço da renda, é característica de economia mais forte.

- Quando a renda aumenta, as pessoas tendem a consumir mais serviços. Os serviços de cabeleireiros, em geral, são únicos. A pessoa tem um cabeleireiro fixo, que vem aumentando seus preços por causa da renda, mas também pelo avanço nos preços de seus custos, como aluguel - diz.

Em novembro, o aluguel subiu 0,81% ante outubro, contribuindo para a formação de uma taxa de 11,32% em 12 meses. No acumulado do ano até o mês passado, os preços dos aluguéis têm crescimento de 8,47%.

O Globo

Quem não te conhece, que te compre : Crack que desnorteia

O governo federal não parece saber ao certo o que fazer para enfrentar o grave problema do consumo de crack no país.

Ontem, lançou mais um plano de combate à devastadora droga, envolvendo uma montanha de dinheiro. É a terceira iniciativa em menos de dois anos, sem que nenhum resultado tenha sido obtido.

A gestão petista está tão desnorteada quanto os usuários.

O plano lançado ontem prevê gastos de R$ 4 bilhões para atacar o crack, cujo uso se dissemina hoje por todo o país - dos maiores centros às áreas rurais e pequenas cidades do interior.

Com base na experiência pregressa do governo do PT, é difícil acreditar que as medidas saltarão agora do papel para a realidade.

Em 20 de maio de 2010, o então presidente Lula lançou, com estardalhaço, o "Plano de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas".

A motivação era puramente eleitoral:
sua pupila Dilma Rousseff debutava na campanha e se via sem discurso - e, obviamente, sem ação alguma para mostrar - sobre o grave problema que aflige milhões de famílias brasileiras.

Na ocasião foram destinados R$ 410 milhões para o tal plano, apelidado de "PAC do Crack". Mostrou-se tão vazio quanto o PAC-pai:
2010 acabou sem que sequer um terço do valor tivesse sido investido.

E hoje, 19 meses depois, boa parte do dinheiro continua sem ter sido usada:
27% dos recursos direcionados ao combate ao crack por Lula não foram aplicados.

O Orçamento da União para 2011 previa outros R$ 33,5 milhões para ações relacionadas à política antidrogas. Destes, apenas R$ 5 milhões foram executados até ontem, de acordo com dados extraídos do Siafi.

Dá 15% do total autorizado.
Diante destes números, como acreditar que o bilionário programa anunciado ontem por Dilma decolará?

Em fevereiro passado, já como presidente da República, ela requentou as medidas de Lula e prometeu uma "luta sem quartel" contra o crack.

Esqueceu, porém, de pôr a tropa na rua. Na ocasião, foi anunciada a instalação de 49 Centros de Referência em Crack e Outras Drogas, cujo objetivo seria capacitar 14 mil profissionais de saúde e dar assistência social para lidar com viciados e familiares.

Até hoje, no entanto, ninguém sabe, ninguém viu quantos foram treinados - se é que foram.

O plano também previa implantar 2,5 mil novos leitos exclusivos para tratamento de dependentes - o que, ainda assim, equivaleria a menos de meia vaga por município do país.

O mesmo número voltou a ser anunciado agora, com requinte de precisão:
2.462. Continua tão insuficiente quanto antes.

Vale dizer que, até junho passado, o governo não conseguira abrir sequer 300 leitos para tratamento dos drogados dentro do plano de combate lançado por Lula e continuado por Dilma.

Com a inação oficial, hoje já há um déficit de 7,5 mil leitos para atendimento de pacientes em fase de desintoxicação. Em contrapartida, desde 2003 o número de dependentes químicos que procuraram atendimento no SUS multiplicou-se por dez.

O país vê batalhões de zumbis vagando nas ruas das cidades depauperados pelo uso do crack. Mas o poder público sequer consegue estimar o tamanho do problema, muito menos quantos são os dependentes que precisam de tratamento.

Estimativas da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados e da Polícia Federal falam em algo como 1,2 milhão de usuários de crack no Brasil.

O governo encomendou a um grupo de cientistas da Fiocruz uma pesquisa para mapear a situação, mas só deverá ter os resultados no fim de 2012.

Enquete divulgada pela Confederação Nacional de Municípios em novembro revelou que 90,7% de um total de 4.430 municípios consultados registram consumo de crack. Em pelo menos mil cidades, o uso foi classificado como "alto".

Mais:
64% das prefeituras que responderam o questionário disseram que enfrentam problemas na área da saúde em decorrência do consumo de crack e 58% informaram que se veem diante de ameaças sérias à segurança.

Um dado positivo é que agora pelo menos o ministro da Saúde admite que a situação é grave e assemelha-se à que o país enfrentou nos anos 1980 com o surgimento da aids:
"No conceito técnico, estamos diante de uma epidemia de crack no país", disse Alexandre Padilha ontem.

Até então, a única posição oficial publicamente conhecida era a da secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, para quem ver o crack como epidemia era rotunda "bobagem".

Espera-se que o governo petista tenha mais clareza sobre o que fazer agora para enfrentar a praga em que o crack se transformou nos últimos anos no país.

Até agora, a atitude federal foi absolutamente complacente, agravada pelo deszelo com que as fronteiras - por onde a droga inunda o Brasil - são tratadas.

Repetir promessas vãs e planos mirabolantes não vai ajudar nada.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

7 x + que em outubro : SEGUNDO MÊS SEGUIDO. Saída de dólares volta a ganhar força


A saída de dólares ganhou força em novembro.
Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que US$ 942 milhões deixaram o Brasil no mês passado, valor sete vezes maior que o registrado em outubro.

Um dos motores desse movimento é a remessa de lucros e dividendos realizada por empresas estrangeiras. Nos 22 primeiros dias do mês, multinacionais transferiram US$ 3,3 bilhões às sedes, mais que o dobro de outubro.

Novembro foi o segundo mês seguido em que a saída de dólares superou a entrada. Essa é a primeira vez desde janeiro de 2009 - no meio da crise passada - em que a saída de recursos persiste por dois meses consecutivos.

Nas últimas semanas, essas transferências têm acontecido exclusivamente no chamado segmento financeiro, que foi responsável por US$ 3,47 bilhões terem deixado o Brasil em novembro.

Nesse valor, estão incluídas operações relativas ao investimento em ações e renda fixa, empréstimos e remessa de lucros, entre outras.

Economistas e os próprios números do BC indicam que parte dessas transferências é resultado da indefinição do cenário externo, o que provoca estratégias conservadoras nas empresas e maior aversão ao risco entre investidores.

"Com o aumento das incertezas, empresas e instituições financeiras aumentaram as remessas de lucros para reforçar o caixa das matrizes, especialmente as europeias", diz o economista da LCA Consultores, Flávio Samara.

Em boa parte das economias maduras, companhias têm vendido menos e, algumas vezes, precisam da ajuda de filiais lucrativas para fechar o balanço. O economista comenta também que alguns bancos têm liquidado antecipadamente algumas operações e investimentos com o mesmo objetivo.

Samara acredita que as remessas devem continuar elevadas nos próximos meses porque não há solução para a Europa no curto prazo e, ao mesmo tempo, as medidas de incentivo à economia brasileira podem manter os ganhos das empresas no Brasil. "Portanto, tendem a continuar a necessidade de lucro externo nas sedes e os resultados positivos no País."

Commodities.
O BC também divulgou ontem que o preço dos produtos básicos - as chamadas commodities - voltou a cair em novembro. Segundo o Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br), o preço médio desses produtos recuou 1,70% ante outubro, a segunda queda seguida. No ano, os preços acumulam aumento de 6,14%.

A retração de preços de novembro foi liderada pelos itens metálicos - como alumínio e minério de ferro - cujo preço caiu 3,80%. Entre os produtos agropecuários - carne de boi e porco, óleo de soja, milho e café, entre outros - houve queda de 1,46%.

FERNANDO NAKAGAWA O Estado de S. Paulo

INFLAÇÃO : ALIMENTOS DISPARAM.

Puxada por uma nova alta no preço dos alimentos, a inflação voltou a assombrar o consumidor.

O Índice de Geral de Preços — Disponibilidade Interna (IGP-DI), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve aumento de 0,43% em novembro, acima da elevação de 0,40% registrada em outubro.


No acumulado do ano, o indicador já subiu 5,17% e, em 12 meses, 5,56%.
Os produtos agrícolas que tiveram a alta mais expressiva na comparação mensal foram:
tomate (de -7,16% para 16,21%),
mamão (de -4,30% para 19,10%),
mandioca (de 5,6% para 6,20%),
carne bovina (de 1,74% para 6,62%)
e aves (de -0,24% para 2,62%).

"Apesar da desaceleração dos custos de produtos industrializados (de 0,87% para 0,27%), a aceleração do IGP-DI foi fortemente influenciada pelo encarecimento dos produtos de origem agrícola, que passaram de uma deflação de 0,64% em outubro para uma alta de 0,54% no último mês", comentou o economista Flávio Combat da corretora Concórdia.

Outros itens registraram queda e ajudaram a segurar o indicador. O preço do leite in natura, por exemplo, passou de alta de 0,09% para uma deflação de 3% e a cana-de-açúcar, que havia subido 1,10% no mês anterior, registrou queda de 0,83% em novembro.

Já o Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br), também divulgado ontem, apresentou retração de 1,70% em novembro.
Em 12 meses, a alta é de 6,14%.

ROSANA HESSEL Correio Braziliense